Nossa Senhora do
Amparo
Por Deiber Nunes Martins
“Eu não sei se antes disso havia dito algo,
pois já fazia um tempo que estava crucificado quando conseguimos chegar perto
dele. Outras testemunhas dizem que falou várias vezes e que, inclusive, gritou
perguntando ao Pai porque o havia abandonado. Talvez este momento terrível
tenha coincidido com meu desvanecimento. Talvez este momento de solidão no qual
não consegui ampará-lo o tenha levado ao extremo do sofrimento. Porém aquilo
que tu, e eu as outras mulheres pudemos escutar nos momentos em que estivemos
junto à cruz não esqueceremos nunca. Sua boca se abriu com esforço, rompeu os
coágulos de sangue que costuravam seus lábios, e disse com clareza olhando para
ti e para mim: “Mulher, eis aí teu filho”. E logo acrescentou: “Eis aí a tua mãe.”
(Trecho extraído do livro “O Evangelho
Secreto da Virgem Maria, de Santiago Martín, Ed. Paulus)
A devoção a Nossa Senhora do
Amparo é das mais antigas da Igreja. Remonta o tempo e a devoção a Bom Jesus do
Amparo, o Cristo pregado no madeiro da Cruz, dizendo ao apóstolo João: “Eis aí
tua Mãe.” João é ali a humanidade inteira recebendo de Cristo a Mãe do Amparo,
a Virgem Maria.
Qual o significado dessas
palavras do Senhor Jesus na Cruz? Ao mesmo tempo em que dizia ao apóstolo que
mais amava que Maria era a sua mãe, dizia à sua mãe: “Eis aí o teu filho”. Nossa
Senhora ampara a João e a toda humanidade como filhos. É uma entrega mútua de
Jesus. De um lado, a humanidade carente na pessoa do apóstolo, de outro, a mãe
que perdia seu filho. Jesus não quer aqui compensar Maria. Mas agraciá-la, como
intercessora da humanidade, porta do céu para o povo de Deus. Amparo dos
caminhantes de fé.
Maria aceita João e João a Maria,
levando-a para casa. A vida segue seus atropelos, mas Jesus, mesmo no limite do
sofrimento humano que padecia, compreende o amor do Pai pela Criação. Jesus
quer a todo custo, demover a humanidade do vício do pecado. Vício que leva à
queda a todo o tempo, a toda hora. E para isso, Jesus vislumbra a humanidade um
amparo. Maria. Nossa Senhora do Amparo.
Oração:
Ò Doce Mãe, tantas vezes preciso
de amparo! Tantas vezes preciso ser amparado de mim mesmo. Dos meus erros, das
minhas fraquezas, das minhas quedas. Insisto em querer lutar contra o que não
posso sozinho vencer e caio uma vez mais. É nessas horas que tu me achegas com
teu amparo. É nas horas da dor, da solidão do sofrimento, porque quem não sofre
não experimenta a solidão de si mesmo. É no limite da dor, onde não mais temos
forças, que Cristo Teu Filho nos pega pela mão e nos ergue. Mas somos fracos,
Senhora. E fracos, não podemos caminhar. É pelo teu amparo, na oração, na
meditação do Santo Rosário, do Sagrado Ofício, ou de uma singela Ave-Maria, que
a luta continua, não mais sozinho. Mas com toda milícia celeste à lutar por
mim. Nunca me deixe esquecer do vosso amparo, ó Mãe. Pois é em noite de lágrimas,
que a nitidez do teu amparo me soergue. Amém.
Belo Horizonte, 16 de Maio de
2013
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