terça-feira, 27 de novembro de 2007

Notas Sobre Um Encontro

Por Dalton González*

Eu ainda não entendo o que aconteceu aquela noite. Noite fria, gelada, chovia. Chovia em minha alma. Nosso encontro foi tão fugidio, tão sem nexo que eu não percebi nada. Apenas senti aquela dor aguda no coração. Uma dor lancinante que nascia pequena, e morria atroz, nefasta. Tão nefasta quanto a frieza do teu olhar, a secura do teu beijo.
Ainda não entendo o porquê daquele encontro. Não querias me ver. Por que mantiveste o combinado? Era melhor eu ir pra casa, tomar meu banho, meu conhaque, depois a xícara de chocolate quente na cabeceira da cama e dormir. Seria melhor do que sentir a indiferença de um encontro que não aconteceu, ou que prefiro que não tenha acontecido. Seria melhor ser melhor que tudo e passar sem sentir por tudo aquilo.
A noite seguia rápida e fria. E no compasso da espera, esperei longo tempo por ti. Cheguei a perceber que não viria. Liguei. Você, com seu ar de sabida, eu pressenti, confirmou o encontro. Estavas chegando. Esperei mais um pouco. Que custava?
Estavas linda! Que mulher linda você é! Sua beleza me contagia, me encanta, me faz ser bonito também! Mas não estavas radiante como de todas as vezes. Seu olhar perdido trazia um recolhimento que não entendia muito bem. Uma postura belicosa que não combinava com você. Passaste todo o jantar respondendo minhas perguntas tolas. Comeste quase nada e evitaste o meu carinho. Lógico, você disfarçava, mas eu não percebi que fazias força para receber meus afagos, meus beijos. Que estava acontecendo?
Tão logo terminaste de comer, foste incisiva: "Peça a conta. Precisamos ir." Quem precisava ir? Eu não tinha pressa. Você? O que queria fazer? Onde queria ir? Perguntas que me fiz e não tive resposta naquele momento.
Deixei-te em casa ainda bem cedo. Nem bem freei o carro, quiseste abrir a porta para sair. Que desatino! Evitei a custo, para que não fosse brusca sua saída, mas partiste meu coração. Após aquele seu intento, nunca havia desejado estar distante de você. Queria que soubesse que não senti vontade de te segurar ali nem mais um pouquinho. Então você me disse que estava indisposta e que no dia seguinte, não me veria, porque faria compras com as amigas. Amigas e amigos que sempre prezaram minha companhia. E agora, você os abstinha de mim. Rapidamente, abriu a porta do carro sem dar explicações. E com um selinho seu, fechamos a noite. Você entrou sem ao menos olhar para trás.
Ainda não entendo a vontade que tive. Ainda não entendo o nada que senti. Apenas sei que não me fiz merecedor de tanta indiferença. Pode parecer natural a qualquer um, mas em nossa história de amor, a falta de carinho nunca teve lugar. Sinto-me sozinho mas sei que é passageiro. O que eu não sei é o motivo. Sofro. Porque eu queria mais. Eu mereço mais.
Mas é como me dizem os homens mais experientes. Não se pode dar tanto carinho a uma mulher. Mulheres enjoam fácil do que é doce. Gostam do sabor amargo do amor. Um lugar onde tenham de exercitar a verve combativa contra nós, pobres homens. Mulher não gosta de trova, romantismo todo dia. Mulher gosta de arroubos. Arroubos funestos de quem não se importa, como elas não se importam. Por isso, os canalhas sempre se dão bem. Porque não se preocupam. Porque não amam. Mulher gosta disso, de não ser amada todo dia. Só as carentes anseiam um amor doce. As demais não gostam. Querem o gostinho da desconfiança, querem o cheiro da lascívia e da lábia que todo homem tem. Ao pensar em agradar uma mulher, não pense como homem, mas como mulher, agradando outra mulher, ou seja, com o sarcasmo de sempre. Mulheres se tratam sempre com sarcasmo. E por isso são tão leais, tão amigas umas das outras, tão corporativas. Este é o mistério. O mistério que homem nenhum entende. Eu também não entendo.
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* Amigo meu, mora em Valparaíso, no Chile. E assim como eu, é um amante das palavras. (Deiber//)

