domingo, 26 de outubro de 2008

Pornografia, Política e Democracia nas Eleições em BH


Por Deiber Nunes Martins

As eleições estão chegando ao fim. Finalmente, o clima de guerra política dará lugar ao clima de paz e gozações dos vencedores aos vencidos. Frutos do Brasil. Festa da democracia? Não ouso dizer.
Em Belo Horizonte foi armado um clima de guerra para o segundo turno. O candidato apoiado pelo poder econômico e pela máquina pública, Márcio Lacerda, visto que não tinha nenhum carisma perante a população, tratou de atacar o oponente, Leonardo Quintão, usando de metodologia torpe e recursos amorais para isso. Após uma seqüência de ataques, revidados erroneamente pelo candidato Quintão, vê-se como certa a vitória do chamado “candidato da aliança” Márcio Lacerda.
Se houve ou se haverá democracia, só Deus quem pode dizer. Apenas reitero o seguinte, o povo não sabe escolher e a voz de Deus está longe de ser ilustrada pela voz do povo, visto que com tantos candidatos, escolheram os piores para o segundo turno, aqui na capital das gerais.
Infelizmente, o Brasil é este poço de desonestos e corruptos, uma corja de ladrões e canalhas. Bando de gente querendo levar vantagem em tudo. Seja na fila do supermercado ou num processo de licitação pública, o brasileiro acostumou-se com a desonestidade e acha democrático, ser amoral. Não dá nem pra olhar a questão com nostalgia, visto que desde que o mundo é mundo é assim. Veio de Portugal. Quem sabe, não veio de Portugal?
Hoje, enquanto votava, via centenas de cabos eleitorais do potencial vencedor às portas das sessões. Não vi propaganda de boca-de-urna mas vi os asseclas vestindo o uniforme 40 e em clima de festa. Não vi um só cabo eleitoral estampando o número 15 no uniforme. Já que desrespeitaram a lei, que o desrespeito fosse igualitário! Ontem, sábado, já havia recebido em minha caixa de correios um DVD com os dizeres: “Quintal do Quintão”, com fortes ataques e acusações a este candidato. Como se eu estivesse preocupado em julgá-lo. Eu não estava. Assim como não estava preocupado em julgar o candidato Márcio Lacerda, mesmo sabendo que ele era um dos participantes do nefasto esquema do “mensalão”. Na verdade, eu queria apenas exercer meu direito de cidadania, escolhendo um candidato que tivesse as melhores propostas para conduzir BH, a cidade do meu coração, ao terceiro milênio. Infelizmente, não me foi permitida a função que me cabia, a de eleitor. E sim a de julgador. Quem é menos bandido que o outro? Coube a mim e meus conterrâneos escolher. E escolhemos pressionados. Sob a pressão do governador do estado, sob a pressão do atual prefeito. Pessoas que tinham interesses em jogo, que eram muitos. Menos o de melhor para esta cidade. Como se não bastasse, ainda enfrentamos a pressão de movimentos da Igreja, seduzidos por um ou por outro candidato. Preocupados com interesses pessoais e com sede de qualquer coisa, menos de Deus, no discurso.
Enfim, as eleições de hoje, só comprovam o que eu já sabia: o voto do brasileiro é uma piada. De muito mal gosto. A urna é uma latrina onde o brasileiro não vota, defeca. Enquanto se defeca o futuro do nosso país, vemos impassíveis a pornografia política no Brasil. A democracia no Brasil é feita no esgoto. Pro inferno com ela.

Belo Horizonte, 26 de outubro de 2008.

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