domingo, 30 de maio de 2010

Nossa Senhora do Desterro


Por Deiber Nunes Martins
Fonte: www.fatima.com

Quem visita a catedral de Florianópolis tem sua atenção vivamente chamada para uma bela escultura de Nossa Senhora do Desterro, colocada num altar lateral. Trata-se de um conjunto representando São José puxando um burrico, sobre o qual está a Virgem Santíssima com o Menino Jesus ao colo.
A artística e piedosa obra, de autoria dos escultores Demetz, é feita de madeira de tília, em tamanho natural, e evoca a fuga da Sagrada Família para o Egito.
A capital de Santa Catarina, durante mais de dois séculos, chamou-se Nossa Senhora do Desterro, pois nasceu em torno da capela com essa invocação, construída em 1673 por Francisco Bias Velho, que morreu heroicamente alguns anos depois na própria igreja, defendendo o povo contra um ataque de piratas.
Entretanto, em 1894, para homenagear o segundo presidente da República, Floriano Peixoto, os republicanos mudaram o piedoso nome da capital catarinense de Nossa Senhora do Desterro para Florianópolis...
'Levanta-te, toma o Menino e sua Mãe, e foge para o Egito'
Pouco tempo depois da adoração dos Santos Reis Magos, um Anjo apareceu em sonhos a São José e disse-lhe: 'Levanta-te, toma o Menino e sua Mãe, e foge para o Egito, e fica lá até que eu te avise; porque Herodes vai procurar o Menino para O matar' (Mt. 2, 13).
O Santo Patriarca, sem discutir as ordens de Deus, pôs-se logo a caminho com o Menino Jesus e a Santíssima Virgem, servindo-se do mesmo burrico que utilizara no trajeto de Nazaré a Belém.
A viagem foi longa e penosa, mas também com muitas consolações. Conta a tradição que uma tamareira, junto à qual a Virgem repousara com o Divino Infante, inclinou-se para que seus frutos ficassem ao alcance de suas virginais mãos.
Registra a tradição que, noutra ocasião, a Sagrada Família foi atacada por salteadores, mas estes não lhes fizeram nenhum mal, em atenção ao pedido de um jovem membro da quadrilha, que foi mais tarde o Bom Ladrão, morto na cruz ao lado de Nosso Senhor, e venerado depois com o nome de São Dimas.
Chegando ao Egito, a Sagrada Família passou a residir numa pequena gruta na cidade de Heliópolis, onde havia uma colônia judaica, e um templo em honra do verdadeiro Deus, que quase igualava em magnificência ao de Jerusalém.
Volta para Nazaré
A Sagrada Família passou longos meses no Egito, até que um dia, morto Herodes, apareceu novamente o Anjo do Senhor ao Patriarca São José, durante o sono.
Ordenou-lhe o embaixador de Deus: 'Levanta-te, toma o Menino e sua Mãe, e vai para a terra de Israel, porque morreram os que procuravam matar o Menino'. São José, obedecendo imediatamente, tomou o Divino Infante e a Santíssima Virgem, partindo em direção à terra de Israel. 'Mas, ouvindo dizer que Arquelau reinava na Judéia em lugar de seu pai Herodes, temeu ir para lá; e, avisado em sonhos, retirou-se para a Galiléia. E indo para lá, habitou na cidade que se chama Nazaré, cumprindo-se deste modo o que tinha sido predito pelos profetas: 'será chamado Nazareno`' (Mt. 2, 20 a 23).

Temos um caminho a percorrer. Nem sempre este é coberto de flores. E se o é, acaba tendo espinhos também. É o momento do exílio, do recolhimento, da tristeza. Muitas vezes somos obrigados a passar pelo sofrimento para entendermos o valor da Cruz. A Sagrada Família precisou fazer este caminho, para ter este discernimento, esta sabedoria, da vontade de Deus. Que Nossa Senhora do Desterro nos ensine na caminhada, o sentido da vida. Que possamos por sua valorosa intercessão fazer a diferença na vida do outro. Na imagem do Desterro, todos fazem a sua diferença: a Mãe que conduz em seu colo confortável o Filho, o Pai, que puxa o burrico e provê a Família na caminhada, o burrico que serve como amparo ao cansaço da Mãe, sendo também o meio de transporte e o Filho que é a razão de ser de todos eles e todos nós. Que possamos assim, ver nas coisas mais simples, o seu valor e significado e assim, caminharmos para a Glória no Céu, amém.
Belo Horizonte, 30 de Maio de 2010.

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