A Espera

Por Deiber Nunes Martins
Não é raro ao percebermos uma pessoa, escandalizada diante de uma notícia aterradora, ouvirmos ela dizer: "Jesus, misericórdia, volta logo!" Em sua maioria, são os nossos irmãos evangélicos os que mais proferem estas palavras. Mas também no meio católico, dentro da Renovação Carismática e nos seguimentos mais conservadores da Igreja, costuma-se ouvir tal frase, tal chamado: "Jesus, volta logo!" Clama-se a volta de Jesus, num momento em que estamos inertes, diante dos absurdos a que estamos presenciando. O mundo tem se imiscuído num completo estado de caos, onde a razão vai dando lugar a uma insanidade visceral, a um completo desamor. Neste cenário, clama-se desesperadamente pelo Deus Amor. No entanto, acredito que podemos fazer mais. Esperar a volta de Cristo, não é sensato. É necessário ir além da nossa letargia.
Creio que a vida pode ser bem mais vivida se nos entregamos com vontade ao propósito do Pai, onde nos amamos, uns aos outros. Acredito que é possível fazer o nosso melhor e a cada dia, amarmos mais. E o amor é a saída mais concreta para a barbárie. Desta forma, acredito que o amor é a melhor forma de combatermos o mal que nos escandaliza. Sem dúvida alguma, tem-se alguma coisa a fazer além de clamar pela segunda vinda de Cristo.
Um exemplo é nos voltarmos para as necessidades do outro. Fazermos o bem, agirmos com caridade para quem precisa. Há muitas maneiras de praticar o amor e quando o fazemos, não nos calamos diante do absurdo, porque o amor requer também de nós uma postura combativa, uma postura de ataque diante daquilo que nos oprime. Não é um ataque violento, mas um ataque consciente, uma reação a tudo que nos sufoca. Fazer o bem e ser exemplos vivos do amor doação de Deus é uma maneira de reação.
O mistério salvífico de Cristo requer uma dedicação nossa às obras que nos levam a Eternidade. Não é só um esperar. É bem mais. Quem quer o céu tem de estar inquieto com o estado de coisas que oprimem o mundo. Tem que combater o bom combate, como quis dizer Paulo. A própósito, Paulo em seu exemplo de vida, nunca ficou esperando a chegada de Deus. Mesmo quando combatia os cristãos daquele tempo, fiel à sua fé farisaica, Paulo se mantinha por fidelidade, aos princípios que norteavam sua vida. Quando Cristo surge a ele, então uma nova realidade se forma. Novos paradigmas são formados e Paulo se mantém fiel agora a sua nova realidade, seu novo mundo, seu novo Eu: Cristo Jesus.
A fidelidade de Paulo deve nos servir de exemplo para que não fiquemos esperando por Cristo, diante das atrocidades que se fazem aos nossos irmãos. Revoltar-se, indignar-se é forma de fazer política, mas não resolve o problema. O mal começa a ser combatido dentro de nós, quando além de nos revoltarmos e clamarmos por Deus, pensamos. E após pensarmos, buscamos entender o que Deus quer de nós. A realidade é bem simples. Mas nem sempre temos tempo de entendê-la. Precisamos sair da condição letárgica que nos anestesia ao mal. E combatê-lo firmemente com o Bem. Deus tem este propósito para nós, porque Ele acredita em nós.
E aí, vamos ficar esperando? Ou vamos arregaçar as mangas e trabalhar?

Noite de Outono - Unhappy Song

Noite de Outono – Unhappy Song
Deiber Nunes Martins

Naquela noite de outono ela me fez correr
Fez-me ver, tudo o que eu não queria
E ela sabia, que havia o risco de morrer
E ao me esquecer, aos poucos, eu morria.

Naquela noite de outono, estavas bela
Tão singela, que’u não pude resistir
E ao sorrir, só podia ser ela
Um amor tão grande que’u amava sem sentir.

Naquela noite de outono, eu podia caminhar
E partilhar, verdades do bem e do mal
E por sinal, foi com ela que’u aprendi a chorar
E por azar, era ela, meu ideal.

Naquela noite de outono, a conquista de minha vida
Doce querida, amada dona do meu amor
Estranha cor, insana voz da partida
Tua palavra sentida, oh quão amarga dor.

Naquela noite de outono, fostes embora
E por mundo afora, levastes minha alegria
Meu dia, virou noite, no sono de aurora
Lembranças de outrora, quando eu vivia.

