terça-feira, 27 de novembro de 2007

A Espera

Por Deiber Nunes Martins
Não é raro ao percebermos uma pessoa, escandalizada diante de uma notícia aterradora, ouvirmos ela dizer: "Jesus, misericórdia, volta logo!" Em sua maioria, são os nossos irmãos evangélicos os que mais proferem estas palavras. Mas também no meio católico, dentro da Renovação Carismática e nos seguimentos mais conservadores da Igreja, costuma-se ouvir tal frase, tal chamado: "Jesus, volta logo!" Clama-se a volta de Jesus, num momento em que estamos inertes, diante dos absurdos a que estamos presenciando. O mundo tem se imiscuído num completo estado de caos, onde a razão vai dando lugar a uma insanidade visceral, a um completo desamor. Neste cenário, clama-se desesperadamente pelo Deus Amor. No entanto, acredito que podemos fazer mais. Esperar a volta de Cristo, não é sensato. É necessário ir além da nossa letargia.
Creio que a vida pode ser bem mais vivida se nos entregamos com vontade ao propósito do Pai, onde nos amamos, uns aos outros. Acredito que é possível fazer o nosso melhor e a cada dia, amarmos mais. E o amor é a saída mais concreta para a barbárie. Desta forma, acredito que o amor é a melhor forma de combatermos o mal que nos escandaliza. Sem dúvida alguma, tem-se alguma coisa a fazer além de clamar pela segunda vinda de Cristo.
Um exemplo é nos voltarmos para as necessidades do outro. Fazermos o bem, agirmos com caridade para quem precisa. Há muitas maneiras de praticar o amor e quando o fazemos, não nos calamos diante do absurdo, porque o amor requer também de nós uma postura combativa, uma postura de ataque diante daquilo que nos oprime. Não é um ataque violento, mas um ataque consciente, uma reação a tudo que nos sufoca. Fazer o bem e ser exemplos vivos do amor doação de Deus é uma maneira de reação.
O mistério salvífico de Cristo requer uma dedicação nossa às obras que nos levam a Eternidade. Não é só um esperar. É bem mais. Quem quer o céu tem de estar inquieto com o estado de coisas que oprimem o mundo. Tem que combater o bom combate, como quis dizer Paulo. A própósito, Paulo em seu exemplo de vida, nunca ficou esperando a chegada de Deus. Mesmo quando combatia os cristãos daquele tempo, fiel à sua fé farisaica, Paulo se mantinha por fidelidade, aos princípios que norteavam sua vida. Quando Cristo surge a ele, então uma nova realidade se forma. Novos paradigmas são formados e Paulo se mantém fiel agora a sua nova realidade, seu novo mundo, seu novo Eu: Cristo Jesus.
A fidelidade de Paulo deve nos servir de exemplo para que não fiquemos esperando por Cristo, diante das atrocidades que se fazem aos nossos irmãos. Revoltar-se, indignar-se é forma de fazer política, mas não resolve o problema. O mal começa a ser combatido dentro de nós, quando além de nos revoltarmos e clamarmos por Deus, pensamos. E após pensarmos, buscamos entender o que Deus quer de nós. A realidade é bem simples. Mas nem sempre temos tempo de entendê-la. Precisamos sair da condição letárgica que nos anestesia ao mal. E combatê-lo firmemente com o Bem. Deus tem este propósito para nós, porque Ele acredita em nós.
E aí, vamos ficar esperando? Ou vamos arregaçar as mangas e trabalhar?

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