quarta-feira, 30 de julho de 2008

Duas Verdades

Por Deiber Nunes Martins

Acho que no dia de hoje, aprendi uma lição importante com a qual sempre me embati. Aprendi que a vida tem duas verdades: a minha e a do outro. Esta segunda é e sempre será polêmica porque carece do elixir da compreensão. Nem sempre se encontra na farmácia.
Mas na falta do entendimento vem a empatia. O colocar-se no lugar do outro e ver o que ele sente com a sua verdade. Nesta hora, descobre-se a verdade do outro contida no absurdo que se escuta. Absurdo que queremos matar, mudando de assunto ou simplesmente calando a voz. Mas o absurdo do outro é o mal que há em mim.
Deus meu, no dia de hoje, eu entendi o quanto ainda vou sofrer nesta vida. E ainda será pouco. Falta-me o entendimento, a empatia, porém sobeja a tua misericórdia. Mas que eu vá além dos meus erros, das minhas misérias, mesmo contando com o teu infinito amor. Que eu também ame. Senhor, não tenho medo de sofrer. Mas ainda me resta o medo do triunfo do inimigo. Porque eu sou fraco e inconstante, lógico e apaixonado. Sou o contrário de mim mesmo. Mas não quero capitular à minha fraqueza. Venha em meu socorro, Senhor. Mostra-me a verdade do outro e me ensina a entender, compreender e aceitar. Amém.

Camacan, 22 de Julho de 2008

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Fico Assim Sem Você

Música de: Claudinho e Buchecha
Composição: Abdullah/Caca Moraes
Texto de: Deiber Nunes Martins

Avião sem asa,
Fogueira sem brasa,
Sou eu assim, sem você
Futebol sem bola,
Piu-piu sem Frajola,
Sou eu assim, sem você...

Porque é que tem que ser assim?
Se o meu desejo não tem fim
Eu te quero a todo instante
Nem mil auto-falantes
Vão poder falar por mim...

Amor sem beijinho,
Buchecha sem Claudinho,
Sou eu assim, sem você
Circo sem palhaço,
Namoro sem amasso,
Sou eu assim, sem você...

Tô louco prá te ver chegar
Tô louco prá te ter nas mãos
Deitar no teu abraço
Retomar o pedaço
Que falta no meu coração...

Eu não existo longe de você
E a solidão, é o meu pior castigo
Eu conto as horas pra poder te ver,
Mas o relógio tá de mal comigo...

Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas pra poder te ver,
Mas o relógio tá de mal comigo
Por que? Por que?

Neném sem chupeta,
Romeu sem Julieta,
Sou eu assim, sem você
Carro sem estrada,
Queijo sem goiabada,
Sou eu assim, sem você...

Porque é que tem que ser assim?
Se o meu desejo não tem fim
Eu te quero a todo instante
Nem mil auto-falantes
Vão poder falar por mim...

Eu não existo longe de você
E a solidão, é o meu pior castigo
Eu conto as horas prá poder te ver,
Mas o relógio tá de mal comigo... (2x)

Por que? Por que?

Eu não existo longe de você
E a solidão, é o meu pior castigo
Eu conto as horas prá poder te ver,
Mas o relógio tá de mal comigo... (2x)

Por que? Por que?

Esta música tem a ver com o meu coração. Como estou me sentindo hoje e todos os dias da minha vida, desde que conheci Bárbara. As vezes, parece que não vou conseguir. que vou sucumbir a tamanha saudade. E as vezes não dá mesmo. Nestas horas é como se eu não existisse mais, como se eu não existisse mais. De todo modo, Deus me faz ir além, ver além e perceber que toda a saudade é como a chuva que cai, molhando a terra que é o meu coração e preparando o terreno para que as sementes possam germinar. Estas sementes representam o amor que sentimos um pelo outro. Quando eu vejo assim, sinto que não estou sozinho. Do outro lado do mundo há um alguém que sente o que estou sentindo também, porque é o meu espelho. Confesso, não diminui o sofrimento. Mas saber que não sofro sozinho me dá forças pra continuar.
O amor é uma peça moldada a ferro e fogo. Precisa da dor pra suportar tudo a todo momento e por todo o sempre. É saber que sem a pessoa amada, a vida perde o seu sentido, mas que mesmo assim precisa ser vivida, precisa ser recomeçada. É assim que vamos construindo a nossa história. Que ela seja recheada do amor de Deus e que com isso, possamos inundar o mundo com o nosso amor.

