Por Deiber Nunes Martins
Estava com este texto preso na garganta desde a vitória do Vettel sobre o Alonso, na Fórmula 1. Há muito tenho visto o esporte ser acometido por esta onda de imoralidade e falsidade, onde o vencedor não é mais o competente, o talentoso e sim, o de maior poderio financeiro e mercadológico. Não se vence uma partida mais por mérito e sim por poder de mídia, o que os incautos insistem em confundir com "peso da camisa".
Tudo bem, no automobilismo, a tecnologia é preponderante para o êxito. Assim, o poderio das equipes se fez. "Peso da camisa" na principal categoria do automobilismo resume-se com justiça a Ferrari, McLaren, Renault e Williams, sendo gratas surpresas a Red Bull e a Mercedes GP. No entanto, foi-se o tempo em que a tradição das marcas prevalecia sobre o capital. A partir do momento em que os motor-homes se tornaram palacetes reais sobre rodas, o automobilismo deixou de ser definido na pista. Michael Schumacher tornou-se o maior piloto de todos os tempos numa época em que a tecnologia faz quase tudo para o piloto. O público jovem passa a admirar um mero apertador de botões, sem levar em conta os verdadeiros heróis deste esporte tão encantador: Juan Fangio, Alain Prost, Nelson Piquet, Nigel Mansell, o inigualável Ayrton Senna...
Saindo das corridas de carro e passando pelo beisebol. Um esporte desconhecido do público brasileiro mas famoso no restante do mundo e paixão nacional no Japão, Venezuela e EUA, só pra citar os três. A maior liga deste esporte, a Major League Baseball ou MLB tem como principal vencedor o New York Yankees, com o maior número de títulos conquistados. Para os rivais, os Yankees não vencem títulos, os Yankees compram títulos. Entendendo melhor, o maior vencedor do beisebol americano é a equipe mais rica. Assim sendo, é de se esperar que a mesma consiga reunir os melhores jogadores em seu lineup (lainape ou plantel pra falarmos no bom português).
E por fim, só para citar três esportes, o futebol. E aqui a confusão é generalizada. No mundial interclubes, o que se vê todo ano é a batalha Davi-Golias, com os primeiros sempre do continente americano e o gigante sempre do futebol europeu. Dá-se uma importância desmedida a Uefa Champions League, por ela reunir as equipes de futebol mais ricas do planeta. Mas o que qualquer bom entendedor do futebol vê, sem a maquiagem dos comentários esportivos é um futebol artificial, sem garra, sem paixão. Um futebol onde os craques são burocratas e fazem do seu ofício uma obrigação enfadonha. Já se foi o tempo da Copa dos Campeões de Van Basten, Rudd Gullit, Zinedine Zidane. Hoje, sou obrigado a aceitar que Ibrahimovic e Cristiano Ronaldo são craques e pronto!
Mas o futebol dá pano pra manga... Viram o que aprontaram com o Cruzeiro, há algumas semanas? Sou atleticano mas preciso reconhecer que foi um golaço da arbitragem aquele pênalti marcado no Ronaldo, a favor do time Corinthiano. Me perdoem os favoráveis e os corinthianos mas aquilo nunca foi penal! E se o foi, o que o atacante cruzeireiro sofreu no primeiro tempo, do goleiro, foi muito mais. Ora, se um penal muito menos foi marcado, o muito mais teria de ser também. Abro espaço aqui para falar de Futebol Americano a NFL e também do tênis. Esportes onde o recurso tecnológico é aceito. No caso de Cruzeiro e Corínthians era necessário que ao final do jogo, as câmeras de TV fossem acionadas e que o penalti não dado a favor do time azul fosse cobrado. Era o mínimo que a moralidade esportiva merecia. E olha que sou atleticano hein! Mas infelizmente o futebol brasileiro é um caso à parte...
O meu Galo por exemplo, já foi prejudicado pela arbitragem brasileira inúmeras vezes. A maioria delas contra os times do eixo Rio-SP. É duro aceitar que Carlos Eugênio Simon seja ao mesmo tempo juiz de copa do mundo e carrasco do Atlético naquela partida de semi-final de Copa do Brasil contra o Botafogo. Em Minas, ninguém esquece José Roberto Wright. Afinal, foi ele quem tirou do Galo o título da Libertadores lá em Goiânia, a favor de quem? Do Flamengo...
