Desordem
Os presos fogem do presídio,
Imagens na televisão
Mais uma briga de torcidas,
Acaba tudo em confusão
A multidão enfurecida,
Queimou os carros da polícia
Quando estão fora de controle,
Não são as regras exceção
Não é tentar o suicídio
Querer andar na contramão
Quem quer manter a ordem?
Quem quer criar desordem?
Não sei se existe uma justiça,
Nem quando é pelas próprias mãos
Nas invasões, nos linchamentos
Como não ver contradição?
Não sei se tudo vai arder
Igual a um líquido inflamável,
O que mais pode acontecer
Neste país rico e no entanto miserável
Em que pese isso sempre há, graças a Deus
Quem acredite no futuro
Quem quer manter a ordem?
Quem quer criar desordem?
É seu dever manter a ordem,
É seu dever de cidadão,
Mas o que é criar desordem,
Quem é que diz o que é ou não?
São sempre os mesmos governantes,
Os mesmos que lucraram antes,
Põem a esperança lado a lado
As filas de desempregados
Que tudo tem que virar óleo
Pra por na máquina do estado.
Quem quer manter a ordem?
Quem quer criar desordem?
Acho que o atentado de hoje na Escola em Realengo tem de ser o nosso basta. Acho que chegamos ao fundo do poço como povo, como sociedade, como gente. Um jovem desconexo de tudo e de todos, desconexo de princípios como o viver em sociedade ou em comunidade, partilhar interesses e ideais comuns, enfim, um jovem desprovido da razão e talvez portador de sofrimento mental. Este jovem adentra uma escola, invade uma sala de aula e massacra indiscriminadamente uma dezena de crianças, que indefesas somente podem assistir a morte uns dos outros. Um massacre relembrando o massacre em Columbine, nos EUA. Uma tragédia sem motivos.
Pra variar, a imprensa (jornais impressos, televisivos, mídia eletrônica, sites e tudo mais que se julgar “imprensa”tratou de entupir nossas mentes com a tragédia, requentando a notícia de todos os meios e modos. É a missão dela. Tudo para nos sensibilizar, nos comover, nos horrorizar ainda mais. Mas não há como. Estamos letárgicos a tudo mais.
Acho que o dia de hoje tem de ser o nosso 11 de setembro. Pois não falta mais nada pra nos acontecer de novo, no quesito violência. Somos um país em guerra civil, envolvendo o tráfico de drogas. Somos um povo egoísta, cheio de preconceitos, manipulado pelas autoridades e ainda achamos que somos uma democracia. Que democracia, cara pálida? Hoje, nos tornamos piores que a Líbia, Cuba, Coréia do Norte ou qualquer outra ditadura deflagrada por aí. Porque lá nesses lugares, a imposição de quem manda, o preconceito das pessoas e a mordaça são diretos, incisivos e conhecidos. Aqui, a imposição, o preconceito e a mordaça são velados...
Este rapaz, autor desta barbárie, é fruto de nossa sociedade. É produto nosso. Produto de uma sociedade excludente, consumista e refém dos meios de comunicação e de uma elite burra que aprendeu a adorar o mais do mesmo, ao invés de buscar novos caminhos...
Este é o meu protesto contra o atentado em Realengo, no RJ. Que Deus tenha compaixão de nós, pois agora, não falta mais nada a acontecer neste país pobre e miserável que tenta em tudo, imitar o estrangeiro. Não em suas virtudes mas em seus defeitos... Triste. Muito triste. E o pior é que estamos parados. A letargia também toma conta das pessoas de bem. Qual a paz que queremos para nossos filhos?
Que Nosso Bom Deus venha nos socorrer de nós mesmos!
Belo Horizonte, 07 de Abril de 2011.
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