quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A Ética no Esporte

Por Deiber Nunes Martins

Estava com este texto preso na garganta desde a vitória do Vettel sobre o Alonso, na Fórmula 1. Há muito tenho visto o esporte ser acometido por esta onda de imoralidade e falsidade, onde o vencedor não é mais o competente, o talentoso e sim, o de maior poderio financeiro e mercadológico. Não se vence uma partida mais por mérito e sim por poder de mídia, o que os incautos insistem em confundir com "peso da camisa".
Tudo bem, no automobilismo, a tecnologia é preponderante para o êxito. Assim, o poderio das equipes se fez. "Peso da camisa" na principal categoria do automobilismo resume-se com justiça a Ferrari, McLaren, Renault e Williams, sendo gratas surpresas a Red Bull e a Mercedes GP. No entanto, foi-se o tempo em que a tradição das marcas prevalecia sobre o capital. A partir do momento em que os motor-homes se tornaram palacetes reais sobre rodas, o automobilismo deixou de ser definido na pista. Michael Schumacher tornou-se o maior piloto de todos os tempos numa época em que a tecnologia faz quase tudo para o piloto. O público jovem passa a admirar um mero apertador de botões, sem levar em conta os verdadeiros heróis deste esporte tão encantador: Juan Fangio, Alain Prost, Nelson Piquet, Nigel Mansell, o inigualável Ayrton Senna...
Saindo das corridas de carro e passando pelo beisebol. Um esporte desconhecido do público brasileiro mas famoso no restante do mundo e paixão nacional no Japão, Venezuela e EUA, só pra citar os três. A maior liga deste esporte, a Major League Baseball ou MLB tem como principal vencedor o New York Yankees, com o maior número de títulos conquistados. Para os rivais, os Yankees não vencem títulos, os Yankees compram títulos. Entendendo melhor, o maior vencedor do beisebol americano é a equipe mais rica. Assim sendo, é de se esperar que a mesma consiga reunir os melhores jogadores em seu lineup (lainape ou plantel pra falarmos no bom português).
E por fim, só para citar três esportes, o futebol. E aqui a confusão é generalizada. No mundial interclubes, o que se vê todo ano é a batalha Davi-Golias, com os primeiros sempre do continente americano e o gigante sempre do futebol europeu. Dá-se uma importância desmedida a Uefa Champions League, por ela reunir as equipes de futebol mais ricas do planeta. Mas o que qualquer bom entendedor do futebol vê, sem a maquiagem dos comentários esportivos é um futebol artificial, sem garra, sem paixão. Um futebol onde os craques são burocratas e fazem do seu ofício uma obrigação enfadonha. Já se foi o tempo da Copa dos Campeões de Van Basten, Rudd Gullit, Zinedine Zidane. Hoje, sou obrigado a aceitar que Ibrahimovic e Cristiano Ronaldo são craques e pronto!
Mas o futebol dá pano pra manga... Viram o que aprontaram com o Cruzeiro, há algumas semanas? Sou atleticano mas preciso reconhecer que foi um golaço da arbitragem aquele pênalti marcado no Ronaldo, a favor do time Corinthiano. Me perdoem os favoráveis e os corinthianos mas aquilo nunca foi penal! E se o foi, o que o atacante cruzeireiro sofreu no primeiro tempo, do goleiro, foi muito mais. Ora, se um penal muito menos foi marcado, o muito mais teria de ser também. Abro espaço aqui para falar de Futebol Americano a NFL e também do tênis. Esportes onde o recurso tecnológico é aceito. No caso de Cruzeiro e Corínthians era necessário que ao final do jogo, as câmeras de TV fossem acionadas e que o penalti não dado a favor do time azul fosse cobrado. Era o mínimo que a moralidade esportiva merecia. E olha que sou atleticano hein! Mas infelizmente o futebol brasileiro é um caso à parte...
O meu Galo por exemplo, já foi prejudicado pela arbitragem brasileira inúmeras vezes. A maioria delas contra os times do eixo Rio-SP. É duro aceitar que Carlos Eugênio Simon seja ao mesmo tempo juiz de copa do mundo e carrasco do Atlético naquela partida de semi-final de Copa do Brasil contra o Botafogo. Em Minas, ninguém esquece José Roberto Wright. Afinal, foi ele quem tirou do Galo o título da Libertadores lá em Goiânia, a favor de quem? Do Flamengo...
No Brasil, sempre o mais forte na mídia levanta mais investimentos, proporciona mais dividendos à CBF e à Rede Globo e por isso acaba sendo favorecido. Ninguém acha interessante o Cruzeiro ser o campeão deste ano a não ser os próprios cruzeirenses. Como é ano do centenário corinthiano, o time de maior torcida no país, e por isso, mais rentável ao grupo CBF-Globo, nada mais justo que o Timão leve mais esta. Mesmo que seja favorecido pela arbitragem, comandada pela CBF e pela mídia, comandada pela Rede Globo, detentora dos direitos de trasmissão. Assim como foi em 2005, onde inventaram um juiz corrupto, para anular alguns jogos e favorecer o Timão em detrimento do Colorado Gaúcho. Como este ano, Cruzeiro e Fluminense não exercem supremacia sobre o time paulista, não é preciso mexer nos bastidores, basta o juiz ajudar dentro do campo...
Foi mais do que justo a vitória do Vettel sobre o Alonso. A Ferrari na base da desonestidade, fez jogo de equipe o tempo todo, em detrimento a Felipe Massa. Foi vergonhoso ver aquela corrida maravilhosa, ser definida com uma ordem de box dada a Massa para deixar passar o espanhol. Mas a vendetta não tardaria e viria da melhor forma: o espanhol egocêntrico e pirracento sendo barrado pelo russo Petrov que não tinha passado seu telefone para o comando da Ferrari. Talvez o título ficasse em melhores mãos se ficasse com o Mark Webber, o piloto mais regular da temporada. Mas não ficou ruim nas mãos do alemão Vettel. Afinal, a Ferrari foi punida dentro da pista do seu jogo de equipe.
Que o futebol brasileiro siga o exemplo do beisebol americano. Só pra constar, este ano os Yankees foram eliminados nas semi-finais pela equipe de menor folha salarial da MLB, o Texas Rangers. Lá, o Davi pode vencer o Golias. Ontem, o Goiás deu uma lição na arrogância palmeirense de achar que a partida estava ganha. Um bom sinal. Que cada vez mais, o público veja a necessidade do Davi vencer o Golias na bola, dentro de campo. Sem ajuda de juiz, de bandeirinha famoso e coisa e tal. Que o trio maléfico CBF-Rede Globo-Clube dos 13 seja desfeito e que o poderio futebolístico seja no talento, na bola, nas boas práticas esportivas e não definido pelo fator geográfico. Caso contrário, que os times preteridos abandonem o trio maléfico, criem uma liga própria e discutam com o público o valor do futebol brasileiro. Deixa Rio-SP com os times deles, pois o que dá liga ao futebol são os times de fora.
Que a ética prevaleça no esporte e que possamos ver cada vez mais como normalidade a vitória do Davi sobre o Golias.

