Nossa Senhora da
Expectação do Parto
(Por Deiber Nunes Martins)
“Seja como
for, ali estávamos os dois, noivos ainda e iminentes esposos. Eu grávida do Espírito
Santo e esperando o Messias, ele sem saber o que fazer nem que papel deveria assumir
comigo e com meu filho. (...)
‘Perdoa-me’,
disse, ‘nunca deveria ter duvidado de ti. Se te ofendi, embora sem querer,
tenho como desculpa o fato de que teu pai não quis dar explicação alguma quando
me contou tudo. Eu devia acreditar no impossível. Tu mereces que se aceite que
os burros voem antes de se duvidar de tua honra (...)’
Dito isto,
(José) estendeu o braço sobre a mesa e me segurou a mão. Esperava um gesto meu,
suplicava isso não só com a mão, pois seus olhos estavam úmidos e seu olhar era
de alguém trespassado pela dor e pela vergonha, que espera uma carícia como
sinal de que foi perdoado. Não me fiz de rogada. Apertei sua mão com a minha –
era a primeira vez que nos tocávamos – e fui mais longe: trouxe sua mão a meus
lábios e a beijei com ternura.
‘José’,
disse-lhe corajosamente, com palavras que até pouco tempo me julgava incapaz de
pronunciar, ‘te quero muito. Serei tua mulher por vontade própria. (...) Sem dúvida,
entre nós algumas coisas serão diferentes do que ocorre em outros casamentos. Não
teremos mais filhos nem as relações normais entre marido e mulher. Quero que
saibas agora, enquanto ainda está em tempo de dissolver tudo. Esta é uma decisão
que eu tinha tomado antes e não sabia como te explicar, nem se seria justo
exigir-te isso. Sempre sonhei ser inteira de Deus.(...) Em definitivo, o que
conta é que tu e eu precisamos entender bem que temos uma grande missão a
cumprir. Eu serei a mãe do Messias e tu serás o Pai. (...)’
José se
comportou como um homem de Deus que era. Enquanto falava, estava muito sereno e
notei que lhe custava assumir o fato de que nossas relações não seriam normais
como marido e esposa. Porém notei também que aceitava tudo porque sabia que era
Deus que pedia. Mal terminei de falar levantou-se, deu a volta à mesa e me
pediu permissão para beijar-me na fronte. Dei-lhe permissão, me abraçou e
disse-me ao ouvido: ‘Amada minha, disseste-me o mais importante que eu
precisava ouvir, sem o que minha alma estaria penando a vida toda, ainda que
viesse a passar por tudo pelo amor a Deus e a ti. Disseste-me o que me querias,
que vais ser minha mulher e que estás enamorada de mim. Tudo o mais é supérfluo.
O amor, compreendi nesses dias, não é só um contato físico. Respeitarei tua
virgindade e te oferecerei a minha, para que sejam úteis ao Senhor. (...)”
(Trecho do
Livro “O Evangelho Secreto de Virgem Maria, de Santiago Martín, Ed. Paulus)
A origem de
Nossa Senhora da Expectação é espanhola. Popularmente conhecida como Nossa
Senhora do Ó, devido ao fato de que nas antífonas maiores da Liturgia das
Horas, sempre começarem com o “Oh”, a Virgem ficou conhecida como a “Nossa
Senhora do Ó”. É a imagem de Maria grávida. Imagem esta que causou muita polêmica
no século XIX, quando o estímulo ao dogma da Imaculada Conceição, contrastava
com a imagem da Virgem em estado de gravidez.
A expectação
do parto é o momento sublime não só de quem espera ansiosamente o nascimento do
filho, mas também o desejo que a vontade de Deus se cumpra e que assim, ela se
torne corredentora da humanidade.
A festa de
Nossa Senhora do Ó, foi instituída no Concílio de Toledo, no século VI, ao dia
18 de dezembro. No Brasil, a devoção à Virgem do Ó, ganha destaque em Olinda, São
Paulo, Itamaracá e na cidade histórica de Sabará, em Minas Gerais , onde a
Igreja do Ó, uma das mais belas Igrejas do mundo, por conta de sua
simplicidade, atrai milhares de turistas.
Oração: Ò
Virgem do Ó, Maria Expectante, que a espera por teu filho crie também em nós, o
desejo de sermos melhores. Que possamos gestar Cristo em nossas atitudes, em
nossas decisões e em nossos afazeres. Onde quer que estejamos, Nossa Senhora da
Expectação, permita-nos levar Jesus, com o nosso exemplo e as nossas intenções.
Amém.
Belo
Horizonte, 29 de Maio de 2013.
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