sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Blindness


Por Deiber Nunes Martins

É complexo o novo filme de Fernando Meirelles (Cidade de Deus). "Blindness" (Ensaios sobre a Cegueira) é inspirado na obra de José Saramago e conta a história de uma epidemia de cegueira branca que assola um determinado lugar. O filme conta com a presença de Mark Ruffalo, Gael Garcia Bernal, Danny Glover, além da ótima Julianne Moore. O filme é provocante, desafiador e complexo, vejamos por que.
Ensaios sobre a Cegueira foi considerada uma obra de dificílima adaptação para o cinema. Tanto que seduziu Fernando Meirelles, para fazê-lo. E ele já tinha tentado há tempos atrás comprar os direitos da obra, sem nenhum sucesso. Mas o nosso maior cineasta na atualidade não se deu por vencido e acabou sendo eleito por José Saramago, como o único capaz de colocar em prática tal projeto.
E Meirelles dá conta do recado. Construindo um filme denso com imagens perturbadoras e jogos de luz fantásticos, ele conta a história sem nenhuma amarração ou buraco. Há que elogiar ainda o roteiro bem escrito e a montagem, quase que perfeita. Realçando o clima tenso do filme, uma trilha sonora na mesma pegada e fechando com chave de ouro, com uma fotografia digna de prêmio. Singela e primorosa.
Mas talvez o grande mérito do filme de Meirelles seja Julianne Moore. Na pele da mulher do médico, única no planeta a não se infectar pela doença, ela transmite brilhantemente a emoção impossível de ser imaginada. E na verdade, a obra de Saramago reflete isso: a cegueira branca nada mais é para nós, na vida real, como as emoções que não sentimos. A empatia que não podemos ter. E nisso o filme cumpre bem a sua missão. Mostra como não estamos sozinhos, apesar de não enxergamos um palmo a frente do nariz.

Belo Horizonte, 31 de Outubro de 2008.

domingo, 26 de outubro de 2008

Pornografia, Política e Democracia nas Eleições em BH


Por Deiber Nunes Martins

As eleições estão chegando ao fim. Finalmente, o clima de guerra política dará lugar ao clima de paz e gozações dos vencedores aos vencidos. Frutos do Brasil. Festa da democracia? Não ouso dizer.
Em Belo Horizonte foi armado um clima de guerra para o segundo turno. O candidato apoiado pelo poder econômico e pela máquina pública, Márcio Lacerda, visto que não tinha nenhum carisma perante a população, tratou de atacar o oponente, Leonardo Quintão, usando de metodologia torpe e recursos amorais para isso. Após uma seqüência de ataques, revidados erroneamente pelo candidato Quintão, vê-se como certa a vitória do chamado “candidato da aliança” Márcio Lacerda.
Se houve ou se haverá democracia, só Deus quem pode dizer. Apenas reitero o seguinte, o povo não sabe escolher e a voz de Deus está longe de ser ilustrada pela voz do povo, visto que com tantos candidatos, escolheram os piores para o segundo turno, aqui na capital das gerais.
Infelizmente, o Brasil é este poço de desonestos e corruptos, uma corja de ladrões e canalhas. Bando de gente querendo levar vantagem em tudo. Seja na fila do supermercado ou num processo de licitação pública, o brasileiro acostumou-se com a desonestidade e acha democrático, ser amoral. Não dá nem pra olhar a questão com nostalgia, visto que desde que o mundo é mundo é assim. Veio de Portugal. Quem sabe, não veio de Portugal?
Hoje, enquanto votava, via centenas de cabos eleitorais do potencial vencedor às portas das sessões. Não vi propaganda de boca-de-urna mas vi os asseclas vestindo o uniforme 40 e em clima de festa. Não vi um só cabo eleitoral estampando o número 15 no uniforme. Já que desrespeitaram a lei, que o desrespeito fosse igualitário! Ontem, sábado, já havia recebido em minha caixa de correios um DVD com os dizeres: “Quintal do Quintão”, com fortes ataques e acusações a este candidato. Como se eu estivesse preocupado em julgá-lo. Eu não estava. Assim como não estava preocupado em julgar o candidato Márcio Lacerda, mesmo sabendo que ele era um dos participantes do nefasto esquema do “mensalão”. Na verdade, eu queria apenas exercer meu direito de cidadania, escolhendo um candidato que tivesse as melhores propostas para conduzir BH, a cidade do meu coração, ao terceiro milênio. Infelizmente, não me foi permitida a função que me cabia, a de eleitor. E sim a de julgador. Quem é menos bandido que o outro? Coube a mim e meus conterrâneos escolher. E escolhemos pressionados. Sob a pressão do governador do estado, sob a pressão do atual prefeito. Pessoas que tinham interesses em jogo, que eram muitos. Menos o de melhor para esta cidade. Como se não bastasse, ainda enfrentamos a pressão de movimentos da Igreja, seduzidos por um ou por outro candidato. Preocupados com interesses pessoais e com sede de qualquer coisa, menos de Deus, no discurso.
Enfim, as eleições de hoje, só comprovam o que eu já sabia: o voto do brasileiro é uma piada. De muito mal gosto. A urna é uma latrina onde o brasileiro não vota, defeca. Enquanto se defeca o futuro do nosso país, vemos impassíveis a pornografia política no Brasil. A democracia no Brasil é feita no esgoto. Pro inferno com ela.

