terça-feira, 11 de março de 2008

Atlético: 100 anos de Paixão (Parte II)

No Tempo do Luizinho
Por Deiber Nunes Martins

Uma das alegrias de ser atleticano está nas vitórias memoráveis e nos belos momentos traduzidos em jogos e em gols, ao longo de sua história centenária. Grandes craques já passaram por este time, mas eu me lembro em particular de um, que vi jogar. Luizinho. Quarto zagueiro. Hoje, pergunta pra esses meninos das categorias de base o que é um quarto zagueiro e eles vão achar graça, percebendo-se ignorantes diante da pergunta. Luizinho foi o maior quarto-zagueiro que vi jogar.
Quando se pensa em zagueiros, lembra-se primeiro de botineiros, aqueles beques sem noção que só sabem fazer faltas. Uma qualidade de todo bom zagueiro é a antecipação da jogada. E isso eu pude entender, vendo o Luizinho jogar. Quando o zagueiro antecipa a jogada, ele evita a falta. Os botineiros, ao contrário, por chegarem sempre atrasados no lance, param o ataque adversário com falta. Tem muito zagueiro carniceiro nos dias de hoje e muitos deles, chegam até a Seleção Brasileira. No tempo do Luizinho, beque era ofensa moral a qualquer zagueiro. Era comum o bom zagueiro terminar o jogo sem fazer nenhuma falta e passar jogos e mais jogos sem levar cartão. Hoje, é comum o juiz impedir o beque de terminar o jogo...
Naquele tempo, a defesa atleticana era uma muralha. Lembro-me que o Galo sempre teve bons goleiros, um deles foi o João Leite. Mas acredito que todos os goleiros daquela década de oitenta não seriam tão lembrados se não fosse o Luizinho. Lembro-me bem disso. E olha que naquele tempo haviam bons atacantes e armadores craques de bola, no futebol brasileiro. Aquela década em minha modesta opinião foi mais bem servida de craques que a década de hoje. O futebol também era melhor. Dava gosto ver um jogo de futebol. Atlético e Cruzeiro? Eram sempre jogos eletrizantes!
No tempo do Luizinho, a massa atleticana sempre ia tranqüila para o campo. Em dia de clássico, o estresse era todo do lado cruzeirense. Eles podiam ter o ataque que fosse, que passava em branco. E quando o time atleticano não ia bem, Luizinho acabava ganhando o Motorrádio como o melhor em campo...
Talvez eu seja ainda muito jovem pra ser saudosista. Mas, só se tem saudade do que é bom. E aquele time do Galo era muito bom! Hoje, falei do Luizinho. O melhor quarto zagueiro que vi jogar. Um craque que anulava os atacantes adversários fossem quem fossem. O Galo tinha um timaço! E os outros? Ah, os outros... Tremiam!]
Nos dias de hoje, a torcida atleticana, alguns saudosistas como eu, pedem a Deus que o Leandro Almeida jogue ao menos a terça parte do que o Luizinho jogou. O garoto é bom de bola e vai longe. Esperamos que ele tome o Luizinho como espelho dentro e fora de campo e ajude o Galo em suas conquistas. Que a zaga galista volte a ser a muralha daquele tempo. E que os adversários, sejam eles quem forem, voltem a tremer diante do glorioso Clube Atlético Mineiro.

Belo Horizonte, 11 de março de 2008.

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