Naquela noite de outono, perdi a beleza de mim
E assim, solitário me pus a caminhar
A outro lugar, onde a dor pudesse ter fim
E enfim, uma vida eu pudesse sonhar.

Naquela noite de outono, infeliz quimera
Quisera eu, vencer aquela tortura
Vontade pura, de voltar a primavera
Quem dera, tivesse eu, tal ventura.

Foi numa noite de outono, que eu perdi
A amada de minha vida, a mulher dos meus dias
Ainda posso sentir seu olhar furtivo
Percorrendo tudo, fugindo do meu olhar,
Fugindo do meu amor, correndo pra outro lugar
Buscando um outro coração que não o meu
Ainda choro ao me lembrar, mas vai passar
Qual patativo, que se alegra ao cantar
A melodia de sua amada.
Outra noite de outono vai chegar
E com ela, o meu sofrer vai se enamorar
Um dia, o amor vai passar
E noutro dia, a página vai virar.

Belo Horizonte, 26 de Novembro de 2007.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

A Sedução - Parte Dois

Por Deiber Nunes Martins

Na parte um do texto sobre a sedução, explorei de modo geral, as finalidades da sedução. Neste texto, tenho por objetivo, trabalhar com a sedução em suas formas menos comuns. A sedução para o bem, ou para as práticas boas. Seduzir com o intuito de conseguir da outra pessoa, um gesto de conversão, um gesto de caridade, ou simplesmente alguma forma de traduzir o bem.
E no tocante ao amor na sua forma mais pura e simples, ninguém foi mais sedutor que Jesus. Ou melhor, ninguém é. Ninguém tem a capacidade de seduzir multidões, como Jesus o faz. Suas palavras, a explicação do projeto salvífico de Deus é algo tão claro e límpido nas mãos Dele que não há como não ser arrebatado para uma realidade melhor que a do mundo.
Se o mundo se faz sedutor com suas fontes de prazer e alívio, Cristo seduz com a fonte inesgotável do amor. Amor que gera felicidade e não apenas uma fonte de alívio, como o mundo demonstra. A felicidade descrita por Cristo, baseada no amor ao próximo é sedutora porque nos aproxima do amor do Pai. A realidade é simples: Deus nos ama. Partindo desta premissa, percebemos que o amor de Deus nos basta, enxuga nossas lágrimas e nos faz sentirmos bem. Deus é fonte de amor e cura para todos os nossos males. E desta forma, com estes argumentos, Jesus quer nos seduzir.
A sedução de Cristo ultrapassa os limites da retórica. Ele é Deus e como Deus vai além de todo o entendimento humano. Assim, sua porção divina é sedutora não por nos demonstrar o Poder Divino, mas sim, por nos mostrar que Ele quis ser como nós e viver como nós, pra nos mostrar que a felicidade é possível, que a vida inteira repleta de amor, é possível. Diante de um Deus que se fez humano a uma humanidade perplexa por seu egoísmo barato, entendemos a sedução como o mecanismo de persuasão mais eficaz. Não se trata apenas de jogar charme ou mostrar atributos que possam atrair a atenção, mas é algo mais. É algo que nos faz mover o coração, algo que nos é capaz de mudar por completo. E mudando nossa trajetória, nos permite a conversão.
Se hoje somos melhores em nossa fé, há um Deus que nos une por detrás disso. E este Deus quer nos seduzir cada vez mais, para a realidade de vida que Ele tem para nós. Uma realidade que extrapola os limites do mundo e se faz presente dentro de nós. A esta realidade, Deus nos convida a todo tempo, a todo dia. Ele quer te seduzir, deixa-te seduzir. E a vida será vivida na melhor perfeição.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

