Nossa Senhora da
Agonia
(Por Deiber Nunes Martins)
“Voltou a Betânia dois dias antes da Páscoa.
Creio que o fez somente por mim, para dar-me o último adeus e receber, uma vez
mais, meus beijos e meu consolo, de que tinha tanta necessidade naquelas horas
escuras.
Passamos a manhã juntos. De novo preferiu
passear pelos caminhos que fazem a comunicação entre os hortos ao redor do
povoado. Queria afastar-se do movimento da casa e não desejava testemunhas para
o que tinha a me dizer. Estava agitado. Se diante dos outros sempre mostrava
bom humor e um notável poder de decisão, exortando todos a cumprir a vontade de
Deus e lembrando-lhes que o que iria acontecer estava previsto pelo Altíssimo,
comigo desabafava e não ocultava sua angústia, seu temor e inclusive suas dúvidas.
Sim, João, suas dúvidas. Tu sabes que as teve. Agora já o sabeis todos. Sabeis o
que foram as horas de oração solitária no horto das oliveiras enquanto vós dormíeis.
Mas na ocasião não sabíeis, sequer suspeitáveis. Acostumados a vê-lo sempre
firme, em pé, sereno e poderoso, havíeis esquecido que ele era, também, um ser
humano. Porém eu, que o havia carregado em meus braços, não podia esquecer
isso. Aquele homem capaz de fazer os maiores milagres era, não obstante, uma
pessoa e, como tal, tinha seus momentos escuros, suas angústias, suas tentações.
Também, precisamente porque era verdadeiramente homem e não uma estátua de mármore,
dessas que os pagãos colocam em seus templos, tinha necessidade de ser
consolado, de ser ajudado, de ser apoiado em suas terríveis lutas internas. Isto
nenhum de vós conhecia, nem tu que estavas tão perto do seu coração. Só uma
mulher consegue captá-lo, e creio que por isso fomos nós que soubemos ajuda-lo
mais naqueles difíceis momentos. Mas nem sequer as outras poderiam chegar onde
eu tinha entrada. Porque eu era sua mãe e comigo não havia necessidade de
fingir, de ocultar, nem de esconder nada para não me abalar ao me oferecer o
espetáculo de um homem angustiado, é que veio a mim como um menino perdido e
assustado em busca de apoio quando já lhe faltava pouco para terminar sua
carreira e chegar à meta final.”
(Trecho do Livro “O Evangelho Secreto da
Virgem Maria”, de Santiago Martín, Ed. Paulus)
Em Viana do
Castelo, em Portugal, existe um santuário dedicado a Nossa Senhora da Agonia,
situado bem próximo ao mar. E esta devoção vem do mar. Região pesqueira, os
pescadores e seus familiares se apegavam sempre a Nossa Senhora devido ao mar
sempre agitado da região e os constantes perigos de naufrágio. Constantemente,
os tufões atiravam as embarcações em uma falésia conhecida como “Penedo Ladrão”.
A partir daí
que nasceu a devoção a Nossa Senhora da Agonia. Os pescadores e suas famílias
se colocavam de joelhos suplicantes a Nossa Senhora por suas vidas e pelas
vidas dos seus. E a Mãe de Jesus sempre de prontidão e ouvidos abertos a agonia
de seus devotos e pedintes, concede a vida a todos os que a procuram.
Oração:
Nossa Senhora
da Agonia, vós sentistes agonia ao receber seu Filho Jesus, dois dias antes da
Páscoa, quando Ele já conhecia o que estava por vir e partilhaste contigo. Ajuda
aos pais que hoje imploram por seus filhos presos ao vício da droga. Sede o
conforto e o porto seguro dos pedintes que clamam por seus filhos perdidos. Atendei
aos inúmeros pedidos de pais e mães que em agonia extrema, não têm mais a quem
recorrer por seus filhos e filhas. Atende ó Virgem da Agonia, aos que sofrem do
flagelo dos vícios e desejam libertação. Peça a teu Filho Jesus que não os
desampare. Olhai, Senhora por todos dependentes químicos, e escravos de todos os vícios
e compulsões. Olhai também, ó mãe, por suas famílias. Nossa Senhora da Agonia,
rogai por nós!
Belo
Horizonte, 24 de Maio de 2013
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