domingo, 26 de outubro de 2008

Until the Last Moment


Por Deiber Nunes Martins

Tenho andado pelas ruas e percebido um jeito novo de ver a cidade. Um lugar onde nasci e me criei. Uma cidade que recentemente vim a conhecer por completo. E hoje remonta em minha mente, as lembranças mais felizes. Vejo com nostalgia alguns momentos, algumas situações, emoções. Desejos que tive e tenho. Não sou mais o mesmo e não pertenço mais a esta cidade. Quanta coisa mudou!
Há muito tempo tenho quisto me dizer muita coisa, sem ao menos conseguir. É chegada a hora de eu ser sincero comigo mesmo. Não sou mais o garotinho de antes. Não sou tão indefeso assim. Sou um homem em busca do seu caminho, ave de rapina poderosa, buscando alçar vôos cada vez mais altos. Apostas cada vez mais arriscadas. A vida é uma aposta. E eu não pertenço mais a esta cidade.
As ruas da cidade ficaram mais estreitas. De repente, me vejo andando de carro pelas ruas que caminhava quando garoto. As meninas que brincavam de boneca e amarelinha hoje são mulheres lindas, com seus olhares sensuais e ainda jeito de menina estampado em cada face. As mulheres de hoje, eram as meninas de ontem. Cada uma imersa em sua própria beleza. Olho na esquina próxima e me lembro: não pertenço mais a esta cidade.
Meu desejo se soltou das cercanias desta cidade. Minha vida ganhou nova fronteira. Os rearranjos políticos e econômicos do meu território delinearam novos horizontes para mim. Talvez eu tenha rompido o cordão umbilical. Mas ainda sinto-me preso ao desatino, às paixões. Não pertencer a esta cidade significa pertencer ao mundo ou ser de Deus. Prefiro Deus. O mundo não é o bastante para mim. Eu quero sempre mais!
Meu desejo de ir além é que me invade, me domina. Se ontem eu errei, foi pensando no acerto de hoje ou no do amanhã. Nunca quis ficar limitado. Mas quanto mais estou no controle, mas limitado eu sou. Então, fora com o meu controle. Vontade apenas de ir além e fazer a diferença.
Em busca de mim mesmo eu vou até o último momento. Vou além do meu limite. Quero me encontrar mas preciso encontrar o meu amor. Perdida em outra cidade ela está Eu estou perdido aqui. Mas quero estar perdido nela, nos braços da amada. Nas cercanias do corpo de minha Mulher. É onde quero estar. Até ela eu irei até o último instante, o derradeiro momento de minha vida, se preciso for. E mesmo que eu não chegue, deixarei para a história o meu caminho.
Ao ver a cidade de um jeito novo, eu percebo que cresci. E como é bom saber que não fiquei para trás.

Belo Horizonte, 26 de outubro de 2008.

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