sexta-feira, 31 de outubro de 2008
Blindness
Por Deiber Nunes Martins
É complexo o novo filme de Fernando Meirelles (Cidade de Deus). "Blindness" (Ensaios sobre a Cegueira) é inspirado na obra de José Saramago e conta a história de uma epidemia de cegueira branca que assola um determinado lugar. O filme conta com a presença de Mark Ruffalo, Gael Garcia Bernal, Danny Glover, além da ótima Julianne Moore. O filme é provocante, desafiador e complexo, vejamos por que.
Ensaios sobre a Cegueira foi considerada uma obra de dificílima adaptação para o cinema. Tanto que seduziu Fernando Meirelles, para fazê-lo. E ele já tinha tentado há tempos atrás comprar os direitos da obra, sem nenhum sucesso. Mas o nosso maior cineasta na atualidade não se deu por vencido e acabou sendo eleito por José Saramago, como o único capaz de colocar em prática tal projeto.
E Meirelles dá conta do recado. Construindo um filme denso com imagens perturbadoras e jogos de luz fantásticos, ele conta a história sem nenhuma amarração ou buraco. Há que elogiar ainda o roteiro bem escrito e a montagem, quase que perfeita. Realçando o clima tenso do filme, uma trilha sonora na mesma pegada e fechando com chave de ouro, com uma fotografia digna de prêmio. Singela e primorosa.
Mas talvez o grande mérito do filme de Meirelles seja Julianne Moore. Na pele da mulher do médico, única no planeta a não se infectar pela doença, ela transmite brilhantemente a emoção impossível de ser imaginada. E na verdade, a obra de Saramago reflete isso: a cegueira branca nada mais é para nós, na vida real, como as emoções que não sentimos. A empatia que não podemos ter. E nisso o filme cumpre bem a sua missão. Mostra como não estamos sozinhos, apesar de não enxergamos um palmo a frente do nariz.
Belo Horizonte, 31 de Outubro de 2008.
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