Belo Horizonte, 17 de Julho de 2008

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Direito de Resposta em Preto e Branco

Por Deiber Nunes Martins

Ao contrário do que vislumbra o Sr. Zezé Perrela, o Atlético é bem mais que o Cruzeiro e não o contrário. Com todo respeito aos cruzeirenses, alguns deles amigos meus, mas o Atlético é e sempre será mais que o time do Barro Preto. E a razão é muito simples: o Atlético é uma nação, uma família, uma tradição, um jeito de ser... e não somente um clube de futebol, uma agremiação, como o time azul.
As razões para eu dizer isso estão escancaradas nas ruas de nossa amada Belo Horizonte. Pra começar, o dia seguinte a uma vitória do Cruzeiro, é dia de velório em nossa capital. Apesar do time perrela estar em um bom momento e navegar em águas tranqüilas há mais de duas décadas, enquanto os atleticanos vivem há também mais de duas décadas um calvário sem fim, Belo Horizonte ainda tem mais atleticanos que cruzeirenses e ainda nesta cidade, nascem mais atleticanos que os rivais.
Mas não entremos nessa discussão sobre torcida. Os acontecimentos dos últimos dias só aumentam a antipatia da nação atleticana com o pobre Ipatinga, que deverá no próximo ano voltar ao lugar de merecimento, a segunda divisão e com os dirigentes azuis. Por que digo isso? Porque ninguém destrata o Glorioso Atlético impunemente. No caso do Ipatinga, o presidente deste clube, ousou fazer acusações levianas contra dirigentes e até contra o repórter Roberto Abras que faz a cobertura jornalística do Galo para a rádio Itatiaia.
Tudo, devido ao imbróglio com o jogador Gérson Magrão que na manhã do último dia 5 estava vestindo a camisa alvinegra e ao final da tarde, vestia a camisa azul, numa infame manobra das duas diretorias a do Ipatinga e a do Cruzeiro, contra o amadorismo atleticano. Infelizmente, a diretoria do Galo tem dado munição aos inimigos.
Como atleticano que sou entendo que o clube passa por uma situação de pré-falimentar. Entendo que a falta de recursos impede que grandes jogadores venham a vestir o manto atleticano. E entendo também que no ano do centenário, as comemorações devam se restringir aos bastidores e não dentro de campo, devido à incapacidade do time. Reconheço que aqui, dou mais que um voto de confiança a quem administra o clube, uma vez que clubes como o Flamengo, que deve dez vezes mais que o Galo, lideram o campeonato brasileiro e contam com um time infinitamente superior ao meu. Mas bem, que seja assim.
O que está acontecendo com o Galo e eu não entendo, é como esta famigerada diretoria pode se deixar ser chacota nas mãos de gente como Zezé Perrela e Itair Machado. Digo isso porque qualquer criança sabe que o Ipatinga nada mais é que uma filial do time celeste. E assim sendo, era mais que óbvio que o Ipatinga não cederia um de seus melhores jogadores para o arqui-inimigo, o Atlético. Se a diretoria tivesse pensado um pouco, perceberia que Gérson Magrão já pertencia ao Cruzeiro. Não pensaram. Deu no que deu.
Somos obrigados a agüentar a chacota do time cruzeirense. Mas nós atleticanos de verdade, sabemos, Senhor Perrela, que o seu time não representa nem a terça parte do que é o Galo. Se para o senhor, o time do Galo está infinitamente aquém do seu time azul, para uma imensa nação alvinegra o Cruzeiro é só um detalhe, um apêndice. Não representa nada. Talvez seja esta, a sua irritação, senhor Zezé Perrela. Ser o deus de um time que é um mero detalhe. Ser o dono de um time que tem uma torcida fria e interesseira. O Galo não se compara a ninguém, senhor Perrela. Talvez um dia, a vida te ensine isso.

