terça-feira, 15 de abril de 2008

Dia Silencioso


Por Deiber Nunes Martins

O caminho que fizermos, será por honra e glória do Senhor. Nada será diferente do que Ele tem preparado para nós. Tudo virá na medida certa. Tudo no tempo certo. Se o meu tempo é hoje, o tempo de Deus é pra sempre. Preciso então me adequar ao que o Senhor tem para mim. Nem sempre é fácil perceber e aceitar esta verdade. Mas vou continuar.
O dia de hoje foi silencioso. Um dia cheio de alternativas e possibilidades, mas silencioso. A correria de todo dia foi precedida de uma vontade de fazer algo mais. Uma vontade de seguir mais adiante. E eu até que tento seguir, fazer algo mais. No entanto, desisto deste intento ao perceber que o preço que pagarei será alto demais. Não posso gastar minhas energias em passos imprecisos. Em movimentos incertos. Tenho um objetivo, ou preciso focar um. Então, mesmo quando há a possibilidade do barulho, me silencio a alma. Quem me dera silenciar também a boca e o coração.
Percebo-me por vezes falando demais. E às vezes seria mais gratificante, se eu me calasse. Silenciar o coração é um passo importante na caminhada. Tenho mais com o que gastar minha energia, do que discutir o indiscutível. Ainda assim, encontro tempo para discutir. Encontro tempo para desferir meus comentários cáusticos e muitas vezes impróprios. Minha imperfeição se realça na ausência do silêncio.
Nem sempre, as pessoas querem te escutar. Muitas delas, pessoas bem próximas, do nosso convívio diário. Infelizmente, muitas pessoas, por amor a nós, acabam tolerando as nossas falas. Mas o discurso impróprio vai empobrecendo os relacionamentos e naturalmente estas pessoas se afastam. No meu caso, tenho a terrível mania do insistir. Sou insistente quando vejo que posso dizer uma coisa que vai acrescentar à vida de uma pessoa. E isto a meus olhos não parece bom. Porque a maioria das pessoas não querem escutar conselhos. Mesmos que sejam bons. Tudo bem, a maioria é pouco. Quase todas as pessoas querem agir por suas próprias convicções. Nem sempre concordam com nossos pontos de vista. E não querem segui-lo. Então, incomodadas com a ajuda indevida, as pessoas acabam por se afastar de nós.
Em vista disso, o meu silêncio é mais que devido. Preciso aprender a corrigir-me e voltar atrás quando falar demais. Preciso resistir mais à tentação de ver soluções possíveis aos problemas dos outros e divulgá-las. Eles não querem ouvir as minhas respostas para os problemas deles. Quem sabe, não queiram ouvir as respostas para os meus? Se eu as tivesse...
Quero tentar fazer de meus dias, dias silenciosos. Quero ter a capacidade de ouvir e ficar calado. Desejo ardentemente não me envolver e assim ganhar maior simpatia dos meus pares. Ah, se me fosse possível! Seria frio o bastante para ouvir e não dizer nada. E assim, não ter o silêncio como resposta, coisa que tanto odeio...
Enquanto não posso a proeza do silêncio, entabulo tratados comigo mesmo em prol do silêncio. Recompensarei-me a cada vez que conseguir ficar calado, a cada vez que não esboçar meus pensamentos. Eu preciso entender que meus pensamentos são valiosos e precisam estar bem guardados, como uma imensa fortuna. Dinheiro esse que precisa ser investido e não ficar espalhado nos ouvidos de quem amo.
Se eu conseguir cumprir este tratado, então poderei pensar melhor nas outras possibilidades de ajuda ao meu irmão. Falar de nada adianta. Agir importa mais.
O dia hoje foi mais silencioso que de costume. No entanto, ainda usei muito minha garganta, preciso estar mais silencioso ainda. Que Nossa Senhora do Silêncio me conceda a sabedoria necessária para domar meus impulsos febris e agir com mais destreza no trato com as pessoas que amo.
O caminho que fizermos, será por honra e glória do Senhor. Nada nos será dado se não for da Providência Dele. Que o meu caminho seja trilhado na sabedoria do meu Senhor. E que eu caminhe o caminho Dele. Que meu tempo sendo o hoje, esteja a adequado ao tempo de Deus, que é o sempre. E que eu possa fazer a diferença, mesmo tendo de ficar calado.

Belo Horizonte, 14 de Abril de 2008.

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