quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Ano Novo: Hora de Recomeçar


Música de Vander Lee

Texto de Deiber Nunes Martins


O Baile Dos Anjos


A moça diante do espelho pôs laço vermelho em sua calcinha
O velho mostrando cansaço, deixava espaço pro novo que vinha
O pai que brincava com o filho teve a paciencia que ha muito não tinha
A mulher debaixo da ponte banhou-se na fonte, sentiu-se rainha

O guarda guardou a espingarda, livrou-se da farda, ficou à paisana
O larapio não roubou no troco da agua de côco e do caldo de cana
Madame desceu do tamanco, tambem vestiu branco e foi pra caravana
Tão cheia de seu desengano esperar mais um ano em copacabana

Saiam de de tantos lugares, das casas, dos bares e dos edificios
Dezenas, centenas, milhares, dos morros dos mares, cadeias e hospicios
Novenas seguindo sem pressa, fazendo promessa pra vencer os vicios
Deixando pros deuses manjares, usando cocares como sacrificio.

E vinham de todos os lados, banidos, suados, ciganos, megeras
Um povo inteiro em polvorosa, cheiro de pólvora na atmosfera
Cortejos de corpos surrados, desejos bordados, planos e quimeras
Eu sempre me vi diferente, vendo aquela gente é que vi que não era

Relogios piscaram mais lentos aos olhos atentos do cristo redentor
Cascatas de luz, cataventos de cores, rebentos de paz e calor
Por um segundo não houve no mundo nem crime nem guerra nem dor
E os anjos brindando em meu rosto, uma làgrima fria com gosto de amor...



Nesta vida passageira, estamos sempre nos reinventando. Estamos sempre recomeçando. Buscamos resgatar projetos antigos, retomar velhos sonhos. Compartilhar outros tantos. Tanta coisa tem seu recomeço numa noite de ano novo...
A última noite de 2009 marcou o reencontro e o recomeço do namoro de Denis e Paola. Foi obra divina aquele encontro à beira da praia, minutos antes da zero hora de 2010. Tiveram todo o ano pra se encontrarem nas ruas de BH e o encontro foi acontecer na Praia de Copacabana, no Rio.
Coisas assim acabam por fortalecer o relacionamento. Situações inesperadas podem mexer com as emoções e selar aquilo que nossas fraquezas e limitações insistem em querer apagar.
Existem aqueles que acreditam em acaso, em teoria de possibilidades e acabam por desenvolver metodologias pra entrar no novo ano com o pé direito, como se diz. Acontece, que o pé esquerdo não fica na soleira da porta, ele entra junto... A quem prefira passar a virada do ano nu a vestir marrom ou preto. A quem dê três pulinhos no instante da virada. E com a tal loteria da virada, há quem aposte na mudança de sorte com o grande prêmio...
Todos eles e elas, no fundo desejam recomeçar. Todos desejam uma nova chance. Uma chance de apagar os erros cometidos e começar de novo. Recomeçar. É a palavra-chave.
Desenvolvi a mania de contabilizar as primeiras notícias do ano novo e marcar os acontecimentos. As primeiras horas do ano são contabilizadas até o instante em que recebo a primeira notícia ruim. Como não sou nenhum abnegado, isso geralmente acontece por volta das quatro da manhã do dia primeiro. E nem um minuto a mais, infelizmente.
A vida precisa recomeçar. Recomeçou para Denis que passou o 2009 amargurado e deprimido. Recomeçou para Paola, que queria aprender a perdoar e aprendeu. O 2011 será um recomeço para o Brasil, nas mãos de sua primeira presidenta. Será um recomeço pra mim, um recomeço pra você também...
Que neste recomeçar da vida, possamos resgatar os bons sonhos que nunca se apagam. Que possamos resgatar os novos e velhos projetos para uma vida que precisa ser renovada. Que eu possa sonhar com uma noite na Bourbon Street, tomando um encorpado merlot, ao som de “Caravan” de Duke Ellington na companhia de minha amada na aprazível e borbulhante New Orleans... Que eu possa sonhar com um passeio no parque com minhas filhas. Que eu possa sonhar com o barulho do vento contrastando com as passadas do meu coração, o som do silêncio perfeito de uma vida que precisa de verdade e com urgência ser reinventada...
O ano novo está aí, está a porta, pedindo passagem. Vamos recomeçar. Fazer a mesma boa obra de uma maneira diferente, mais entusiasmada. E se fizer a mesma besteira, que possamos parar na metade, sem concluí-la e dizer: “Eu posso fazer diferente, eu posso mudar.” Este é o recomeço que eu desejo a todos vocês meus amigos.
Que o Bom Deus possa estar junto a nós abençoando e nos ajudando a sermos melhores. Se cada um melhorar um pouquinho que seja, este mundo melhora um tantão, numa exponencial sem fim. É meu desejo e tenho certeza que seu também.
Feliz 2011. Que a Graça do Senhor esteja com todos vocês!

Belo Horizonte 30 de Dezembro de 2010.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Sobre o Natal, natais e paixões - Mensagem de Natal


Por Deiber Nunes Martins


Você já se apaixonou alguma vez? Já viveu emoções intensas na vida? O natal é uma época preciosa porque nos leva a viver eternas paixões. A paixão do convívio, da família, dos amigos... Um momento de confraternizar-se, de presentear, de orar, de ser feliz. Mas como paixão, o natal tem seu lado bom e seu lado ruim.

Quando nos apaixonamos, somos emersos num mar de deslumbramento, admiração, euforia, entre outras sensações. E como sensações, são superficiais, algo de momento que tem sua data de validade estampada nas primeiras intenções. O natal tem um prazo de validade. Começa quando o comércio começa a falar de natal e termina no dia dos reis magos, seis de janeiro. É quando retiramos as decorações de festa, guardamos as guirlandas, os adereços, os presépios. Tudo volta a mais fria normalidade. É o dia seguinte a uma paixão. Pra muitos vem como uma ressaca, pra tantos outros, como “o dia seguinte” um dia como qualquer outro. Quando a paixão esfria, nós também esfriamos. Deixamos de viver aquele momento e voltamos pra nossa vidinha, até que outra paixão nos contagie. No caso de datas, até que chegue o carnaval, quando outra paixão chega e nos esbaldamos novamente...

Este é o ruim de uma paixão: o seu término. Porque quando termina, termina mesmo. Não sobra nem um cadiquim pra contar história. E isso é o ruim do natal. Ele começa e termina e acabou! Simples assim!

É preciso sempre nesta época natalina, resgatar a importância da data, para nós cristãos. É o nascimento de Cristo, o nosso salvador. Tudo bem, a história não consegue definir se Cristo nasceu mesmo em 25 de Dezembro mas isso não importa. A divindade do Cristo não pode ser explicada pelo carbono 14 nem pelas teorias climáticas ou geográficas. O importante é que 25/12 é o Natal do Senhor Jesus. E recordar o nascimento do nosso Salvador é recordarmos a necessidade que temos do Céu. É recordarmos o plano salvífico de Deus, a Eucaristia, o exemplo do amor doação e tudo o que Ele nos ensina. É o Menino Deus nos ensinando a humildade, a importância de se doar ao próximo, do amor em sua forma mais perfeita. E este amor vale mais que qualquer paixão, porque é divino. E dura o instante do eterno. Ajudar o outro, compartilhar o pão e os dons. Este é o sabor do Natal.

Quando Cristo nos convidou para o banquete, a Eucaristia, ele nos deu o alimento espiritual. Mas nos ensinou algo essencial: o alimento do espírito deve ser acompanhado com o amor. Ou seja, eu só posso de fato alimentar-me espiritualmente se compartilho o alimento do corpo com meu próximo mais necessitado. Este é o Espírito Natalino. Isto supera qualquer presente, qualquer ato material que superficial e apaixonante, tem a duração do instante que passa...

E aí, você já se apaixonou alguma vez? Apaixone-se pelo tempo natalino, mas decida-se amar a razão maior deste tempo: Cristo Jesus. Viva este tempo de fartura, de confraternização com a honestidade sábia de quem sabe viver uma paixão sem se perder nela. E quando terminar, você verá que o Natal pode ser todos os dias do ano.

A você amigo(a), um Santo e Feliz Natal!

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Morro porque não morro


Por São João da Cruz in "O Amor não cansa nem se cansa", Ed. Paulus.


Glosas da alma que pena por não ver a Deus


Vivo sem viver em mim
E de tal maneira espero
Que morro porque não morro.

1. Em mim eu não vivo já,
E sem Deus viver não posso;
Pois sem ele e sem mim quedo,
Este viver que será?
Mil mortes se me fará,
Pois minha mesma vida espero,
Morrendo porque não morro.

2. Esta vida que aqui vivo
É privação de viver;
E, assim, é contínuo morrer
Até que viva contigo.
Ouve, meu Deus, o que digo,
Que esta vida não a quero,
Pois morro porque não morro.

3. Ausente estando eu de ti,
Que vida poderei ter
Senão morte padecer,
A maior que jamais vi?
Pena e dó tenho de mim,
Pois se assim eu persevero,
Morrerei porque não morro.

4. O peixe que da água sai
Nenhum alívio carece
Que na morte que padece,
Afinal a morte lhe vale.
Que morte haverá que se iguale
Ao meu viver lastimoso,
Pois se mais vivo, mais morro?

5. Quando penso aliviar-me
Vendo-te no Sacramento,
Faz-se em mim mais sentimento
De não poder-te gozar;
Tudo é para mais penar,
Por não ver-te como quero,
E morro porque não morro.

6. Se me deleito, Senhor,
Com a esperança de ver-te,
Vendo que posso perder-te
Redobra-se em mim a dor;
Vivendo em tanto temor
E esperando como espero,
Morro sim, porque não morro.

7. Livra-me já desta morte,
Meu Deus, entrega-me a vida;
Não ma tenhas impedida
Por este laço tão forte;
Olha que peno por ver-te,
O meu mal é tão inteiro
Que morro porque não morro.

8. Chorarei já minha morte,
Lamentarei minha vida,
Enquanto presa e retida
Por meus pecados está.
Oh, meu Deus! Quando será
Que eu possa dizer deveras:
Vivo já porque não morro?



O Ser Humano tem saudades do Céu e talvez seja por isso que erre tanto na vida. Porque anseia desesperadamente saber o que lhe falta de verdade. Uns acham que é o dinheiro e o poder e se matam por isso. Outros, acham que é o reconhecimento e o prazer e se matam por uma vida hedonista e exclusivamente carnal. A medida que o tempo passa e o vazio continua ("Tem gente tão pobre, mas tão pobre que só tem dinheiro..." - Diac. Nelsinho Correia) as pessoas vão se iludindo cada vez mais com os modismos do mundo, drogas, prostituição, competição desmedida e por aí vai... Quão distantes de Ti estamos, Senhor!


Senhor Nosso Deus, que pela intercessão de São João da Cruz, possamos ser assim como ele foi, íntimo de ti. Que possamos nessa intimidade, partilhar a vida e recebermos tua bênção que é a verdadeira e genuína felicidade aos filhos teus. Por Vosso Filho Jesus Cristo na Unidade do Espírito Santo, Amém.


