Por Deiber Nunes Martins
Noite de sábado último, por volta da meia noite. Voltava eu por uma avenida, vindo da Pampulha, quando me deparei ao longo desta com várias mulheres à beira. São garotas de programa. Enquanto conduzia o carro, pensava, com certa tristeza na sorte delas. Garotas novinhas, a maioria delas, presumo eu ainda menores de idade, semi-nuas numa noite fria. A maioria sob o efeito das drogas, totalmente entorpecidas, à espera de um possível “cliente”. Infelizmente, nem todos têm a dimensão do valor que possuem, como território sagrado do Espírito Santo.
É uma imagem comum, em algumas ruas e avenidas de Belo Horizonte, mulheres de programa. Algumas mulheres, nem são mulheres ainda. Mas, a devastação das drogas, a vida noturna, bebidas alcoólicas e a maquiagem abusiva envelhecem meninas que ainda carregam em acessórios e em seus trejeitos a postura infanto-juvenil. Por mais que lampejem sensualidade no vestir-se, essas mulheres-meninas causam tristeza a quem por algum motivo que só Deus sabe não consegue fazer como a maioria e insiste em pensar no outro. Aprendemos no catecismo e na vida que usar estas mulheres como um objeto comprado é um pecado. Mas vejo que além do pecado a prostituição é um atentado em prol do egoísmo e contra o amor.
Chamou-me a atenção uma menina mulata, vestida em trajes sumaríssimos, sendo espancada por um rapaz maior, em plena rua. Talvez fosse aquele o rapaz o aliciador daquelas meninas, conhecido como cafetão, pelo menos foi o que me pareceu. Talvez aquela menina tivesse recusado um programa, talvez aquela menina, não estivesse querendo estar ali. Talvez, fosse alguma coisa assim. Talvez...
Cheguei em casa entristecido com as imagens que vi, embora eu sempre saiba destas coisas. Entretanto, tem horas que ficamos mais sensíveis às realidades que nos rodeiam. Infelizmente, não consigo ser como um motorista em minha vida, aquele preocupado apenas com o trânsito e com a sua condução. Aquele que não olha para o lado. Vejo os outros atentos a suas vidas e nada mais e não consigo ser assim. Gostaria de imaginar histórias de mim mesmo. Mas me deparo com as pessoas nas ruas, com as mulheres na noite. E não consigo deixar de construir em meu intelecto, histórias sem finais felizes.
Belo Horizonte, 05 de maio de 2008.
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