Belo Horizonte, 16 de julho de 2008.

Nossa Senhora do Carmo


Por Deiber Nunes Martins

Virgem Santíssima, venho por meio deste, dar glórias e louvores a nosso Bom Deus, que nos deste como intercessora. Oh, Virgem do Carmo, vós que cuidastes de teus filhos e concedestes a eles o amparo do escapulário, que não é um amuleto, mas um objeto devocional de todos os que muito te amam, humildemente agradeço por sempre intervir a nosso favor. Mãezinha, Deus começou seu projeto salvífico com Cristo, por vossas mãos. Assim, quisera o Pai, em sua infinita misericórdia e sabedoria, mostrar a todos nós, a importância de se pedir vosso auxílio. Nesta certeza, vos peço com todo o coração a intercessão em minha vida e na vida dos meus.
Maria, mãe de Deus e nossa, vós que cuidastes bem de Cristo, o Filho do Deus vivo, olhai a meu favor. Seja meu amparo nos momentos decisivos e não me deixe sozinho. Cuida de mim, cobrindo-me com teu manto, para que eu possa resistir às ciladas do mundo. Interceda por mim, Maria, para que Deus em sua infinita misericórdia me renove a cada dia. Seja minha protetora e advogada, para que eu não caia nas ciladas do mundo. Mostra-me mãezinha, o caminho da paciência, o caminho bom, seguro. Inunda-me com teus maravilhosos conselhos. Conselhos estes, que foram dados a Jesus, quando Ele precisou. Venha em meu socorro mãezinha!
Olha também por toda a minha família. Cuida da saúde do meu irmão. Abençoa a todos e os proteja. Cuida também dos meus amigos, interceda por eles no que precisarem.
Virgem do Carmo, interceda também por minha noiva. Cuida dos estudos dela, seus projetos e anseios. Com vosso amor por teus filhos, olha pelo nosso noivado, interceda a Deus por nós.
Infinitos são os pedidos do meu coração. Mas acima de qualquer pedido, vem a minha gratidão. Nunca houve um pedido feito ao teu coração, minha Mãe, que não tenha sido atendido. Obrigado, Maria. Hoje os anjos se alegram! Que ao longo de minha vida, eu possa sentir vossas mãos me presenteando com o escapulário. Obrigado Maria, Salve Virgem do Carmo!

Belo Horizonte, 16 de Julho de 2008.

À Beira da Extinção

Por Ângelo Prazeres

Na agitação da pizzaria, naquele ambiente barulhento e fervilhante os dois velhos parecem surpresos com os bons modos e as caras fechadas dos rapazes da mesa ao lado. Um deles comenta, visivelmente encantado: “Nem parece que são jovens. Veja como são sérios.” E o outro retruca, visivelmente impressionado: “Nem tudo está perdido.” Envolvidos em tensa discussão, todos os moços concordam quando uma voz se ergue e lança a previsão: “O fim está próximo! Não há como esconder a realidade!” Tristonho e abatido, um dos jovens lamuria: “E o pior é que não podemos fazer nada.” Na mesa ao lado, depois de uma bicada no chope e outra na pizza, um dos velhos observa: “Eles estão preocupados com o apocalipse. Estão falando do fim do mundo, da explosão do planeta.” E o outro resmunga, solidário: “Coitados. Na flor da idade e já enxergando o fim dos tempos.”
Na flor da idade e da desilusão, como comprovam os lamentos do mais novo da turma: “E o pior é que não tem saída! Não tem escapatória!” Um dos velhos se emociona, e desabafa: “Ainda bem que já vivemos muito. Mas essa molecada aí, veja só. No auge da mocidade vão testemunhar o fim do mundo.” E quando um dos moços se exalta um profundo sentimento de piedade se apossa das almas dos dois velhos. Tanto que um suspira, comovido: “Eles não mereciam isso...” E o outro, mal contendo das lágrimas e abordando um dos jovens: “Estou orgulhoso de vocês, pela preocupação de todos com a extinção do planeta.”A reação do rapaz é imediata: “Quem disse que estamos preocupados com o planeta? Nós estamos assustados é com a extinção do Atlético!” E finaliza, com o olhar congelado: “Sem o Galo, dane-se o planeta!”

