Por Deiber Nunes Martins
Tenho percebido em minha atividade profissional e no dia a dia, a importância de se manter humilde diante das situações. A humildade talvez, seja a virtude mais improvável do ser humano, justamente por exigir deste uma postura ao qual não se está acostumado a ter. Deste modo, ser humilde no mundo contemporâneo às vezes parece sinal de loucura.
No entanto, numa sociedade marcada pelas regras e pela obediência a estas, a humildade é uma arma. E ser humilde pode ser o diferencial daqueles que vão além, sobretudo ao campo profissional. Mas, o que quer dizer esta humildade, o que quer dizer ser humilde?
Ser humilde é reconhecer-se limitado, reconhecer-se imperfeito. E realmente o somos! Não podemos resolver todos os problemas, não somos capazes de fazer tudo. Por isso, a humildade é um exercício de sinceridade do ser humano com ele mesmo. Não se trata aqui de uma ação externa, em relação aos outros, mas sim de um compromisso consigo mesmo de reconhecer o quão limitado somos.
A humildade por vezes é uma virtude mal interpretada pelas pessoas. Muitas delas a consideram um sinal de fraqueza diante do oponente, o que é justamente o contrário. O humilde reconhece-se inferior porque ele é mesmo. E assim sendo tem maior liberdade de ser ele mesmo. Ao passo que o nada modesto, na obrigação de ser o melhor, vive sempre pressionado por si mesmo. Seu adversário é ele próprio e por ele ser o melhor, acaba sendo derrotado.
Nas organizações o que se percebe é exatamente isso. Muitas vezes, o empregado quer reconhecer-se superior ao seu chefe e acaba entrando em choque com ele. Muitas vezes, uma ordem recebida é cumprida parcialmente devido ao fato do subordinado reconhecer-se superior e não entender a razão de tal ordem. Geralmente estes são aqueles que não reconhecem o seu lugar, a sua posição. Então vem o choque. E na maioria das vezes, quem está em nível inferior é quem sai perdendo.
Reconhecer-se incapaz de mudar uma situação é o primeiro passo para a mudança. O líder de verdade é aquele que se reconhece na condição de incapacidade perante a todos os problemas e que por isso, precisa de ajuda para solucioná-los. Isto em momento algum retira dele a condição de líder, mas o fortalece para os embates futuros. Além disso, o líder em sua posição de humildade tem a prerrogativa de nenhum outro líder: a prerrogativa do erro.
Não somos e nunca seremos perfeitos. Perfeito, só o Criador. Reconhecer-se imperfeito e humilhar-se diante do outro é ser verdadeiro consigo mesmo. Esta é a maior verdade que podemos dizer. Todas as disposições em contrário criam uma ilusão para os outros, sobre a nossa capacidade. E quando a verdade vem a tona, quebram-se os mitos. Nada pior que um herói de brinquedo na vida real. E o mundo está cheio de heróis de brinquedo. É preciso super-heróis de verdade, aqueles que são iguais a qualquer um, frágeis, limitados, passíveis de erro. São estes heróis que podem fazer realmente a diferença.
Belo Horizonte, 04 de Março de 2008.
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