segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A Opinião Solitária

Por Deiber Nunes Martins

Como é difícil manifestar uma opinião diferente sobre um determinado assunto! Às vezes somos manietados em nosso próprio meio social por discordar da opinião da maioria. A necessidade de um grupo homogêneo é responsável por grande parte das discórdias no mesmo. Quantas amizades se desfazem por conta da discordância de um ou de outro sobre um dado tema! É sobre a opinião da minoria, o post que se segue.

Quem me conhece sabe que sou de opinião forte e de temperamento forte também. Pessoas assim, precisam se esforçar bem mais que as outras para se auto-afirmarem na sociedade, cada vez mais enraizada na mediocridade. Esta firmeza nos posicionamentos muitas vezes é confundida com intransigência. Na verdade transigir não é o problema. O problema é que precisamos ser convencidos a transigir. Como no pôquer, onde temos uma ótima mão e precisamos ter o subsidio necessário de informações para abandoná-la. Ninguém quer largar um four de Reis só por conta da possibilidade remota de um jogo melhor do concorrente. Assim também, eu não quero abrir mão dos meus valores só para satisfazer a opinião da maioria.

Diante do fato, tenho um posicionamento questionador sobre a democracia. Considero ser esta, uma forma equivocada de governo, uma vez que não permite justificativas. Porque vou eleger PSDB ou PT? Só porque a maioria quer? É muito pouco para mim. A democracia oferece este risco da opinião pré-formada, de modo que as eleições hoje em dia são mais pautadas na base do referendo do que em uma eleição genuína. Assim também ocorre em nossos grupos. Não temos tempo para a discussão, então os líderes acabam por formatar projetos e colocá-los em votação nas reuniões. Tudo muito objetivo e funcional, mas que no fundo funciona como um verdadeiro massacre para as opiniões divergentes. Nem sempre tudo se resolve na base do projeto pronto. É preciso diálogo. É preciso reinventar. Trabalhar a criatividade e perscrutar novas idéias. Uma brainstorm de grupo, capaz de levantar possíveis idéias alternativas. É possível fazer diferente. Pra que buscar sempre mais do mesmo?

Por conta destes fatores, acredito que a democracia, onde prevalece a opinião da maioria, não seja a melhor forma de governo. É preciso dar vazão às opiniões diferentes. É preciso ousar em sociedade, em grupo. E a democracia, não permite ousadia. É sempre mais do mesmo. Sem espaço para o diálogo.

Às vezes num grupo de trabalho, alguém tem uma idéia diferente da defendida pela maioria. Muitas vezes a idéia em voga foi formulada ou copiada pelo líder, para atender aos anseios do grupo. A intenção pode até ser boa. Mas o que se vê em defesa desta idéia é o ataque predatório e despótico sobre a opinião discordante. Dependendo da habilidade e do carisma do líder, quem discorda pode se ver num caminho de difícil escolha: defender seus princípios e manter sua posição, ou abandonar sua idéia e aceitar goela abaixo aquilo que já foi previamente aprovado pelos demais. E a artilharia da maioria é pesada. Quantas vezes chega a garota mais formosa e popular do grupo com a ameaça velada: “Discorda e ficamos de mal de você” Como se não concordar fosse algo diabólico. É verdadeiramente cruel.

Diante de tanta pressão, acabamos por nos sentir frustrados. Se optamos por defender nossa posição, até os amigos nos evitam. Por isso, muitas vezes nas relações de amizade dentro de grupos e comunidades, cultivamos flores de plástico. Sabemos que seremos aceitos enquanto bajularmos o líder. E as opiniões dele.

E pasmem! Isso acontece também dentro da Igreja. Vejo exemplos de muitas pessoas que abandonam a fé católica porque foram segregadas em seus grupos pastorais. Pessoas de opinião forte, que não foram convencidas a apoiar a maioria. E agora, militam numa fé agnóstica ou protestante, ou qualquer outra corrente. As pessoas, feridas em seus sentimentos, não conseguem fazer distinção de quem as colocou no ostracismo diante da dificuldade de relacionamento. E por fraqueza, culpam a Deus pelo infortúnio.

Creio que temos um dever moral de combater toda forma de segregação dentro dos grupos e comunidades, principalmente nas pastorais da Igreja. O pensamento e a formação de opinião são direitos inalienáveis do ser humano e precisam ser respeitados. Mesmo que contradigam estatutos e leis humanas. E isso não acontece na vida em democracia. A opinião singular é massacrada pela idéia bem vestida. E as conseqüências são as piores possíveis.

Exemplos semelhantes são vistos no dia-a-dia, nas discussões políticas, onde toda reforma política de que se fale, verse sobre o fim dos partidos menores; no esporte, com a cisão do Clube dos 13, onde os clubes brigam por cotas maiores de TV. No âmbito do futebol temos um personagem singular; o presidente do Galo, Alexandre Kalil, de personalidade forte e que pode ser destruído pela maioria, manipulada pela CBF e pela TV Globo.

Muito dos nossos atritos pessoais podem ser evitados com um aprofundamento do diálogo em nossas relações sociais. A ditadura da maioria é um vício praticado quase que naturalmente, diante do imediatismo de nossas ações e da falta de desejo de aprofundamento nos assuntos. No afã de nos livrarmos do problema, adotamos a solução pronta e imediata, incapaz de satisfazer a todos os anseios. O prejuízo deste gesto é incalculável. Amizades e grupos podem se esfarelar, diante de um problema meramente social. É preciso atentar-se para isto.

Belo Horizonte, 28 de Fevereiro de 2011.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Sobre o Casamento...

Música: Márcio Todeschini, Comunidade Canção Nova
Texto: Deiber Nunes Martins

Vou Te Amar

Eu tanto esperei pra te ver assim,
Já sofremos juntos, sonhamos juntos,
Que bom poder dizer: "Chegamos aqui"!
Tão bom é o nosso Deus que nos quis assim,
Nossa humanidade tão diferente,
Com Deus a gente aprende o que é o amor!
É negar-se a si mesmo sempre que for preciso,
Pra fazer o outro feliz!
É dizer a verdade com carinho e ternura,
É estar presente, ser presença, ser amigo e cuidar!
Vou te amar, porque Deus me ensina a ser teu,
Vou te amar, meu caminho pro Céu é contigo.
Foi fazendo a vontade do nosso Deus,
que te encontrei!
Vou te amar!


A música acima é o tema de entrada do meu casamento, muitos de vocês sabem e conhecem. Mas resolvi voltar a ela, em virtude da proximidade do casamento de um amigo meu, e de algumas questões que partilhávamos. Ele me dizia que por eu ser casado, teria toda propriedade em abordar o tema, e eu dizia pra ele que não é bem assim. O casamento não é um curso profissionalizante, onde você entra e já sai preparado para o mercado de trabalho. Casamento é muito mais do que um curso, a ponto de não sabermos explicá-lo.
Casamento é o dia a dia, o viver a dois, a três, a quatro e por aí vai, quando surgem os filhos. É uma dádiva que Deus nos oferece. Mas não é fácil. Casamento, antes de tudo requer paciência, carinho, afeição, empatia, compreensão. Casamento é antes de tudo também, dor, sofrimento, raiva, paixão, amor... Casamento é sentimento! Não é fácil lidar com sentimentos e situações. Mas é preciso sabedoria para aceitar que nem todas as batalhas são vencidas, que nem todas as vezes nossa opinião tem algum valor. Todos nós temos escolhas, mas chegam horas em que as escolhas de um ou de outro limitam-se naquilo que o esposo(a) mais necessita. É por isso que muitas vezes o desejo de um é a necessidade do outro.
Gostei muito da fala da personagem Ryan Bingham, vivido por George Clooney no filme "Amor sem Escalas". A personagem, um executivo solteirão, vive na ponte aérea totalmente alheio a vida social. Aparentemente, não seria o melhor conselheiro para um noivo indeciso e inseguro as vésperas do matrimônio. Mas é dele, Ryan, uma frase perfeita sobre o casamento: "Todos nós precisamos de um co-piloto em nossa vida." Ninguém pode andar sozinho.
Mas o casamento é um desafio. É preciso negar-se a si mesmo pra fazer o outro feliz. Encarar sempre a verdade, sem medo de suas consequências e ser presença o tempo todo. De fato, não é a mais simples das missões. Mas certamente é a que proporciona os melhores frutos.
Infelizmente, tantos casais optam pela dissolução do casamento tão logo aparece a primeira crise. O Papa João Paulo II em uma oração belíssima para as famílias, pede a Deus que cuide dos casamentos de modo a que eles sejam mais fortes que qualquer crise. Porque de fato, eles os são. E o próprio Jesus, no Evangelho de São Marcos (Mc 8, 32-33) deixa claro o quanto precisamos renunciar ao pensamento dos homens, o pensamento do mundo, repleto de vaidade e orgulho. Precisamos nos humilhar, acolher o outro no seu erro e perdoar setenta vezes sete, para que este possa se formar, curar-se dos vícios e ser melhor. É um carregando o outro. Não só no tempo bom, na lua de mel. Mas também nas intempéries e crises.
Às vezes o casal se sentirá sozinho, ele de um lado, ela de outro. Nem sempre, um terá a habilidade de compreender o outro e fará com que este se sinta solitário(a). Talvez seja esta uma das táticas do demônio para desarmonizar uma união. É preciso mesmo na solidão amar e respeitar o momento do parceiro(a). E não se iludam: parece doer tanto quanto a amputação de um membro, o ato de engolir o egoísmo, para o bem do matrimônio, do esposo, da esposa. Infelizmente, nossa cultura possessiva e cheia de manias não nos preparou para lidar com os dissabores, as derrotas e as perdas. Mas é necessário, no casamento, aprender.
Quando eu renuncio a mim mesmo, a Graça acontece. A tentação perde força e a alegria volta. Deus se faz vitorioso em nossa vida, na vida do casal, na vida de uma família. Mas é preciso ao homem e a mulher perseverar no matrimônio. O sucesso do matrimônio é o sucesso da família. É meio caminho andado para criarmos filhos e filhas saudáveis fisica, mental e espiritualmente. É fazer a vontade de Deus.
Um casamento bem vivido é um caminho bem trilhado para o Céu.