Belo Horizonte, 16 de Julho de 2008.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Na Natureza Selvagem

Por Deiber Nunes Martins

A premiação do Oscar sempre é marcada por algumas injustiças. Neste ano, talvez a maior delas seja o filme “Na Natureza Selvagem”. O filme é uma grata surpresa e encanta por seu lirismo e pela mensagem que deixa. “In the Wild” (título do filme em inglês) conta a história de Chris McClandess, um jovem em busca de aventura que resolve seguir para o Alasca tão logo completa seus estudos. A atitude carregada de altruísmo e desprendimento representa uma fuga e uma busca. Uma fuga dos traumas do passado e a busca pela felicidade.
Em termos técnicos, “In the Wild” é um filme que merece todo elogio. Seu ponto alto é a fotografia magnífica, que realça as belas paisagens ao mesmo tempo em que permite tomadas interiores, closes bem sacados, ilustrando o clima de solidão do personagem. A trilha sonora, belíssima, é assinada por Eddie Vedder, vocalista do Pearl Jam. Sobre a trilha ela também ilustra a ansiedade e a busca incessante do personagem principal por um estado de espírito que acredita ele, ser a felicidade.
O filme aborda conflitos familiares, traumas do passado e aventura. Esta aventura é ilustrada de modo brilhante pela fotografia, e pelos efeitos de som, adequados à proposta de Sean Penn. Sobre ele, o seu roteiro bem amarrado e bem construído, prende o expectador do início ao fim. Em quase duas horas e meia de projeção, não existem buracos no roteiro e apesar da narrativa ser complexa, com suas idas e vindas no tempo e as constantes digressões, o filme em momento algum se torna enfadonho. Fruto de um bom trabalho de montagem, digno de uma estatueta.
Não são poucos os quesitos que merecem o Oscar neste filme. A começar da parte técnica, passando por interpretações delicadas e primorosas, como as de Willian Hurt, como Walt McClandess, o pai de Chris, ou de Hol Holbrook, que interpreta o velho Ron Franz. A narrativa feita de dentro de dois personagens, o próprio Alexander e Carine McClandess, sua irmã apesar de ser complexa, não compromete e ainda contribui para o bom andamento do filme.
Mas sem dúvida alguma, o ponto que mais impressiona na obra é a interpretação visceral de Emile Hirsch, na pele de Chris/Alexander. O jovem atormentado pelos fantasmas do passado. Hirsch segura bem o personagem, com todos os seus conflitos e fraquezas. Uma interpretação a meu ver, superior até ao irrepreensível trabalho de Daniel Day Lewis em “Sangue Negro” que lhe rendeu o Oscar. Mas a Academia tem as suas razões...
O filme de Sean Penn deixa boas mensagens, aborda temas delicados como a religiosidade sem cair em clichês. É uma obra que fala sobre pais e filhos, sobre o amor, de maneira delicada e significativa. Também fala sobre amizades verdadeiras e sobre os elos que esta é capaz de construir. Um filme pra ser visto, degustado e guardado no coração.

