quinta-feira, 7 de abril de 2011

Desordem e Barbárie

Por Deiber Nunes Martins
Música: Titãs

Desordem

Os presos fogem do presídio,

Imagens na televisão

Mais uma briga de torcidas,

Acaba tudo em confusão

A multidão enfurecida,

Queimou os carros da polícia

Quando estão fora de controle,

Não são as regras exceção

Não é tentar o suicídio

Querer andar na contramão

Quem quer manter a ordem?

Quem quer criar desordem?

Não sei se existe uma justiça,

Nem quando é pelas próprias mãos

Nas invasões, nos linchamentos

Como não ver contradição?

Não sei se tudo vai arder

Igual a um líquido inflamável,

O que mais pode acontecer

Neste país rico e no entanto miserável

Em que pese isso sempre há, graças a Deus

Quem acredite no futuro

Quem quer manter a ordem?

Quem quer criar desordem?

É seu dever manter a ordem,

É seu dever de cidadão,

Mas o que é criar desordem,

Quem é que diz o que é ou não?

São sempre os mesmos governantes,

Os mesmos que lucraram antes,

Põem a esperança lado a lado

As filas de desempregados

Que tudo tem que virar óleo

Pra por na máquina do estado.

Quem quer manter a ordem?

Quem quer criar desordem?

Acho que o atentado de hoje na Escola em Realengo tem de ser o nosso basta. Acho que chegamos ao fundo do poço como povo, como sociedade, como gente. Um jovem desconexo de tudo e de todos, desconexo de princípios como o viver em sociedade ou em comunidade, partilhar interesses e ideais comuns, enfim, um jovem desprovido da razão e talvez portador de sofrimento mental. Este jovem adentra uma escola, invade uma sala de aula e massacra indiscriminadamente uma dezena de crianças, que indefesas somente podem assistir a morte uns dos outros. Um massacre relembrando o massacre em Columbine, nos EUA. Uma tragédia sem motivos.

Pra variar, a imprensa (jornais impressos, televisivos, mídia eletrônica, sites e tudo mais que se julgar “imprensa”tratou de entupir nossas mentes com a tragédia, requentando a notícia de todos os meios e modos. É a missão dela. Tudo para nos sensibilizar, nos comover, nos horrorizar ainda mais. Mas não há como. Estamos letárgicos a tudo mais.

Acho que o dia de hoje tem de ser o nosso 11 de setembro. Pois não falta mais nada pra nos acontecer de novo, no quesito violência. Somos um país em guerra civil, envolvendo o tráfico de drogas. Somos um povo egoísta, cheio de preconceitos, manipulado pelas autoridades e ainda achamos que somos uma democracia. Que democracia, cara pálida? Hoje, nos tornamos piores que a Líbia, Cuba, Coréia do Norte ou qualquer outra ditadura deflagrada por aí. Porque lá nesses lugares, a imposição de quem manda, o preconceito das pessoas e a mordaça são diretos, incisivos e conhecidos. Aqui, a imposição, o preconceito e a mordaça são velados...

Este rapaz, autor desta barbárie, é fruto de nossa sociedade. É produto nosso. Produto de uma sociedade excludente, consumista e refém dos meios de comunicação e de uma elite burra que aprendeu a adorar o mais do mesmo, ao invés de buscar novos caminhos...

Este é o meu protesto contra o atentado em Realengo, no RJ. Que Deus tenha compaixão de nós, pois agora, não falta mais nada a acontecer neste país pobre e miserável que tenta em tudo, imitar o estrangeiro. Não em suas virtudes mas em seus defeitos... Triste. Muito triste. E o pior é que estamos parados. A letargia também toma conta das pessoas de bem. Qual a paz que queremos para nossos filhos?

Que Nosso Bom Deus venha nos socorrer de nós mesmos!

Belo Horizonte, 07 de Abril de 2011.




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