Belo Horizonte, 21 de Fevereiro de 2011

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Você Acredita da Divina Providência?

Por Pe. Bantu Mendonça, retirado de seu blog, no portal Canção Nova

No Evangelho de hoje dois pontos chamam atenção: a menção de Jesus para que os discípulos tomem cuidado com o fermento dos fariseus e de Herodes, e a reação d’Ele ao ver que os discípulos acharam que Ele estava falando sobre comida.
Primeiro precisamos entender de que fermento Jesus estava falando quando se referiu aos fariseus e a Herodes. Isso fica fácil quando sabemos o que movia Herodes e os fariseus: o poder e a vaidade. E era disso que o Senhor estava falando quando pediu que eles [discípulos] tivessem cuidado, pois queria que não fossem movidos pelo poder e pela vaidade. Mas os discípulos pensaram que o Mestre estava falando sobre fermento porque eles tinham apenas um pão no barco onde eles estavam. Por essa razão, Jesus se decepciona com a lentidão de pensamento de Seus seguidores.
Por mais que Jesus lhes mostrasse prodígios e milagres, os discípulos não O entendiam porque tinham o pensamento obscurecido pelas coisas materiais e porque não O escutavam com o coração. Mesmo depois dos milagres da multiplicação dos pães eles continuavam inseguros com relação à sobrevivência. Cristo os advertia sobre “o fermento dos fariseus” (a falsidade), mas eles não compreendiam sobre o que Ele estava falando. O homem tem fome de Deus e se confunde pensando que a sua fome é de pão material. Assim somos nós também: “tendo olhos, nós não vemos e tendo ouvidos, nós não ouvimos”. Temos o coração endurecido e não enxergamos o poder de Deus para providenciar tudo de que precisamos na nossa vida.
A mensagem de hoje é para que não sejamos como Herodes ou os fariseus, que se orgulhavam do poder e da vaidade. Devemos ser o contrário disso: humildes e servidores, assim como foi Jesus. Os frutos que iremos colher virão bem depois.
Você tem medo de passar necessidades no futuro? – Você acredita na Providência de Deus? – Você consegue entender espiritualmente os ensinamentos de Jesus para sua vida?
Pai, reforça minha fé na Tua Providência paterna, que se manifesta de tantos modos em minha vida e livra-me de colocar minha esperança nas coisas deste mundo.