Belo Horizonte, 10 de julho de 2008

O Texto de Hoje

Por Deiber Nunes Martins

Caríssimos, este texto é só pra ilustrar meu coração acabrunhado por ter perdido o texto crítico que fiz sobre o filme "Na Natureza Selvagem", que assisti na última terça. Infelizmente, por uma razão que eu desconheço mas que é do do conhecimento do Pai, esta análise crítica precisa ficar pra outra hora, com outras palavras. Tudo bem, que assim seja.
De todo modo deixo explícita a minha fraqueza em ficar desapontado. Puxa vida, a inspiração tá tão de mal comigo que quando consigo paquerá-la, acontecem essas coisas. Mas tudo bem. Como diz, Bárbara, minha amada, em tudo um olhar de esperança...
Sobre Bárbara, nossa, tá tão difícil da gente se comunicar! Eu não sei o que há com a internet dela, que eu escrevo e ela não recebe o que eu escrevo. Os torpedos de celular chegam quando bem entendem e alguns dela chegam faltando pedaço. Muitas vezes eu escrevo algo sério e ela fica rindo, ou fazendo troça. Parece que a informação chega truncada. Não sei o que acontece.
Enfim, sei que em tudo a culpa é toda minha. A começar do texto sobre o filme que resolvi fazer direto no blog e o blog não estava salvando. Passando por essas inconsistências na comunicação (Não adianta eu brigar, ficar nervoso, melhor é assumir como culpa minha. Quem sabe eu não tome jeito e faça a coisa certa da próxima vez...) e terminando no meu próprio temperamento, mais cáustico que nunca ultimamente.
Sobre isso, tomei a decisão de parar com os remédios que estava tomando. Eles estavam dando resultado, mas receio que estavam me deixando com o humor alterado e me fazendo perder o controle de mim mesmo. Caso eu descubra que não eram eles, os remédios, volto o tratamento. Se não, Deus sabe.

domingo, 6 de julho de 2008

Lost in Space

Música: Lighthouse Family
Texto: Deiber Nunes Martins

Sometimes I get tired
of this "me first" attitude.
You are the one thing
That keeps me smiling.
That's why I'm always
wishing hard for you.
Cause your light
shines so bright
I don't feel no solitude
You are my first star at night
Id be lost in space without you

And I'd never lose my faith in you
How will I ever get to Heaven, if I do...

It feels just so fine
when we touch the sky, me and you.
This is my idea of heaven
why cant it always be so good.
But its alright,
I know youre out there,
doing what you gotta do.
You are my soul satellite
I'd be lost in space without you.

And I'd never lose my faith in you
How will I ever get to Heaven, if I do...

And I'd never lose my faith in you
How will I ever get to Heaven, if I do...

Esta música eu quero postar como a ilustração do meu amor pela Bárbara e por tudo o que estamos vivendo nesta semana. Esta é a minha verdade, a minha essência. Não posso negar que sinto falta dela, porque eu sinto. Sem ela, meu mundo fica sem sentido, falta alguma coisa. Alguma peça na engrenagem que impede a máquina de funcionar. Meu amor por Bárbara é a minha escolha rumo a felicidade que Deus tem para mim. Sei que muito desta minha escolha implicará em sacrifícios, muitos deles atrozes, como viver longe da minha amada, até que seja chegado o tempo propício do nosso casamento. Mas estou disposto a viver tudo. Viver tudo o que tiver de viver, para poder merecer o amor dela. Não mais me pertenço. Eu me entrego ao meu Deus, Ele é o Senhor da minha vida. E assim sendo, creio que Ele me conduz ao meu amor. Me conduz a Bárbara.