Belo Horizonte, 26 de outubro de 2008.

Inania Verba

Por Olavo Bilac

Ah! quem há de exprimir, alma impotente e escrava,
O que a boca não diz, o que a mão não escreve?
- Ardes, sangras, pregada à tua cruz, e, em breve,
Olhas, desfeito em lodo, o que te deslumbrava…

O pensamento ferve, e é um turbilhão de lava:
A forma, fria e espessa, é um sepulcro de neve…
E a Palavra pesada abafa a Idéia leve,
Que, perfume e clarão, refulgia e voava.

Quem o molde achará para a expressão de tudo?
Ai! quem há de dizer as ânsias infinitas
Do sonho? e o céu que foge à mão que se levanta?

E a ira muda? e o asco mudo? e o desespero mudo?
E as palavras de fé que nunca foram ditas?
E as confissões de amor que morrem na garganta?

Until the Last Moment


Por Deiber Nunes Martins

Tenho andado pelas ruas e percebido um jeito novo de ver a cidade. Um lugar onde nasci e me criei. Uma cidade que recentemente vim a conhecer por completo. E hoje remonta em minha mente, as lembranças mais felizes. Vejo com nostalgia alguns momentos, algumas situações, emoções. Desejos que tive e tenho. Não sou mais o mesmo e não pertenço mais a esta cidade. Quanta coisa mudou!
Há muito tempo tenho quisto me dizer muita coisa, sem ao menos conseguir. É chegada a hora de eu ser sincero comigo mesmo. Não sou mais o garotinho de antes. Não sou tão indefeso assim. Sou um homem em busca do seu caminho, ave de rapina poderosa, buscando alçar vôos cada vez mais altos. Apostas cada vez mais arriscadas. A vida é uma aposta. E eu não pertenço mais a esta cidade.
As ruas da cidade ficaram mais estreitas. De repente, me vejo andando de carro pelas ruas que caminhava quando garoto. As meninas que brincavam de boneca e amarelinha hoje são mulheres lindas, com seus olhares sensuais e ainda jeito de menina estampado em cada face. As mulheres de hoje, eram as meninas de ontem. Cada uma imersa em sua própria beleza. Olho na esquina próxima e me lembro: não pertenço mais a esta cidade.
Meu desejo se soltou das cercanias desta cidade. Minha vida ganhou nova fronteira. Os rearranjos políticos e econômicos do meu território delinearam novos horizontes para mim. Talvez eu tenha rompido o cordão umbilical. Mas ainda sinto-me preso ao desatino, às paixões. Não pertencer a esta cidade significa pertencer ao mundo ou ser de Deus. Prefiro Deus. O mundo não é o bastante para mim. Eu quero sempre mais!
Meu desejo de ir além é que me invade, me domina. Se ontem eu errei, foi pensando no acerto de hoje ou no do amanhã. Nunca quis ficar limitado. Mas quanto mais estou no controle, mas limitado eu sou. Então, fora com o meu controle. Vontade apenas de ir além e fazer a diferença.
Em busca de mim mesmo eu vou até o último momento. Vou além do meu limite. Quero me encontrar mas preciso encontrar o meu amor. Perdida em outra cidade ela está Eu estou perdido aqui. Mas quero estar perdido nela, nos braços da amada. Nas cercanias do corpo de minha Mulher. É onde quero estar. Até ela eu irei até o último instante, o derradeiro momento de minha vida, se preciso for. E mesmo que eu não chegue, deixarei para a história o meu caminho.
Ao ver a cidade de um jeito novo, eu percebo que cresci. E como é bom saber que não fiquei para trás.

