quinta-feira, 3 de abril de 2008

O que fazer diante da barbárie?

Por Deiber Nunes Martins

Em meio a tantos noticiários escabrosos com os quais temos nos deparado, era de se esperar que a notícia da tortura de uma menina de 12 anos, por uma mulher psicopata, fosse apenas mais uma. Nem bem tive tempo de me assombrar com a crueldade das torturas praticadas contra a menina L. e outra menina, a Isabella, de apenas cinco anos é jogada do sexto andar de um prédio. Ao que tudo indica, o pai e a madrasta estão envolvidos no crime. Mas, nem este caso absurdo, ainda fresquinho nas manchetes dos jornais, me causou tanto assombro quanto ao da menina L. e sua algoz, a Calabresi. Caso como esse, tem me feito sair do estado letárgico do dia a dia, para repensar alguns conceitos e pontos de vista.
A primeira coisa que penso é: qual o meu papel frente a sociedade? Bom, esta pergunta tem a que ver com a postura que devo tomar frente a esta mesma sociedade. Se eu decidir que o meu papel é o de ser mais um produto do meio onde vivo, então a letargia diante das coisas, me cai bem. Mas se eu escolher por ter um papel de agente de mudança, buscando ser um canal de luz para o mundo, então, eu preciso repensar meu jeito de ser e de viver. Se eu quero viver como Jesus ensinou então, não dá pra viver na letargia. Tem que fazer algo, pôr a mão na massa. É interessante frisar que Jesus não disse que seria fácil segui-lo. Muitas situações como essas nos levariam a fraquejar, a temer ou simplesmente cair na tentação de achar que Deus não é bom, porque deixa acontecer uma atrocidade dessas com uma menininha. Ou ainda de desejar que o mesmo que aconteceu a L. aconteça também à Calabresi, como reparação ao que ela fez. Como se um erro justifique o outro. É importante entender que sempre somos chamados a agir como o povo judeu no antigo testamento, pela lei do olho por olho e dente por dente.
Mas, se o meu papel é o de ser acima de tudo, Cristão, discípulo de Cristo, então eu tenho de orar e vigiar, para que Deus me dê a graça de não cair nas perigosas tentações próprias do nosso movimento humano de indignar-se, de revoltar-se. É preciso ser cristão, criando alternativas para o próximo e ajudando-o a suportar sua revolta, sem mudar sua essência de vida cristã. Eu não posso ser cristão e favorável à pena de morte. Cristão é favorável a pena de vida.
Ainda não tenho uma conclusão formada a respeito do meu papel frente a sociedade, diante de uma barbaridade dessas.Mas tenho claro em mente que preciso ter uma postura, uma opinião, um ponto de vista, ao menos. Preciso apresentar um exemplo a ser vivido. Preciso ser luz no mundo de trevas para o meu irmão se orientar.


Senhor, Perdão pelas vezes que em momentos de revolta como esses, diante dos absurdos cometidos por meus irmãos eu não fui luz para o meu irmão, influenciando de modo inadequado, ou então fazendo com que minhas emoções se sobreponham ao que é certo.
Senhor, toca a menina L. Dê a ela o tempo necessário pra ela se recupere dos traumas e possa ser como as outras meninas. Que ela se liberte do mal, e dos malefícios que lhe fizeram, desde o ventre materno. E que todo este mal, se transforme em bondade, irradiando o céu com as preces mais lindas. E ainda, com o exemplo da menina L.de que se pode pagar o mal com o bem. Amém.


Belo Horizonte, 02 de Abril de 2008.

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