Belo Horizonte, 14 de Dezembro de 2010 - Dia de São João da Cruz.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Eu e Ela

Música: Vander Lee
Texto: Deiber Nunes Martins

Eu E Ela

Gotas de amor, girassol
Mares de sal, beijo floral
Pra falar nesse tempo, qual?
Do ventre exposto ao sol
Das flores postas no postal
Quantas caras nesse jornal
Foi quando a sede chamou
Pra acordar nosso amor
Fiz um tema na mão dela
Já fez calor, temporal
Você sem mim, tudo tão igual
Tudo bem, mas estou bem mal
Na TV não tem canal
Seu brilho tão sem meu cristal
Só tem música em meu dial
Mas o poema acenou
Pra acordar nosso amor
Quando a noite me revela
Sou eu e ela, eu e ela, eu e ela...

Já parei pra tentar desvendar este amor e quase enlouqueci. Como se fosse possível entender a simplicidade divina de nos criar tão simples e ao mesmo tempo tão complexos. Na verdade, o sentimento é tão simples! Parte do coração, perpassa a alma e nos leva pra outra dimensão. Só com você é assim. Por que? Porque é real.
Um amor que não tem medida mas que é tangível como tocar em teu rosto. Sentir você é sair da dimensão humana da vida e se transportar para um mundo só de nós dois.
E neste sentido, estar sem você é impossível. Estar com você é essencial. E só nós dois temos esta idéia, esta dimensão. O mundo de nós dois é o lugar onde você pode ser você e eu posso ser eu. De verdade. O lugar onde tiramos todas as máscaras do mundo dos outros, e nos vestimos somente da veste do nosso amor. Amor de significado, como já podemos perceber. E amor que dá frutos, como Maria Isabel tem nos mostrado.
Diante de tudo isso, quero te dizer que meu maior desejo é sempre me transportar para os seus braços, para o aconchego do nosso amor. Amor sem medidas. Amor de nós dois...

Belo Horizonte 29 de novembro de 2010.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A Ética no Esporte

Por Deiber Nunes Martins

Estava com este texto preso na garganta desde a vitória do Vettel sobre o Alonso, na Fórmula 1. Há muito tenho visto o esporte ser acometido por esta onda de imoralidade e falsidade, onde o vencedor não é mais o competente, o talentoso e sim, o de maior poderio financeiro e mercadológico. Não se vence uma partida mais por mérito e sim por poder de mídia, o que os incautos insistem em confundir com "peso da camisa".
Tudo bem, no automobilismo, a tecnologia é preponderante para o êxito. Assim, o poderio das equipes se fez. "Peso da camisa" na principal categoria do automobilismo resume-se com justiça a Ferrari, McLaren, Renault e Williams, sendo gratas surpresas a Red Bull e a Mercedes GP. No entanto, foi-se o tempo em que a tradição das marcas prevalecia sobre o capital. A partir do momento em que os motor-homes se tornaram palacetes reais sobre rodas, o automobilismo deixou de ser definido na pista. Michael Schumacher tornou-se o maior piloto de todos os tempos numa época em que a tecnologia faz quase tudo para o piloto. O público jovem passa a admirar um mero apertador de botões, sem levar em conta os verdadeiros heróis deste esporte tão encantador: Juan Fangio, Alain Prost, Nelson Piquet, Nigel Mansell, o inigualável Ayrton Senna...
Saindo das corridas de carro e passando pelo beisebol. Um esporte desconhecido do público brasileiro mas famoso no restante do mundo e paixão nacional no Japão, Venezuela e EUA, só pra citar os três. A maior liga deste esporte, a Major League Baseball ou MLB tem como principal vencedor o New York Yankees, com o maior número de títulos conquistados. Para os rivais, os Yankees não vencem títulos, os Yankees compram títulos. Entendendo melhor, o maior vencedor do beisebol americano é a equipe mais rica. Assim sendo, é de se esperar que a mesma consiga reunir os melhores jogadores em seu lineup (lainape ou plantel pra falarmos no bom português).
E por fim, só para citar três esportes, o futebol. E aqui a confusão é generalizada. No mundial interclubes, o que se vê todo ano é a batalha Davi-Golias, com os primeiros sempre do continente americano e o gigante sempre do futebol europeu. Dá-se uma importância desmedida a Uefa Champions League, por ela reunir as equipes de futebol mais ricas do planeta. Mas o que qualquer bom entendedor do futebol vê, sem a maquiagem dos comentários esportivos é um futebol artificial, sem garra, sem paixão. Um futebol onde os craques são burocratas e fazem do seu ofício uma obrigação enfadonha. Já se foi o tempo da Copa dos Campeões de Van Basten, Rudd Gullit, Zinedine Zidane. Hoje, sou obrigado a aceitar que Ibrahimovic e Cristiano Ronaldo são craques e pronto!
Mas o futebol dá pano pra manga... Viram o que aprontaram com o Cruzeiro, há algumas semanas? Sou atleticano mas preciso reconhecer que foi um golaço da arbitragem aquele pênalti marcado no Ronaldo, a favor do time Corinthiano. Me perdoem os favoráveis e os corinthianos mas aquilo nunca foi penal! E se o foi, o que o atacante cruzeireiro sofreu no primeiro tempo, do goleiro, foi muito mais. Ora, se um penal muito menos foi marcado, o muito mais teria de ser também. Abro espaço aqui para falar de Futebol Americano a NFL e também do tênis. Esportes onde o recurso tecnológico é aceito. No caso de Cruzeiro e Corínthians era necessário que ao final do jogo, as câmeras de TV fossem acionadas e que o penalti não dado a favor do time azul fosse cobrado. Era o mínimo que a moralidade esportiva merecia. E olha que sou atleticano hein! Mas infelizmente o futebol brasileiro é um caso à parte...
O meu Galo por exemplo, já foi prejudicado pela arbitragem brasileira inúmeras vezes. A maioria delas contra os times do eixo Rio-SP. É duro aceitar que Carlos Eugênio Simon seja ao mesmo tempo juiz de copa do mundo e carrasco do Atlético naquela partida de semi-final de Copa do Brasil contra o Botafogo. Em Minas, ninguém esquece José Roberto Wright. Afinal, foi ele quem tirou do Galo o título da Libertadores lá em Goiânia, a favor de quem? Do Flamengo...
No Brasil, sempre o mais forte na mídia levanta mais investimentos, proporciona mais dividendos à CBF e à Rede Globo e por isso acaba sendo favorecido. Ninguém acha interessante o Cruzeiro ser o campeão deste ano a não ser os próprios cruzeirenses. Como é ano do centenário corinthiano, o time de maior torcida no país, e por isso, mais rentável ao grupo CBF-Globo, nada mais justo que o Timão leve mais esta. Mesmo que seja favorecido pela arbitragem, comandada pela CBF e pela mídia, comandada pela Rede Globo, detentora dos direitos de trasmissão. Assim como foi em 2005, onde inventaram um juiz corrupto, para anular alguns jogos e favorecer o Timão em detrimento do Colorado Gaúcho. Como este ano, Cruzeiro e Fluminense não exercem supremacia sobre o time paulista, não é preciso mexer nos bastidores, basta o juiz ajudar dentro do campo...
Foi mais do que justo a vitória do Vettel sobre o Alonso. A Ferrari na base da desonestidade, fez jogo de equipe o tempo todo, em detrimento a Felipe Massa. Foi vergonhoso ver aquela corrida maravilhosa, ser definida com uma ordem de box dada a Massa para deixar passar o espanhol. Mas a vendetta não tardaria e viria da melhor forma: o espanhol egocêntrico e pirracento sendo barrado pelo russo Petrov que não tinha passado seu telefone para o comando da Ferrari. Talvez o título ficasse em melhores mãos se ficasse com o Mark Webber, o piloto mais regular da temporada. Mas não ficou ruim nas mãos do alemão Vettel. Afinal, a Ferrari foi punida dentro da pista do seu jogo de equipe.
Que o futebol brasileiro siga o exemplo do beisebol americano. Só pra constar, este ano os Yankees foram eliminados nas semi-finais pela equipe de menor folha salarial da MLB, o Texas Rangers. Lá, o Davi pode vencer o Golias. Ontem, o Goiás deu uma lição na arrogância palmeirense de achar que a partida estava ganha. Um bom sinal. Que cada vez mais, o público veja a necessidade do Davi vencer o Golias na bola, dentro de campo. Sem ajuda de juiz, de bandeirinha famoso e coisa e tal. Que o trio maléfico CBF-Rede Globo-Clube dos 13 seja desfeito e que o poderio futebolístico seja no talento, na bola, nas boas práticas esportivas e não definido pelo fator geográfico. Caso contrário, que os times preteridos abandonem o trio maléfico, criem uma liga própria e discutam com o público o valor do futebol brasileiro. Deixa Rio-SP com os times deles, pois o que dá liga ao futebol são os times de fora.
Que a ética prevaleça no esporte e que possamos ver cada vez mais como normalidade a vitória do Davi sobre o Golias.

Belo Horizonte, 25 de novembro de 2010.

Depoimento de moradora do bairro Suzana em Belo Horizonte - MG

Não eram nem 5 da manhã quando abrimos os olhos e nos deparamos com a água já sobre nossas casas. Sim, choveu muito, mas aquela quantidade toda de água não nos parecia vir exclusivamente da chuva. As compotas da Lagoa da Pampulha foram abertas, pois, o nível da Lagoa subiu e isto, segundo a Prefeitura, tornou-se uma ameaça fatal para algumas regiões de BH, sobretudo, para nobre região da pampulha. Então ok: abriram as compotas e a água foi escorrendo para todos os possíveis cantos, mas tudo isso dá em um único lugar: Córrego do Onça: Favelas e periferias que ficam ao redor do mesmo.
Hoje, 23 de Novembro de 2010, aconteceu uma enchente como nunca antes. Pessoas que moram no bairro há mais de 50 anos diziam nunca ter visto algo igual. Pois bem, nos reunimos e fomos à luta mais uma vez e mostramos a BH e ao país (ainda que pela mídia sensacionalista) a nossa existência; já que somos um bairro que a Prefeitura quer, a cada dia, extinguir do mapa. Isso eu digo pelo fato de nunca conseguirmos o falso “Orçamento Participativo”; pelo fato de o ônibus servir apenas aos demais bairros vizinhos (pasmem: depois da construção da Linha Verde, feita pelo Sr. Aécio, a linha 5101 - SUZANA/CRUZEIRO - passa em apenas 1 rua do bairro suzana e o ponto final encontra-se no bairro de classe média Dona Clara); pelo fato de retirarem várias famílias para a construção da Linha Verde; pelo fato de não existirmos no mapa de BH, e olha que geograficamente pertencemos a tão nobre regional Pampulha.
De dia ficamos sem água e agora a noite estamos sem luz, muitas casas ainda com barro. Sofrimentos, revoltas, ações e reações das mais diversas formas foram feitas: muitos rezavam o tempo todo; alguns se reuniram e chamaram o poder público (discutiam, negociavam, reivindicavam seus direitos); outros se uniam e botavam fogo nas coisas perdidas pela avenida cristiano machado. Cada um reagindo da forma que foi possível.
O bairro Suzana é dividido em duas partes: a parte alta e a parte baixa (que fica mais próxima da Cristiano Machado, de frente para o córrego do Onça). À tarde a região recebeu a visita do Prefeito e...... qual foi a única medida que Márcio Lacerda disse que tomará??? Será colocado um radar para medir o nível da água no córrego. Ponto final, nada mais que isto. E a linha verde permanece acabando com parte de nossas famílias e a cidade administrativa permanece lá, intacta.