Belo Horizonte, 26 de outubro de 2008.

sábado, 25 de outubro de 2008

Denise


Por Deiber Nunes Martins

Só quem nunca amou, pode-se dizer não sentir dor. Sempre amei Denise, minha esposa. E em meu amor, sempre sofri. Sofri o que não se sente. Mas se vive. O amor é como um drama, ou uma tragicomédia que nunca queremos que chegue ao seu desfecho. Assim é meu coração.
Às vezes me deito e durmo mas sinto que minha amada está acordada. Por vezes percebo que ela não dorme comigo. Sua mente sempre divaga por lugares aos quais eu nunca passei. Seu coração experimenta emoções as quais eu nunca vivi, nunca senti. Meu amor por ela é infinito, mas limitado ao seu coração. Não posso fazer com que ela me ame da maneira que quero. Seu amor por mim é íntegro, racional. E compartilhado.
Quando estamos em família, em grupo, ou às vezes sozinhos, dói-me na alma quando ela fala que sente saudades de Olinda, onde passara boa parte de sua vida. Entendo que naquele lugar minha mulher viveu um grande amor. O amor que eu queria dela, talvez tenha se perdido ali. Nas ruas daquela cidade de Pernambuco...
O coração de uma mulher é uma caixa preta cheia de segredos. Segredos aos quais um homem nunca pode chegar. Nós homens morremos sem saber os sentimentos mais íntimos de nossas mulheres. Somos incapazes de perscrutar seus corações e viver com ela as maravilhas de um prazer que para nós é tão percebido, tão suspeito, tão natural. As mulheres ao contrário de nós homens levam para o túmulo amores vividos, casos e acasos, rotina e inesperado. De tormenta e calmaria é feito o coração de uma mulher.
E com Denise nunca foi diferente. Ela me ama com um ardor febril. Seu sexo é alma vivente que me inunda de prazer. Sua vida exala amor por mim. E no entanto, eu sei, este amor é compartido. Este amor não-exclusivo é o que eu tenho. Não é o que me serve. Mas o que posso esperar dela por mim. E nada mais.
Quando minha amada esposa traz suas reminiscências à baila, ela traz seus segredos ocultos sem os revelar. Seus olhos brilham por lembrar-se de Olinda, aquela cidade para muitos, aprazível do nordeste, para mim é odiada. Queria que ela queimasse no inferno, e deixasse aqui o meu doce amor. Somente aqui. Queria sim. O amor nos torna bons, mas também fracos e egocêntricos, quando não é completo. E eu sempre soube que Denise não me amava como eu queria...
Talvez o coração de minha mulher, ainda bata pelo amor que ela teve em Olinda. Um amor improvável, que não se concretizou. Mas que ainda mexe com minha amada. De todo modo, eu nada posso fazer. Não se manda no coração. Que dirá no coração da mulher amada. Resigno à minha insignificância. Ao naco de amor que me cabe. A um quase nada perante o meu sempre tudo.
Mas perguntem-me se troco a minha vida! Perguntem se renuncio ao meu amor! Renuncio à vida, mas nunca ao meu amor por Denise. E neste meu amor irrenunciável, vivo feliz. Por toda a vida.

Belo Horizonte, 25 de outubro de 2008.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Oxigênio


Música: Jota Quest
Texto: Deiber Nunes Martins

Mesmo com a fumaça
Dá para ver
A incessante sinfonia
Da floresta
Respirando pelo mundo
Vendo tudo acontecer
Mesmo com a fumaça
Dá para ouvir
O som intermitente
Das corredeiras
E a cachoreira da fumaça
Vendo tudo acontecer

Dá para ver
Que ainda é possível voar
Dá para ver
Que o mundo ainda é verde
E o ar, oxigênio
Mesmo com a fumaça
Oxigênio
Mesmo com a fumaça
Oxigênio


