quinta-feira, 28 de abril de 2011

Sobre o Relativismo...


Por Deiber Nunes Martins

Ainda estou assombrado com o que soube esta manhã. A participação de um sacerdote católico em uma novela global é algo que me escandaliza não pelo fato em si mas sim pelo modo como temos relativizado nossas atitudes e crenças. Temos em nossa rotina diária vários exemplos do que estou querendo dizer. É assustador e ao mesmo tempo de uma esperteza descomunal do inimigo. E como inimigo eu considero tudo aquilo que nos afasta da vontade de Deus para nossa vida. Muitas vezes esse inimigo se transverte em coisas prazerosas, boas e aparentemente salutares. É quando entra em cena o relativismo.

Relativismo é uma doutrina filosófica que prega tudo que é contrário a uma idéia absoluta, categórica. São atitudes de conveniência, de momento, que variam conforme o ambiente que estamos, condições, situações e lugares. É a validação de todo e qualquer ponto de vista. Uma doutrina, portanto, perigosa, visto que somos dotados de razão e emoção e boa parte de nossas crenças e culturas são absolutas.

Um sacerdote é a pessoa dotada de autoridade dentro de uma comunidade religiosa e por isso formadora de opinião dentro e fora desta comunidade. Em se tratando da fé católica, alguns de seus preceitos são categóricos: a Igreja Católica prega a doutrina de Jesus Cristo e a fidelidade às Sagradas Escrituras. Não é preciso aqui entrar em detalhes acerca de tais preceitos mas é presumível que tanto Jesus quanto à sua Palavra são idéias absolutas. Não há meio termo, por exemplo, sobre honrar pai e mãe. Ou você honra seu pai e sua mãe ou não. Assim como ou você pratica o adultério ou não. São preceitos categóricos que não variam conforme a época ou os costumes. É a verdade imutável de Deus. Sagrada e indelével. É a esta verdade, a que o sacerdote deve servir. Como o próprio Deus disse não poder servir a dois senhores. Ou se serve a Deus ou ao mundo.

A novela brasileira é o retrato da realidade do mundo. Seu conteúdo invariavelmente trata de situações que ofendem aos princípios básicos defendidos pela Igreja Católica. Nas tramas das novelas, geralmente há situações em que o (a) protagonista comete adultério e este é tido como positivo dentro da trama, pois aproxima esta personagem de seu “par ideal” que na maioria das vezes não é o marido ou a esposa e sim o (a) amante. Também nas tramas de novelas, vemos filhos afrontarem seus pais, vemos laços de família serem quebrados e alguns preceitos defendidos pela emissora de TV, como o espiritismo por exemplo, serem exacerbados de forma até subliminar. Já chegamos ao absurdo de ver em uma novela do antigo horário das seis, um sacerdote católico em dúvida quanto à reencarnação, preceito inaceitável dentro da doutrina católica.

Percebe-se nas novelas, forte tendência relativista.

Ao entrar para o casting de uma produção novelista, um sacerdote católico entra em contradição com os valores que defende para exercer o trabalho de ator, mesmo que representando a si mesmo. Está sendo relativista, pois está transmitindo sua fé de forma parcial. Embora haja o interesse na evangelização dentro do folhetim não está havendo coerência com os princípios cristãos. Pois a figura de um sacerdote, dentro do ambiente de uma novela atrai os fiéis para a novela, visto que o sacerdote é formador de opinião e dotado do múnus sacerdotal que faz com que este aja in persona Christi. Assim, entendo eu, que em tal atitude, os valores católicos estão sendo relativizados.

Portanto, a partir do momento em que relativizamos nossa fé católica permitimos que o inimigo retire de nós a verdade absoluta da nossa crença. Pois fazemos concessões aos valores do mundo. É preciso ter a coragem cristã de Paulo e de Pedro e defendermos nossa fé de modo categórico e absoluto. Se servimos ao Senhor, precisamos nos manter fiéis a Ele, acima de tudo. Apesar das nossas limitações, da nossa fraqueza, de nossas imperfeições, devemos ser coerentes com a nossa fé. Não devemos servir a dois senhores. Se nos percebermos servindo a qualquer outro senhor que não o Senhor Nosso Deus, então devemos reconhecer nosso erro e voltar para a misericórdia Dele. Não devemos fazer concessões ao inimigo, pois esse não nos fará nenhuma concessão no dia final. Pensemos nisso.

Belo Horizonte 28 de abril de 2011.


domingo, 24 de abril de 2011

15ª Estação: Ressurreição de Jesus


Por Deiber Nunes Martins

Vitória, tu reinarás! Oh Cruz, tu nos salvarás!
Cristo venceu! Aleluia! Ressuscitou Aleluia!

"O Filho do Homem precisa ser entregue aos pecadores, precisa ser crucificado e precisa ressuscitar no terceiro dia." (Lc 24, 7)

"(...) o anjo disse para as mulheres:
- Não tenham medo! Sei que vocês estão procurando Jesus, que foi crucificado, mas ele não está aqui; já foi ressuscitado, como tinha dito. Venham ver o lugar onde ele foi posto. Agora vão depressa e digam aos discípulos dele o seguinte: 'Ele foi ressuscitado e vai adiante de vocês para a Galiléia. Lá vocês vão vê-lo.' Era isso o que eu tinha a dizer para vocês." (Mt 28, 5-7)

"Jesus ressuscitou no domingo bem cedo e apareceu primeiro a Maria Madalena, de quem havia expulsado sete demônios." (Mc 16, 9)

