Por Deiber Nunes Martins
O que será o politicamente correto? Esta semana o presidente do Atlético, Alexandre Kalil, declarou em entrevista a Rádio Bandeirantes, que se o torcedor atleticano pegasse algum jogador na balada, na vida noturna de Belo Horizonte, que poderia, cobri-lo de pancada. Soou agressivo e logo os veículos ligados à Rede Globo declararam que Kalil estava incitando a violência, etc e etc... A noite, o presidente atleticano em entrevista à Rádio Itatiaia disse que se tivesse ficado politicamente incorreto o seu dizer, que a torcida, ao encontrar o jogador na balada, que lhe pagasse um drink.
É preciso analisar todo o contexto para se verificar o que é politicamente correto em questão. Em tempos passados, o Atlético montou a chamada “selegalo” que representou um fiasco nos campos e um sucesso nas noitadas da capital. Recentemente, a “Selegalo” foi lembrada em tom de chacota. Aliás, o Galo há muito vem sendo tratado como chacota pela imprensa esportiva no Brasil. Mas isso não vem ao caso...
O que me interessou na notícia foi a conceituação de politicamente correto. Há uma discrepância enorme entre o politicamente correto e o que é amoral, ou condenável pela sociedade. Interessante pensar que nem todos conseguem discernir sobre esta conceituação, o que permite pensar que o termo é usado de qualquer maneira, por qualquer um.
Mais interessante ainda é o fato de que a distorção do termo permite que se trate o politicamente correto não como um antônimo do incorreto, mas como uma extensão deste. Explico: o politicamente correto é tido como o que está de acordo com a lei e com o status quo sendo amplamente elogiado visto que os bons exemplos são escassos em uma sociedade cada vez mais positivista e pessimista como a nossa. Acontece que o politicamente incorreto (que pretendo tratar em outro texto) sempre é tratado como cult, como algo a se conhecer, bem feito, trabalhado e por assim dizer elogiado. Figuras politicamente incorretas são tão ouvidas quanto às corretas, daí a extensão do conceito. Voltando à esfera futebolística, o presidente do Atlético sempre será notícia com sua verve politicamente incorreta ao passo que outros cartolas nem sempre serão, visto que desejam manter suas imagens longe da discussão sobre correto e incorreto.
Diante de tudo isso, fico a pensar na importância de uma coisa ou da outra. E se a massa crítica não está mesmo com a razão, sendo o politicamente incorreto, um complemento ao correto. E os contrários, algo totalmente radical e intolerável. Deste modo, falar alto demais seria algo totalmente alheio ao politicamente correto e incorreto e por esta razão intolerável. Mas falar baixinho, cochichar, seria politicamente correto, recomendável. Mesmo que estejam cochichando sobre nós.
É por estas e outras que prefiro ficar fora dos limites do que é político para ser exclusivamente do meu jeito.Sem ter que me preocupar com o que é politicamente correto ou incorreto. Melhor neste quesito ser apolítico...
Porque no fim das contas, nós sempre confundimos tudo.
Belo Horizonte, 09 de Setembro de 2010.
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