O Perdão é uma Forma de Amor

Por Deiber Nunes Martins

As pessoas sofrem por falta de perdão. Grande parte dos sofrimentos, das depressões e amarguras do dia a dia, são causadas pela falta de perdão nas relações humanas. Por vezes, perdemos a oportunidade de estarmos de bem com todo mundo em razão do nosso orgulho em aceitar a ofensa como peça inerente da vida. Mas somos humanos e passíveis de erro. Assim como somos ofendidos também ofendemos a todo o tempo. Assim como precisamos perdoar, também precisamos do perdão a todo tempo.
Muitas enfermidades nos derrubam devido a um coração amargurado, cheio de ressentimentos que carregamos por toda a vida. Quantos casos de câncer poderiam ser evitados se as partes se voltassem a um entendimento e se dessem ao perdão! Um perdão que salva vidas! Um coração cheio de rancor e mágoa é o canal de uma série de doenças, entre elas o câncer. Muito das enfermidades que nos acometem tem razão psicológica e espiritual. Dentro dessas causas que os médicos explicam muito bem, estão o estresse do dia a dia, as aflições, os medos, as angústias e as mágoas que carregamos com nós mesmos. Tudo aquilo que carregamos conosco vai causando o desgaste físico também e aí quando vemos, estamos doentes. Muitas vezes, é tarde demais...
Quando perdoamos, nossa alma e o nosso coração ficam mais leves. E somos libertos de um mal que nos acomete a todo tempo. Se nossa vida é um inferno, ao darmos o perdão, este inferno dá lugar ao Céu. Um lindo Céu. Por isso, o perdão é uma das formas de amor. Perdoar é dizer ao demônio que Ele não tem poder sobre nós, que ele não impera sobre nós. Somos fortes em Cristo e por isso podemos perdoar.
Por mais difícil que possa parecer, por mais cruel que uma pessoa tenha sido conosco, sempre podemos perdoá-la. Desde que ela esteja arrependida. Arrepender-se é dar oportunidade do Céu se abrir dentro de nós. Então, se o perdão é uma via de mão dupla, não podemos nos privar desta via de amor.
Que Deus possa abrandar nossos corações nos fortalecendo para o perdão. Que possamos levar Deus a frente de nossas ações, para que assim o amor possa florescer em nossas vidas. E assim, possamos trabalhar o perdão em nós.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Um Novo Dia

Por Deiber Nunes Martins

Demos boas novas a um novo dia
Que alimente os sonhos com alegria
Um novo dia pra fazer diferente
E balançar o coração da gente.

Há um mundo novo a seguir
E em seus dias de sol e calor
Você não espera o porvir
Você se exaspera no amor.

Os dias passam rodando
A vida segue voando
Nada é como antes
E o futuro permanece distante.

Quando o sangue está na garganta
Quando se chega ao instante derradeiro
O que fazer não mais adianta
Bem que se quis amar primeiro.

Mas há uma verdade a chegar
Um novo dia a começar
Que seja bom e proveitoso
Sereno, suave e glorioso.

Eu quero de novo começar
E de partida está meu coração
Uma vida nova está no ar
E felicidade em cada estação.

Tem de haver fogo na alma
E teu olhar leva minha calma
Eu vou ao novo dia
Com teus sorrisos, esperança e alegria...


Belo Horizonte, 08 de novembro de 2007.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Tropa de Elite

