Por Deiber Nunes Martins
A premiação do Oscar sempre é marcada por algumas injustiças. Neste ano, talvez a maior delas seja o filme “Na Natureza Selvagem”. O filme é uma grata surpresa e encanta por seu lirismo e pela mensagem que deixa. “In the Wild” (título do filme em inglês) conta a história de Chris McClandess, um jovem em busca de aventura que resolve seguir para o Alasca tão logo completa seus estudos. A atitude carregada de altruísmo e desprendimento representa uma fuga e uma busca. Uma fuga dos traumas do passado e a busca pela felicidade.
Em termos técnicos, “In the Wild” é um filme que merece todo elogio. Seu ponto alto é a fotografia magnífica, que realça as belas paisagens ao mesmo tempo em que permite tomadas interiores, closes bem sacados, ilustrando o clima de solidão do personagem. A trilha sonora, belíssima, é assinada por Eddie Vedder, vocalista do Pearl Jam. Sobre a trilha ela também ilustra a ansiedade e a busca incessante do personagem principal por um estado de espírito que acredita ele, ser a felicidade.
O filme aborda conflitos familiares, traumas do passado e aventura. Esta aventura é ilustrada de modo brilhante pela fotografia, e pelos efeitos de som, adequados à proposta de Sean Penn. Sobre ele, o seu roteiro bem amarrado e bem construído, prende o expectador do início ao fim. Em quase duas horas e meia de projeção, não existem buracos no roteiro e apesar da narrativa ser complexa, com suas idas e vindas no tempo e as constantes digressões, o filme em momento algum se torna enfadonho. Fruto de um bom trabalho de montagem, digno de uma estatueta.
Não são poucos os quesitos que merecem o Oscar neste filme. A começar da parte técnica, passando por interpretações delicadas e primorosas, como as de Willian Hurt, como Walt McClandess, o pai de Chris, ou de Hol Holbrook, que interpreta o velho Ron Franz. A narrativa feita de dentro de dois personagens, o próprio Alexander e Carine McClandess, sua irmã apesar de ser complexa, não compromete e ainda contribui para o bom andamento do filme.
Mas sem dúvida alguma, o ponto que mais impressiona na obra é a interpretação visceral de Emile Hirsch, na pele de Chris/Alexander. O jovem atormentado pelos fantasmas do passado. Hirsch segura bem o personagem, com todos os seus conflitos e fraquezas. Uma interpretação a meu ver, superior até ao irrepreensível trabalho de Daniel Day Lewis em “Sangue Negro” que lhe rendeu o Oscar. Mas a Academia tem as suas razões...
O filme de Sean Penn deixa boas mensagens, aborda temas delicados como a religiosidade sem cair em clichês. É uma obra que fala sobre pais e filhos, sobre o amor, de maneira delicada e significativa. Também fala sobre amizades verdadeiras e sobre os elos que esta é capaz de construir. Um filme pra ser visto, degustado e guardado no coração.
Belo Horizonte, 10 de julho de 2008
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