Por Deiber Nunes Martins
Cida trabalhava lavando talheres e xícaras em uma loja de cafés. Trabalhava há algum tempo fazendo a mesma coisa e a monotonia de sua atividade era a razão de sua displicência no trabalho. De todo modo, não haviam reclamações a respeito de Cida. E poucos clientes que a conheciam até simpatizavam-se com ela. Não eram muitos, pois Cida passava a maior parte do tempo na cozinha, lavando os talheres.
Era uma mulher bonita, embora não fosse atraente. Seu olhar procurava um ponto pra se esconder, devido ao seu recato e a sua timidez. Por ser de pouco estudo, não conseguira emprego melhor. Contentava-se com aquele, pois era o que te sustentava. Mas não era feliz. Não se sentia realizada lavando copos e talheres. Então, fazia de qualquer jeito.
Suas colegas de trabalho viviam achando copos mal lavados em meio aos talheres limpos. Elas percebiam o pouco caso de Cida, mas evitavam alertá-la com medo da sua reação para com elas ou simplesmente porque achavam que não deviam mostrar a Cida o serviço que era próprio dela.
Certo dia, quando foi recolher os talheres sujos para lavar, Cida avistou um jovem rapaz tomando seu café pacientemente no balcão. Era um rapaz muito bonito e Cida se apaixonou instantaneamente por ele. Quase não foi capaz de levar as xícaras sujas para a cozinha, quando uma de suas colegas interveio:
“Ai, Cida ele é mesmo lindo não é?”
“De quem você está falando?”, gaguejou Cida, nervosa.
“Do gatinho ali no balcão. Você não tira os olhos dele.”
“Ele é mesmo muito lindo!”
“Pois não é?”, disse a colega, “E ele toma café aqui todas as manhãs...”
Enquanto lavava as xícaras, Cida não tirava o jovem da sua mente. “Meu Deus, como é bonito, aquele menino!”, pensou ela. Então, segurando uma xícara nas mãos, olhou bem para ela e viu que não estava bem lavada. Então, voltou com ela pra dentro da pia, e se pôs a lavá-la novamente. Desta vez com mais esmero.
E desde então, Cida passou a trabalhar bem melhor desde então. Deixava as xícaras brilhando de tão limpas. Muito tempo se passou e finalmente o trabalho de Cida foi reconhecido e ela foi promovida. Agora, não mais lavava xícaras, mas fazia o café. E como era saboroso o seu café!
Não demorou muito e ela ganhou outra promoção. E continuou sendo elogiada em seu trabalho. Questionada por um cliente sob a qualidade do seu café e do trabalho que fazia, Cida foi enfática:
“Trabalho como se fosse lá em casa, para o meu marido ou meus filhos.”
E pensava ela, “Tenho que fazer o meu melhor, para que aquele moço sempre esteja satisfeito! Sempre tome um bom café, encontre xícaras bem limpas, e se sinta feliz com isso. Assim, eu também serei feliz.”
E Cida nunca esteve tão certa em sua vida.
Belo Horizonte, 17 de abril de 2008.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário