segunda-feira, 5 de maio de 2008

Sofrendo de Tabela - Um Desabafo


Por Deiber Nunes Martins

Manhã desta segunda-feira. Acordo num sobressalto. O relógio havia despertado há tempos e era certeza de que eu estava atrasado. Levanto num salto, preparando-me psicologicamente para isso. Tento afastar da mente o princípio básico contido em meu manual de instruções de que acordar nas segundas-feiras é ruim e ainda que acordar atrasado numa segunda-feira é pior ainda. E enfrente vou tropeçando ao banheiro.
Meu banho não é demorado e em pouco tempo estou de volta ao quarto. Sento-me na cama, ainda quente e fico desolado. Era terrível ter de abandoná-la assim. Ainda mais em uma noite em que mal dormi. Olho com tristeza para a cama e lembro-me de que tanto ela quanto o travesseiro foram carrascos comigo. Passei quase toda a noite em claro, virando e revirando de um lado pra outro, a espera de um sono que vem na hora errada. Agora, não é mais hora de dormir. Tristeza...
As vezes, as noites são mesmo traiçoeiras. Por mais que eu tente fugir dos meus medos, das minhas aflições eu não consigo. Sinto-me de repente num vazio tremendo e me sinto sozinho também. Vejo que minha vida eu preciso mudar. E preciso ganhá-la dia após dia. Não é fácil guerrear contra o homem velho que há em mim. Este, insiste em dizer-me que estou sendo injusto, que estou traindo-o, em busca de um alguém que não o sou. Mas é assim mesmo. Por mais que eu possa viver por mim mesmo, ainda há um Deiber que insiste em me prender num mundo que não mais é meu.
Todavia, se eu estou chegando até aqui, é porque não estou de todo sozinho. Deus caminha comigo e combate comigo. Assim, eu posso vencer.
Perdoe-me pelo desabafo. Talvez estas palavras sejam fruto da minha tentativa de me expressar. E nem sempre tenho com quem dizer, então, o papel se faz o meu ouvinte fiel. Que Deus possa dar clareza às minhas palavras e significado ao meu texto, para que este não seja em vão e tenha alguma razão de ser para mim e para o sofrido leitor, que sofre de tabela, com este que escreve.

Belo Horizonte, 05 de maio de 2008.

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