"Domingo bem cedo, quando ainda estava escuro, Maria Madalena foi até o túmulo e viu a pedra que tapava a entrada tinha sido tirada. Então foi correndo até o lugar onde estavam Simão Pedro e outro discípulo, aquele que Jesus amava, e disse:
- Tiraram o Senhor Jesus do túmulo, e não sabemos onde o puseram!
Então Pedro e o outro discípulo foram até o túmulo. Os dois saíram correndo juntos, mas o outro correu mais depressa do que Pedro e chegou primeiro. Ele se abaixou para olhar lá dentro e viu os lençóis de linho; porém não entrou no túmulo . Mas Pedro, que chegou logo depois, entrou. Ele também viu os lençóis colocados ali e a faixa que tinham posto em volta da cabeça de Jesus. A faixa não estava junto com os lençóis, mas estava enrolada ali ao lado. Aí o outro discípulo, que havia chegado primeiro, também entrou no túmulo. Ele viu e creu. (Eles ainda não tinham entendido as Escrituras Sagradas, que dizem que era preciso que Jesus ressuscitasse.) E os dois voltaram pra casa." (Jo 20, 1-10)

Os Evangelhos comprovam a ressurreição de Jesus. Todos os evangelistas confirmam a ressurreição, a vitória de Jesus sobre a morte. Nenhuma vitória tem a capacidade de nos glorificar como a vitória de Jesus. Com esta vitória, Jesus abre as portas do Céu para todos nós e define o plano de salvação de Seu Pai para a humanidade. Era preciso que o cordeiro fosse imolado, morresse, mas ao terceiro dia, ressuscitasse para que pudéssemos entrar na Glória dos Céus.
A misericórdia de Deus, infinita, absoluta e por isso inexplicável muitas vezes, é refletida na entrega de Seu Filho aos pecadores, para que possamos ser salvos. Não há amor maior que este. Você é capaz de entregar seu filho para salvar a quem lhe ofende? Tal pergunta para nós parece o cúmulo do absurdo. Mas para Deus é o cúmulo do amor.
Reviver os passos da Via Sacra, terminar com a vitória suprema de Cristo, redentor do mundo é ter a oportunidade de compreender Este Deus que nos criou. Compreender sua perfeição, o Seu amor. Reviver todos os passos de Jesus é perceber o quanto precisamos ser fiéis e gratos a Ele. Sua ressurreição nos dá forças para cumprir os mandamentos, para praticar o amor e viver o que nos pede a Palavra de Deus. A ressurreição de Jesus é a diferença feita em nossa vida, tão logo abrimos mão de nosso egoísmo e vaidade e partilhamos deste tempo com o Senhor. Tanta gente tenta sentir de forma palpável o toque de Deus, tanta gente deseja um sinal dos Céus e se esquece de dar o primeiro passo. E assim, a procissão passa, as Estações da Via Sacra são vividas, rememoradas, a Graça acontece e então ficamos à margem, pois esperamos que Deus dê o primeiro passo. Acontece, que Ele já deu. E acabamos por não fazer questão disso.
Senhor, que nesta Páscoa, na festa da Ressurreição de Vosso Filho, Jesus Cristo, possamos ter uma Fé viva, nova e testemunhada no amor aos irmãos. Que possamos renunciar à nossa vaidade, ao nosso egoísmo e fazermos a diferença na vida dos irmãos, como Tu fazes na nossa. Jesus, ressuscite em nossa vida! Fazei com que nos desprendamos dos valores mundanos e te sigamos em espírito e verdade. Que pela intercessão de Nossa Senhora, Vossa Mãe e nossa, possamos viver de fato e de verdade esta Páscoa.
Senhor, louvado sejas por esta primícia. Louvado sejas por Vossa infinita misericórdia. Louvado sejas por vosso imenso amor. Não somos dignos nem capazes de te amarmos na mesma medida, Senhor. Mas que em nossa fraqueza e limitação, possamos te amar sem medidas, incondicionalmente. Amém.

Belo Horizonte, 24 de Abril de 2011.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

14ª Estação: Jesus é sepultado


Por Deiber Nunes Martins

Nós te adoramos, Senhor Jesus e vos bendizemos!

Porque pela Vossa santa cruz remistes o mundo!

Perto de um jardim, havia um sepulcro novo e neste jardim, José de Arimatéia e Nicodemos, que seguiam Jesus em segredo, sepultaram seu corpo. Todo esse processo, acompanhado do sofrimento da Virgem Maria, Maria Madalena e os seguidores de Jesus.

Jesus disse que se um grão de trigo não morrer, não dará frutos. As vezes é preciso deixar partir para que o fruto aconteça. Sepultar um ente querido, um amigo, uma pessoa do nosso convívio é algo doloroso que precisa ser vivido. É o amargo que nos serve de remédio, a dor que cura a alma. Sabemos que precisamos sentir, mas na hora... não é fácil. Despedir-se de Jesus, por tudo o que Ele fez e ensinou, certamente, foi uma dura experiência para seus discípulos. E um aprendizado também. Em toda sua vida, Jesus ensinou. E não foi diferente em sua despedida.

Senhor, que por meio de Tua dolorosa paixão, possamos aprender que a morte é um processo de cura para a vida eterna. Que por meio da Tua Paixão possamos aprender a lidar com a dor da perda. Senti-la, vivê-la e aprender com ela. Senhor, ensina-nos a extrair da dor, todo o aprendizado que ela nos oferece. Amém.

Belo Horizonte, 20 de abril de 2011.

13ª Estação: Jesus é descido da cruz


Nós te adorarmos, Senhor Jesus e vos bendizemos!

Porque pela Vossa santa cruz remistes o mundo!

José de Arimatéia foi até Pilatos e pediu o corpo de Jesus. Tão logo seu pedido foi concedido pelo governador, ele retirou o corpo da cruz e o envolveu com um lençol.

Descido da cruz, o corpo chagado de Cristo é colocado no colo da Virgem Mãe. Um momento sublime entre mãe e filho, ao qual Maria se despede do filho morto. A imagem da Virgem da Piedade é uma imagem marcante porque nos remete a dor da mãe que perde seu filho. O choro de uma mãe por seu filho que morre é algo que comove até a mais insensível das criaturas. Jesus, agora livre dos cravos e da cruz, descansa no seu melhor lugar de descanso: o colo de sua mãe.

