Por Dalton González e Deiber Nunes Martins
Quando eu penso que tenho todos os problemas no trabalho, vejo que não tenho. Tem gente que sofre e até mais. Meus superiores são de matar, mas como esse Freitas, não existem...
São Paulo, 06 de Outubro de 2008
Caríssimo amigo,
Não é só você quem vive as agruras do trabalho. Também eu tenho enfrentado inúmeras dificuldades em meus afazeres. A maioria delas, por obra e graça do Freitas. Não sei se você lembra, mas o Freitas é aquele corno que se tornou diretor regional da minha companhia. E se você forçar um pouquinho mais sua memória, lembrará que o Freitas nunca foi boa bisca.
Pois bem. Estamos em plena campanha de lançamento de um novo produto. Estamos incrementando as vendas em todo o país e a novidade é um sucesso só. Entretanto, você sabe como é, faturar muito não é o bastante, queremos sempre mais. Assim, terminou em clima de cobrança a reunião com os gerentes, as diretorias regionais e o pessoal do marketing, na qual faço parte. E nesta reunião estava o Freitas.
Como diretor regional, o puto retirou do marketing muita grana. E você sabe como são as campanhas de lançamento de novos produtos sobretudo em Sampa. Aquele viado se esquece de quão cara é uma campanha de penetração no mercado. Por isso nem notou que sugou tudo do pessoal do marketing, do qual faço parte e ainda nos cobrou maior criatividade na implementação das campanhas e nas negociações com as agências de publicidade. Você sabe como é difícil lidar com esses publicitários aqui. Todos querem faturar alto e quanto maior o impacto do novo produto, maior é a grana que buscam. Sem o pessoal da publicidade, estamos todos fodidos, inclusive a porra do Freitas. Mas tudo bem, ele parece não se importar. Corta tudo que é gasto, até o cafezinho. Como não vivo sem café, estou tendo de improvisar. Comprei pó e açúcar e estou colocando a gracinha da Denise, minha secretária pra me preparar o café. Ela o faz sem reclamar, mas não é função dela. Aquele viado deveria repensar os cancelamentos do contrato com a firma do lanche, pelo menos. Mas só pensa em cobrar. Cobra dos vendedores, aumento nas vendas, dos representantes, maior empenho. E de nós do marketing, idéias novas e talento. Como se talento desse em árvore. Sabe, meu amigo, o pessoal aqui de São Paulo é muito bitolado. Os caras querem dinheiro em cima de dinheiro a todo custo. Como nossa verba adicional não saiu, perdemos a chance de contratar aquela puta agência que te falei. Resultado, nosso produto, com três meses de vida, ainda não bombou. Chega segunda, na vídeo-conferência com o chefão, em seu café matinal, haja saco pra tanta cobrança. À tarde, chega o Freitas com seus números. Batendo na mesa, dando esporro até em mosquito, o cara parece um louco diante dos gráficos. “Vocês, marketing, cadê as porra das idéias? Vocês são mesmo uns merdas! Enfiem seus rabos nas cadeiras e mandem bala. Criem canais, gerem venda. Dêem receita a esta companhia. Ou estarão demitidos. Todos vocês: Lúcio, Jonas, Dalton... todo mundo! Mando vocês embora e coloco a minha equipe pra trabalhar...”
Sabe, Deiber, o Freitas continua maricas. Na frente do grupo, bota pra quebrar, faz e acontece. Pessoalmente, na cara e na lata, vem cheio de mimos. Gostaria de ser como um de seus personagens da máfia só pra meter uma bala nos cornos daquele filho da puta! Como não sou personagem, sou real e preciso do emprego, vou tolerando...
Chego em casa e a mulher pede pra ter calma. Dane-se a calma! Quando estou nervoso detesto que me peçam calma! Não é ela que tem de enfrentar dez horas de serviço pesado em condições desumanas e ainda as humilhações do corno do Freitas! Mulher é complicado! O problema delas se resume a dorzinha de cabeça quando estão de TPM. Mulher é bicho danado. Não se importa. Diz que importa, mas não importa. Mulher se importa com mulher. Homem que se dane. Só servem pra pagar as contas... Bom, de todo modo, ela te mandou um abraço...
Bem, amigo, estou indo nessa. Achei que devia desabafar com você um pouco. Vi pela carta que você também teve um dia daqueles, não é? Mas é assim mesmo. No mais ficamos por aqui. E que seu galo melhore, pra dar pressão quando pegar o meu time. E só pra abrir parênteses, o idiota do Freitas é Fluminense. Onde já se viu, paulista torcer pra time do Rio? É, fico por aqui. Vamos em frente e que Deus nos ajude.
Um abraço, seu amigo
Dalton González
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
O Dalton...as vezes me incomoda..rrsrsrs...Não sou atraida por ele..digo atraida pelo seu jeito de pensar. Ele as vezes me parece um pouco indiferente ao outro e suas teorias são radicais..mais fazer o que..é seu amigo rsrsrs...e de todo modo teremos varios encontros por essa vida,quem sabe eu não reveja minha postura diante dele ?!
Bj,Orquidea
Postar um comentário