Amizade Com Prazo de Validade

Por Erick Santiago

Amigos são aqueles que se colocam o bem estar do outro acima da própria amizade. Foi pensando nisso que rompi relações há algum tempo com minha melhor amiga, a Lídia. Uma amizade de mais de quase duas décadas, rompida por uma questão de princípios. E quando Lídia se enamorou de Pedro, um colega de faculdade, eu já imaginava que o fim de nossa amizade estava próximo. E olha que nossa amizade sempre foi em preto-e-branco.
Lídia, essa mineira dengosa, entrou na minha vida nos anos oitenta, no tempo do colégio. Éramos colegas de classe, mas logo ficamos marcados como os amigos inseparáveis do cinema. Sempre loucos pela sétima arte, matávamos aula pra assistir aos lançamentos, sempre muito aguardados. Com o passar do tempo, nos formamos e tomamos rumos diferentes na vida. Ela foi ser médica, numa cidade próxima a Belo Horizonte, e eu, bem, eu sou um caso a parte. Mas a distância não diminuiu nossa amizade. A internet se encarregou de dar um jeito nisso e ao menos nos feriados, nos encontrávamos, para pôr o papo em dia, curtir um cineminha ou ir ao teatro, ou ficar de bobeira no Parque Municipal, aos domingos. Um programa que ela muito gostava.
Certo dia, recebi um e-mail de minha amiga, dizendo que estava namorando o Pedro. Um colega de faculdade, ela me dizia, mas eu sabia que já havia alguma coisa, ainda no tempo em que cursava medicina. Ela não deixava de falar nele. Era na época que eu namorava a Sandra, aquele poço de insensibilidade e ciúmes. Assim, não tínhamos muito contato, mas eu aproveitava a toda oportunidade pra saber dela, como estava, como ia levando a vida e os flertes que tinha...
Logo quando terminei com Sandra, liguei pra ela. Marcamos cinema no shopping e após a sessão, conversamos sobre tudo. Foi quando ela me disse que estava apaixonada. Eu já suspeitava e não me importava. Mas queria saber quem era o tal do Pedro, num instinto fraterno, do irmão que quer proteger a irmã. Descobri que o Pedro era gente boa e que também gostava muito dela. Foi ali que percebi que perderia minha melhor amiga.
Sempre tive muitas amigas, mais amigas que amigos. E isso sempre foi um problema. Porque os respectivos namorados acabavam não vendo com bons olhos minha amizade, mesmo que ela fosse desinteressada, como era na maioria das vezes. Mas eu sempre sabia o meu lugar e sempre agia com muito respeito. Mas o respeito que você dá, nem sempre recebe e não foram as poucas vezes que tive de passar por situações constrangedoras com a insegurança e o ciúme dos namorados das minhas amigas. Então, depois de dar muitas cabeçadas, acabei por tomar uma importante decisão: todas as minhas amigas seriam mulheres solteiras, livres e desimpedidas. Isso reduziu e muito meu círculo de amizades, mas já não me causava aborrecimentos. Entretanto, esta postura sentenciara o fim da amizade mais bela que eu tinha: Lídia.
Ainda tentei manter o mínimo de contato com minha amiga e tentei uma amizade pelo Orkut com o tal do Pedro. Mas nada feito. Acabei entendendo o rapaz, quando comecei a namorar Silvia, com sua lista de infindáveis amigos. Dentro e fora do Orkut. Certo dia, vi um recadinho curioso de um dos muitos amigos de minha namorada e fui vasculhar na página dele, pra ver se encontrava uma resposta dela a este recadinho. Puro ciúme de minha parte reconheço. Mas que atire a primeira pedra quem nunca se sentiu assim. Quando entrei na página do rapaz e cliquei no menu de recados fui barrado. O infeliz havia bloqueado os acessos aos recados que recebia o que me fez pensar que onde a fumaça, há fogo.
Isto me fez entender a situação com Lídia e Pedro. Não era mesmo possível manter-se amigo dela, se seu namorado, não me via com bons olhos. A insegurança que senti em relação à Silvia deveria ser a mesma que ele sentia em relação a Lídia. Assim, acabei lhe dando razão. Não queria conflitos entre minha amiga e seu amado. E também deveria manter-me fiel a meu princípio. Deste modo, acabei rompendo com a amizade de Lídia, em prol da felicidade dela. Também rompi com Silvia, por entender que uma mulher como ela, bem a frente do seu tempo, como uma lista infindável de amigos em sua maioria homens, não merecia um homem obtuso como eu. Incapaz de aceitar uma amizade entre homem e mulher.
Amigos são aqueles que colocam a felicidade do outro acima da dele. Sinto falta de Lídia, de poder me abrir a ela. Dizer tudo o que sinto. Como fazem os amigos. Hoje digo a minhas poucas amigas do peito que a amizade delas tem prazo de validade. As preparo para o fim. Talvez seja porque tudo aquilo que está sob o controle do homem seja perecível. É por estas e outras que eu entendo que o homem é um ser com prazo de validade vencido...