Belo Horizonte, 25 de novembro de 2010.

3 comentários:

Fabio Menuci disse...

Caro amigo. Já ouvi muito falar sobre os Yankees "comprar" os titulos. Acontece que capacidade do financeira do time nem sempre dá exelentes resultados. Se você pode acompanhar esse ano o vencedor foi o Giants. Seu comentário tem sim fundamento, mas prefiro acreditar que nem sempre o mais rico vence, e sobre o Corinthians, você acha que o favorecimento naquele dia foi intencional?

Siga o meu blog sobre os Yankees

http://newyorkyankeesbrasil.blogspot.com/

Blog do Deiber disse...

Fábio, muito bom saber que estou falando com um fã dos Yankees. Não gostava de beisebol, e estou aprendendo a gostar por causa do Yankees. Quero seguir o seu blog.
Gostaria de ilustrar seu comentário com dois fatos: o primeiro, sobre o Yankees, é a ida do Cliff Lee para os Phillies, uma proposta inferior à feita pelo time de NY.
Sobre o Corinthians, apenas o fato de que estão escolhendo à força um estádio para a abertura da copa de 2014 que nem sequer projeto executivo parece ter. Se isto não for favorecimento ao timão, então não sabemos mais o que pode ser...
Obrigado pelo seu comentário, ele é muito importante e me motiva a escrever cada vez mais.
Um abraço!

Fabio Menuci disse...

Eu agradeço. Segue o blog e qualquer duvida sobre baseball é só perguntar.

abraço