quarta-feira, 6 de abril de 2011

A "Crise" no Galo




Por Deiber Nunes Martins

Sábado último a torcida atleticana foi pega de surpresa com o anúncio da dispensa de dois dos principais jogadores do elenco: Ricardinho e Zé Luis. Antes de fazer meu comentário, quero salientar alguns fatos que podem nortear opiniões alheias e futuras. É preciso salientar ainda que não se trata de defender quaisquer dos lados, mas sim com toda certeza, defender o Atlético-MG e sua torcida, cansada de tanta verborragia e resultado nenhum.

Ricardinho é um jogador de fases. Alterna bons e maus momentos, boas e más atuações. Já teve problemas no Corinthians por influenciar outros jogadores, o que talvez se justifique, visto seu espírito de liderança dentro e fora de campo. É um jogador que não chega a ser imprescindível mas também não é um cabeça de bagre. Já decidiu a favor do Galo, uma vaga de Sul-Americana contra esse mesmo Grêmio Prudente aos 45 do segundo tempo. E semana passada foi o único que se salvou na derrota para este clube. Com seus 35 anos de idade, correu como garoto aquele jogo, ao passo que outros não deram nem metade do esforço dentro de campo. Isso, sem falar no primor de lançamento dele para o Magno Alves mandar para o gol, empatando a partida, num momento em que o Galo merecia já estar perdendo por três, quatro. No sábado mesmo, antes de tomar ciência de sua dispensa, assistia ao clássico milanês e entusiasmado com a partidaça do Seedorf para o Milan, ousei comparar, tomadas as devidas proporções e não acreditando estar errado: o Ricardinho era para o Galo, o que o Seedorf é para o Milan. Um jogador capaz de decidir uma partida, com lançamentos precisos, para um ataque que precisa ainda se explicar, mas que tendo a oportunidade, guarda a bola na meta.

Zé Luis é um volantão à moda antiga. Questionado pelos amantes do futebol moderno e tudo bem que o futebol se modernize, mas o Zé era o cara ali no meio campo. Desmarcava, cobria as laterais, tão carentes do nosso time e ainda dava liberdade para o Renan Oliveira e Ricardinho partirem pra cima da defesa adversária. Infelizmente, Zé Luis nesta temporada contou com um Richarlysson ainda pouco inspirado, um Serginho necessitado urgentemente de novos ares e um Toró, que a bem da verdade ainda não disse a que veio. Vou deixar de lado aqui, as minhas reticências ao Toró, mas acredito que a opção de Dorival por este jogador, pode ter sido alvo da indignação do Zé Luis, em momento bem melhor que o ex Rubro-Negro.

Questiono a dispensa desses atletas não pela indisciplina deles. Acredito que a medida de se defender o treinador seja até inédita no Brasil e fico feliz de que seja o meu Galo, o primeiro a tomar tal posição. Entretanto, o clima de suspense e mistério criado por comissão técnica e diretoria atrapalham ao invés de ajudar. A coletiva de Dorival Jr ao final da partida contra o Democrata-GV, cheia de evasivas e “blindagens” ao assunto acabam por fazer com que se tirem conclusões precipitadas. A torcida já tinha àquela ocasião a opinião do Zé Luis, dada na manhã do domingo para a jornalista Daniele Rodrigues, da Rádio Itatiaia. A coletiva do Dorival Jr podia então ter sido mais esclarecedora, pois ficou claro naquele momento que o problema dos jogadores dispensados era com ele. Na segunda, Ricardinho dá sua versão dos fatos ao jornalista Jaeci Carvalho. E fica ainda mais comprovado aquilo que antes era só boato: os jogadores Ricardinho e Zé Luis questionaram a escalação atual do treinador. E as evasivas do presidente Kalil no dia seguinte ainda me deixaram mais frustrado. Infelizmente, preciso deixar meu lado torcedor de lado, para reconhecer o óbvio: falta profissionalismo ao Atlético. O clube se perde por questões internas. Todo ano é sempre mais do mesmo. As crises são plantadas e o time aceita tudo, o disse-me-disse da imprensa, a imposição de jogadores e treinadores, a má vontade de alguns outros que se dizem craques e depois que saem do Galo não arrumam vaga nem em times pequenos e por aí vai...

Hoje, nosso time tem jogo decisivo com o Grêmio Prudente. A torcida espera que o time vença e convença, voltando a ser o que todos dentro da diretoria e comissão técnica acreditam que é. Eu estou muito desconfiado do Atlético nesse momento, mas torço para que a crise seja superada dentro de campo. E que a imprensa (em outro texto, devo falar sobre os efeitos dela para o futebol) possa contribuir positivamente desta vez, evitando comentários desastrosos, críticas infundadas e perguntas superficiais. Estamos de olho!

Belo Horizonte 06 de Abril de 2011.

Nenhum comentário: