domingo, 8 de junho de 2008

A Batalha pelas Células-Tronco: Vitória da vida ou da morte?




Em decisão polêmica amplamente comemorada pela imprensa nacional, o Supremo Tribunal Federal aprovou dia 29 último pesquisas com células-tronco. Tema controverso, a liberação de pesquisas com células embrionárias foi a decisão final de seis dos onze ministros do STF. Entre os perdedores, ainda havia quase um consenso quanto a liberação parcial de tais pesquisas. Enquanto a “Grande Imprensa”, comandada pelos maiores veículos de comunicação do país (Revista Veja, Rede Globo, outros) comemora o resultado como uma “vitória da vida”, o que se vê é o desconhecimento sobre a realidade do ser humano.
Vivemos em um Estado laico por direito. Entretanto, tal premissa não serve como argumento para legitimar a decisão dos ministros da Suprema Corte, visto que não se trata de temática jurídica pura e simples, mas se trata antes de tudo, do valor da vida humana. O direito à vida deve ser inalienável, não passível de questionamento, independente do momento e ou situação em que esta se encontre. Sendo assim, mesmo não podendo se pautar pela fé, para se fundamentar uma decisão de tal envergadura, deve-se levar em consideração o fato de que um embrião é uma vida. E vidas devem ser preservadas para a concretização do bem comum.
Os ministros do STF não entenderam assim. Pressionados por grandes setores da sociedade brasileira que vive à guisa dos modismos americano e europeu, estes senhores e senhoras de responsabilidade ímpar, decidiram que a vida não tem nenhum valor em sua fase embrionária. O que está sendo proposto cai em um profundo lodo de idéias que abre caminho para uma série de práticas nocivas à vida: aborto, eutanásia, só para citar dois.
Em diversos pontos a argumentação dos ministros se fez inconsistente. Todavia, o que se pode colher de concreto na postura da Suprema Corte brasileira é que o direito brasileiro não protege a vida humana em todas as suas fases. Esta posição foi assumida perante a sociedade no último dia 29, com a decisão do Supremo. Ainda se pode concluir que o Brasil a partir do dia 29 de maio último, perdeu a verve cristã que o diferenciava dos demais.
Vejo com perplexidade os textos do Jornal Super do dia 30 de maio último, ou a coluna do sr. André Petry da Revista Veja e mesmo a “matéria comemorativa” do Jornal Nacional da TV Globo a respeito do tema. E ainda as cartas dos leitores de Veja desta semana. O que se nota é a posição da sociedade contra o que chamam de fanatismo religioso. Preferem nivelar por baixo a discussão sobre a vida. Os defensores da posição da CNBB acerca de pesquisas com células-tronco não pensam em prejudicar os chamados cadeirantes ou qualquer outro que necessite dos avanços da ciência nesta área. Apenas querem que a vida seja respeitada em todas as suas extensões. Cristo foi julgado por ser a favor da vida em todas as suas extensões. Ele não usou vida nenhuma para fazer seus milagres. E é Ele que seguimos.
Termino este libelo com uma prece. Peço a Deus que esclareça a mente de seus filhos quanto ao posicionamento sobre as células-tronco. Que a ciência possa ter o seu devido lugar na sociedade e que este não seja o de motivadora da desvalorização da vida. Que o Senhor em sua infinita misericórdia abra os nossos olhos para entendermos claramente a vida e o seu valor em todas as suas fases. Amém.

Belo Horizonte, 08 de Junho de 2008.

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