Quão precioso é o colo da mãe! Senhor, muitas vezes não valorizamos a fundo aquela que melhor nos conhece: nossa mãe. E em muitas situações, a única coisa que nos resta é o colo dela. Senhor, ensina-nos a valorizar nossas mães, assim como Jesus exaltou e valorizou Maria. Que o colo de Maria não nos falte após carregarmos nossas cruzes de cada dia, de cada jornada. Mãezinha do Céu, passe a frente de nossas necessidades, interceda por nós e por nossas mães aqui na Terra, para que elas possam ser o nosso refúgio, como tu fostes para teu Filho Jesus. Amém.

Belo Horizonte, 20 de abril de 2011.

terça-feira, 19 de abril de 2011

12ª Estação: Jesus morre na cruz


Por Deiber Nunes Martins

Nós te adoramos, Senhor Jesus e vos bendizemos!

Porque pela Vossa santa cruz remistes o mundo!

Vendo Teu Filho, no ápice do sofrimento, Maria, que compartilhava com Ele toda dor, desfaleceu, perdeu os sentidos por alguns minutos. No momento em que a Mãe sucumbia a dor, Jesus então disse: “Eli, Eli, lama sabactâni”. Era o grito de quem não mais resiste a dor. O grito de quem chegou ao ápice de todo sofrimento possível. Não havia mais nada para se sofrer. Nenhuma dor parecia maior que a do abandono. Nenhuma dor era maior que a que Ele sentia. Qualquer outro ser humano, assim como Maria Virgem e Mãe, desmaiaria. E no momento do desmaio, Jesus pergunta ao Pai, porque tinha sido abandonado. Não é fácil entender tal pergunta. O que parece ser um murmúrio contra o Criador é na verdade um gemido de quem está no limite de suas humanas forças.

Era preciso abandonar-se. O corpo humano tem o seu limite. A vontade humana de Cristo é visível aí. O humano quer superar o sofrimento, mas não pode. Enquanto o corpo padece, a alma é entregue a Deus. Era preciso aquela dor, aquela morte, para que a salvação dos homens fosse obtida. Jesus, então, entrega seu espírito ao Pai e morre.

Senhor, a morte de Jesus não foi em vão. Todo o sofrimento de Teu Filho rende hoje e sempre uma infinidade de frutos com os quais o Vosso povo se sacia. Exemplos de vida são precedidos pela Paixão de Cristo. Jesus nos ensinou que não há amor maior que se doar em favor do irmão. A morte de Jesus na cruz é a prova mais cristalina da existência do Amor. Louvado seja, Senhor, por Teu plano salvífico. Louvado sejas, Jesus, por seu amor incondicional a mim e a todos nós. A ti, Senhor meu Deus, toda honra, glória e louvor. Amém.

Belo Horizonte 19 de abril de 2011.

11ª Estação: Jesus é pregado na cruz


Por Deiber Nunes Martins

Nós te adoramos, Senhor Jesus e vos bendizemos!

Porque pela Vossa santa cruz remistes o mundo!

Ao chegarem no lugar da caveira, o Gólgota, pregaram Jesus na cruz que Ele carregava. Jesus, mesmo diante de tamanha dor, pedia ao Pai que perdoasse a todos, pois não sabiam o que faziam. Mesmo diante da oração de Jesus, eles o insultavam.

Antes de ter seus membros inferiores e superiores pregados ao madeiro, Jesus já sofria dores atrozes pelo corpo. Extenuado e ferido pelas chicotadas que lhe arrancavam nacos na carne, Jesus já perdia muito sangue e com ele, as forças de seu corpo humano também se esvaíam. A fraqueza da carne surrada, maltratada, machucada agora era ainda mais testada no pregar-se a cruz. Aqueles cravos perfuravam o corpo de Cristo causando-lhe não somente a terrível dor da ruptura de carne, nervos, veias e tendões mas também a dor aguda da morte iminente. Dizem que o ser humano tem mais medo da dor que da morte. Naquela hora terrível, Jesus enfrentou os dois com a oração. Pedia por aqueles que o açoitavam, humilhavam, machucavam seu corpo. Clamava a Deus por pessoas que ali presentes talvez até tenham recebido de seus milagres mas que agora voltavam-se contra Ele, clamando sua morte. Como, no momento da morte, pedir a Deus o perdão para o assassino? Como o ser humano é capaz de tamanho altruísmo? Jesus ali, pregado ao madeiro, é o cordeiro imolado. O rosto divino do homem no rosto humano de Deus.

Senhor, tamanho é o mistério de vossa paixão que precisamos parar em nós mesmos e buscar compreender o que pra nós é de difícil compreensão. Compreender o incompreensível, entender suas razões. Senhor, ver o sofrimento de Teu Filho deve ser para nós um momento de profunda reflexão. Tamanho altruísmo, tamanha obediência, tamanha mansidão e humildade, não são vistos entre as pessoas. Não dispomos de tamanha grandeza. Mas queremos ser imitadores de Cristo. Queremos aprender com Ele. Sabemos que o sofrimento é inerente ao ser humano mas a grandeza de sofrer com o mesmo semblante de Jesus estampado no rosto é divino demais para nossas limitações e imperfeições. A ponto que precisamos aprender, Senhor. Ensina-nos a desejar o semblante de Cristo em nossa vida nas diversas situações as quais passamos. Amém.

Belo Horizonte, 19 de abril de 2011.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

10ª Estação: Jesus é despojado de suas vestes


Por Deiber Nunes Martins

Nós te adoramos, Senhor Jesus e vos bendizemos!

Porque pela Vossa santa cruz remistes o mundo!

