quinta-feira, 28 de abril de 2011

Sobre o Relativismo...


Por Deiber Nunes Martins

Ainda estou assombrado com o que soube esta manhã. A participação de um sacerdote católico em uma novela global é algo que me escandaliza não pelo fato em si mas sim pelo modo como temos relativizado nossas atitudes e crenças. Temos em nossa rotina diária vários exemplos do que estou querendo dizer. É assustador e ao mesmo tempo de uma esperteza descomunal do inimigo. E como inimigo eu considero tudo aquilo que nos afasta da vontade de Deus para nossa vida. Muitas vezes esse inimigo se transverte em coisas prazerosas, boas e aparentemente salutares. É quando entra em cena o relativismo.

Relativismo é uma doutrina filosófica que prega tudo que é contrário a uma idéia absoluta, categórica. São atitudes de conveniência, de momento, que variam conforme o ambiente que estamos, condições, situações e lugares. É a validação de todo e qualquer ponto de vista. Uma doutrina, portanto, perigosa, visto que somos dotados de razão e emoção e boa parte de nossas crenças e culturas são absolutas.

Um sacerdote é a pessoa dotada de autoridade dentro de uma comunidade religiosa e por isso formadora de opinião dentro e fora desta comunidade. Em se tratando da fé católica, alguns de seus preceitos são categóricos: a Igreja Católica prega a doutrina de Jesus Cristo e a fidelidade às Sagradas Escrituras. Não é preciso aqui entrar em detalhes acerca de tais preceitos mas é presumível que tanto Jesus quanto à sua Palavra são idéias absolutas. Não há meio termo, por exemplo, sobre honrar pai e mãe. Ou você honra seu pai e sua mãe ou não. Assim como ou você pratica o adultério ou não. São preceitos categóricos que não variam conforme a época ou os costumes. É a verdade imutável de Deus. Sagrada e indelével. É a esta verdade, a que o sacerdote deve servir. Como o próprio Deus disse não poder servir a dois senhores. Ou se serve a Deus ou ao mundo.

A novela brasileira é o retrato da realidade do mundo. Seu conteúdo invariavelmente trata de situações que ofendem aos princípios básicos defendidos pela Igreja Católica. Nas tramas das novelas, geralmente há situações em que o (a) protagonista comete adultério e este é tido como positivo dentro da trama, pois aproxima esta personagem de seu “par ideal” que na maioria das vezes não é o marido ou a esposa e sim o (a) amante. Também nas tramas de novelas, vemos filhos afrontarem seus pais, vemos laços de família serem quebrados e alguns preceitos defendidos pela emissora de TV, como o espiritismo por exemplo, serem exacerbados de forma até subliminar. Já chegamos ao absurdo de ver em uma novela do antigo horário das seis, um sacerdote católico em dúvida quanto à reencarnação, preceito inaceitável dentro da doutrina católica.

Percebe-se nas novelas, forte tendência relativista.

Ao entrar para o casting de uma produção novelista, um sacerdote católico entra em contradição com os valores que defende para exercer o trabalho de ator, mesmo que representando a si mesmo. Está sendo relativista, pois está transmitindo sua fé de forma parcial. Embora haja o interesse na evangelização dentro do folhetim não está havendo coerência com os princípios cristãos. Pois a figura de um sacerdote, dentro do ambiente de uma novela atrai os fiéis para a novela, visto que o sacerdote é formador de opinião e dotado do múnus sacerdotal que faz com que este aja in persona Christi. Assim, entendo eu, que em tal atitude, os valores católicos estão sendo relativizados.

Portanto, a partir do momento em que relativizamos nossa fé católica permitimos que o inimigo retire de nós a verdade absoluta da nossa crença. Pois fazemos concessões aos valores do mundo. É preciso ter a coragem cristã de Paulo e de Pedro e defendermos nossa fé de modo categórico e absoluto. Se servimos ao Senhor, precisamos nos manter fiéis a Ele, acima de tudo. Apesar das nossas limitações, da nossa fraqueza, de nossas imperfeições, devemos ser coerentes com a nossa fé. Não devemos servir a dois senhores. Se nos percebermos servindo a qualquer outro senhor que não o Senhor Nosso Deus, então devemos reconhecer nosso erro e voltar para a misericórdia Dele. Não devemos fazer concessões ao inimigo, pois esse não nos fará nenhuma concessão no dia final. Pensemos nisso.

Belo Horizonte 28 de abril de 2011.


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