No Brasil, sempre o mais forte na mídia levanta mais investimentos, proporciona mais dividendos à CBF e à Rede Globo e por isso acaba sendo favorecido. Ninguém acha interessante o Cruzeiro ser o campeão deste ano a não ser os próprios cruzeirenses. Como é ano do centenário corinthiano, o time de maior torcida no país, e por isso, mais rentável ao grupo CBF-Globo, nada mais justo que o Timão leve mais esta. Mesmo que seja favorecido pela arbitragem, comandada pela CBF e pela mídia, comandada pela Rede Globo, detentora dos direitos de trasmissão. Assim como foi em 2005, onde inventaram um juiz corrupto, para anular alguns jogos e favorecer o Timão em detrimento do Colorado Gaúcho. Como este ano, Cruzeiro e Fluminense não exercem supremacia sobre o time paulista, não é preciso mexer nos bastidores, basta o juiz ajudar dentro do campo...
Foi mais do que justo a vitória do Vettel sobre o Alonso. A Ferrari na base da desonestidade, fez jogo de equipe o tempo todo, em detrimento a Felipe Massa. Foi vergonhoso ver aquela corrida maravilhosa, ser definida com uma ordem de box dada a Massa para deixar passar o espanhol. Mas a vendetta não tardaria e viria da melhor forma: o espanhol egocêntrico e pirracento sendo barrado pelo russo Petrov que não tinha passado seu telefone para o comando da Ferrari. Talvez o título ficasse em melhores mãos se ficasse com o Mark Webber, o piloto mais regular da temporada. Mas não ficou ruim nas mãos do alemão Vettel. Afinal, a Ferrari foi punida dentro da pista do seu jogo de equipe.
Que o futebol brasileiro siga o exemplo do beisebol americano. Só pra constar, este ano os Yankees foram eliminados nas semi-finais pela equipe de menor folha salarial da MLB, o Texas Rangers. Lá, o Davi pode vencer o Golias. Ontem, o Goiás deu uma lição na arrogância palmeirense de achar que a partida estava ganha. Um bom sinal. Que cada vez mais, o público veja a necessidade do Davi vencer o Golias na bola, dentro de campo. Sem ajuda de juiz, de bandeirinha famoso e coisa e tal. Que o trio maléfico CBF-Rede Globo-Clube dos 13 seja desfeito e que o poderio futebolístico seja no talento, na bola, nas boas práticas esportivas e não definido pelo fator geográfico. Caso contrário, que os times preteridos abandonem o trio maléfico, criem uma liga própria e discutam com o público o valor do futebol brasileiro. Deixa Rio-SP com os times deles, pois o que dá liga ao futebol são os times de fora.
Que a ética prevaleça no esporte e que possamos ver cada vez mais como normalidade a vitória do Davi sobre o Golias.
Belo Horizonte, 25 de novembro de 2010.
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3 comentários:
Caro amigo. Já ouvi muito falar sobre os Yankees "comprar" os titulos. Acontece que capacidade do financeira do time nem sempre dá exelentes resultados. Se você pode acompanhar esse ano o vencedor foi o Giants. Seu comentário tem sim fundamento, mas prefiro acreditar que nem sempre o mais rico vence, e sobre o Corinthians, você acha que o favorecimento naquele dia foi intencional?
Siga o meu blog sobre os Yankees
http://newyorkyankeesbrasil.blogspot.com/
Fábio, muito bom saber que estou falando com um fã dos Yankees. Não gostava de beisebol, e estou aprendendo a gostar por causa do Yankees. Quero seguir o seu blog.
Gostaria de ilustrar seu comentário com dois fatos: o primeiro, sobre o Yankees, é a ida do Cliff Lee para os Phillies, uma proposta inferior à feita pelo time de NY.
Sobre o Corinthians, apenas o fato de que estão escolhendo à força um estádio para a abertura da copa de 2014 que nem sequer projeto executivo parece ter. Se isto não for favorecimento ao timão, então não sabemos mais o que pode ser...
Obrigado pelo seu comentário, ele é muito importante e me motiva a escrever cada vez mais.
Um abraço!
Eu agradeço. Segue o blog e qualquer duvida sobre baseball é só perguntar.
abraço
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