Os soldados tomaram a túnica de Jesus e tiraram à sorte para ver quem com ela ficaria. Assim, Jesus é despojado de suas vestes.

Jesus adentrou o mundo despojado de suas vestes reais por ser Filho de Deus, para então nascer filho do homem. Ele nasce pobre, em uma estrebaria, dividindo o espaço com os animais. Jesus vive a condição de pobreza, de quem nada tem, para nos mostrar que o ter não é o que nos dignifica mas sim o que somos. Ao fim de sua peregrinação na Terra, Jesus novamente é despojado de suas vestes. Talvez naquele momento, ainda mais um sofrer a Ele é imposto: talvez ali, no momento da crucificação, Ele tenha sentido frio, assim como o que sentira na estrebaria ao nascer. A diferença é que ali, na manjedoura, um animal que cobria a frente da gruta e as mãos de Maria, Sua Mãe o protegiam. No calvário, o frio do corpo mistura-se ao frio da solidão.

Senhor, Tu fostes despojado de suas vestes e sentistes frio. Todavia, Tu nos ensinas a nos despojarmos das vestes do homem velho e revestirmos do homem novo. O caminho da salvação perpassa as estradas do sofrimento, da provação, do frio, da solidão. Que saibamos não temer o sofrimento. Que saibamos não reclamar das provações pois são elas que nos cingem da pureza do homem novo. Amém.

Belo Horizonte 18 de abril de 2011.

9ª Estação: Jesus cai pela terceira vez


Por Deiber Nunes Martins

Nós te adoramos, Senhor Jesus e vos bendizemos!

Porque pela Vossa santa cruz remistes o mundo.

Cai terceira vez prostrado. Pelo peso dos nossos pecados. Jesus é o servo sofredor que em meio a tamanho sofrimento, reage com obediência e silêncio. Obediência a Deus e silêncio aos seus algozes.

O número três revela a perfeição da Santíssima Trindade. Jesus caiu três vezes no Pai, no Filho e no Espírito Santo. A Perfeição é questionada por aqueles que ofendem, agridem e humilham o Cristo. Vemos o absurdo daquelas ofensas proferidas e vemos com lamento a terceira queda de Jesus. Encontramos repulsa naquela caminhada para o calvário e até nos sentimos mal diante das atrocidades sofridas pelo Filho de Deus. No entanto, ao fecharmos o Livro Sagrado, e iniciarmos a nossa rotina diária, nos deparamos com aquelas atrocidades, cometidas contra os nossos irmãos. E nada fazemos. Será que a nossa sensibilidade fica guardada nas páginas de nossa Bíblia?

Senhor, nossa letargia diante das injustiças cometidas no mundo talvez sejam sinais de nossa insensibilidade. Não queremos ficar insensíveis ao choro dos mais necessitados. Não queremos ficar inertes, diante dos absurdos do mundo. Precisamos ser canais da Tua Graça, mas às vezes somos tímidos demais. Ajuda-nos, Senhor a sermos mais vigorosos em nossa fé. Ajuda-nos, Senhor, a tirarmos a nossa sensibilidade de dentro do Vosso Livro e a nos vestirmos nela. Só assim, acolheremos ao irmão que sofre. Só assim, ajudaremos a quem estiver caído, se erguer. Amém.

Belo Horizonte, 18 de abril de 2011.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

8ª Estação: Jesus consola as mulheres de Jerusalém


Por Deiber Nunes Martins

Nós te adoramos, Senhor Jesus e vos bendizemos!

Porque pela Vossa santa cruz remistes o mundo!

No caminho para o calvário, homens e mulheres acompanhavam Jesus. As mulheres choravam pelo sofrimento Dele. Jesus,vendo que elas lamentavam seu infortúnio as exortou a não chorarem por Ele e sim pelos seus filhos.

O sofrimento de Cristo levou aquelas mulheres a se compadecerem Dele. No entanto, Jesus, mesmo sofrendo, mostra a elas o real lamento que deveriam ter. Seus filhos e filhas estariam ainda mais sujeitos ao sofrimento do que Ele. Isto porque Jesus não experimentara o pecado como a humanidade. Jesus quer nos ensinar que a razão de todo o sofrimento vem do pecado.

Senhor, que saibamos compadecer uns dos outros, que saibamos amar. Precisamos desse aprendizado pois o amor é o antídoto para o pecado. Se vivermos de fato Tuas palavras conseguiremos seguir em frente e seremos Convosco, mais que vencedores. Mas, diante dos nossos pecados e infortúnios, consola-nos, Jesus. Não Vos afasteis de nós. Ajuda-nos nesta caminhada. Ajuda-nos na luta contra o pecado. Amém.

Belo Horizonte 15 de abril de 2011.

7ª Estação: Jesus cai pela segunda vez


Por Deiber Nunes Martins

Nós te adoramos, Senhor Jesus e vos bendizemos!

Porque pela Vossa santa cruz remistes o mundo!

Tendo recaído sobre Ele, o peso dos nossos pecados e também o peso dos açoites, maltratos e o severo cansaço físico que lhe abatia, Jesus cai pela segunda vez. E como um cordeiro levado ao matadouro, Jesus não se manifesta, não protesta, não reclama, não abre a boca.

Jesus foi provado em tudo como nós, exceto no pecado. Jesus sofreu dores, humilhações, foi imposta a ele as situações mais desfavoráveis possíveis, as condições mais atrozes. Esmagado pelo cansaço, Jesus cai pela segunda vez. Quantas vezes caímos pela segunda vez diante do sofrimento, da angústia, da dor. Sentimos uma subida vontade de desistir de tudo e ir pra bem longe. Uma das primeiras sensações a que o sofrimento nos impõe é esta: largar tudo e todos e ir para longe. E manifestamos esta vontade. Em sua passagem pelo mundo, Jesus teve a vontade humana e a vontade divina. Entretanto, na hora da dor, Jesus nada falou. Logo Ele, que muito poderia ter dito e talvez de seu protesto, uma grande lição aprendêssemos. Mas Ele não quis parar em seu sofrimento. E magnânimo, caiu silenciosamente, pela segunda vez.