Belo Horizonte, 05 de Julho de 2008.

sábado, 5 de julho de 2008

O Sonho de Pasárgada

Por Deiber Nunes Martins

A semana que passou mostrou-me muita coisa. Percebi um pouco mais de minhas fraquezas diante dos problemas e também de acordo com o modo como reajo as situações. Infelizmente, não tenho pra onde fugir de mim mesmo. Assim, não posso evitar as angústias, os medos e inseguranças.
Pasárgada é um sonho acovardado. Não posso sucumbir a ele. Mesmo que a idéia seja sedutora, ir embora é assinar a rendição, assumir a derrota. Não é do meu feitio fazer assim. Mas, que bom seria perder-me nas montanhas de Pasárgada, descobrir-me em meu rancho, no meio do nada. No alto das montanhas, vendo o infinito emoldurado nas paredes do horizonte. Que bom seria poder namorar a paisagem, sorver do ar gelado e rarefeito. Contemplar de perto o céu e as núvens e sentir a brisa gelada me dizer que é hora de cair nos braços da amada.
Mas Pasárgada é a fuga da realidade. Uma realidade que não é paupável. Não é visível. Um sonho distante e idealizado. Sonho que sempre tive, mas que é chegada a hora de abandoná-lo. Vejo que é chegada a hora de despedidas e uma delas, os sonhos do passado que não mais podem ser realizados. A realidade hoje é outra. O mundo hoje é outro e o Deiber precisa entender que as coisas velhas precisam ficar nos baús velhos. Pasárgada é uma delas.,
O importante de uma vida não é o lugar que se encontra, mas o que você faz para mudar o lugar onde você está. Assim, não importa se estou em Belo Horizonte, Miami, Camacan, ou Pasárgada. Importa que a cada dia eu posso fazer um pouco mais no lugar em que estou.
Os sonhos devem ser vividos, mas precisam se adequar às nossas realidades também. Precisamos dos nossos sonhos tanto quanto das nossas realidades. Pasárgara foi um sonho. Mas o Deiber de hoje precisa ser capaz de ser sal para esta terra e luz para este mundo. Assim, o Deiber não poderá correr pra Pasárgada. Precisará enfrentar tudo o que vier pela frente. Então que venha! Estou aqui.
O que eu tiver de sofrer para viver o meu amor com a Bárbara eu vou sofrer. Muitas vezes, sofrerei a falta dela se eu tiver de sofrer. Muitas vezes vou morrer de ciúmes dela, sofrerei, mas se for preciso será assim. Muitas vezes, vou sofrer com o sofrimento dela. Mas, será o sofrimento dela, então vou sofrer junto. O meu amor por Bárbara não é o meu bem-estar, o meu conforto. A partir do momento em que a assumo em minha vida, em que assumo este amor, assumo também que não mais tenho nada meu. O que é meu é dela também.
Então Pasárgada terá de incluí-la também. As chaves da cidade deverão ser entregues a ela também. Se não for assim, então fora com este sonho, porque não mais será meu.

Belo Horizonte, 05 de julho de 2008

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Solilóquio

Por Deiber Nunes Martins

Existem dias que parecem noites. Já ouvi esta frase em algum lugar, não me recordo onde, mas é verdade. A essência dela quer dizer que existem dias ruins. Hoje, o meu dia, pareceu uma noite. E confesso, me derrubou.
Tenho andado muito empolgado diante das possibilidades que encontrei em minha vida. A possibilidade de viver um grande amor, é uma possibilidade magnífica. O amor transforma o homem e a cada dia tenho me sentido renovado, de espírito novo, decidido. Outra possibilidade, a possibilidade de construir minha família, junto da mulher que amo, é de fato uma possibilidade animadora. São sonhos que eu sempre sonhei viver. E agora estou vivendo. Então, por que diante das possibilidades que tenho, estou desanimado?
Acho que estou superdimensionando minha euforia. Talvez, os meus sonhos sejam só sonhos e pior, só meus. Talvez não exista ninguém que seja capaz de vivê-los comigo. Esta insegurança que invade minha alma, parece que vai acabar comigo. É como se eu quisesse me estrangular em busca de uma certeza que eu não tenho. Não é fácil caminhar no escuro. E pior ainda é saber a cada dia que este caminho, se faz sozinho. Quem sabe, em minha história de vida, eu tenha sido tão dependente a ponto de não querer andar sozinho?
Ontem, ouvi de uma colega que não há a mínina possibilidade de um amor sobreviver à distância. Partilhei com ela que havia sim, mas que era preciso que Deus estivesse no comando das coisas. Escuto de minha amada que Deus está no comando, Ele realmente está mas não posso ver nos sentimentos dela, a confirmação desta premissa. Posso ver em mim, em meu desejo febril de viver estes sonhos. Assim, dói muito na alma, saber que só eu sou capaz de sonhar. Por que não posso compartilhar meus sonhos?
Eu não me convenço de que não é possível viver este amor à distância. Entendo que se conseguimos chegar até aqui é porque Deus está no leme de nosso barco. Não vou desistir, mesmo que tenha de enfrentar a tempestade sozinho, como se faz parecer. A esta minha amiga, eu consegui convencer da possibilidade ilimitada do amor. Será que posso convencer minha amada também?
É são inúmeras perguntas, inúmeros por quês. Não encontro respostas, não entendo nada. As coisas tem fugido do meu controle e tenho me sentido cada vez mais fraco. Há tempos não consigo viver meus flertes com a inspiração. Ela parece ter se esquecido de mim. Parece ter ido viver com seu amante rico lá bem longe. E com ela, meus amigos e amigas, todas se foram. Sinto falta de escrever, como eu sinto falta! Mas quando chego a frente desta tela branca, não consigo mais. Cresce um imenso nó na garganta, vai brotando do peito esta vontade louca de chorar. Até quando vou suportar?
Em meus pensamentos, a verdade de todo dia e a obscessão do momento. Cerca de três ou quatro idéias fixas a martelar minha mente todo santo dia, e já começo a me sentir ridículo, tentando elocubrar teorias para explicá-las. Começo a contar a todos, minhas querelas enfadonhas. Sinto-me enfadonho. Ninguém se importa. Se eu cair, ninguém vai se importar. Só Deus está perto e não vai embora. Ele se importa e com ele, não me importo em parecer chato. Será que esse monte de remédios que estou tomando está me tirando o juízo, está me enlouquecendo?
Hoje eu não tenho um final feliz. Não tenho respostas para inúmeras perguntas. Tenho esta vontade louca de jogar tudo para o alto e fugir pra Pasárgada. A terra onde eu posso ser feliz. Manoel Bandeira foi mesmo um gênio quando descreveu Pasárgada. Quando o fez, mostrou a todos nós uma válvula de escape à este mundo sombrio e infeliz. Pasárgada é o lugar onde eu, você e todos nós nos encontramos para beber a vida e encontrar nesta o sentido que ninguém quis nos dar. É a minha vontade de hoje. Ir embora pra Pasárgada e me embriagar em suas tabernas mal iluminadas, com seus parcos fregueses. Cada um com seu dilema ou teorema. Minha vontade de hoje é dormir na noite calma de Pasárgada. De vez em quando ouvir o vento abraçando a janela e as copas das árvores. Acordar com gostinho de guarda-chuva na boca sim, não sou de ferro. Mas ter a certeza de que estou no caminho certo. E assim, encontrar pra todas as perguntas mal feitas, as respostas bem dadas.

Belo Horizonte (quem dera se fosse Pasárgada), 03 julho de 2008, 21hrs19min.