Por Deiber Nunes Martins

O filme nacional mais polêmico do ano, ganhou as ruas antes de chegar às telonas de cinema. Não é o filme mais pirateado do ano, como dizem os desavisados, mas é o exemplo mais direto desta praga que assolou o meio cultural brasileiro: a pirataria.
Mas o negócio é o filme, e não dar cartaz aos piratas. E falando de filme, o filme de José Padilha é de alto nível em todos os aspectos. Os mais destacáveis são: ser realmente um filme nacional de ação; quebrar falsos conceitos e ideologias; ter uma trilha sonora de destaque; ter ótimas seqüências de ação aliadas a efeitos de som perturbadores e fotografia bem feita. Isto para não se alongar mais nos predicativos do filme.
Tropa de Elite é um filme nervoso e por isso agrada ao público mais jovem. Seu começo é atraente e consegue prender a atenção do espectador mais disperso. A narrativa em voz off do narrador, o Capitão Nascimento é a garantia de que fortes emoções virão. Ele sempre termina seu texto com um gancho ou com um índice que nos leva a esperar as ações. Estes recursos, além de prenderem o público são atraentes à narrativa de ação.
O filme relata a estrutura podre da polícia no Rio de Janeiro. A ambientação do filme no ano de 1997, é um sinal de que as coisas estão hoje assim, eram assim e se não se fizer nada, continuarão assim. O filme quer deixar explícita que a questão da violência no Brasil parte de uma elite omissa e corrupta para pequenos burgueses falidos e obcecados por dinheiro e mais dinheiro. O filme atinge em cheio o objetivo principal, mostrar a violência do outro lado, o lado da polícia, que por algumas questões nunca é mostrado em narrativas brasileiras. Parece que o lado do policial no Brasil não interessa à classe média, não interessa a elite burguesa e aos donos do capital. Por que será?
Talvez seja essa a questão mais polêmica desnudada pelo filme. O policial Matias, interpretado por um negro, dá o tom de preconceito da elite branca sobre o negro e policial. É interessante o jogo de ações dos personagens. Outro ponto alto do filme.
Ao desmascarar uma estrutura policial falida, uma sociedade corrompida e preconceituosa, quebra a ideologia dos donos do capital no Brasil e defendida pela imprensa de faz-de-conta do Brasil. A TV que exalta com verdadeiras odes às epopéias dos meninos do tráfico, bandidos bonzinhos e favelas glamurosas, Tropa de Elite destrói, mandando “por no saco” sem nenhum pudor e receio. Mais um ponto na conta do filme.
De qualidade técnica surpreendente para um filme nacional, Tropa de Elite alia a ação sempre nervosa do BOPE com uma trilha sonora de “responsa”, efeitos sonoros também nervosos realçando o binômio ação-violência. Completando e arrematando o bom trabalho de José Padilha tem-se um roteiro conciso, enxuto, sem falhas ou buracos que agrada e sintetiza toda a história, nos guiando a um herói típico do Brasil, um cidadão como qualquer outro brasileiro, sem nenhum super-poder mas com a alma de um povo batalhador, que anseia por dias melhores, que ainda acredita no Brasil. Por isso, já circula pela internet uma série de spams pedindo: “CAPITÃO NASCIMENTO PARA PRESIDENTE”.
Por tratar-se de um assunto atual, por desmascarar certos pilares da sociedade brasileira, por denunciar e simplesmente narrar a realidade do policial no Brasil, Tropa de Elite vem até o momento como o melhor filme brasileiro do ano. Correto o filme não fica devendo em nada a grandes produções do gênero, podendo inclusive ser um contraponto a altura do elogiadíssimo Cidade de Deus. Tem “saco” suficiente pra brigar pelo Oscar...

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Sobre a Sedução

Por Deiber Nunes Martins

Segundo o dicionário Aurélio, sedução quer dizer mais ou menos o seguinte, ato de atrair algúem fazendo com que este (a) se submeta à sua vontade. Pois bem, este é um conceito adequado a retórica que pretendo defender. O ato de seduzir requer contato com o outro e requer habilidade para se conseguir do outro, o efeito esperado.
Na arte dramática, as ações de um personagem remetem as reações de outro. Assim, a sedução é um elemento de arte dramático, e um elemento poderoso. A partir do momento em que nossa ação gera reação em outrem, mudamos o curso da história, fazemos a diferença.
A sedução, por si só equivocadamente, é taxada como mal. Porém, é mal, seduzir para o mal. Seduzir para o bem, não. É sobre este tipo de sedução que eu quero tratar.
Vejo as mulheres como as mestres na arte de sedução. Uma mulher inteligente, seduz qualquer homem, seduz qualquer coisa. E não é só com os atributos físicos. Estes, também são importantes e muitas vezes, as únicas armas em um jogo de sedução. Mas existem outras. Nada tão sedutor quanto a um sorriso ou a um olhar. Lançados no momento certo, arrebatam corações. Mas também uma palavra certa no momento certo pode ser uma arma de sedução poderosíssima. O restante, as mulheres sabem muito bem, a roupa certa, o uso do corpo, a linguagem, tudo isso e mais um pouco...
Na Bíblia, há uma passagem belíssima que se diz: "Seduziste-me e me deixei seduzir" Esta passagem bíblica nos ensina que Deus usou da sedução para tocar nossa vida. De alguma forma fomos seduzidos por Ele. Uma sedução boa. Uma mulher, com seu charme, seduz para o mal, em proveito próprio, ou para o bem. Para o mal, quando é causa de adultério. Para o bem, quando leva seu esposo para Deus. E quantas mulheres têm levado seus maridos para Deus? Muitas. Sedutoras do bem...
Um homem, certo dia seduziu muitas pessoas em prol de uma realidade improvável, já naquela época: Amar-vos uns aos outros. Este homem, Jesus. Jesus nos seduz a todo o tempo. Muitas vezes, diante de uma realidade que podemos mudar, Jesus age no meio de nós para nos conscientizar do que fazer. E seduzidos, fazemos. Quantos milagres nascem da perseverança dos santos, seduzidos por Deus...
A todo tempo somos chamados a seduzir. E somos seduzidos também. Devemos seduzir por novas idéias, em prol do Bem. Seduzir para o bem. Talvez não tenhamos todo o charme, nem todas as armas de sedução, mas temos o Espírito Santo em nossa vida e por intermédio dele, somos mais que sedutores. Que o Deus de bondade possa nos cumular de forças para que uma vez seduzidos por Ele, sejamos também sedutores da realidade maior, que é o Cristo.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