De tudo que experimentei hoje o que mais me marcou, felizmente, não foram as cenas de tristezas, mas sim o companheirismo entre as pessoas. Gente da parte de cima (casas que a água passou longe) e até mesmo gente que veio de outros lugares, desceram até nós e foram de casa em casa oferecendo ajuda: levaram comidas, pães, café quentinho na hora, palavras e conversas afetuosas para nos encorajar a encarar a situação. Situação esta que sabemos que não será solucionada de imediato, mas sabemos também que nem Márcio Lacerda irá nos desarticular, nem os policiais que nos vigiaram hoje durante todo o dia.
Nossa força vem não sei de onde, permaneceremos brigando com esse governo para que medidas dignas sejam tomadas. Aliás, eu sei de onde vem sim essa força: vem da nossa ancestralidade, pois, como dizia minha vó: “suzana é onde cresci, suzana é o que construí. Suzana só morre para quem se esquece das origens.”
Gente este e-mail é para compartihar com todos/as vocês minha agonia pelo dia de hoje, mas também para agradecer a todos/as que se fizeram presentes. Os que me ligaram, os que saíram de sua rotina e vieram nos ajudar, os que rezaram por nós.
Peço aos que puderem que nos doem o que estiver ao alcance (roupas, sapatos, colchões, eletrodomésticos, roupas de senhoras, roupas de bebê, enfim, o que tiverem) e para encaminhar este e-mail a demais pessoas. Assim é só me ligar ou me retornar por e-mail que eu ou qualquer outra pessoa do bairro daremos um jeito de buscar.
Te agradeço!

Enfim, esta é apenas um das muitas lutas que rola por aí...

AKOMA sempre, para todos/as nós!!!

Danielle Anatólio
(Moradora do Bairro Suzana)

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Maria Vitória




Por Deiber Nunes Martins




"Outros Outubros tu verás... e Outubros guardam histórias..." Quantas histórias lindas o mês de Outubro não guarda... Maria Vitória é uma delas. Nascida no dia 09 deste lindo mês, minha primeira filha traz consigo todas as bençãos deste mês da Virgem de Aparecida, de São Judas Tadeu e de tantos outros santos e santas.


Ela é linda. E a cada dia que passa encanta mais as pessoas a sua volta. Como é bom ver o quanto ela é amada e querida. Uma promessa de Deus em minha vida e à vida da mãe dela.


Maria Vitória foi aquela notícia inesperada, aquele risco mal calculado ou melhor, não calculado dos momentos de impulso, onde se faz o que faz e não procura nenhuma lógica ou consciência. Tinha tudo para gerar sofrimento, fazer tanta gente infeliz, um erro. E gerou todas as conseqüências de um erro. Mas não parou no sofrimento, porque Deus não quis assim. E deste modo, no momento onde os mundos desabavam sobre minha cabeça, veio o Senhor em sua sabedoria, dizer: "Esta criança será fonte de muita alegria e bênçãos para toda a sua família e para todos os seus."


Tomei posse desta Graça e passei a proclamá-la em minha vida, como uma ejaculatória, como uma prece infinita capaz de derrubar toda e qualquer sanha maldosa, todo e qualquer sentimento fugaz de culpa. Eu tinha errado, traído minha noiva, minha família. Mas Deus havia me dito por meio de uma palavra de ciência de um sacerdote, numa tarde de Adoração: "Até do seu erro, eu faço bênçãos."


E veio Maria Vitória.


Bem quista por muitos. Nem tanto por outros. Quem esperava um Deiber santo, imaculado, incólume diante dos erros da vida, não conseguiu e talvez ainda não consiga sentir nada por minha filha. Não consiga ver a Graça, a Beleza da obra de Deus. Não consiga sequer perguntar como ela está, lembrando-se apenas da irmã mais nova. No entanto, Maria Vitória veio para nos dar tantas alegrias que é possível ver a mudança estampada nos olhos de quem outrora não via graça nenhuma. Felizmente, minha família, meus pais, meus irmãos e sobretudo minha esposa me acolheram e acolheram minha filha, como tamanho amor que é bonito de ver os olhinhos brilhantes dela, quando encontram os dos meus familiares. Meu pai, de início reticente, hoje sente falta de sua primeira netinha, falando "vovô" pela casa. Ela é o xodó de minha irmã. E torna a casa de minha mãe bem mais feliz.


Infelizmente, não posso conviver com ela todo o tempo que desejo. E é difícil segurar o coração no momento da despedida, de dar-lhe bênçãos e a entregar no colo de Patrícia, sua mãe. A vontade é de não sentir saudades, de ficar junto. Mas isto não pode ser. No fundo, Maria Vitória veio pra me mostrar que não sou completo, que não sou perfeito. Que me faltam pedaços, que me faltam virtudes. Que me falta algo. E nela também se completa. Um presente de Deus é como vejo minha filha mais velha. E meu desejo maior nesta vida, é que as duas Marias cresçam juntas e sejam amigas. Em minhas orações, peço saúde, peço paz, peço alegrias, e também peço isso. Que sejam bem amigas, bem unidas, por toda a vida.


Neste final de semana, de casamento do meu irmão Davidson com a Poliana, Maria Vitória me levou às lágrimas nas poucas horas que esteve com Maria Isabel, sua irmã. Enquanto esta chorava com fome, a primeira comia um biscoitinho que eu lhe havia dado. E ouvindo o choro da irmã, veio a lhe socorrer primeiro ofertando-lhe o biscoito, colocando-o na boca da irmã. E depois, sem ver que não era possível a irmãzinha comer aquele biscoito, o partiu e entregou o pedaço em minhas mãos, para que eu pudesse dar o pedacinho a Maria Isabel. Como foi bom ver Deus ali presente no convívio de minhas filhas...


Maria Vitória, com seu um aninho, és tão pequenina que talvez não possa entender o quanto te amamos. Talvez ainda não seja possível entender a presença muitas vezes distante de seu pai. Talvez não lhe seja possível entender o quanto te amo. Mas você sente. Eu sei que você sente. Coisas de pai...




Belo Horizonte, 10 de Novembro de 2010.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Maria Isabel



Por Deiber Nunes Martins




Como é sabido de muitos de vocês, nasceu dia 10 de setembro, minha filha, Maria Isabel. O que vocês ainda não sabem é a benção que ela tem sido para nós. Um presente de Deus tanto para Bárbara quanto para mim. E diante disso, só temos a agradecer a le bon Dieu.


Acompanhei todo o processo de gestação de minha esposa, criando aquela espectativa em relação àquele novo ser que faria parte de nossa família. Nem bem sabíamos o sexo e já nos pegávamos fazendo planos para o futuro do bebê. Nisso sempre fomos acessorados pelos vovôs e pelas vovós... A gravidez é um processo de maturidade do casal, visto que juntos vivem os dramas as alegrias e as novidades daquele momento. Talvez seja por isso que cada gravidez é de um jeito, por isso as mulheres são apaixonantes e por isso Deus é tão perfeito em sua Criação. Nada é do mesmo jeito em se tratando de uma vida.


Ao final da gestação bateu em ambos aquela ansiedade de quem anseia tudo dar certo no momento certo. A diferença foi que eu tive de me segurar para não transparecer a Bárbara tudo o que sentia de modo a não comprometer a gestação. Aprendi com isso que devemos ser transparentes em tudo, mas também devemos ser cuidadosos com o bem estar do outro a nossa volta. Na verdade, eu tinha de pensar não só em mim, mas também na Bárbara e na Maria Isabel. E foi o que fiz.


Então chegou o grande dia. Começou de véspera, no dia do administrador, data de minha última postagem, com as famigeradas dores que chegam de tempo em tempo. Até então, não sabia o que fazer e como fazer. Então apenas esperamos e rezamos. Por volta das 22 horas quando as dores se tornaram mais frequentes e cada vez menos suportáveis, ligamos para nossa amiga Liliane a quem só temos a agradecer pelo carinho e desprendimento em querer acompanhar o parto, como ótima enfermeira que é. Seguramente, uma profissional do Reino.


A partir da chegada da Liliane em nossa casa, fomos vivendo no compasso da espera até o momento exato da ida para o hospital. Nisso, ainda preciso dizer e agradecer à Providência de Deus que nos enviou a Liliane. E com ela e seus conselhos profissionais, foi possível levar Bi no momento exato para o hospital. Ainda que tivéssemos alguns contratempos, como a falta de vagas na primeira maternidade que fomos. Mas por intermédio da Virgem Maria e de anjos como a Liliane e o Dr. Victor, obstetra da Bárbara tudo foi contornado.


E quando me percebi, estava com o rosto colado ao vidro daquele berçário, vendo minha filha em seus primeiros minutos de vida, cercada de enfermeiras que lhe prestavam os primeiros cuidados. Minutos depois via minha esposa agora com o semblante de mãe. Sem aquele sofrimento das dores do parto. Como o semblante da mulher muda em fração de segundos! A dor é sofrida e parece ser terrível. Mas no instante seguinte em que ouvimos o choro da criança, parece que nada mais dói e a mulher é acometida por uma sensação semelhante ao contrário da dor. Algo maior, bem maior que o alívio efêmero.


A partir daí, seguem-se os dias, cada um com uma descoberta própria. Sempre que contemplo minha filha, percebo nela um traço do que ela virá a ser lá na frente, no futuro. Já percebi que não tem puxado muito minhas feições. Tem ficado mais na beleza da mãe, no que ela está muito certa. Mas de mim tem puxado a massa cinzenta, o intelecto que modéstia a parte é abençoado por Deus. E é o que desejo: Maria Isabel com as virtudes mais fortes da Bárbara e do Deiber e os defeitos mais fracos de ambos.


E hoje, a um mês e pouquinho de vida, Maria Isabel já fez até travessuras! E como é lindo o seu sorriso! Fico a pensar que se quando grande ela sorrir assim pra mim, conhecerá meu ponto fraco e livrar-se-á de uma reprimenda, mesmo que necessária. Sinto-me intensamente feliz como nunca me senti antes. E hoje, posso compreender as palavras de um grande amigo, Valério, que me dizia: "Você vai descobrir o que é ser pai quando tiver seus filhos!


Belo Horizonte, 19 de outubro de 2010.


quinta-feira, 9 de setembro de 2010

09 de Setembro, dia do Administrador

Por Deiber Nunes Martins

A todos os colegas administradores, as minhas congratulações. Que o nosso dia represente um tempo de conquistas, não somente as profissionais, mas principalmente as pessoais.
Que sejamos reconhecidos em nossa profissão, mas que reconheçamos o outro com a importância devida em nossa vida.
Que sejamos valorizados em nosso meio, mas que valorizemos o meio em que vivemos.
Que sejamos respeitados, mas que respeitemos a todos.
Que sejamos felizes, mas que façamos os outros felizes também.

Que saibamos que administrar é uma via de mão dupla, ou seja preciso ser reconhecido, mas preciso reconhecer também, preciso ser valorizado, mas valorizar também, preciso ser respeitado mas respeitar também, preciso ser feliz mas fazer o outro feliz também.
Que Deus abençoe a todos os administradores pelo seu dia.
Um abraço!

Belo Horizonte, 09 de Setembro de 2010.

Ser ou Não Ser Politicamente Correto

Por Deiber Nunes Martins

O que será o politicamente correto? Esta semana o presidente do Atlético, Alexandre Kalil, declarou em entrevista a Rádio Bandeirantes, que se o torcedor atleticano pegasse algum jogador na balada, na vida noturna de Belo Horizonte, que poderia, cobri-lo de pancada. Soou agressivo e logo os veículos ligados à Rede Globo declararam que Kalil estava incitando a violência, etc e etc... A noite, o presidente atleticano em entrevista à Rádio Itatiaia disse que se tivesse ficado politicamente incorreto o seu dizer, que a torcida, ao encontrar o jogador na balada, que lhe pagasse um drink.
É preciso analisar todo o contexto para se verificar o que é politicamente correto em questão. Em tempos passados, o Atlético montou a chamada “selegalo” que representou um fiasco nos campos e um sucesso nas noitadas da capital. Recentemente, a “Selegalo” foi lembrada em tom de chacota. Aliás, o Galo há muito vem sendo tratado como chacota pela imprensa esportiva no Brasil. Mas isso não vem ao caso...
O que me interessou na notícia foi a conceituação de politicamente correto. Há uma discrepância enorme entre o politicamente correto e o que é amoral, ou condenável pela sociedade. Interessante pensar que nem todos conseguem discernir sobre esta conceituação, o que permite pensar que o termo é usado de qualquer maneira, por qualquer um.
Mais interessante ainda é o fato de que a distorção do termo permite que se trate o politicamente correto não como um antônimo do incorreto, mas como uma extensão deste. Explico: o politicamente correto é tido como o que está de acordo com a lei e com o status quo sendo amplamente elogiado visto que os bons exemplos são escassos em uma sociedade cada vez mais positivista e pessimista como a nossa. Acontece que o politicamente incorreto (que pretendo tratar em outro texto) sempre é tratado como cult, como algo a se conhecer, bem feito, trabalhado e por assim dizer elogiado. Figuras politicamente incorretas são tão ouvidas quanto às corretas, daí a extensão do conceito. Voltando à esfera futebolística, o presidente do Atlético sempre será notícia com sua verve politicamente incorreta ao passo que outros cartolas nem sempre serão, visto que desejam manter suas imagens longe da discussão sobre correto e incorreto.
Diante de tudo isso, fico a pensar na importância de uma coisa ou da outra. E se a massa crítica não está mesmo com a razão, sendo o politicamente incorreto, um complemento ao correto. E os contrários, algo totalmente radical e intolerável. Deste modo, falar alto demais seria algo totalmente alheio ao politicamente correto e incorreto e por esta razão intolerável. Mas falar baixinho, cochichar, seria politicamente correto, recomendável. Mesmo que estejam cochichando sobre nós.
É por estas e outras que prefiro ficar fora dos limites do que é político para ser exclusivamente do meu jeito.Sem ter que me preocupar com o que é politicamente correto ou incorreto. Melhor neste quesito ser apolítico...
Porque no fim das contas, nós sempre confundimos tudo.

Belo Horizonte, 09 de Setembro de 2010.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Esta Música é de Verdade?

Por Deiber Nunes Martins

Fazendo um vôo panorâmico por alguns sites na internet, percebemos com facilidade a chuva de críticas feitas ao Prêmio Multishow 2010, que premia os “melhores” da música no Brasil. E não se trata de criticar por criticar. O famigerado prêmio é um absurdo dantesco. Recheados por bandas e músicos fabricados pela mídia, o prêmio é uma iniciativa de levantar a bola dos novos heróis nacionais, totalmente artificiais e que não acrescentam nada.
Chega a ser engraçado ver o pessoal reclamando sobre a derrota do “?” NX Zero para uma pseudo-banda chamada Cine. Se juntar tudo em um balaio não sai uma nota musical que preste. Infelizmente, é o que querem nos fazer engolir, goela abaixo, ou melhor ouvido abaixo. Há muito tempo as rádios têm sido em sua grande maioria disseminadoras de porcaria. A começar lá atrás, nos anos 90 com os grupinhos de pagode de sorriso amarelo e nada na cabeça. Geralmente eram grupinhos de cinco carinhas, onde ninguém tocava nada nem um cavaquinho e apenas simulavam cantar e dançar músicas bem sofríveis. Junto com eles, apareceram duplas e mais duplas sertanejas que de sertanejo, não tinham nada. Naquele tempo também, começou a onda do “Axé Music”, que um dia uma rádio aqui de Belo Horizonte, tentou inserir em seu festival anual, voltado para rock, sob o rótulo “Pop Rock”. Foi de doer os ouvidos... Quem achava que “É o Tchan” e “Cia do Pagode” eram o fim do mundo, não tiveram paciência de esperar o que estava por vir...
Já faz algum tempo que procuro evitar contaminar meus ouvidos com a música brasileira atual. O som brasileiro mais atual que escuto é o CD Acústico do O Rappa e já faz algum tempinho que foi lançado. Coisa de anos. Bandas de verdade como Titãs, Skank, Paralamas, Jota Quest e Ira! parecem estar na entressafra e tentam competir no mercado nacional com porcarias contemporâneas como Fresno e Restart. E muitos não entendem o que estas bandas têm que as de verdade não têm. O que acontece é que o gênero “Porcaria Music” cresce no mercado nacional por conta dos modismos, das redes sociais, dos fãs-clubes (que em muitos casos se resumem a meras empresas de marketing, dispostas a difundir aquele lixo nos reality shows, rádios, TV’s e em Premiações anuais como o Prêmio Multishow.
Saudade do tempo do Rock dos anos 80, que representou o comportamento de uma juventude que mesmo massacrada pela censura, pensava. Assistir a esta lavagem cerebral cultural que fazem com os jovens de hoje, apenas nos faz lamentar que gosto não se discute e que o rock brasileiro, este comercial, que dá lucro, representa o politicamente correto, tudo aquilo que o gênero nunca foi.
Os poucos que ainda resistem ao sistema, se refugiam em bolhas onde podem compartilhar um pouco do gosto musical que possuem, armazenados em seus Mp3 e consoles. Estes guetos de gente dotada de bom gosto estão cada vez mais escassos... o que nos assusta, visto que o tempo da censura ficou lá atrás. E olha que naquele tempo, a juventude tinha cérebro, pensava e fazia a diferença...

Belo Horizonte, 31 de Agosto de 2010.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Piada Sem Graça no País da Piada Pronta

Por Deiber Nunes Martins

A piada sem-graça do Stallone sobre o Brasil, no começo causou-me asco. Como podem vir aqui e esculhambar com nosso país? Como podem nos comparar a “macaquitos”? Mas os assuntos e sobretudo os negativos, fermentam em meu estômago cerebral, que fica ali perto do córtex frontal, e fazem com que eu reflita melhor sobre a questão.
Se a princípio aprovei o “Cala a boca, Stallone!” agora estou com o pé atrás. Penso eu:
“E se o Rocky Balboa estiver certo? Porque aqui no Brasil, se explode com os aposentados, vetando em dia de jogo da seleção em Copa do Mundo o fim do nefasto Fator Previdenciário e o povo ainda aprova o governo que tem. Explodimos a notícia com um jornalismo cada vez mais mercantilizado e ninguém faz nada a não ser dar mais pólvora, legitimando o fim do diploma para jornalista. Explode-se a justiça com tantos hábeas corpus, recursos, liminares e outras ferramentas diabólicas dos “adevogados”. Sim! Adevogados com E, dando fala ao D de desonestidade e descompromisso com a ética, a justiça e o bem comum. Explode-se a nossa paciência com a falta de transporte público decente, com a falta de respeito das empresas, sobretudo as prestadoras de serviços essenciais. Explode com o respeito humano onde até pra respirar tem fila, o supermercado virou um martírio com filas intermináveis, desrespeito total ao idoso, a gestante, ao deficiente físico e por aí vai. Explode-se com o nosso sossego, com o início das campanhas eleitorais, o mesmo blá-blá-blá de sempre e as mesmas figurinhas sujas do passado, e olha que aprovou-se a Ficha Limpa! Explode-se com o entretenimento, criando-se o “entretetanimento” com programações de rádio e TV cada vez mais pobres, teatro e cinema cada vez mais elitizados, não pela qualidade mas pelo preço cada vez mais absurdo...
Enfim, no Brasil, explode-se com tudo e o povo fingindo-se inocente de tudo e cada vez mais acéfalo, oferece os “macaquitos” ao não se escandalizar mais, ao não exigir melhorias, ao não protestar e ainda se achar ofendido com uma piadinha babaca que tem todo fundo de verdade. Talvez fosse diferente se tal piada fosse contada pelo Chico Anísio ou pelo Jô Soares, ou ainda na coluna do Veríssimo ou do Jabor. Aí, nós brasileiros, bancaríamos os entendidos e levaríamos na esportiva. Mas como foi feita por um gringo, temos que pagar o mico quixotesco de se escandalizar. A emenda fica pior que o soneto...
Falta a nós brasileiros, um pouco mais de auto-análise. Será que estamos de fato, fazendo alguma coisa por este país? Falta a nós, brasileiros, pensar duas vezes antes de rir ou chorar das piadas, sobretudo as infames, e as piadinhas prontas. Assim, quem sabe daqui a dez anos, tenhamos mesmo a razão em protestar das piadinhas dos gringos. Porque de fato não serão nem infames, serão mesmo sem-graça.

Belo Horizonte, 04 de Agosto de 2010.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

O Encontro com Jesus Cristo



Por Deiber Nunes Martins
Texto de José Luiz Gonzaga do Prado, in “Catequese Bíblico-Missionária” no jornal Deus Conosco, Semanário Litúrgico de 20.06.2010

A Realidade
Certa vez, perguntei a uma pessoa simples do nosso interior, adulto sem a Primeira Comunhão, se já tinha ouvido falar em Jesus Cristo. Respondeu:
- Umas duas vezes por ano mais ou menos. Mas eu sou muito devoto de Nossa Senhora Aparecida.
Muitas vezes o ex-católico que se tornou crente costuma dizer que “encontrou Jesus Cristo”. Que significa isso? Na Igreja Católica certamente nada sabia dele. Ou não?
Mas, mesmo em nossos meios mais “esclarecidos”, o que é que se costuma dizer ou pensar de Jesus Cristo? É um poderoso curandeiro? É um poderoso total, capaz de resolver todos os meus problemas? Ele nos salva com seu poder, sua força? Ou com sua fraqueza e humilhação, assumidas com coerência?