Senhor, ensinastes bem mais que uma lição com sua dor e o seu silêncio. Quantas vezes caímos em um mísero desatino, e praguejamos? Às vezes reclamamos de coisas tão supérfluas que fazem teu sofrimento parecer longínquo em nossa vida. Afasta de nós este espírito de murmuração, Senhor. Esta vontade de desistir ainda na primeira queda. Fortaleça-nos para que na queda ou na dor, possamos silenciosamente, perseverar e continuar o caminho. Fica conosco, Senhor! Amém.

Belo Horizonte 15 de abril de 2011.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

6ª Estação: Verônica enxuga o rosto de Jesus


Por Deiber Nunes Martins

Nós te adoramos, Senhor Jesus e vos bendizemos!

Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo!

Compadecida, Verônica também se arrisca em meio aos algozes para enxugar o rosto de Jesus. Como recompensa não recebe nada a não ser a imagem marcante da face sofrida do servo sofredor em sua toalha.

A imagem desfigurada de Cristo em um pano, não parecia ser a melhor das recompensas. Na verdade, aquela imagem retratava uma imagem sofrida, carregada nas dores e no sangue. A face de Deus se confundia num misto de sangue, suor, pele e lágrimas. Sofrimento do povo de Deus, na face de seu Bom Pastor. O valor daquela recompensa não está na imagem nem no fato em si, mas no preço da salvação da humanidade.

Senhor, Verônica teve a coragem de se aproximar e enxugar-lhe o rosto, no caminhar para o calvário. Hoje, contamos com o Vosso amor e carinho a secar nosso suor diante do peso da nossa cruz. Em nada, ela se assemelha a Vossa. Infelizmente, nos falta muito para podermos contribuir com a salvação dos irmãos. Ela depende exclusivamente de Vós. Mas Vós, conta sempre conosco na evangelização dos irmãos. Dá-nos a coragem de Verônica, Senhor para enxugarmos o rosto de nossos irmãos. Amém.

Belo Horizonte, 14 de abril de 2011.

5ª Estação: Simão de Cirene ajuda Jesus a levar a cruz


Por Deiber Nunes Martins

Nós te adoramos, Senhor Jesus e vos bendizemos!

Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo!

Encontraram um homem de Cirene, Simão, e o obrigaram a carregar a cruz de Jesus. Os soldados e algozes de Jesus viam claramente que ele não conseguia carregar tamanho madeiro. Seus ferimentos e dores o impediam a isso. Mesmo que Jesus quisesse, seu estado físico o impedia de carregar a cruz. Antes da paixão, Jesus, entretanto, disse a seus discípulos: "Se alguém quer vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me" (Mt 16,24).

Mostra o filme de Mel Gibson “Paixão de Cristo” que Simão Cirineu recusa-se a continuar carregando a cruz, se os algozes não cessassem os açoites a Jesus. Talvez o bom senso ou mesmo compaixão, Simão Cirineu faz aquilo que ninguém ousa fazer: enfrenta os soldados para defender Jesus. Ao mesmo tempo, mesmo que obrigado, carrega a cruz. Ele poderia ter oferecido recusa. Mas, no entanto, aquele homem ajuda Jesus na caminhada para o calvário. Quantos Simão de Cirene encontramos pelo caminho? Em algum momento da nossa caminhada, a Providência Divina sempre coloca em nosso caminho um Simão para nos ajudar. Muitas vezes por livre e espontânea vontade, outras por obrigação, sempre um Simão aparece para ajudar a carregar a cruz. E nós? Será que em algum momento, nos permitimos ser Simão Cirineu para o irmão?

Senhor, grande é o sofrimento e a cruz dispostas na estrada da vida. Porém sua misericórdia e compaixão são infinitamente maiores. E mesmo quando nenhum Cirineu aparece e nossa cruz parece nos sufocar, Cristo vem em nosso auxílio a nos ajudar. Senhor, que possamos ser Simão de Cirene na vida dos nossos irmãos. Que possamos ajudar a carregar a cruz de cada dia. Que possamos ser misericordiosos e compassivos com o irmão, como Tu és para nós. Amém.

Belo Horizonte 14 de abril de 2011.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

4ª Estação: Jesus encontra a sua Mãe


Por Deiber Nunes Martins

Nós te adoramos, Senhor Jesus e vos bendizemos!

Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Simeão havia dito a Maria que uma espada atravessaria tua alma. Mais de trinta anos depois, ela sente na procura pelo filho todo o peso daquelas palavras. O encontro do Filho com sua Mãe acontece de forma angustiante. Um sofrendo com o sofrimento do outro.

O olhar da Mãe causa sofrimento no Filho e vice-versa. A dor multiplica sua intensidade após um ver o outro e perceber que nada pode fazer a não ser sofrer junto. Maria, que já sentia em cada passo de Jesus a dor Dele, compartilhava com Ele o sofrer, ao avistá-lo percebe a intensidade da espada a transpassar-lhe a alma. A dor é muito maior do que a imaginação pode imaginar, pode aferir.

Senhor, como o Vosso Filho sofreu ao encontrar com a Mãe! Quão doído foi o encontro de Mãe e Filho. Mas aquele momento foi a oportunidade que tiveram de compartilharem a dor do sofrimento. Muitas vezes, Senhor, evitamos visitar o irmão doente ou o irmão enlutado. Queremos a todo custo evitar acompanhar o sofrimento dos outros, pois somos a Vossa Imagem e Semelhança e nos importamos! Mas não queremos sentir dor, não queremos sofrimento, não queremos nos comprometer com a dor de ninguém. Senhor, muda este quadro em nossa vida! Maria, vós que sofrestes com a dor de Teu Filho Jesus, interceda por nós para que possamos imitar-te quando nosso irmão sofrer. Amém.