É Nas Pequenas Coisas Que Deus Fala

É Nas Pequenas Coisas Que Deus Fala
Existe um amor que não passa. Um amor que não vai embora. Ele vai nascendo aos poucos. Às vezes nasce de uma hora pra outra. Outras vezes demora pra acontecer, mas quando acontece é no momento certo. Eu me refiro a um amor diferente do usual, um amor em plenitude, um amor que se entrega, se doa. Um amor pra uma vida inteira e pra eternidade também.
Quando somos acometidos deste amor, nossa vida é transformada. As coisas passam a fluir de outra maneira. Nossa feição vai tomando a forma da pessoa amada, à medida que nos aproximamos dela. Entramos em contato com suas atitudes, a maneira como ela reage a determinadas situações, seu modo de falar, seus trejeitos, às vezes, sotaque... Tudo o que é relativo a esta pessoa nós incorporamos no dia-a-dia, seja em nossas ações, ou no simples ato de pensar nesta pessoa e recordar suas manias, seu jeito de ser. É quando interiorizamos o nosso sentimento, é que ele se mostra mais claramente em nosso exterior. E neste amor que não passa a vida se faz mais calma, serena. Acredito que ao tomarmos as feições da pessoa amada, agregamos uma nova maneira de pensar, de ver a vida. E isto é bom.
E em tudo isso, Deus está presente. “É nas pequenas coisas que Deus fala...” A música, revela este segredinho de Deus. Ele age em nossa vida nas pequenas coisas, aquelas mais imperceptíveis. E quantas vezes, o amor nos parece tão imperceptível? O carinho que temos com nossa mãe, por exemplo. Às vezes é tão profundo que parece ser normal demais, corriqueiro demais. A ponto de não revelarmos a ela o quanto a amamos, o quão importante ela é para nós. Temos as feições de nossas mães mas falta dizer que amamos. Penso nisso ao me lembrar do carinho de minha amada com a mãe dela. As vezes em tom de brincadeira, ela diz: “Mãe deixa eu te falar uma coisa séria. MÃE EU TE AMO!” Esta declaração de amor, assim meio que em tom de brincadeira revela a importância destas duas mulheres. A Mãe, porque gerou e criou uma Filha que sabe reconhecer o amor por sua Mãe. A Filha, porque tem a habilidade de nas pequenas coisas, deixar Deus agir em sua vida, deixar Deus revelar seu plano de amor de modo simples e sublime, na vida das pessoas.
Aproveito pra me recordar do amor em sua maior perfeição e plenitude, o amor doação, o amor Ágape. Um amor que se pensa nos dias de hoje ser inviável, ser coisa dos santos. Mas somos chamados a ser santos! O amor Ágape, é aquele que não espera paga, não espera retribuição porque ela pode não vir. É o amor de uma pessoa por outra, doente, em uma cama, impossibilitada de lhe retribuir ao amor. É o amor pelo amor, pelo prazer de amar. E não pelo prazer de ser amado. Esta entrega ao irmão, a pessoa amada é o que de mais belo e sublime pode existir no ser humano. É a virtude divina, é onde o homem se assemelha mais a divindade.
Um amor que se doa é o amor que eu quero pra mim. E por isso, estou disposto a me entregar de corpo e alma a este amor. Não importa se serei ou não correspondido. Amarei assim mesmo. E se eu não puder amar assim, então de nada terá sentido a minha vida. Mas Deus me reservou este amor. E não posso mais fazer outra coisa que não seja amar. É assim que vai ser e é assim que é...