domingo, 20 de abril de 2008

Contrários

Música: Pe. Fábio de Melo, SCJ
Texto: Deiber Nunes Martins

Só quem já provou a dor
Quem sofreu, se amargurou
Viu a cruz e a vida em tons reais

Quem no certo procurou
Mas no errado se perdeu
precisou saber recomeçar

Só quem já perdeu na vida sabe o que é ganhar
Porque encontrou na derrota algum motivo para lutar

E assim viu no outono a primavera
Descobriu que é no conflito que a vida faz crescer

Que o verso tem reverso
Que o direito tem o avesso
Que o de graça tem seu preço
Que a vida tem contrários
E a saudade é um lugar
Que só chega quem amou
E o ódio é uma forma tão estranha de amar

Que o perto tem distâncias
E o esquerdo tem direito
Que a resposta tem pergunta
E o problema solução
E que o amor começa aqui
No contrário que há em mim
E a sombra só existe quando brilha alguma luz.

Só quem soube duvidar
Pôde enfim acreditar
Viu sem ver e amou sem aprisionar

Quem no pouco se encontrou
Aprendeu multiplicar
Descobriu o dom de eternizar

Só quem perdoou na vida sabe o que é amar
Porque aprendeu que o amor só é amor
Se já provou alguma dor
E assim viu grandeza na miséria
Descobriu que é no limite
Que o amor pode nascer.


Nossa vida é feita de contrários. As diferenças que movem nossa vida, nossa existência. Contrários que nos fazem amar, nos fazem viver. O amor tem infinitas formas de se expressar, mas escolhe sempre a melhor delas. O amor começa aqui, no contrário que há em mim. Porque preciso morrer a todo dia para o meu egoísmo, para minhas vontades, para que o Amor aconteça. Então, a vida passa a ser um desafio, uma batalha entre o bem e o mal. Contrários. Um jogo onde o vencedor é aquele que muito já perdeu. E quando se perde queima-se o desejo da vitória, mas não morre a vontade do ideal. Porque não há mal na derrota. Não há mal no cair. Porque a honra estar no levantar-se e começar de novo. Contrários. O contrário que há em mim, me ensina que o ódio nada mais é que uma forma tão estranha de amar. E nada mais. E se eu sei amar não preciso ter ódio, porque minha forma de amar é conhecida. Então eu amo com todos os meus contrários, com todas as minhas virtudes e defeitos. A vida é um contrário. E contrários requerem escolhas. Escolher entre um e outro. Que Deus nos possa ensinar a extrair dos contrários, a força da vida. Se a vida é um contrário, vivamos o contrário que há em nós, ou seja, amemos.

Belo Horizonte, 20 de Abril de 2008.

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