Belo Horizonte, 13 de abril de 2011.

3ª Estação: Jesus cai pela primeira vez


Por Deiber Nunes Martins

Nós te adoramos, Senhor Jesus e vos bendizemos!

Porque pela Vossa Santa Cruz, remistes o mundo!

Recebendo nos ombros toda a iniqüidade do mundo, Jesus cai pela primeira vez, sob o peso da cruz.

Como é difícil carregar o madeiro da cruz! O peso é descomunal, maltrata a coluna, os fere os ombros, estraçalha os músculos... A caminhada é um sofrimento sem fim onde cada passo é uma onda de dor. Isso tudo, depois de ter sido chicoteado, açoitado, ferido e humilhado. Jesus passa por todos os sofrimentos possíveis e imagináveis. E este sofrimento é ainda maior do que o corpo humano pode imaginar ou suportar. Jesus padece pela fraqueza humana. Jesus carrega nos ombros toda a maldade humana, todo o pecado, todo o vício, tudo lançado sobre ele, por meio daquele pesado madeiro. Não há como ficar de pé e o corpo humano sucumbe ao peso do sofrimento e a toda aquela iniqüidade.

Senhor, somos manietados pelo peso dos nossos pecados. O nosso pecado tão somente é capaz de nos derrubar. Vimos com tamanho esforço e sofrimento Jesus sustentou o pecado da humanidade. A Ele, a ocasião de queda deveu-se por nossa iniqüidade. E Jesus, mesmo ao cair, manteve-se incólume frente ao pecado, com uma força divina só Dele. Um exemplo para nós. Que reconheçamos na Cruz, a força de Cristo e busquemos sempre abandonar o pecado. E se cairmos, Senhor, dá-nos forças para levantar e continuar a caminhada. Nós queremos, Senhor! Livrai-nos de todo o pecado por vossa infinita misericórdia. Amém.

Belo Horizonte, 13 de abril de 2011.

terça-feira, 12 de abril de 2011

2ªEstação: Jesus toma a cruz


Por Deiber Nunes Martins

Nós te adoramos, Senhor Jesus e vos bendizemos!

Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo!

Sob o escárnio dos soldados, Jesus é levado ao pretório onde é vestido com uma túnica escarlate e recebe a cruz que carregaria até o local onde seria crucificado. Neste ínterim, os soldados e demais presentes disparam cusparadas em Jesus, fazem troça com ele, ironizando a denominação Rei dos Judeus. Para aquele povo, a salvação vinha como uma afronta, pois estavam cegos para o real propósito de Deus. Humilhado e manietado, Jesus toma a cruz e começa seu percurso carregado de sofrimento.

Como instrumento de morte, hoje, a cruz deu lugar as armas de fogo, bombas e armas brancas, que têm por finalidade tão somente matar o corpo. Não matam a alma. Quando, na história da humanidade, um ser humano carregaria o instrumento de sua própria morte ao destino desta? O Filho de Deus é sujeito a isso. E passa por toda essa humilhação.

Senhor, em nada se assemelha o sofrimento que passastes. Tamanha dor e humilhação do Filho tem por finalidade expor todos os nossos pecados à Vossa Misericórdia Infinita. Piedade, Senhor, piedade! Tem piedade de nossos pecados e nos conduza à vida eterna. Antes porém, nos permita alcançar a verdadeira conversão e mudança de comportamento. Que possamos, no caminhar com Jesus, mudar de vida. Amém.

Belo Horizonte, 12 de Abril de 2011.

1ªEstação: Jesus é condenado à morte


Por Deiber Nunes Martins

Nós te adoramos, Senhor Jesus e vos bendizemos!

Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo!

No momento do “julgamento” de Jesus todo e qualquer tipo de arbitrariedade aconteceu. Jesus foi esbofeteado, humilhado, não teve direito a livre defesa, o povo foi influenciado ao posicionar-se em tal situação. Enfim, Jesus não teve um julgamento justo, mesmo para aquele tempo e lugar onde as noções de justiça diferem das noções que conhecemos. É admirável a postura de humildade de Jesus perante as “autoridades” e mais admirável ainda o seu silêncio diante da injustiça. Era de se pensar, que o Filho de Deus manifestaria seu descontentamento diante da situação adversa. E no entanto, Jesus nada fala em sua defesa.

Muitas vezes, somos como que catapultados para uma arena de batalha, onde precisamos nos posicionar frente a uma situação de injustiça e barbárie. No indignamos, nos revoltamos, perdemos nossa razão e serenidade, exasperamos, nos desentendemos, brigamos e não mudamos a situação. Porque não cabe a nós mudar tal quadro. A injustiça está aí à nossa porta e as armas que usamos para combatê-la, não produzem o efeito desejado. Nestas horas, o melhor caminho, por mais tortuoso e difícil que seja é silenciar o coração. Jesus não se calou diante da injustiça, mas permitiu que por meio dela, a obra de Deus Pai se concretizasse.

Senhor, venha em nosso socorro fazer com que compreendamos o silêncio na hora mais lancinante de injustiça. Ensina-nos a calar o corpo e fazer reverberar a alma em busca da melhor solução para o que nos parece infame e injusto. Faze com que sejamos mansos, humildes e serenos mesmo quando o mundo nos exige uma postura inflamada. Que a Tua resposta, Senhor, seja também a nossa resposta diante daquilo que não aceitamos. Amém.

