quarta-feira, 9 de abril de 2008

O Homem que Chora


Por Deiber Nunes Martins


Muitas vezes, os homens se escondem por detrás da carapaça da masculinidade para omitirem seus medos e suas frustrações. Os homens são assim. Têm medo de revelar suas fragilidades, suas misérias. Interessante como as mulheres agem diante de suas fraquezas. Convém a elas muitas vezes se permitirem ser flagradas chorando ou soluçando por algum motivo. Os homens, entretanto, precisam de um momento apropriado para isso.
Um amigo meu, o Dalton, diz que o melhor momento e lugar para se derramar em lágrimas, para se desvestir da carapaça do homem que não chora e poder ser o Homem que chora, é sozinho no quarto. Assim, em momentos terríveis de muita angústia, solidão e ou tristeza, ele se tranca no seu quarto e desata a chorar. E se alguém pergunta o porquê do choro, quando ele sai do quarto, diz categórico:
“É muito triste ter de arrumar a cama! Então, eu choro!”
Não importa o momento, o lugar, o Homem tem que chorar. Expor suas fraquezas ou a ele mesmo, ou a Deus, ou a quem ele ama. Em todos esses casos são válidos. O importante é poder ser ele, autêntico, o Homem que chora. Mesmo que para os amigos, no trabalho, na vida cotidiana, ele tenha de ser o homem, aquele que não chora, que não pode chorar.
Só o verdadeiro Homem para saber o valor de uma lágrima. É quando choramos que nossa alma se lava. Entregamos nossa vida, nossos anseios, nosso mundinho, nossas misérias à Misericórdia de Deus. Quando o homem chora sozinho, ele está se auto-conhecendo, provando do elixir das suas limitações, sabendo melhor sobre si mesmo. E isso é muito bom para ele, pois na batalha do dia-a-dia, só vence aquele que muito se conhece.
O homem também pode chorar junto de Deus. Em sua conversa diária com o Criador, se for preciso, o homem deve chorar. Chorar aqui tem uma conotação de miséria, de fraqueza. E nada como ser fraco em Deus, para que Ele nos cubra com a sua força. É quando somos fracos, que Deus se manifesta em nós.
E existem casos em que o homem pode ser permitir chorar ao lado de quem ama. Ao lado da mulher amada, por exemplo. É preciso um relacionamento muito amadurecido e muito forte pra que esta realidade seja possível – chorar nos braços da mulher amada. Mas o homem que tem este privilégio, pode se dizer um homem feliz. Geralmente, as mulheres partem da visão machista de que o homem tem de ser forte e protetor. Mas muitas vezes é o homem quem precisa ser protegido. E assim, quando se encontra uma mulher que compreende o homem desta maneira, e lhe permite ser como ele realmente é, então se encontra o verdadeiro tesouro.
Hoje, no meio da tarde, eu precisei tirar minha carapaça em meu próprio local de trabalho. Precisei chorar. Precisei me sentir fraco, triste pela saudade. Eu podia visualizar a foto de minha amada, mas não podia senti-la pertinho de mim, por causa da distância. Então a saudade bateu e me derrubou. Isto, somado as decepções e estresses do dia de trabalho, sempre tão comuns, mas que me pegaram fragilizado. Então, eu saí da sala meio desnorteado e fui pra ante-sala. Estava vazia. Acabei me sentando uma das cadeiras, dobrei a cabeça para trás, encostando-a na parede e chorei. Não foi muito, mas o suficiente pra poder continuar o meu dia. E foi bom.
O verdadeiro Homem é aquele que chora. Aquele que pode chorar.Aquele que pode se permitir fraco. E assim forte em Deus. Ainda estou aprendendo. E isso me faz bem.

Belo Horizonte, 08 de Abril de 2008.

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