domingo, 1 de fevereiro de 2009

Depois da Derrota Vem o Choro


Por Deiber Nunes Martins

Vejo na internet que o tenista espanhol Rafael Nadal venceu o primeiro Grand Slam do ano - o aberto da Austrália. Ao final do jogo, no pódio, Federer não conseguiu se segurar e disse: "No primeiro momento, você fica desapontado, aí você fica chocado, fica triste, então vem tudo junto de repente e esgota você(...)O problema é que você não pode ir para o vestiário e apenas levar na boa e tomar uma ducha fria. Você fica lá lembrando de tudo. É o pior sentimento. É duro".
Embora ache justa a derrota de Federer, pois Nadal está num momento bem melhor, me compadeço com o jogador suiço. Estou sensibilizado com o que ele viveu e está vivendo por uma razão muito simples: a necessidade que temos de vitória. Precisamos sempre vencer, pra sermos reconhecidos, não importam as condições, não importa o que já fizemos, não importam as vitórias passadas, vencer é coisa de agora.
Vencer e vencer. O que me impressiona nisso tudo, é que a cada dia mais formamos as crianças com esta finalidade. Outro dia tava vendo de tabela um reality show pra crianças, onde o que importava era um vencedor entre dez outros. Ser vencedor é o que há. As meninas não ligam pra perdedores e fracassados, ligam pra quem vence, pra quem é o melhor.
Mas, o que é ser o melhor?
Será que é somente ser o vencedor? Será que precisamos sempre pra sermos melhores, vencer? O que Federer sentiu é que infelizmente, ninguém se importa se ele já ganhou quase mais Grand Slam's que Pete Sampras, se ele tem a melhor técnica ou é o melhor jogador que o tênis já viu desde de John Mc Enroe ou Bjorn Borg. Na verdade, ninguém se importa. Importa se você é o melhor no momento, se você é o vencedor. Isto é o que importa.
Mas é muito triste, porque aos poucos, nos alienamos. Aos poucos viramos escravos do sistema. Sistema de vencedores. Vencedores que destróem vencidos. Empresas vencedoras são aquelas mais eficientes que as outras. Vivemos este pecado, o pecado da exclusão do primeiro lugar. É ele que importa e nada mais. Daí, as pessoas são treinadas para atitudes inexcrupulosas. Empresas maqueiam balanços financeiros, competidores são pegos se dopando, e tudo o mais. Porque somos o produto do meio, o produto do mundo. O vencedor nada mais é que o produto da mídia. Aquele que mostra com quem Deus está.
Vejo Federer chorar em frente as câmeras e fico imaginando: será que algúem se importa com o seu segundo lugar? Será que é importante? O que será de nossas crianças, alienadas com este mundo egoísta e excludente, onde só o vencedor importa e o resto é resto, é fracasso, é derrota.
Em tempos difíceis para o Glorioso Atlético, o nosso Galo aqui das Gerais, são poucos os garotinhos que querem torcer com a gente. Querem torcer pros refrigerados, pro São Paulo, ou pro Manchester United. Porque o mundo é dos vencedores. E o amor também, é dos vencedores.
Amanhã, após a primeira batalha da semana, talvez venha uma derrota. E talvez com ela, venha também o choro. Mas, amigo(a), Deus te ama. Vencedor ou perdedor, Deus te ama e não pode desdizer. E ama você também, Federer.

Belo Horizonte, 01 de Fevereiro de 2009.

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