Por Deiber Nunes Martins
Aline tinha muitos sonhos, muitos desejos e idéias. Cheia de Deus, ela guardava todas as suas vontades no Coração de Jesus. Sabia que sozinha não podia concretizar tudo o que queria, mas que com Cristo, seria diferente. Mas nem sempre fora assim.
Há algum tempo, Aline se viu com uma doença séria. Era uma menina e já precisaria de cuidados médicos extremos. Sua família atemorizou-se. Seu pai, um homem de muita inteligência, mas de quase nenhuma fé, desesperou-se, diante da situação de sua única filha. Era mesmo, uma enfermidade séria.
A jovem que naquele momento, ainda não tinha experimentado Cristo em sua essência, via aquela situação com certa tranqüilidade, pois a doença que lhe acometia, ainda estava num estágio inicial e não manifestara todos os sintomas. Então ainda não havia começado o sofrimento, mas os médicos não se fizeram de rogados e logo a alertaram para as implicações de sua enfermidade.
Aline freqüentava a Igreja, participava das Missas em sua paróquia, procurava viver a realidade que Deus colocava a sua frente. Todavia, não tinha vivido ainda algo realmente forte em relação à sua espiritualidade. Foi quando em um belo dia, durante a Santa Missa na manhã de domingo, Aline sentiu algo diferente. Durante a comunhão, ela ficou sentada no banco, não indo comungar. Mas naquele momento sentiu ela uma inquietação dentro do peito, uma vontade incontrolável de fazer alguma coisa, algum gesto, para compensar o fato de não ir comungar naquela manhã. Alguma coisa que pudesse fazer com que ela recebesse Cristo, mesmo que apenas de intenção. Ela não sabia o que fazer, mas percebeu que se ajoelhasse, poderia ser o primeiro passo. Então, ajoelhou-se. Não pareceria nada estranho, pois naquele momento, muitos se ajoelhavam. Depois, percebeu que poderia fechar os olhos. E assim o fez.
E tão logo fechou os olhos, pôs-se a orar. E em sua oração sentiu bem claramente uma realidade: “Você precisa viver o novo, o que Deus te permite viver.” Era uma realidade diferente do que ela sempre viveu. Ela não estava preparada para viver o novo, ela ainda não havia tido consciência da dimensão do que era viver o novo, experiências novas. Porém, ela entendeu em seu coração que precisava viver o novo, era um pedido de Deus.
Pôs-se então a viver o novo em sua vida. E isto acalmou seu coração. Porque ela entendeu que se a doença era uma realidade que se aproximava, ela precisava vivê-la. Precisava senti-la, precisava experimentar este novo em sua vida.
Então assim, o fez. E enquanto sua família se exasperou mediante tudo o que estava porvir, Aline foi vivendo o novo, com uma determinação não antes imaginada. Assim, foi vivendo aquela situação, fazendo o tratamento, sofrendo as consequências daquela doença, como qualquer outro portador da mesma. A ela, Deus cuidou com muito carinho, não deixou que o desânimo a abatesse. Além disso, Deus foi fortalecendo seu coração e a sua fé, de modo que quanto mais o sofrimento a acabrunhasse, mais sua fé se tornava viva. Então ela começou a sentir mais necessidade de se aproximar de Deus. E como foram importantes essas aproximações! Ela começou a viver experiências maravilhosas, do amor do Pai no coração das pessoas. E então quando ela percebeu, não só confiava sua vida no Senhor, mas vivia esta confiança de tal modo que assim como aquela doença era o novo que Deus lhe falara, este novo tornar-se-ia velho e daria lugar a outro novo. Um situação nova, sem a doença.
E assim realmente o foi.
Aline surpreendeu a todos com a sua fé, com a sua maneira de lidar com a doença. Em todo o tempo em que passou enferma, muitas vezes presa a uma cama de hospital, em uma situação de dor extrema, ou sob os efeitos colaterais de forte medicação ela nunca proferiu um só lamento. Não lamentou nenhum infortúnio que viveu. A sua determinação em viver o novo e tudo o que este novo lhe oferecia lhe deu forças que ela nunca imaginou que teria. E assim, ela passou a ser uma nova pessoa, mais forte e vigorosa. Não só fisicamente, mas também em sua fé.
Tempos depois Aline, realizou todos os sonhos que havia colocado no coração de Jesus. E estes sonhos representavam muito para Deus, porque não eram apenas os sonhos de uma menina. Mas os sonhos de Deus, semeados no coração de uma menina... E ela pôde ver que só com sua fidelidade ao que Deus lhe dizia é que seria possível todas aquelas obras.
E assim, por ter vivido o novo. Deus lhe concedeu o milagre do novo.
Belo Horizonte, 18 de fevereiro de 2008.
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