O Mistério
Às crianças que iam fazer sua Primeira Comunhão eu explicava o significado do gesto de Jesus na última ceia: entregou um pedaço do pão para cada, dizendo que aquele pão era seu corpo, era ele. Perguntava, em seguida: “Vocês têm coragem de deixar-lhes tirar pedaços?” Seus rostinhos todos diziam que não. Eu questionava: “Por que, então, vocês querem comungar?” Ficava no ar certo impasse. Um dia um menino respondeu-me: “Por isso mesmo!”
Estava totalmente certo. Anunciamos a morte do Senhor e proclamamos a sua ressurreição não por outro motivo que não seja buscar nele a força de fazermos o mesmo que ele fez naquela ceia derradeira: entregar a vida para que todos tenham vida.

O texto acima nos remete ao desconhecimento que temos de Jesus. É no mínimo ousado aquele(a) que diz: “eu conheço o Senhor” ou “eu encontrei o Senhor”. Tais frases me soam mais como um brado pessoal dizendo ao mundo: “eu mudei de vida” ou “eu adquiri novos hábitos e novas crenças” do que o que de fato, quer dizer. Encontrar a Cristo para mim, é o que o ocorrido com Pedro e Paulo. O primeiro, quando avistou o olhar de Jesus, logo após negá-lo pela terceira vez. E o segundo, após cair do cavalo, no caminho para Damasco. O primeiro, arrependeu amargamente do erro cometido e buscou no Cristo o perdão por todas as suas falhas, não só de forma retórica mas em atitudes concretas, que o fizeram ser a pedra da Igreja. O segundo, após deparar-se com Jesus, a quem perseguia de modo implacável, ficou cego, recuperando a visão por intermédio de Ananias que também o batizou, para que pudesse, então, seguir uma nova missão: evangelizar.
Quem encontra de fato com o Cristo, o transmite em gestos e palavras. Por isso, não ouso dizer que já tive meu encontro com o Mestre. Em minha vida, em minhas virtudes e também em meus pecados, busco por este encontro. Anseio pelo olhar de Jesus, não por merecimento, mas por sua infinita bondade.

Hoje, é a Missa de Sétimo Dia do Padre Uyara. Confesso que o conheci pouco, mas sempre o admirei por sua simpatia e pelo carinho que tinha com nossa Comunidade da Paróquia Santo Antônio, em Venda Nova. Recordo-me com nostalgia das missas de sábado à noite, quando ele nos dava a Bênção do Santíssimo. Era um momento de muita emoção para todos ali. Momento este, transferido para as noites de terça, quando na Missa dos Enfermos, ele passeava com Jesus Sacramentado pelos corredores da Igreja. Depois, como a saúde já não o permitia, ele ficava sentado a frente do altar, com o Santíssimo exposto, adorando ao Nosso Deus e apertando a mão de cada um que se aproximava.
Padre Uyara, que o mesmo Senhor que tu sempre adoraste, te receba na Glória Celeste de braços abertos. E que Deus o receba como nosso intercessor, para que rezes por nós. Tenho certeza de tiveste teu encontro com o Senhor ainda em vida e por isso, peço a Ele que o receba com todo carinho.
Padre Uyara, meu abraço saudoso!

Belo Horizonte, 05 de Julho de 2010.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

As Coisas do Tempo

Por Deiber Nunes Martins

Outro dia, estava eu em um banco, pagando umas contas. Numa agência nova, no Centro da Cidade, onde eu ainda não havia visitado. Como já estagiei em banco e talvez pela curiosidade que sempre perpassa a mente deste escrevinhador, percorri os olhos para o interior daquela agência bancária, para ver se encontrava algum ex-colega. Necessário se faz frisar ao leitor, que uma agência bancária no Brasil divide-se em duas partes: interna e externa. E que a externa é a parte de qualquer um, onde os atendentes, gerentes e operadores de caixa são as máquinas, que em certas ocasiões são mais dotadas de humanidade que os próprios seres que ali trabalham. Fechado este parêntese, que não tem muito a ver com a história, passo a relatar o ocorrido.
Terminando o uso da máquina de auto-atendimento, percorri os olhos pela parte interna da agência, para ver se via alguém conhecido. Eu havia estagiado naquele banco, em uma agência de bairro, há um tempo atrás e me recordo dos antigos colegas. Um deles, Vagner era gerente de contas no meu tempo.
Vagner, atleticano como eu, gostava de tomar café no pequeno refeitório nos fundos da antiga agência onde trabalhávamos e era naqueles momentos que eu procurava na base do escambo, trocar minhas informações sobre futebol (sempre andava bem informado no assunto) pelas informações sobre o mercado financeiro, que sempre atraíam minha atenção. Nem sempre era uma troca justa, porque os bancários quase sempre são muito mal informados sobre finanças. Mas era uma boa troca de experiências aqueles minutinhos do café.
Lembrava do Vagner sempre competente, mas ao mesmo tempo irritado e estressado com o sistema bancário. Ele não conseguia entender que era como um boi de barro, uma peça da engrenagem daquele sistema feito para atender completamente apenas ao banqueiro, na figura própria do dono e os acionistas. Então a missão de cada um ali dentro, inclusive a do estagiário era tentar reduzir o hiato de nível de serviço entre o banco e o cliente. E tentar convencer a esse que aquilo era o melhor dos mundos. Ele não concordava com isso. Nem eu. Mas precisava trabalhar, sustentar esposa e filhos. Eu tinha outras escolhas naquele tempo.
Agora, os tempos são outros, e mais ou menos cinco anos depois, revejo o Vagner no interior da agência, andando de um setor a outro, tendo um cliente a seu encalço. A cena que se desenhava, relatava um homem com relativo grau de poder, uma vez que um simples gerente de contas não poderia dar-se ao luxo de atender daquela forma a um cliente. Vagner simplesmente dava as costas para o cliente, enquanto este tentava lhe falar, com um extrato bancário nas mãos, quase que lhe implorando a maciça atenção.
Aquela cena não era o mais importante. Importava mais a figura do nosso amigo Vagner. No máximo cinco anos mais velho que eu, o nobre amigo aparentava estar trinta anos mais idoso que este escrevinhador. Cabelos totalmente grisalhos, andar pesado, rugas cravejando um rosto fatigado. Este não era o Vagner que conheci naquele tempo. Percebia agora o seu grau de poder naquela agência: era ele o gerente geral, visto a deferência com que uma outra funcionária lhe tratava.
Mas espera aí: eu conhecia aquela funcionária! Havia sido estagiária junto comigo e agora estava efetivada no banco. Era da minha idade mas parecia estar uns dez anos mais velha...
Antes que visse mais alguém conhecido e me assombrasse, ou ainda antes que comprovasse que aquilo era contagioso, resolvi sair o mais depressa possível daquela lugar.

Belo Horizonte, 14 de junho de 2010

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Nossa Senhora da Boa Viagem


Por: Kátia Bizan, no Blog "Mãe Amada"

Chegamos ao final das postagens com o título da padroeira de Belo Horizonte, Nossa Senhora da Boa Viagem. Ela, que considero ser também a padroeira dos viajantes e sempre que estou em viagem, é a ela quem peço intercessão. Chegamos ao final e para mim, fica o gostinho de quero mais. Tenho a certeza de que ficaram títulos para trás e por esta razão, prometo ao longo do tempo ir postando outros títulos de Nossa Senhora, como o de Nossa Senhora da Piedade, padroeira de Minas Gerais e que ficou de fora.
Foi muito bom este estudo, estou muito feliz com o que postei. Aprendi mais sobre Maria e me bate o desejo de aprender ainda mais. Espero que tenham gostado e espero também os comentários. Se você tem alguma sugestão de Nossa Senhora que deva ser postada no Blog, comente, participe. Um grande abraço a todos vocês!


Na época dos grandes descobrimentos, os navegadores portugueses e espanhóis levaram sua civilização e a fé cristã às populações das novas terras. Os padres jesuítas e a tripulação, erguerem a primeira igreja dedicada ao Senhor Jesus, à Maria, Mãe de Deus, e ao santo festejado no dia da chegada. Foi assim, que o culto à Virgem Santíssima, sob a invocação de Nossa Senhora da Boa Viagem, se difundiu entre o povo.
Não sabemos quando Maria começou a ser invocada com o título de 'Nossa Senhora da Boa Viagem', pelos navegadores. Ao certo temos que os portugueses construíram a primeira igreja dedicada à Ela, próximo da capital Lisboa, em 1618. Desde então é a festa mais esperada do ano pelos pescadores e suas famílias, pois ao final são abençoados junto com as embarcações e o mar.
No Brasil a tradição desse culto desembarcou primeiro em São Salvador, Bahia. Nessa capital existe a mais antiga igreja sob a invocação de Nossa Senhora da Boa Viagem, construída junto à praia. Na capital pernambucana, além da igreja erguida em 1707, surgiu o bairro e a praia da Boa Viagem. No Ceará existe uma cidade chamada Boa Viagem, que surgiu do pequeno povoado cujos habitantes eram muitos fieis à essa devoção.
Na baía de Guanabara, a igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem, deu origem à uma irmandade de pescadores que mantêm o templo e sustenta as obras assistenciais às famílias mais necessitadas dos trabalhadores do mar. Curiosamente Nossa Senhora da Boa Viagem tornou-se a Padroeira da capital das Minas Gerais, que não possui costa marítima. Consta que isto se deve a um comandante do navio Nossa Senhora da Boa Viagem, da esquadra portuguesa que chegou ao Rio de Janeiro em 1709. Entusiasmado com as notícias sobre as descobertas de ouro, o piloto Francisco Homem del-Rei foi buscar a imagem de sua protetora, da Virgem da Boa Viagem, que ainda estava no navio. Francisco mandou construir em Congonhas uma capela em honra de sua padroeira. Em 1905, essa capela foi demolida e no local surgiu a igreja mais antiga da cidade de Belo Horizonte. Hoje ela é a Catedral da capital mineira. Nossa Senhora da Boa Viagem foi declarada oficialmente Padroeira de Belo Horizonte, pelo Papa Pio XII.
São Paulo também possui uma dessas raridades. É a paróquia dedicada à Nossa Senhora da Boa Viagem, em São Bernardo do Campo, no ano 1812. A igreja, concluída apenas em 1848, desde o início foi dedicada à invocação de Nossa Senhora da Boa Viagem. O dia de sua festa é 08 de setembro, mas pode ser celebrada em outra data dependendo da comunidade.

Belo Horizonte, 31 de maio de 2010

domingo, 30 de maio de 2010

Nossa Senhora do Desterro


Por Deiber Nunes Martins
Fonte: www.fatima.com

Quem visita a catedral de Florianópolis tem sua atenção vivamente chamada para uma bela escultura de Nossa Senhora do Desterro, colocada num altar lateral. Trata-se de um conjunto representando São José puxando um burrico, sobre o qual está a Virgem Santíssima com o Menino Jesus ao colo.
A artística e piedosa obra, de autoria dos escultores Demetz, é feita de madeira de tília, em tamanho natural, e evoca a fuga da Sagrada Família para o Egito.
A capital de Santa Catarina, durante mais de dois séculos, chamou-se Nossa Senhora do Desterro, pois nasceu em torno da capela com essa invocação, construída em 1673 por Francisco Bias Velho, que morreu heroicamente alguns anos depois na própria igreja, defendendo o povo contra um ataque de piratas.
Entretanto, em 1894, para homenagear o segundo presidente da República, Floriano Peixoto, os republicanos mudaram o piedoso nome da capital catarinense de Nossa Senhora do Desterro para Florianópolis...
'Levanta-te, toma o Menino e sua Mãe, e foge para o Egito'
Pouco tempo depois da adoração dos Santos Reis Magos, um Anjo apareceu em sonhos a São José e disse-lhe: 'Levanta-te, toma o Menino e sua Mãe, e foge para o Egito, e fica lá até que eu te avise; porque Herodes vai procurar o Menino para O matar' (Mt. 2, 13).
O Santo Patriarca, sem discutir as ordens de Deus, pôs-se logo a caminho com o Menino Jesus e a Santíssima Virgem, servindo-se do mesmo burrico que utilizara no trajeto de Nazaré a Belém.
A viagem foi longa e penosa, mas também com muitas consolações. Conta a tradição que uma tamareira, junto à qual a Virgem repousara com o Divino Infante, inclinou-se para que seus frutos ficassem ao alcance de suas virginais mãos.
Registra a tradição que, noutra ocasião, a Sagrada Família foi atacada por salteadores, mas estes não lhes fizeram nenhum mal, em atenção ao pedido de um jovem membro da quadrilha, que foi mais tarde o Bom Ladrão, morto na cruz ao lado de Nosso Senhor, e venerado depois com o nome de São Dimas.
Chegando ao Egito, a Sagrada Família passou a residir numa pequena gruta na cidade de Heliópolis, onde havia uma colônia judaica, e um templo em honra do verdadeiro Deus, que quase igualava em magnificência ao de Jerusalém.
Volta para Nazaré
A Sagrada Família passou longos meses no Egito, até que um dia, morto Herodes, apareceu novamente o Anjo do Senhor ao Patriarca São José, durante o sono.
Ordenou-lhe o embaixador de Deus: 'Levanta-te, toma o Menino e sua Mãe, e vai para a terra de Israel, porque morreram os que procuravam matar o Menino'. São José, obedecendo imediatamente, tomou o Divino Infante e a Santíssima Virgem, partindo em direção à terra de Israel. 'Mas, ouvindo dizer que Arquelau reinava na Judéia em lugar de seu pai Herodes, temeu ir para lá; e, avisado em sonhos, retirou-se para a Galiléia. E indo para lá, habitou na cidade que se chama Nazaré, cumprindo-se deste modo o que tinha sido predito pelos profetas: 'será chamado Nazareno`' (Mt. 2, 20 a 23).

Temos um caminho a percorrer. Nem sempre este é coberto de flores. E se o é, acaba tendo espinhos também. É o momento do exílio, do recolhimento, da tristeza. Muitas vezes somos obrigados a passar pelo sofrimento para entendermos o valor da Cruz. A Sagrada Família precisou fazer este caminho, para ter este discernimento, esta sabedoria, da vontade de Deus. Que Nossa Senhora do Desterro nos ensine na caminhada, o sentido da vida. Que possamos por sua valorosa intercessão fazer a diferença na vida do outro. Na imagem do Desterro, todos fazem a sua diferença: a Mãe que conduz em seu colo confortável o Filho, o Pai, que puxa o burrico e provê a Família na caminhada, o burrico que serve como amparo ao cansaço da Mãe, sendo também o meio de transporte e o Filho que é a razão de ser de todos eles e todos nós. Que possamos assim, ver nas coisas mais simples, o seu valor e significado e assim, caminharmos para a Glória no Céu, amém.
Belo Horizonte, 30 de Maio de 2010.

sábado, 29 de maio de 2010

Nossa Senhora Aparecida


Por Deiber Nunes Martins

Se me perguntam minha devoção, talvez eu até diga não ser necessário a pergunta pois quase sempre ela está comigo, grudada no bolso da camisa. Alguns já até sacaram, é ela mesma: Nossa Senhora Aparecida. Tenho um carinho muito grande pela Virgem de Aparecida. Por Nossa Senhora em geral e arquibancada, risos... Mas no caso de Nossa Senhora Aparecida é diferente.
Foi o primeiro presente que recordo de minha falecida madrinha, Dona Júlia. Uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, grande, bonita. Trazida lá mesmo de Aparecida do Norte. E eu era só um garoto, não sabia o significado de uma imagem de Maria, tampouco tinha o conhecimento de fé que hoje tenho. Tempos depois recebi um santinho de Nossa Senhora Aparecida que guardava na carteira e fitinhas que amarrava nos pulsos.
A Virgem de Aparecida sempre esteve presente em minha vida.
E hoje, sempre ando com um broche de sua imagem pregado em meu bolso. Não é para mostrar ou ostentar alguma fé proselitista e radical. Mas sim, ostentar o carinho pela mãe de Deus. Não tenho em meu bolso uma foto de Dona Otília, minha mamãe, mas o broche de Nossa Senhora Aparecida é uma forma também de lembrar da mamãe que Deus me deu aqui no mundo. Afinal, todo dia 12 de outubro, quem é que acende a vela junto da imagem da Virgem ao meio dia? Dona Otilia, minha mãe.
Nossa Senhora Aparecida certamente é invocada nos momentos felizes e tristes da minha vida. E graças à sua intercessão, os primeiros são bem mais constantes que os últimos. E toda Graça que peço a ela, pode até demorar, mas é alcançada. Isto é fato. E me encanta este carinho.
Encanta também, a devoção das pessoas, a Nossa Senhora Aparecida. Meu pai é um de seus devotos e aguardou pacientemente quase trinta anos para pagar uma promessa, indo ao seu Santuário. Quanta emoção acompanhar as pessoas no Santuário de Aparecida do Norte, gratas, felizes pelo amor de Deus manifestado muitas vezes no pão de cada dia ou na cura de uma enfermidade que a ciência já havia largado de mão. Eu também tenho muitas graças a agradecer. E a sensação que tenho ao chegar naquele Santuário é que seu tamanho ainda é muito pequeno para ser comparado a um mínimo possível do amor de Nossa Senhora Aparecida por seus filhos.
Acho que se Nossa Senhora Aparecida fosse a padroeira da África, com sua imagem belíssima, negra, não retrataria melhor do que retrata o povo brasileiro. É a Virgem Padroeira do Brasil, a Santa Negra encontrada por pescadores na região paulista onde hoje tem seu Santuário. Deus em sua sabedoria mandou bem, fazendo com que o lodo do rio escurecesse aquela imagem e fizesse dela a alma do Brasil. A mistura do barro com o lodo, a água formando a santa é o mesmo que a miscigenação brasileira, onde povos de diferentes culturas e nações se misturaram para fazer este povo bonito e cheio de fé.
Não cabe em uma folha de papel a gratidão. São mais fortes que as palavras dizer o imenso amor pela mãe de Deus. Há quem hoje não goste nem de se lembrar do pobre infeliz que ousou chutar a imagem de Nossa Senhora. Cada um de nós temos um pouquinho do Céu guardado em nosso ser, em nossa espiritualidade que faz com que sintamos na carne aquele e todas as outras ofensas e agravos feitos a Virgem. De todo modo, este pouquinho faz com que carreguemos conosco as boas intenções e práticas e assim podemos nos preencher de amor. Amor este que é dado por Deus, mas demonstrado ao mundo primeiramente, pela mãe de seu filho Jesus Cristo. Maria Virgem e Mãe, que viu nos algozes de seu filho, a necessidade de filhos, a serem perdoados. Assim também é conosco. Perdoamos, Mãezinha os seus agressores e os convidamos para o banquete do Teu Filho. Contudo, Venerável Virgem, a defendemos com nossa voz e vez sempre que preciso for, para que a ignorância do mundo não ouse questionar tua gloriosa intercessão.
Nossa Senhora Aparecida, abençoe este Brasil, em suas conquistas, em seus caminhos. Tornai esta nação cada vez mais cheia de fé e fazei com que seus filhos se amem como irmãos. Que o mundo inteiro te venere, sabendo que és Mãe, Esposa e Filha Escolhida, para gerar o Cristo, Nosso Deus e Salvador.
Por isso, para este humilde blogueiro, o dia 29 de maio, além de ser hoje seu aniversário, este dia também é de Nossa Senhora Aparecida.

Belo Horizonte, 29 de maio de 2010.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Nossa Senhora Achiropita


Por Deiber Nunes Martins
Fonte: www.achiropita.org.br

Nossa Senhora Achiropita me remete aos momentos de aperto e aflição que passei em minha vida. Muitas vezes, sem saber o porquê, evocava sua intercessão assim do nada. Já ouvi também, as pessoas dizerem que rogam a Virgem Achiropita por alguém desaparecido ou alguma coisa que precisam encontrar, tal a devoção a São Longuinho. Seja qual for o motivo, a Virgem certamente atenderá àqueles que a recorrerem com fervor e devoção. Abaixo, segue a história dela, extraída da Paróquia de mesmo nome, em São Paulo.

Em 580 D.C., o capitão Maurício, desviado pelos ventos, chegou a uma aldeia calabresa, na Itália. O monge Éfrem foi-lhe ao encontro e lhe disse: "Não foram os ventos que te conduziram para cá, mas Nossa Senhora, para que tu - uma vez Imperador - lhe construas um templo".
Em 582, Maurício tornou-se de fato Imperador e, cedendo à insistência do monge, decretou a construção do Santuário, que bem depressa chegou ao término. Um fato estranho chamou a atenção da comunidade. A imagem de Nossa Senhora que era pintada durante o dia, de noite desaparecia da parede.
Uma noite, de improviso, apareceu uma belíssima senhora que falou com o vigia e pediu para entrar no santuário. E como ela demorasse para sair, preocupado, ele entrou e não encontrou mais aquela senhora, mas viu que estava pintada no fundo da parede interna do templo, uma imagem lindíssima de Nossa Senhora. Ao saber disso, o povo acorreu àquele local e, entre lágrimas e cantos, aclamava: Achiropita! Achiropita!... O que significa: imagem não pintada pela mão do homem.
Seja lenda ou história, o fato é que desde o século doze, em Rossano Cálabro, esta devoção passou a ser oficialmente celebrada no dia 15 de agosto. Até hoje, no mundo inteiro, há somente duas igrejas dedicadas a Nossa Senhora Achiropita: uma na Itália, que atualmente é catedral; a outra é a Paróquia de Nossa Senhora Achiropita, no bairro Bela Vista (Bixiga), em São Paulo.
A devoção a Nossa Senhora deve despertar no coração dos fiéis o amor filial a Maria, mãe de Jesus, o filho de Deus. Os vários títulos que ela recebeu são devidos aos lugares onde apareceu, ou aos pedidos particulares que Ela fez. Deus escolheu Maria para ser mãe do seu filho Jesus. Por ela ser Cheia de Graça, nenhum artista jamais conseguirá retratar numa tela sua beleza interior.
Belo Horizonte, 28 de maio de 2010.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Nossa Senhora do Perpétuo Socorro