Belo Horizonte, 11 de Abril de 2011

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Via Sacra: Um caminhar com Cristo

Por Deiber Nunes Martins

Neste tempo quaresmal, quero partilhar um pouco com você, meu leitor(a) alguma reflexão sobre os passos de Jesus, o servo sofredor de Deus. A paixão de Cristo é o momento sublime de seu amor por nós e nem sempre refletimos sobre isso. Alheios a todo aquele contexto, acabamos por passar com nossos problemas por cima de um amor que ainda não conhecemos, mas que buscamos ardorosamente conhecer.

Não se tratam de reflexões filosóficas e ou teológicas a respeito dos caminhos de Jesus. Tampouco de retórica carregada e rebuscada. Não detenho tamanho conhecimento nem tamanha presunção. Mas sinto em meu coração, ao rezar a Via Sacra, que seria importante escrever um pouco sobre cada estação, buscando adentrar cada cenário, cada mistério e cada momento vivido por Jesus que por detalhes, nos passa despercebido. Rezava a Via Sacra e pensava nesta idéia a cada instante. Então acho válido escrever.

A Via Sacra é um caminho a ser percorrido. Assim como é o Rosário de Nossa Senhora. A meditação de cada estação ou mistério é fazer o percurso de um caminho que nos leva a Salvação. E quantas pessoas precisam chegar a este destino, a verdade libertadora de nosso Bom Deus? Eu preciso, tu precisas... Talvez tenhamos a ingênua sensação de que Cristo fez a nossa parte e que não precisamos então fazer algo que já está feito. De fato, o Senhor nos libertou e nos salvou. Mas ainda cabe a nós alcançar as primícias que Jesus nos oferece. Se caminharmos com Ele, Ele caminhará conosco em nossa vida. Não porque não caminhe, mas porque nós mesmos o veremos caminhar conosco. E o nosso Deus tantas vezes segue a nosso lado quando estamos distantes Dele... Por isso, vale a pena caminhar.

A partir de agora, meus posts futuros serão esse caminhar. Que Deus possa estar conosco em cada meditação, tomando conta de cada palavra que eu escrever. Que elas não sejam minhas mas Dele. E que unidas, possam fazer a diferença na minha vida e na sua também.

Vamos juntos?

Belo Horizonte, 11 de abril de 2011

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Nesta tarde, Cristo do Calvário (Oração)


Fonte: Liturgia das Horas

Nesta tarde, Cristo do Calvário, venho pedir-te por minha carne doente mas, ao ver-te, meus olhos vão e vem de teu corpo com vergonha.

Como vou queixar-me de meus pés cansados quando os teus estão destroçados?

Como mostrar minhas mãos vazias, quando as tuas estão cheias de feridas?

Como explicar-te minha solidão, quando estás só, pregado no alto da cruz?

Como explicar-te que não tenho amor, quando vejo teu coração rasgado?

Agora já não me lembro de nada, fugiram de mim todas as minhas dores.

O ímpeto da súplica que eu trazia afoga-se em minha boca imóvel.

Só quero pedir-te, para não pedir nada, estar aqui junto à tua imagem morta e aprender que a dor é somente a chave santa de tua santa porta. Amém.

Belo Horizonte, 08 de Abril de 2011.


quinta-feira, 7 de abril de 2011

Desordem e Barbárie

Por Deiber Nunes Martins
Música: Titãs

Desordem

Os presos fogem do presídio,

Imagens na televisão

Mais uma briga de torcidas,

Acaba tudo em confusão

A multidão enfurecida,

Queimou os carros da polícia

Quando estão fora de controle,

Não são as regras exceção

Não é tentar o suicídio

Querer andar na contramão

Quem quer manter a ordem?

Quem quer criar desordem?

Não sei se existe uma justiça,

Nem quando é pelas próprias mãos

Nas invasões, nos linchamentos

Como não ver contradição?

Não sei se tudo vai arder

Igual a um líquido inflamável,

O que mais pode acontecer

Neste país rico e no entanto miserável

Em que pese isso sempre há, graças a Deus

Quem acredite no futuro

Quem quer manter a ordem?

Quem quer criar desordem?

É seu dever manter a ordem,

É seu dever de cidadão,

Mas o que é criar desordem,

Quem é que diz o que é ou não?

São sempre os mesmos governantes,

Os mesmos que lucraram antes,

Põem a esperança lado a lado

As filas de desempregados

Que tudo tem que virar óleo

Pra por na máquina do estado.

Quem quer manter a ordem?

Quem quer criar desordem?

Acho que o atentado de hoje na Escola em Realengo tem de ser o nosso basta. Acho que chegamos ao fundo do poço como povo, como sociedade, como gente. Um jovem desconexo de tudo e de todos, desconexo de princípios como o viver em sociedade ou em comunidade, partilhar interesses e ideais comuns, enfim, um jovem desprovido da razão e talvez portador de sofrimento mental. Este jovem adentra uma escola, invade uma sala de aula e massacra indiscriminadamente uma dezena de crianças, que indefesas somente podem assistir a morte uns dos outros. Um massacre relembrando o massacre em Columbine, nos EUA. Uma tragédia sem motivos.

Pra variar, a imprensa (jornais impressos, televisivos, mídia eletrônica, sites e tudo mais que se julgar “imprensa”tratou de entupir nossas mentes com a tragédia, requentando a notícia de todos os meios e modos. É a missão dela. Tudo para nos sensibilizar, nos comover, nos horrorizar ainda mais. Mas não há como. Estamos letárgicos a tudo mais.

Acho que o dia de hoje tem de ser o nosso 11 de setembro. Pois não falta mais nada pra nos acontecer de novo, no quesito violência. Somos um país em guerra civil, envolvendo o tráfico de drogas. Somos um povo egoísta, cheio de preconceitos, manipulado pelas autoridades e ainda achamos que somos uma democracia. Que democracia, cara pálida? Hoje, nos tornamos piores que a Líbia, Cuba, Coréia do Norte ou qualquer outra ditadura deflagrada por aí. Porque lá nesses lugares, a imposição de quem manda, o preconceito das pessoas e a mordaça são diretos, incisivos e conhecidos. Aqui, a imposição, o preconceito e a mordaça são velados...