Mesmo com a fumaça, oxigênio. Mesmo com os medos, caminhar em frente. Mesmo com a tristeza, o sorriso. Mesmo com a dor, o bom humor. Mesmo com o cair, o levantar.
É com a certeza de que é preciso prosseguir, que venceremos as batalhas da vida. E talvez eu tenha motivos para dizer isso, ou talvez não. Talvez eu não tenha motivos para estar triste, mas eu fico triste. Me sinto triste as vezes. Mas a tristeza passa. E meu sorriso sem graça também.
Hoje foi um dia de derrotas. Batalhas perdidas. Mas a guerra segue em frente. Mesmo com a fumaça, há oxigênio. A vida não pára, o tempo não pára. Só resta o gosto de sangue na boca e um desejo febril de voltar atrás, e desistir de tudo. Quando eu não estou no controle, me sinto impotente, me sinto um nada. A vozinha dizendo no ouvido: desista, abra mão disso ou daquilo soa forte no ouvido da alma. O poema das lamúrias é declamado no livro da mente. Mas dá tempo de olhar no espelho e ver a miséria que se é. Um poço de fraquezas, pecados. Mas há um coração que bate. Então, vou em frente.
Daqui pra frente deverá ser assim. Não estar no controle. Ser destituído do poder de ser o senhor do bem e do mal. E assim ser liberto de mim mesmo. É o que quero. Mas tá doendo. E não tem remédio que cure esta dor. Não tem droga que anestesie esta dor rombuda que estraçalha meu ser. Mas é preciso continuar porque dá pra ver que é possível voar, é possível sonhar, é possível viver. É possível ser feliz. Vamos lá. Em frente. Que Deus esteja comigo! E com você também!

Belo Horizonte, 22 de Outubro de 2008.

domingo, 12 de outubro de 2008

Nossa Senhora Aparecida


Por Deiber Nunes Martins

A Virgem Maria, mãe de Jesus, é a nossa intercessora mais poderosa. Afinal, é a mãe do nosso Deus. E o que um bom filho não faz por sua mãe? Pois bem, Nossa Senhora Aparecida tem em seu santuário na cidade de Aparecida, em São Paulo, uma prova de como o povo brasileiro lhe é grato e de quanto este povo a venera.
É impressionante ver a fé de um povo sofrido, humilhado, chagado pelas mazelas de uma sociedade que não se importa, que não é merecedora de tantas graças mas que conta com a eterna misericórdia do Pai, que de tão bondoso que é, nos faz ousar dizer: Deus é brasileiro!
Fé que se traduz em obras, que se traduz em sangue, suor e lágrimas. Não fosse pela fé, não chegaríamos em Aparecida sem sermos tomados por uma paz tão plena, que parece elevar a alma. Aquela cidade tem Fé. Fé em plenitude. Não fosse pela fé, o Vale do Paraíba em São Paulo não seria tão gostoso de estar e de sentir. Não fosse pela fé, Aparecida do Norte não teria tanta história pra contar...
Sempre me recordo do relato da mãe de um jovem, afixado na sala das promessas, na basílica nova. Segundo o relato, um testemunho marcante do poder Deus pela intercessão da Virgem de Aparecida, o jovem havia sofrido um grave acidente. Uma carreta havia passado por cima de sua moto, causando-lhe fraturas e ferimentos terríveis. Tão logo sua mãe tomou conhecimento do acidente, colocou o filho sobre os cuidados da Virgem. E rezou clamando pelo milagre. Sua fé foi recompensada e e em menos de cinco dias, o jovem já estava caminhando em casa.
Tantos e tantos milagres acontecem, graças a intercessão de Nossa Senhora. Um pedido da Mãe de Jesus e as portas do céu se abrem. Deus acolhe as orações feitas pelos fiéis no Santo Terço. Cada Ave Maria rezada com fé e devoção chega aos céus através do amor de Maria. Neste 12 de outubro, contemplemos e veneremos nossa Mãezinha do Céu, sempre pronta a nos atender e a pedir ao Pai por nós.
É por isso, que o devoto de Nossa Senhora Aparecida entrega seu tudo à Virgem e ela pega este tudo e faz dele o melhor para Deus. Salve, ó Virgem Imaculada, Senhora de Aparecida!
Nossa Senhora Aparecida, rogai por nós que recorremos a vós!

Belo Horizonte, 12 de Outubro de 2008

sábado, 11 de outubro de 2008

40 (Forty)


Música: U2 (em negrito)
Texto: Deiber Nunes Martins (em itálico)

Eu esperei pacientemente pelo Senhor
Ele inclinou e ouviu meu clamor
Ele me tirou do abismo
Para fora do lamaçal

Eu cantarei, cantarei uma nova canção
Eu cantarei, cantarei uma nova canção

Até quando cantar esta canção?
Até quando cantar esta canção?
Até quando, até quando, até quando...
Até quando cantar esta canção?

Ele pôs meus pés sobre uma rocha
E firmou meus passos
Muitos verão, muitos verão e temerão



Deus visita todos os dias os nossos corações. A cada dia, a cada hora, Ele nos encontra de um jeito diferente. Tem dias que estamos felizes, o coração batendo arreganhado, deixa Deus entrar com toda pompa. Noutros dias, estamos tristes, o coração fechado como uma ostra. Nestas horas Deus precisa fazer muita força pra entrar. E acaba entrando. Mesmo que seja só pra nos dar uma olhada, como o pai que entra no quarto do filho, pra ver se ele está dormindo, se não está sentindo frio. Deus é este pai amoroso que zela por seus filhos, mesmo quando eles não percebem.
Não concordo com os pregadores que falam que estar triste, é estar com o demônio. Já escutei este papo tanto de pregadores católicos, quanto de protestantes. Eu me permito discordar, porque a tristeza é uma emoção efêmera. É um estado passageiro. Tem dias que estamos tristes, mas não significa que estamos sem Deus em nossa vida. Ele está ao nosso lado, nos bons e nos maus momentos.
Ultimamente, o tentador tem buscado me convencer do contrário. Como tenho ouvido propostas para desistir de esperar pelo socorro de meu Deus! E quanto mais eu perambulo em meio ao silêncio do Céu, mais eu fico sob o ataque das tentações do maligno. Mas não me amofino não. Vou em frente, esperando paciente pelo tempo da graça. O meu kairós vai chegar. Eu creio!
Em meio a tristeza, Deus também está presente. E no momento certo, Ele olha pra nós, e nos diz o que precisamos ouvir. Ouvi de Deus recentemente que Ele não está alheio ao meu sofrimento. E que seus anjos estão vindo em meu socorro. Ouvir isso em meu coração foi como um bálsamo. Imediatamente me senti curado de muitos males. E como me tem sido bom!
Tenho vivido um dia por vez. Estou tentando ficar de pé. Confesso que está muito difícil. Mas faz parte de tudo o que preciso enfrentar para servir ao meu Deus e para ser todo Dele. Não desisto, nem vou desistir. Somente em Cristo encontrarei o Caminho, a Verdade e a Vida. E somente Ele, pode pôr os meus pés sobre rocha firme. Eu te amo meu Senhor! A ti toda Glória e Louvor!

Belo Horizonte, 11 de Outubro de 2008.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Sobre o Freitas...

Por Dalton González e Deiber Nunes Martins

Quando eu penso que tenho todos os problemas no trabalho, vejo que não tenho. Tem gente que sofre e até mais. Meus superiores são de matar, mas como esse Freitas, não existem...