Por Deiber Nunes Martins
Fonte: www.fatima.com

A devoção a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro nasceu de um ícone milagroso, roubado de uma igreja, na ilha de Creta, Grécia, no século XV. Trata-se de uma pintura sobre madeira, de estilo bizantino, através do qual o artista, sabendo que a verdadeira feição e a santidade de Maria e de Jesus jamais poderão ser retratadas só com mãos humanas, expressa a sua beleza e a sua mensagem em símbolos.
Nesse quadro a Virgem Maria foi representada a meio corpo, segurando o Menino Jesus nos braços. O Menino segura forte a mão da Mãe e observa assustados, dois anjos que lhe mostram os elementos de sua Paixão. São os Arcanjos Gabriel e Miguel que flutuam acima dos ombros de Maria. A belíssima obra é atribuída ao grande artista grego Andréas Ritzos daquele século e pode ter sido uma das cópias do quadro da Virgem pintado por São Lucas, segundo os peritos.
Diz à tradição que no século XV, um rico comerciante se apropriou do ícone para vendê-lo em Roma. Durante a travessia do Mediterrâneo, uma tempestade quase fez o navio naufragar. Uma vez em terra firme, foi para a Cidade Eterna tentar negociar o quadro. Depois de várias tentativas frustradas, acabou adoecendo. Procurou um amigo para ajudá-lo, mas logo faleceu. Antes, porém contou sobre o ícone e lhe pediu para levá-lo a uma igreja, para ser venerado outra vez pelos fiéis. A esposa do amigo não quis se desfazer da imagem. Após ficar viúva, a Virgem Maria apareceu à sua filha e lhe disse para colocar o quadro de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro numa igreja, entre as basílicas de Santa Maria Maior e São João Latrão. Segundo a menina, o título foi citado pela Virgem sem nenhuma recomendação.
O ícone foi entronizado na igreja de São Mateus, no dia 27 de março de 1499, onde permaneceu nos três séculos seguintes. A notícia se espalhou e a devoção à Virgem do Perpétuo Socorro se propagou entre os fiéis. Em 1739, eram os agostinianos irlandeses exilados do seu país, os responsáveis dessa igreja e do convento anexo, no qual funcionava o centro de formação da sua Província, em Roma. Ali, todos encontravam paz sob a devoção de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.
Três décadas depois os agostinianos irlandeses foram designados para a igreja de Santa Maria em Posterula, também em Roma, e para lá também seguiu o quadro da 'Virgem de São Mateus'. Mas ali já se venerava Nossa Senhora da Graça. O ícone foi colocado na capela interna e acabou quase esquecido. Isto só não ocorreu, por causa da devoção de um agostiniano remanescente do antigo convento.
Mais tarde, já idoso ele quis cuidar para a devoção de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, não ser esquecida e contou a história do ícone milagroso a um jovem coroinha. Dois anos depois de sua morte, em 1855 os padres redentoristas compraram uma propriedade em Roma, para estabelecer a Casa Generalícia da Congregação fundada por Santo Afonso de Ligório. Mas não sabiam que aquele terreno era da antiga igreja de São Mateus, escolhida pela própria Virgem para seu santuário. No final desse ano ingressou com a primeira turma do noviciado aquele jovem coroinha.
Em 1863, já padre, ajudou os redentoristas a localizarem o ícone de Nossa Senhora do Perpetuo Socorro, depois da descoberta oficial dessa devoção nos livros antigos da igreja de São Mateus. O quadro entregue pelo próprio Papa Pio I, com a especial recomendação: 'Fazei que todo o mundo A conheça', foi entronizado no altar-mor do seu atual santuário, em 1866. Outras cópias seguiram com esses missionários para a divulgação da devoção a partir das novas províncias instaladas por todo o mundo. Nossa Senhora do Perpétuo Socorro foi declarada Padroeira dos Redentoristas.

Se observarmos o ícone de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro perceberemos no Menino Jesus a sandália lhe escapando dos pés e segura pelo cordãozinho. Certa vez, um padre, ao explicar o ícone disse que esta sandália, segura apenas pelo cordãozinho nos remete a oração, por meio do Santo Terço. No caso, nós seríamos a sandália que foge dos pés de Jesus e o Terço, o cordãozinho que não a deixa escapar. É a oração que nos prende a Jesus, à sua Graça. É a oração que nos faz cada vez mais imitadores do Cristo. Interessante pensar que, ao longo deste mês, em todas as “Nossas Senhoras” que pesquisei e postei no blog, seja no ícone, na história ou mesmo na imagem que temos da Virgem, ela nos recorda a importância da oração. E talvez por este meio, Deus esteja me falando pra rezar mais o Terço, o Rosário.

Belo Horizonte, 27 de Maio de 2010.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Nossa Senhora de Caravaggio


Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Nossa_Senhora_de_Caravaggio

A história relatada abaixo é atribuída à fé católica. O município de Caravaggio, terra da aparição, se encontrava nos limites dos estados de Milão e Veneza e na divisa de três dioceses: Cremona, Milão e Bérgamo. Ano de 1432, época marcada por divisões políticas e religiosas, ódio, heresias, assolada por bandidos e agitada por facções, traições e crimes. Além disso, teatro da segunda guerra entre a República de Veneza e o ducado de Milão, passou para o poder dos venezianos em 1431. Pouco antes da aparição, em 1432, uma batalha entre os dois estados assustou o país.
Neste cenário de desolação, às 17 horas da segunda-feira, 26 de maio de 1432, acontece a aparição de Nossa Senhora a uma camponesa. A história conta que a mulher, de 32 anos, era tida como piedosa e sofredora. A causa era o marido, Francisco Varoli, um ex-soldado conhecido pelo mau caráter e por bater na esposa. Maltratada e humilhada, Joaneta Varoli colhia pasto em um prado próximo, chamado Mezzolengo, distante 2 km de Caravaggio.
Entre lágrimas e orações, Joaneta avistou uma senhora que na sua descrição parecia uma rainha, mas que se mostrava cheia de bondade. Dizia-lhe que não tivesse medo, mandou que se ajoelhasse para receber uma grande mensagem. A senhora anuncia-se como “Nossa Senhora” e diz: “Tenho conseguido afastar do povo cristão os merecidos e iminentes castigos da Divina Justiça, e venho anunciar a Paz”. Nossa Senhora de Caravaggio pede ao povo que volte a fazer penitência, jejue nas sextas-feiras e vá orar na igreja no sábado à tarde em agradecimento pelos castigos afastados e pede que lhe seja erguida uma capela. Como sinal da origem divina da aparição e das graças que ali seriam dispensadas, ao lado de onde estavam seus pés, brota uma fonte de água límpida e abundante, existente até os dias de hoje e nela muitos doentes recuperam a saúde.
Joaneta, na condição de porta-voz, leva ao povo e aos governantes o recado da Virgem Maria para solicitar-lhes – em nome de Nossa Senhora – os acordos de paz. Apresenta-se a Marcos Secco, senhor de Caravaggio, ao Duque Felipi Maria Visconti, senhor de Milão, ao imperador do Oriente, João Paleólogo, no sentido de unir a igreja dos gregos com o Papa de Roma. Em suas visitas, levava ânforas de água da fonte sagrada, que resultavam em curas extraordinárias, prova de veracidade da aparição. Os efeitos da mensagem de paz logo apareceram. A paz aconteceu na pátria e na própria Igreja.
Até mesmo Francisco melhorou nas suas atitudes para com a esposa Joaneta. Sobre ela, após cumprida a missão de dar a mensagem de Maria ao povo, aos estados em guerra e à própria Igreja Católica, os historiadores pouco ou nada falam. Por alguns anos foi visitada a casa onde ela morou que, com o tempo desapareceu no anonimato.

Belo Horizonte, 26 de maio de 2010.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Nossa Senhora Mãe Rainha Três Vezes Admirável de Schoenstatt


Por Deiber Nunes Martins
Fonte: Comunidade Nossa Senhora Mãe Rainha de Schoenstatt, no Bíblia Online

Abaixo, algumas considerações sobre a Mãe Rainha de Schoenstatt, título com o qual a Virgem Mãe ganha cada vez mais notoriedade entre os católicos. A imagem da Virgem de Schoenstatt, que quer dizer “belo lugar” nos remete ao nosso encontro com o Cristo, uma vez que Ele aparece no colo da mãe. A síntese é que precisamos ir para o colo da mãe para termos nosso encontro com o Cristo.
Quantas vezes em nossas vidas, nós lembramos de ir para o colo da mãe? É em seu colo que podemos ser nós mesmos, nos despindo de toda vaidade, orgulho e pecado. Para chegar ao colo de Maria, precisamos pedir ao Espírito Santo que derrube as barreiras do nosso coração. Porque não é fácil reconhecermo-nos filhos. É preciso reconhecer que a Virgem ora insistentemente por nós e nos ensina na oração a entrega plena ao amor.

Mas, porque o título “Mãe Rainha Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt”?

Mãe - ela nos foi dada como Mãe por Jesus agonizante na cruz: "Eis ai a tua Mãe!" (Jo 19, 27). Como Igreja formamos o corpo místico de Jesus Cristo, portanto, sua Mãe é também a nossa Mãe.
Rainha – Maria foi concebida sem pecado, é a criatura mais perfeita, a obra-prima do Altíssimo Senhor. Ela é Mãe do Rei do Universo. Na anunciação disse-lhe o Anjo: "Eis que conceberás e darás à luz um Filho... Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará na casa de Jacó para sempre, e o seu reinado não terá fim" (Lc 1,31).Depois de sua assunção ao céu ela foi coroada como Rainha do céu e da terra.
Vencedora – Deus lhe deu o poder de esmagar a cabeça da serpente e triunfar sobre todos os poderes diabólicos. "Porei inimizade entre ti e a mulher, entre tua linhagem e a linhagem dela. Ela te esmagará a cabeça..." (Gen. 3,15). Ela continuará a vencer todos os inimigos do Reino de seu Filho: "A vitória virá por meio de Maria, porque Cristo quer que a sua vitória a ela esteja unida".(Papa João Paulo II)
Três Vezes Admirável – É a obra mais perfeita de Deus Trino, a Filha admirável do Pai eterno, a Esposa admirável do Espírito Santo e a Mãe admirável do Filho divino.Maria é Admirável como: Mãe de Deus, Mãe do Redentor e Mãe dos remidos.
De Schoenstatt – Deus escolheu esse lugar singelo para que ela estabelecesse neste Santuário de Graças, iniciando uma peregrinação mundial em busca dos filhos ao Pai. Schoenstatt é uma palavra alemã que significa "Belo Lugar". Tendo uma natureza muito bela, o lugar torna-se ainda mais belo porque ali o Divino irrompe no humano, pela presença de Maria no Santuário de graças. Lugar abençoado de peregrinações, onde muitos, por Maria, com Cristo e no Espírito Santo chegam ao Pai eterno.
Schoenstatt é uma Obra Internacional, um movimento de renovação religioso-moral a serviço da Igreja.