Este rapaz, autor desta barbárie, é fruto de nossa sociedade. É produto nosso. Produto de uma sociedade excludente, consumista e refém dos meios de comunicação e de uma elite burra que aprendeu a adorar o mais do mesmo, ao invés de buscar novos caminhos...

Este é o meu protesto contra o atentado em Realengo, no RJ. Que Deus tenha compaixão de nós, pois agora, não falta mais nada a acontecer neste país pobre e miserável que tenta em tudo, imitar o estrangeiro. Não em suas virtudes mas em seus defeitos... Triste. Muito triste. E o pior é que estamos parados. A letargia também toma conta das pessoas de bem. Qual a paz que queremos para nossos filhos?

Que Nosso Bom Deus venha nos socorrer de nós mesmos!

Belo Horizonte, 07 de Abril de 2011.




quarta-feira, 6 de abril de 2011

A "Crise" no Galo




Por Deiber Nunes Martins

Sábado último a torcida atleticana foi pega de surpresa com o anúncio da dispensa de dois dos principais jogadores do elenco: Ricardinho e Zé Luis. Antes de fazer meu comentário, quero salientar alguns fatos que podem nortear opiniões alheias e futuras. É preciso salientar ainda que não se trata de defender quaisquer dos lados, mas sim com toda certeza, defender o Atlético-MG e sua torcida, cansada de tanta verborragia e resultado nenhum.

Ricardinho é um jogador de fases. Alterna bons e maus momentos, boas e más atuações. Já teve problemas no Corinthians por influenciar outros jogadores, o que talvez se justifique, visto seu espírito de liderança dentro e fora de campo. É um jogador que não chega a ser imprescindível mas também não é um cabeça de bagre. Já decidiu a favor do Galo, uma vaga de Sul-Americana contra esse mesmo Grêmio Prudente aos 45 do segundo tempo. E semana passada foi o único que se salvou na derrota para este clube. Com seus 35 anos de idade, correu como garoto aquele jogo, ao passo que outros não deram nem metade do esforço dentro de campo. Isso, sem falar no primor de lançamento dele para o Magno Alves mandar para o gol, empatando a partida, num momento em que o Galo merecia já estar perdendo por três, quatro. No sábado mesmo, antes de tomar ciência de sua dispensa, assistia ao clássico milanês e entusiasmado com a partidaça do Seedorf para o Milan, ousei comparar, tomadas as devidas proporções e não acreditando estar errado: o Ricardinho era para o Galo, o que o Seedorf é para o Milan. Um jogador capaz de decidir uma partida, com lançamentos precisos, para um ataque que precisa ainda se explicar, mas que tendo a oportunidade, guarda a bola na meta.

Zé Luis é um volantão à moda antiga. Questionado pelos amantes do futebol moderno e tudo bem que o futebol se modernize, mas o Zé era o cara ali no meio campo. Desmarcava, cobria as laterais, tão carentes do nosso time e ainda dava liberdade para o Renan Oliveira e Ricardinho partirem pra cima da defesa adversária. Infelizmente, Zé Luis nesta temporada contou com um Richarlysson ainda pouco inspirado, um Serginho necessitado urgentemente de novos ares e um Toró, que a bem da verdade ainda não disse a que veio. Vou deixar de lado aqui, as minhas reticências ao Toró, mas acredito que a opção de Dorival por este jogador, pode ter sido alvo da indignação do Zé Luis, em momento bem melhor que o ex Rubro-Negro.

Questiono a dispensa desses atletas não pela indisciplina deles. Acredito que a medida de se defender o treinador seja até inédita no Brasil e fico feliz de que seja o meu Galo, o primeiro a tomar tal posição. Entretanto, o clima de suspense e mistério criado por comissão técnica e diretoria atrapalham ao invés de ajudar. A coletiva de Dorival Jr ao final da partida contra o Democrata-GV, cheia de evasivas e “blindagens” ao assunto acabam por fazer com que se tirem conclusões precipitadas. A torcida já tinha àquela ocasião a opinião do Zé Luis, dada na manhã do domingo para a jornalista Daniele Rodrigues, da Rádio Itatiaia. A coletiva do Dorival Jr podia então ter sido mais esclarecedora, pois ficou claro naquele momento que o problema dos jogadores dispensados era com ele. Na segunda, Ricardinho dá sua versão dos fatos ao jornalista Jaeci Carvalho. E fica ainda mais comprovado aquilo que antes era só boato: os jogadores Ricardinho e Zé Luis questionaram a escalação atual do treinador. E as evasivas do presidente Kalil no dia seguinte ainda me deixaram mais frustrado. Infelizmente, preciso deixar meu lado torcedor de lado, para reconhecer o óbvio: falta profissionalismo ao Atlético. O clube se perde por questões internas. Todo ano é sempre mais do mesmo. As crises são plantadas e o time aceita tudo, o disse-me-disse da imprensa, a imposição de jogadores e treinadores, a má vontade de alguns outros que se dizem craques e depois que saem do Galo não arrumam vaga nem em times pequenos e por aí vai...

Hoje, nosso time tem jogo decisivo com o Grêmio Prudente. A torcida espera que o time vença e convença, voltando a ser o que todos dentro da diretoria e comissão técnica acreditam que é. Eu estou muito desconfiado do Atlético nesse momento, mas torço para que a crise seja superada dentro de campo. E que a imprensa (em outro texto, devo falar sobre os efeitos dela para o futebol) possa contribuir positivamente desta vez, evitando comentários desastrosos, críticas infundadas e perguntas superficiais. Estamos de olho!

Belo Horizonte 06 de Abril de 2011.