terça-feira, 4 de março de 2008

Tudo Perto, Tudo Certo, Tudo Natural!

Por Deiber Nunes Martins

Estou pronto...
Que se abram as portas, eu estou pronto! Realmente, estou preparado. Estou pronto para matar, pronto pra morrer. Pronto para o que tiver de ser. É assim que se encaminha e será deste jeito. Não do meu jeito. Do meu jeito, talvez ninguém se machucasse ou não. Sinceramente, o meu jeito não é o mais adequado. Então, que se abram as portas... estou pronto!
Não há o que fugir, pra onde correr. Vamos enfrentar o que vier. Estou pronto como nunca estive. E este é o momento, o melhor momento. Depois disso nada será como antes. Então que seja deste jeito e não do nosso. É chegada a hora e o momento é agora. Vamos em frente, abram as portas!
As pessoas começam a aglomerar-se. Pequenos tumultos começam. Todos querem começar e estão prontos. Eu estou pronto! Vamos esperar as portas se abrirem. Vamos ver o que vai vir. E seja o que Deus quiser. É o momento e não vou fugir dele. Sim, eu estou pronto. É agora ou nunca!
Espera, uma pessoa vai falar alguma coisa. Ela vai dizer:
“Em instantes, abriremos os portões! Fiquem atentos e não façam tumulto! Vamos começar!”
Deixa eu me preparar, os portões vão se abrir. É o momento da vida de todos nós. É a única oportunidade porque é agora! Não tem um amanhã. Estou pronto. Definitivamente estou pronto para o que vem por aí. Pronto pra matar ou morrer. Estou preparado para o momento único da vida, o agora. Vamos começar.
Gostaria de saber o que vai ser de nós. Gostaria de saber o que encontrarei pela frente. A incerteza me fere e ao mesmo tempo me faz forte. Não saber o que esperar, me faz esperar por tudo. E me faz ter mais medo. O medo que eu nunca tive.
Mas olha só o que temos aqui! Que bela menina! Que sorriso lindo o dela! E é para mim. Acho que não vou conseguir me concentrar em mais nada, só no sorriso desta garota... De onde ela é? O que ela quer? Será que ela está pronta? O que será de nós dois?
Espera, eles vão abrir, agora não tem mais jeito! As portas estão para abrir. Já não dá nem pra respirar com esse povo todo nos espremendo! Espera um pouco, já não sei se não tenho medo. Parece que tem um fiozinho de medo aqui dentro de mim. Não sei porque, o sorriso desta menina me fez perceber o quão fraco eu sou e o quanto de medo eu tenho. Sim, eu tenho medo, por causa dela. O que vou fazer? Não dá mais pra voltar. E ela não pára de me sorrir! Não consigo pensar em mais nada, só no sorriso dela!
Pronto! Abriram! Portas abertas, portões abertos. As pessoas correm como se fugissem da morte. Tento não correr, não adianta, eu vou chegar de qualquer jeito! A menina continua sorrindo e agora caminha do meu lado. Raios! Ela não pára de me sorrir e porque ela não foi a frente com os outros? Por que ela insiste em caminhar junto de mim? Será que ela não sabe que eu não me pertenço mais e será assim com ela também? O que será que ela pensa? Quem é essa garota?
Não dá mais pra voltar. Entramos! Agora é o compasso da espera a nos dizer o que virá. Tem gente pronta até demais! Que coisa! Eu não estou tão pronto assim... Não estou preparado assim como talvez deveria? O que virá? Eu não sei. Parece que esta garota vai continuar me olhando e me sorrindo... assim, vou cuidando dela e ela de mim. E nada mais. Mas, eu não estou pronto. Mesmo assim, venha o que tiver de vir. Estamos aqui, juntos contra o resto se preciso for. E não vamos mais a lugar nenhum. Espera! Ela tá me dizendo alguma coisa. Não sei bem o que é, mas parece que é algo assim:
“Tudo certo, tudo perto, tudo natural...”
E mais ela diz que também não está pronta! Tudo bem! Quem é que está? Não estamos prontos, mas quem será que está?

Belo Horizonte, 04 de Março de 2008.

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