Belo Horizonte, 25 de maio de 2010.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Nossa Senhora de Montligeon


Por Deiber Nunes Martins

Fonte Kátia Bizan, no blog "Mãe Amada"

Muitos dos nossos irmãos protestantes, separados, não entendem o porquê das orações aos mortos. Não há no meio doutrinal deles tal preocupação. No entanto, muito das nossas orações, muito das nossas intercessões deve ser direcionado para os fiéis defuntos. No ritual da Santa Missa, temos o momento das orações aos mortos. E também nós na rotina diária, sempre que possível, devemos elevar nossos corações aos céus e clamar pelas almas no purgatório. Clamar pela misericórdia divina. A idéia é simples: se rezamos pelos mortos, Deus reza pela gente. E Nossa Mãezinha do Céu também nos ensina esta intercessão.
Muitos acreditam que não faz sentido rezar pra quem já morreu. Entretanto, também os mortos carecem da nossa oração. Na oração do Santo Terço vemos a seguinte jaculatória: “Oh, Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós. Oh, meu Jesus perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as nossas almas para o Céu e socorrei aquelas que mais precisarem da Vossa Misericórdia.” Tomando a Sagrada Escritura, no livro dos Macabeus, também percebemos esta necessidade de orar por quem já morreu.
Nossa Senhora de Montligeon vai nos ensinar um pouco mais sobre esta necessidade.
O lugar deslumbra. Imagine você passeando pelos campos da Normandia, na França. E ao fazer uma curva na estrada você se depara com uma basílica imponente. Assim é o Santuário de, onde todos os dias desde o século XIX, reza-se pelos fiéis defuntos. E onde as pessoas podem ouvir uma palavra de reconforto pela perda de um ente querido.

O nascimento do Santuário está ligado à história de um padre, O Père Paul Buguet . Dois anos antes de ser nomeado pároco dessa pequena cidade. O Padre Buguet, ainda jovem sacerdote estava profundamente aflito por três falecimentos que tinham ocorrido em sua família.

No dia 1 de novembro de 1876, seu irmão Augusto foi esmagado pela queda de um sino da Igreja de Nossa Senhora de Mortagne. “E sua alma?” pensava então o jovem padre. Esse acidente trágico foi seguido pela morte de duas sobrinhas, de 12 e 16 anos. “A necessidade de aliviar as almas do purgatório .... É preciso que eu trabalhe por libertar essas almas”, anotou ele em seu diário.

A idéia de criar uma ordem para esse fim, germina então em seu espírito. E ela vai se tornar realidade em La Chapelle-Montligeon. Uma das preocupações do Padre era a de rezar e fazer rezar por todos os defuntos, sobretudo por aqueles que não têm quem reza por eles .

Depois de varias providências, obteve a aprovação do Bispo de sua diocese para os estatutos de sua associação. Tornou-se como ele mesmo dizia o emissário das almas do purgatório, indo de diocese em diocese para construir sua obra..

Em 1887, ele se lança a uma nova aventura: “Procuro conciliar essa dupla finalidade: propagar a oração pelas almas do purgatório e por outro lado, obter por meio delas um meio de fazer viver o operário. Com eleito, tendo chegado a Montligeon, ele ficou tocado pela pobreza material e humana dos habitantes da cidade. Ele fundou então uma gráfica para publicar boletins da obra e dar empregos dessa forma.

Em 1887, após a primeira peregrinação organizada ao local , o fluxo de peregrinos começou a crescer de toda a Franca e do exterior. O renome de Nossa Senhora de Montligeon estendeu-se pouco a pouco pelo mundo. Em sua obra o Pe. Buguet foi encorajado pelo Papa Leão XIII.

Dia 4 de junho de 1896, a primeira pedra da futura basílica foi benta.

Em maio de 1905, o coro e a nave principal foram terminadas.

A primeira missa foi celebrada em 1 de junho de 1911.

A 14 de junho de 1918 faleceu o Pe. Buguet.

Belo Horizonte, 24 de maio de 2010.

domingo, 23 de maio de 2010

Nossa Senhora do Ó


Fontes:Augusto de Lima Júnior, 'História de Nossa Senhora em Minas Gerais', Imprensa Oficial, Belo Horizonte, 1956, pp. 255-265.Nilza Botelho Megale, 'Invocações da Virgem Maria no Brasil', Editora Vozes, Petrópolis, 1998, pp. 351-356.

´O historiador mineiro Augusto de Lima Júnior encontrou no livro 'Flores de Maria', do padre Martinho da Silva, sacerdote português, as seguintes informações sobre este título mariano: 'Celebrando-se em Toledo, o Concílio Décimo, em que presidiu Santo Eugênio, arcebispo daquela igreja, se determinou que a festa da anunciação se celebrasse e se transferisse para o dia 18 de dezembro, oito dias antes do Natal; depois sucedendo no Arcebispado Santo Ildefonso, sobrinho de Santo Eugênio, e havendo disputado e convencido os hereges que queriam macular a virgindade puríssima da Mãe de Deus, ordenou que a mesma festa se celebrasse nesse dia com o título de Expectação do Parto da Beatíssima Virgem Maria, e como nas suas vésperas se começam a dizer as Antífonas maiores que principiam pela exclamação ou suspiro - Oh! por isso se chama a esta solenidade de Nossa Senhora do Ó'.
Em Portugal, segundo o citado historiador, fonte de nossas origens religiosas o culto de Nossa Senhora do Ó teve início em Torre Vedras, conforme narra Frei Agostinho de Santa Maria em sua obra 'Santuário Mariano'.:'Começou a celebrar a Igreja de Toledo a Expectação do Parto de Nossa Senhora, desejando imitá-la nos imensos e eternos desejos com que suspirava por ver e regalar já em seus braços ao Divino Verbo, e aproveitando-se das saudosas vozes com que o rogavam por tantos séculos os Santos Patriarcas e Profetas (como vemos naquelas sete misteriosas antífonas que começam pela letra O e de que a Igreja usa nas vésperas dos sete dias antes do nascimento de Cristo), concluía o Ofício Divino com umas vozes sem concerto nem harmonia, dizendo todo o clero e todo o povo a gritos - Ó Ó Ó...''Destes Ó Ó, teve princípio o intitular-se esta festa a festa do Ó, e também o dar-se este título à mesma Senhora em suas imagens, que era o mesmo que intitularem a Senhora em seus desejos, ou celebrar a festa dos desejos da Senhora.
A Vila de Torres Novas é povoação mui nobre e mui antiga e pelas suas boas qualidades a estimavam muito entre os mouros. Tomou-lha, El-Rei Dom Afonso Henriques no ano de 1148. El-Rei Dom Diniz a deu à Rainha Santa Isabel, quando em São Bartolomeu de Trancoso se avistou com ela.
Depois foi dos Infantes e deles passou ao Infante Dom Jorge e se conservou até aqui na Casa de Aveiro, que são os Duques de Torres Novas. Nesta Vila é tida em grande veneração uma antiga imagem da Rainha dos Anjos com o título de Ó. Também se chamou Nossa Senhora de Almonda por causa do rio Almonda, que banha aquela Vila. Chamou-se, também, da Alcaçova, por ser achada em uma gruta aonde a esconderam os cristãos na perda da Espanha, que eram umas concavidades que estavam junto aos alicerces que então se abriram por mandado Del-Rei Dom Sancho I, quando se edificou o castelo daquela Vila pelos anos de 1187.
Com esta Santa Imagem se achou também a do Santo Cristo, que hoje se venera ainda na paróquia de Santiago e outra de São Braz, ao qual se lhe edificou Ermida própria no ano de 1212, e no mesmo ano se edificou ou reedificou a igreja em que hoje é a Senhora do Ó venerada'.
Frei Agostinho assim descreve a imagem da Senhora do Ó, da sua igreja a de Torres Novas em Portugal: 'É esta santa imagem de pedra mas de singular perfeição. Tem de comprimento seis palmos. No avultado do ventre sagrado se reconhecem as esperanças do parto. Está com a mão esquerda sobre o peito e a direita tem-na estendida. Está cingida com uma correia preta lavrada na mesma pedra e na forma de que usam os filhos de meu padre Santo Agostinho'.
Outras imagens da Senhora do Ó existem em Portugal: em Elvas, em Águas Santas, junto do porto, em Viseu, em Tornar.
No Brasil, a mais antiga sede de trono da Senhora do Ó, está em Pernambuco, em Olinda. Em 28 de julho do ano de 1719, suou esta Santíssima Imagem muito copiosamente, e se viam cair de seus puríssimos olhos, grandes lágrimas, e de seu soberano rosto umas bagas como pérolas, que muitos sacerdotes a limparam com sanguinhos e com algodão. Esta grande maravilha se autenticou pelo Reverendo Cabido de Olinda e se publicou o milagre.
Estes sanguinhos e o algodão molhados naquele licor, aplicados a vários enfermos cobraram repentina saúde. E continuamente esta misericordiosa Senhora, obrando muitos e grandes milagres.
Em muitos lugares se implantou a devoção, movida pelas manifestações milagrosas da Imagem de Olinda. Entre elas cita frei Agostinho a da Ilha de Itamaracá, a de Mopubú, a de Goiana, Ipojuca, e por fim a de Nossa Senhora do Ó de São Paulo: 'Duas léguas distante da cidade de São Paulo há uma aldeia de índios nas ribeiras do rio Tietê. É este rio muito caudaloso e vai desaguar as suas correntes para a parte do Sul no Rio da Prata, abunda de ouro e suas correntes e suas águas são claras e puras, e suas margens em partes adornada de frescos arvoredos'...' Nesta aldeia se vê o santuário da Senhora do Ó ou da Esperança de seu felicíssimo parto . Esta casa da Senhora fundou o ascendente de uma família daquela cidade de São Paulo a quem chamaram os Bueno, e os seus descendentes são hoje os seus padroeiros e eles são os que fazem a festividade da Senhora o que fazem com muita grandeza, e neste dia é muito grande o concurso de devotos e de romeiros, assim da cidade de São Paulo como dos lugares circunvizinhos'.
Foi essa a origem da nossa famosa capela mineira da Senhora do Ó em Sabará, construída junto das ricas faisqueiras da Tapanhuacanga cujos restos ainda hoje se reconhecem nos terrenos adjacentes. Datando a primeira ermida muito provavelmente dos últimos anos do século dezessete, quando por ali se fixaram os Bueno de São Paulo, foi a ermida reconstruída em 1727 ou 29, já quando estávamos recebendo grandes levas de portugueses que deixavam as Índias tocados de Iá pela ocupação holandesa no Oriente.
A Capela de Nossa Senhora do Ó de Sabará é um magnífico exemplar estilo indo-português, que no Brasil tem seu centro no vale do Rio das Velhas. No meio de exuberante talha dourada sobressaem motivos pictóricos do estilo oriental, ali executados provavelmente após a reconstrução da ermida em 1727 ou 1729. Esta preciosa capela conseguiu escapar à demolição que atingiu velhas igrejas da arquidiocese de Belo Horizonte há muitas décadas e, apesar do desaparecimento de ricas jóias e alfaias que adornavam a Senhora do Ó, está hoje garantida contra os atos de vandalismo pela proteção do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Belo Horizonte, 23 de Maio de 2010.