segunda-feira, 12 de maio de 2008
Diálogos com o Espírito Santo
Por Deiber Nunes Martins
Caríssimo amigo, que semana abençoada esta última que passou! Confesso que ao seu final, estou maravilhado diante das inúmeras bênçãos e também inúmeras provações pelas quais passei, durante estes dias. Foram momentos intensos, onde experimentei duas sensações distintas. De um lado, a tua presença e de outro a incrível sensação da tua ausência, tentando me dominar. Sinto-me feliz por estar aqui e por ter superado esta semana tão difícil.
A certeza da semana abençoada, cheia de graças veio com o início do Cerco de Jericó, lá na Missão Mundo Novo. Ali, de frente ao Santíssimo, todas as esperanças foram depositadas e assim como aquele pão se transfigura no Corpo de Cristo, em Cristo Eucarístico, assim, tais esperanças se transfiguraram em certezas.
Mas não poderia mesmo ser fácil a caminhada. Na quarta-feira, fui tomado por momentos ruins. Tive desentendimentos com pessoas no meu trabalho. Desentendimentos bobos, não fui capaz de aceitar brincadeiras. Acabei não me permitindo rir de mim mesmo e perdir o tempo, a oportunidade de ser mais simpático aos outros. Como se não bastasse, na parte da tarde, não fui capaz de entender o que minha namorada queria me dizer e acabei ficando irritado pela minha incapacidade de compreender, como se isso fosse uma lástima. Não percebi que agindo assim, com tamanha exasperação, eu a deixava entristecida do outro lado, uma vez que ela não tinha como me ajudar e não tinha como explicar melhor pra mim o que sentia. Um problema banal de comunicação, fruto da distância - mais de 1000 km nos separam fisicamente. E sentimos isso na comunicação precária via internet.
Enfim, coisas que parecem ser bobas, foram tentando me derrubar, e quase conseguiram. Mas Deus é mais forte e poderoso que todos os meus problemas, que todos os meus males. É nesta verdade que eu me seguro. E com ela vou em frente. Após uma semana turbulenta cheia de conflitos internos, externos e tudo o mais, estava cansado, completamente esgotado, na sexta-feira. Mas tinha a Vigília de Pentecostes, onde falei a mim mesmo que iria custasse o que custasse. E fui. Como foi bom! Ali, eu percebi o quanto Deus vai nos curando, o quanto Ele se manifesta no meio de nós. Quantas bênçãos derramadas! Quantas pessoas ali chegaram entristecidas, arrasadas e saíram respirando aliviadas, mesmo cheias de olheiras ao final da manhã. Foi uma noite linda, que requer alguns relatos mais detalhados. De todo modo, neste texto, quero mencionar aquele jovem todo sujo, sentado no último banco da Igreja. Ele estava ali, mas era como se não estivesse. Totalmente alheio ao que acontecia, o jovem ficou aquela noite toda de cabeça baixa. Mas ao final da noite, certamente, alguma coisa ficou para ele, daquilo tudo. Confesso que rezei por ele. Rezei para que em algum momento, ele encontrasse naquela noite, uma porta, uma porta mesmo que estreita, para a sua saída.
Não o conheci pessoalmente, não tive oportunidade de falar-lhe, mas sei que Deus queria ele ali e não só o queria ali, como queria também que ele fosse tocado. Ao final da Vigília, olhei para o banco e não o vi. Ele se tinha ido. Mas certamente, não era o mesmo que havia entrado. Talvez sua vida ainda continua difícil. Viver na rua, no frio, não é fácil. Mas que este rapaz tenha ali, naquela Igreja, te encontrado, meu amigo Santo Espírito. E se assim o foi, fico tranquilo, pois não há quem não te encontre que fique o mesmo. Você sempre muda para a melhor a todas as pessoas.
Ao final desta semana, após a Vigília de Pentecostes, vejo o derramamento de Ti sobre as pessoas. Muitas delas, nem sabem. Ainda são incapazes de sentir, mas já são instrumentos Vosso. Canais das suas graças. Que Deus abençôe a todos nós.
Belo Horizonte, em 13 de janeiro de 2008.
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