Texto: Deiber Nunes Martins
Meus bons amigos, onde estão?
Notícias de todos quero saber
Cada um fez sua vida de forma diferente
Às vezes me pergunto, Malditos ou Inocentes?
Nossos sonhos, realidades
Todas as vertigens, crueldades
Sobre nossos ombros aprendemos a carregar
Toda a vontade que faz vingar
No bem que fez pra mim assim
Assim, me fez feliz, assim
O amor sem fim
Não esconde o medo
De ser completo e imperfeito...
Nos últimos dias, aproveitando minhas férias, tenho me feito esta pergunta: meus bons amigos, onde estão? E curiosamente pergunto a mim mesmo: já tive bons amigos? Parece ser uma pergunta dura, mas na verdade é uma auto-crítica: o que tenho feito de minha vida que as amizades desaparecem assim do nada! E não são malditos nem inocentes... Apenas pessoas que se dizem amigos...
Engraçado hoje em dia, pensar na amizade. Como ela é confundida com outras coisas... Interesses, jogo de troca de favores, redes de contatos, networking... e por aí vai... como tratam a amizade com estrangeirismos e sem nenhuma intimidade!
Machado de Assis já disse certa vez que o homem que alardeia sua amizade não é amigo e sim um traficante de interesses. Fiquei com esse ponto de vista na cabeça e a partir dele comecei a selecionar meus amigos. Depois de um certo tempo, escutei de uma pessoa com certo saber que os amigos o são enquanto os seus interesses permanecem vivos, mas depois de um certo tempo, os interesses se enfraquecem e estes amigos se distanciam... Continuei minha seleção e pra minha surpresa cheguei até aqui, com esta pergunta: "Meus bons amigos, onde estão?"
É preciso, todavia, transportar-se para um mundo menos materialista e mais humano, visto que o humano sempre carrega consigo o desejo do sagrado. E a amizade é o amor sublime encarnado na pessoa do outro, do amigo. Infelizmente, o mundo nos leva a materializar as relações de modo que se não aproximamos do outro(a) por interesse, aproximamos por vaidade. Esta é a versão do mundo para a amizade. Uma visão distorcida, estrangeirizada. É a amizade das redes sociais, onde os amigos competem entre si por mais amigos, por mais contatos, por mais followings e por aí vai...
Infelizmente, hoje me sinto só em relação aos amigos, mas não significa que eles não existem e que não tenham existido. Talvez hoje estejam um tanto quanto distantes de mim, por minha própria culpa. Não posso culpá-los. Antes preciso entender que o amor que trago no peito vem carregado das angústias de ser completo e imperfeito. Porque imperfeito eu sou.
Senhor, que eu me transporte para teu mundo de misericórdia e perfeição a ponto de poder ver o outro(a) com teu olhar de amor e assim amar incondicionalmente a ponto de poder dizer, de fato, meus bons amigos...
Camacan-BA, 12 de Março de 2011.
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