São Paulo, 06 de Outubro de 2008

Caríssimo amigo,

Não é só você quem vive as agruras do trabalho. Também eu tenho enfrentado inúmeras dificuldades em meus afazeres. A maioria delas, por obra e graça do Freitas. Não sei se você lembra, mas o Freitas é aquele corno que se tornou diretor regional da minha companhia. E se você forçar um pouquinho mais sua memória, lembrará que o Freitas nunca foi boa bisca.
Pois bem. Estamos em plena campanha de lançamento de um novo produto. Estamos incrementando as vendas em todo o país e a novidade é um sucesso só. Entretanto, você sabe como é, faturar muito não é o bastante, queremos sempre mais. Assim, terminou em clima de cobrança a reunião com os gerentes, as diretorias regionais e o pessoal do marketing, na qual faço parte. E nesta reunião estava o Freitas.
Como diretor regional, o puto retirou do marketing muita grana. E você sabe como são as campanhas de lançamento de novos produtos sobretudo em Sampa. Aquele viado se esquece de quão cara é uma campanha de penetração no mercado. Por isso nem notou que sugou tudo do pessoal do marketing, do qual faço parte e ainda nos cobrou maior criatividade na implementação das campanhas e nas negociações com as agências de publicidade. Você sabe como é difícil lidar com esses publicitários aqui. Todos querem faturar alto e quanto maior o impacto do novo produto, maior é a grana que buscam. Sem o pessoal da publicidade, estamos todos fodidos, inclusive a porra do Freitas. Mas tudo bem, ele parece não se importar. Corta tudo que é gasto, até o cafezinho. Como não vivo sem café, estou tendo de improvisar. Comprei pó e açúcar e estou colocando a gracinha da Denise, minha secretária pra me preparar o café. Ela o faz sem reclamar, mas não é função dela. Aquele viado deveria repensar os cancelamentos do contrato com a firma do lanche, pelo menos. Mas só pensa em cobrar. Cobra dos vendedores, aumento nas vendas, dos representantes, maior empenho. E de nós do marketing, idéias novas e talento. Como se talento desse em árvore. Sabe, meu amigo, o pessoal aqui de São Paulo é muito bitolado. Os caras querem dinheiro em cima de dinheiro a todo custo. Como nossa verba adicional não saiu, perdemos a chance de contratar aquela puta agência que te falei. Resultado, nosso produto, com três meses de vida, ainda não bombou. Chega segunda, na vídeo-conferência com o chefão, em seu café matinal, haja saco pra tanta cobrança. À tarde, chega o Freitas com seus números. Batendo na mesa, dando esporro até em mosquito, o cara parece um louco diante dos gráficos. “Vocês, marketing, cadê as porra das idéias? Vocês são mesmo uns merdas! Enfiem seus rabos nas cadeiras e mandem bala. Criem canais, gerem venda. Dêem receita a esta companhia. Ou estarão demitidos. Todos vocês: Lúcio, Jonas, Dalton... todo mundo! Mando vocês embora e coloco a minha equipe pra trabalhar...”
Sabe, Deiber, o Freitas continua maricas. Na frente do grupo, bota pra quebrar, faz e acontece. Pessoalmente, na cara e na lata, vem cheio de mimos. Gostaria de ser como um de seus personagens da máfia só pra meter uma bala nos cornos daquele filho da puta! Como não sou personagem, sou real e preciso do emprego, vou tolerando...
Chego em casa e a mulher pede pra ter calma. Dane-se a calma! Quando estou nervoso detesto que me peçam calma! Não é ela que tem de enfrentar dez horas de serviço pesado em condições desumanas e ainda as humilhações do corno do Freitas! Mulher é complicado! O problema delas se resume a dorzinha de cabeça quando estão de TPM. Mulher é bicho danado. Não se importa. Diz que importa, mas não importa. Mulher se importa com mulher. Homem que se dane. Só servem pra pagar as contas... Bom, de todo modo, ela te mandou um abraço...
Bem, amigo, estou indo nessa. Achei que devia desabafar com você um pouco. Vi pela carta que você também teve um dia daqueles, não é? Mas é assim mesmo. No mais ficamos por aqui. E que seu galo melhore, pra dar pressão quando pegar o meu time. E só pra abrir parênteses, o idiota do Freitas é Fluminense. Onde já se viu, paulista torcer pra time do Rio? É, fico por aqui. Vamos em frente e que Deus nos ajude.

Um abraço, seu amigo

Dalton González

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Românticos

Composição: Nado Siqueira
Música: Vander Lee
Texto: Deiber Nunes Martins

Românticos são poucos
Românticos são loucos
Desvairados
Que querem ser o outro
Que pensam que o outro
É o paraíso...

Românticos são lindos
Românticos são limpos
E pirados
Que choram com baladas
Que amam sem vergonha
E sem juízo...

São tipos populares
Que vivem pelos bares
E mesmo certos
Vão pedir perdão
Que passam a noite em claro
Conhecem o gosto raro
De amar sem medo
De outra desilusão...

Romântico
É uma espécie em extinção!
Romântico
É uma espécie em extinção!

Românticos são poucos
Românticos são loucos
Como eu!
Românticos são loucos
Românticos são poucos
Como eu! Como eu!


Romântico é uma espécie em extinção. Num mundo tão egocêntrico, pueril e imediatista, o romantismo caiu do galho. É letra morta. Ninguém mais se preocupa em olhar nos olhos e dizer o amor. Ninguém se preocupa com a dor do amor. Ninguém se importa se o outro sofre por amor. Mais adequado é sofrer por falta de dinheiro. Sofrer por causa da vitória do Cruzeiro, sofrer por conta da crise americana. Isso sim é sofrimento! Com isso todo mundo se importa...
Queria eu poder ser igual todo mundo. Trocaria toda a merrequinha que eu tenho no bolso, pela companhia da minha amada. Trocaria todas as vitórias dos refrigerados que tanto odeio, pelo amor da minha linda. Rezaria um terço a Virgem Maria para a resolução da crise americana, a crise das hipotecas, pra ouvir de minha amada: "Somos agora nós dois contra o resto! Você não mais vai se despedir de mim..."
Românticos são poucos. Românticos são loucos. Como eu. Como nós. Tenho certeza, amigo(a) leitor(a) que somos poucos românticos neste mundo. Mas o romântico é aquele que sente o amor, aquele que o respira, que o exala. Sejamos românticos!

Belo Horizonte, 01 de outubro de 2008.