sábado, 22 de agosto de 2009

Sob o Olhar de Deus


Por Deiber Nunes Martins

Quando você sai, não faz barulho
Todos ainda dormem quando fechas a porta
E ele ainda está dormindo quando você volta
Você sente uma dor cruel nas chegadas e partidas
Mas Deus põe em você, o Seu olhar
E nada mais vai importar.

Todos as manhãs, seu corpo chega doído
E toda noite você de casa sai perfumada
Com o amor e o coração moídos
As ruas estão cheias de você na madrugada
Você não sabe quando terá um fim
Mas Deus põe hoje em você, o olhar
E nada mais vai importar.

Tudo está no seu lugar
Mas neste mundo não há honra nem orgulho
E Deus colocou em você o Seu olhar
Você faz de toda noite um devaneio
E traz toda manhã um gosto ruim em sua boca
Uma marca no pescoço, dói um seio
Sua vontade é ficar louca
Mas Deus põe em você, o Seu olhar
E nada mais vai importar.

Quando você sai, o mundo não te dá valor
Mas você ainda olha o garotinho antes de sair
A ele e por ele, tudo por amor
Mas coitado, ele não sabe o que há por vir
Você traz consigo um desejo velado
E tem horas que você não pode gritar ou gemer
Há um corpo conspurcado, censurado, violado
De dor, de agonia, de prazer
Mas Deus põe hoje em você, o Seu olhar
E nada mais vai importar.

Deus põe em você e em seu filho, todo amor
Deus manifesta a você, nesta noite o Seu olhar
Deus dá o devido perdão a sua dor
Ele faz de você uma filha pronta para amar
E você volta, você vai, mas você volta
E Deus sabe que você vai voltar
Ele põe um anjo a sua escolta
Porque Ele te ama e sempre vai te amar
E por isso, Deus põe em você o Seu olhar
E nada, nada mais, vai importar.

Canavieiras-BA, 23 de fevereiro de 2009.

domingo, 16 de agosto de 2009

Rosas...


Por Deiber Nunes Martins

Este é um canto de amor
Um tanto sombrio, fechado
Em sublime desejo cria vigor
Corta na carne o ser mal amado.

Cruéis sombras da terra, por que olhais assim?
Não quer o mar se impor ao rio
Não quer o amor chegar-se a mim?
Minha face descora de tanto frio...

Serve a rosa vermelha, a muitas senhoras
Traduzem dos lábios, imensa paixão
Serve a rosa branca, a terna aurora
Conduz o alento, conforto à solidão.

Outra rosa queima em desejo, doce princesa
Quer da vida, um grande amor
Não serve a ninguém somente a tristeza
Aquece os corpos, sem grande valor...

Se branca fostes, traria amizade
Mas afeto nenhum conduz ao pranto
Buscarei o caminho da liberdade
E sem melodia deixo meu canto.

Conformar com a derrota, falta de amor
Voltar a sorrir, quero doces caminhos
Não vou mais ouvir o canto da dor
Guardarei a rosa, sem me ferir com os espinhos.

Belo Horizonte, 18 de Dezembro de 1999.

Assunção de Nossa Senhora


Por Deiber Nunes Martins

Ontem a Igreja comemorou a Assunção de Nossa Senhora. Foi um dia festivo que nos remete com carinho a Mãe de Deus. Dizemos "Assunção" e não "Ascensão" por uma razão bem simples. Maria, não ascendeu (subiu sozinha) ao Céu. Maria foi assunta (foi elevada ao Céu). Maria não ascendeu ao Céu porque não tem a virtude de Deus para isso. Mas por ser a Mãe do Criador, e ter sido concebida sem o pecado original, Maria foi elevada por Ele, Deus, ao Céu.
É bom falar da Virgem Maria. Ela é nossa Mãe também. Como é bom falar da Mãe. Quando Jesus, naquele momento de profunda dor, disse a sua Mãe: "Mulher, eis aí o teu filho" (Jo 19,26) e disse a João: "Eis aí tua mãe." (Jo 19,27), Ele indicou a Maria qual seria a missão dela: ser a mãe de todos nós. E como mãe, advogada, conselheira, intercessora. Tanto que João a leva para casa a partir daí e a assume como mãe.
Fico a imaginar quão maravilhosas foram aquelas tardes em que João parava tudo, para escutar Maria contar suas reminiscências. Imagino Maria lhe contando como conheceu José, contando como foi o nascimento de Jesus. Como foi a visão do anjo. Como foi a fuga para o Egito, a apresentação no Templo... Fico a imaginar Maria relembrando a história e contando a João tudo àquilo que ela a vida toda guardou no coração.
Devemos hoje e sempre recordar com muito amor de Maria. Ela é a nossa Mãe. Ela nos adota como filhos muito amados e intercede por nós. A todo tempo. Devemos venerar a mãe de nosso Senhor e ter por ela bem mais que respeito, devoção: devemos ter o carinho de filhos.
Mãezinha do Céu, tu és o sacrário vivo de Deus. Ensina-me a viver como filho verdadeiro, filhos muito amado do Criador. Aproxima-me de teu Jesus e faça ter meu tão sonhado encontro com Ele. Virgem Mãe, a ti rogo intercessão para minha vida, para meus projetos, meus sonhos, minha família. Maria, Mãe de Deus e minha mãe, eu te amo! Obrigado Senhor, por permitir a Maria em seu plano salvífico de amor e salvação, ser nossa intercessora junto a vós. Amém.

Belo Horizonte, 16 de agosto de 2009.

domingo, 9 de agosto de 2009

Dia dos Pais


Música: Edgard Scandurra (Ira)
Texto: Deiber Nunes Martins

Só depois de muito tempo fui entender aquele homem
Eu queria ouvir muito mas ele me disse pouco
Quando se sabe ouvir, não precisam muitas palavras,
Quanto tempo eu levei, pra entender que nada sei!
Que nada sei.

Só depois de muito tempo comecei a entender
Como será meu futuro, como será o seu
Se meu filho nem nasceu, eu ainda sou o filho!
Se hoje canto essa canção
O que cantarei depois?
Cantar depois...

Se sou eu ainda jovem, passando por cima de tudo
Se hoje canto essa canção
O que cantarei depois?

Só depois de muito comecei a refletir
Nos meus dias de paz, nos meus dias de luta
Se sou eu ainda jovem, passando por cima de tudo
Se hoje canto essa canção,
O que cantarei depois?

Se sou eu ainda jovem, passando por cima de tudo
Se hoje canto essa canção,
O que cantarei depois?
Cantar depois...


A letra da música "Dias de Luta", do “Ira!”, revela um pouco das angústias do pai. Pai é aquele que mesmo a distância, segura a mão do filho(a), cuidando para que o melhor lhe aconteça. É assim nosso relacionamento com o Pai Celestial, Deus Pai, o Criador. É assim que ele faz com a gente. Sentimo-lo à distância, mas Ele está nos segurando. O pai segura o filho. E o filho, bem, o filho insiste em passar por cima de tudo, derramando lágrimas, sofrendo e fazendo sofrer. Mas o pai acaba lembrando ao filho, que um dia, ele também vai ser, pai.
Ninguém sabe, mas nos momentos mais duros da minha vida, na hora em que era difícil segurar as lágrimas, na hora em que era difícil encontrar a paz necessária, para o sono restaurador, eu dizia: "Ainda sou o filho, ainda sou jovem e ainda não sou pai..." Hoje, depois de tanto sofrer, eu vejo que Deus sempre me disse: "O momento é agora." E então, resta-me assumir as missões que Ele me dá, como a missão de ser pai. Porque nunca estamos preparados para gerar. E Deus nos dá esta Graça pra nos preparar depois, no dia a dia, no troca de olhares entre pai e filho(a)...
Minha história de amor com meu pai, passa pela distância, passa pela timidez de dois homens no momento de dizer "Eu te amo!" um para o outro e passa também pelo amor que sempre pautou nossas vidas e que construiu tudo o que sou hoje. Se eu agrado ou desagrado, devo a meu pai, o meu caráter, a minha história. Como um jardineiro, meu pai me preparou e me prepara para o mundo. Houve momentos para adubar, regar, revolver a terra e houve momentos de poda também. Em todos eles, fui cuidado. Houve cuidado. Houve amor. Por isso, eu posso amar meu pai. Porque o amor que há em mim, foi plantado por ele.
Não tenho a pretensão de ser grandioso, como ele foi. Mas tenho a pretensão de ser o melhor para meus filhos, pois isso ele me ensinou. E hoje, eu sei que posso ser. Meu pai é o meu herói e um herói, só pode gerar outros heróis.
Obrigado, Senhor Deus, pela vida de meu pai, Antônio. Que este dia dos pais seja para ele repleto de bênçãos. Alivia as dores dele, Senhor, dê a ele, saúde e paz. E um pouco mais de fé também, para que ele possa ver a sua obra e o seu infinito amor. Obrigado também, Senhor, pela minha vida e pela vida de todos os pais que fazem do dia de luta de cada dia, uma bandeira com a estampa de seus filhos.
A todos, um feliz dia dos pais!



Belo Horizonte, 09 de Agosto de 2009.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Ser Útil na Vida dos Outros


Por Deiber Nunes Martins

Hoje ouvi de minha noiva, num arroubo de preocupações comigo, que ela não gostaria de ser uma esposa de enfeite. E que por isso, se preocupava comigo. Achei engraçado. Esposa de enfeite. É uma expressão interessante que nos leva a pensar no que significamos para os outros. Na verdade, ser enfeite é o que ninguém quer ser. Queremos ser úteis na vida de quem amamos.
E como ser útil na vida do outro?
É preciso estar presente na vida de quem amamos. Esta é a melhor maneira de sentirmos úteis. É dançar a mesma música, respirar o mesmo ar. Não adianta eu estar feliz se a amada não está. Não adianta prosseguir estando num planeta e a amada em outro.
Uma das coisas que eu mais insisto na vida é definir o senso de empatia com os outros. Se eu me coloco no lugar das outras pessoas certamente saberei como elas se sentem diante das minhas atitudes para com elas. Não devemos cobrar atenção dos outros, quando somente o nosso problema importa. O outro nem sempre está contente. Nem sempre está eufórico e feliz, esperando congratulações. Muitas vezes, nossa euforia pode até causar mal estar no irmão que está ao nosso lado. É preciso viver o momento do outro. E isto não significa ficar triste porque o outro está triste. Significa partilhar o seu momento de euforia com o momento melancólico do outro, da pessoa amada. Quando eu aprendo a partilhar, me torno útil na vida dos outros.
Você tem a capacidade de ser bem mais que enfeite na vida do seu irmão, da sua irmã, do seu esposo, da sua esposa, seu pai, sua mãe, enfim, do seu próximo. Seja capaz de viver o momento do outro. E mesmo se não o compreenda, acolha-o, sem se mostrar acima do bem e do mal. Porque não somos. Hoje estamos por cima, amanhã por baixo. Agora vejo em parte, mas então veremos face a face...
O amor tem a capacidade de curar os corações porque nos abre a dimensão do compartilhar momentos e sensações. As vezes, com um só olhar, eu posso salvar um momento. Posso salvar o dia de alguém que sofre. Posso ser bem mais que um enfeite na vida do outro.

Belo Horizonte, 05 de Agosto de 2009.