terça-feira, 9 de dezembro de 2008

É Diferente


Por Deiber Nunes Martins

Quem pode entender as nuances do amor? Aline e Vitor faziam um casal perfeito. Se é que pode existir tal casal, mas eles certamente se aproximavam disso. Estudaram juntos no colégio, depois viveram algum tempo em cidades distantes. Mas só descobriram o amor quando se reencontraram, na festa de Betinha, há alguns meses atrás. E não foi qualquer amor. Foi coisa séria. Amor arrebatador que mudava tudo.
Mas certo dia, Vitor deixou a todos boquiabertos.Em poucos termos, chegou a soleira da porta, respirou fundo e disse sem olhar os presentes nos olhos:
“Está tudo acabado. Terminamos.”
E de dentro do quarto, uns poucos soluços de Aline era o que se ouvia. Olívia, a amiga inseparável largou a bebida e as pedras do dominó e correu para o quarto, tentar consolar a amiga.
Ainda perplexo, Léo pensou em oferecer uma bebida a Vitor. Mas quando fez menção de colocar o vinho no copo, o rapaz já estava saindo do apartamento, meio sem rumo. Ninguém se compadeceu dele.
Era Aline quem carecia de cuidados. Era ela a rejeitada. Era ela, a infeliz. Talvez Vitor estivesse passando por um momento confuso, próprio da juventude. Ou talvez, algum rabo de saia estivesse mexendo com a sua cabeça. Certamente, ele era o culpado. Não carecia compaixão. Aline sim. A pobre sofredora.
Mas Aline não sofria tanto assim.
“O que aconteceu, amiga?”, indagou Olívia “Estava tudo tão bem entre vocês...”
“Ele terminou comigo, amiga”, disse Aline, seriamente “tava demorando...”
“Como assim?”, indagou Olívia incrédula, “Do que está falando?”
“Ele descobriu algumas coisas, pegou algumas cartas minhas, descobriu tudo sobre meu passado, sobre o Breno.”
“E quem é Breno?”
“Ora, quem é Breno! Uma paixão do tempo em que eu estava fora daqui. Acontece que voltei, mas não perdi o contato com ele. Continuamos nos comunicando pela internet, e-mail e tudo o mais. Acontece que o Vitor é esperto e tem muitos amigos. Algum amigo dele deve ter monitorado meu computador, ou coisa assim. Só sei que o Vitor tinha uma certeza irremediável quando me disse que tava rompendo comigo.”
“Mas, Aline, vocês se gostam tanto! O que foi que ele te disse?”
“Disse que não suportaria saber que a mulher que ele ama, ainda é capaz de se comunicar com outro homem. Ainda mais um ex-namorado. E ainda mais um cara que eu ainda não esqueci.”
“Mas você não deixou ele saber que você ainda não esqueceu esse tal de Breno?”
“E precisava? Se meus olhos me entregam, se minhas frases soltas falam mais que minha boca? O que eu posso fazer se ainda amo o Breno?”
“Mas, Line, você me jurou que amava o Vitor! Como é isso?”
“Sei lá, amiga! Com o Vitor é diferente...”

Belo Horizonte, 09 de Dezembro de 2008.

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