Música: Vander Lee
Texto: Deiber Nunes Martins
Eu E Ela
Gotas de amor, girassol
Mares de sal, beijo floral
Pra falar nesse tempo, qual?
Do ventre exposto ao sol
Das flores postas no postal
Quantas caras nesse jornal
Foi quando a sede chamou
Pra acordar nosso amor
Fiz um tema na mão dela
Já fez calor, temporal
Você sem mim, tudo tão igual
Tudo bem, mas estou bem mal
Na TV não tem canal
Seu brilho tão sem meu cristal
Só tem música em meu dial
Mas o poema acenou
Pra acordar nosso amor
Quando a noite me revela
Sou eu e ela, eu e ela, eu e ela...
Já parei pra tentar desvendar este amor e quase enlouqueci. Como se fosse possível entender a simplicidade divina de nos criar tão simples e ao mesmo tempo tão complexos. Na verdade, o sentimento é tão simples! Parte do coração, perpassa a alma e nos leva pra outra dimensão. Só com você é assim. Por que? Porque é real.
Um amor que não tem medida mas que é tangível como tocar em teu rosto. Sentir você é sair da dimensão humana da vida e se transportar para um mundo só de nós dois.
E neste sentido, estar sem você é impossível. Estar com você é essencial. E só nós dois temos esta idéia, esta dimensão. O mundo de nós dois é o lugar onde você pode ser você e eu posso ser eu. De verdade. O lugar onde tiramos todas as máscaras do mundo dos outros, e nos vestimos somente da veste do nosso amor. Amor de significado, como já podemos perceber. E amor que dá frutos, como Maria Isabel tem nos mostrado.
Diante de tudo isso, quero te dizer que meu maior desejo é sempre me transportar para os seus braços, para o aconchego do nosso amor. Amor sem medidas. Amor de nós dois...
Belo Horizonte 29 de novembro de 2010.
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
A Ética no Esporte
Por Deiber Nunes Martins
Estava com este texto preso na garganta desde a vitória do Vettel sobre o Alonso, na Fórmula 1. Há muito tenho visto o esporte ser acometido por esta onda de imoralidade e falsidade, onde o vencedor não é mais o competente, o talentoso e sim, o de maior poderio financeiro e mercadológico. Não se vence uma partida mais por mérito e sim por poder de mídia, o que os incautos insistem em confundir com "peso da camisa".
Tudo bem, no automobilismo, a tecnologia é preponderante para o êxito. Assim, o poderio das equipes se fez. "Peso da camisa" na principal categoria do automobilismo resume-se com justiça a Ferrari, McLaren, Renault e Williams, sendo gratas surpresas a Red Bull e a Mercedes GP. No entanto, foi-se o tempo em que a tradição das marcas prevalecia sobre o capital. A partir do momento em que os motor-homes se tornaram palacetes reais sobre rodas, o automobilismo deixou de ser definido na pista. Michael Schumacher tornou-se o maior piloto de todos os tempos numa época em que a tecnologia faz quase tudo para o piloto. O público jovem passa a admirar um mero apertador de botões, sem levar em conta os verdadeiros heróis deste esporte tão encantador: Juan Fangio, Alain Prost, Nelson Piquet, Nigel Mansell, o inigualável Ayrton Senna...
Saindo das corridas de carro e passando pelo beisebol. Um esporte desconhecido do público brasileiro mas famoso no restante do mundo e paixão nacional no Japão, Venezuela e EUA, só pra citar os três. A maior liga deste esporte, a Major League Baseball ou MLB tem como principal vencedor o New York Yankees, com o maior número de títulos conquistados. Para os rivais, os Yankees não vencem títulos, os Yankees compram títulos. Entendendo melhor, o maior vencedor do beisebol americano é a equipe mais rica. Assim sendo, é de se esperar que a mesma consiga reunir os melhores jogadores em seu lineup (lainape ou plantel pra falarmos no bom português).
E por fim, só para citar três esportes, o futebol. E aqui a confusão é generalizada. No mundial interclubes, o que se vê todo ano é a batalha Davi-Golias, com os primeiros sempre do continente americano e o gigante sempre do futebol europeu. Dá-se uma importância desmedida a Uefa Champions League, por ela reunir as equipes de futebol mais ricas do planeta. Mas o que qualquer bom entendedor do futebol vê, sem a maquiagem dos comentários esportivos é um futebol artificial, sem garra, sem paixão. Um futebol onde os craques são burocratas e fazem do seu ofício uma obrigação enfadonha. Já se foi o tempo da Copa dos Campeões de Van Basten, Rudd Gullit, Zinedine Zidane. Hoje, sou obrigado a aceitar que Ibrahimovic e Cristiano Ronaldo são craques e pronto!
Mas o futebol dá pano pra manga... Viram o que aprontaram com o Cruzeiro, há algumas semanas? Sou atleticano mas preciso reconhecer que foi um golaço da arbitragem aquele pênalti marcado no Ronaldo, a favor do time Corinthiano. Me perdoem os favoráveis e os corinthianos mas aquilo nunca foi penal! E se o foi, o que o atacante cruzeireiro sofreu no primeiro tempo, do goleiro, foi muito mais. Ora, se um penal muito menos foi marcado, o muito mais teria de ser também. Abro espaço aqui para falar de Futebol Americano a NFL e também do tênis. Esportes onde o recurso tecnológico é aceito. No caso de Cruzeiro e Corínthians era necessário que ao final do jogo, as câmeras de TV fossem acionadas e que o penalti não dado a favor do time azul fosse cobrado. Era o mínimo que a moralidade esportiva merecia. E olha que sou atleticano hein! Mas infelizmente o futebol brasileiro é um caso à parte...
O meu Galo por exemplo, já foi prejudicado pela arbitragem brasileira inúmeras vezes. A maioria delas contra os times do eixo Rio-SP. É duro aceitar que Carlos Eugênio Simon seja ao mesmo tempo juiz de copa do mundo e carrasco do Atlético naquela partida de semi-final de Copa do Brasil contra o Botafogo. Em Minas, ninguém esquece José Roberto Wright. Afinal, foi ele quem tirou do Galo o título da Libertadores lá em Goiânia, a favor de quem? Do Flamengo...
No Brasil, sempre o mais forte na mídia levanta mais investimentos, proporciona mais dividendos à CBF e à Rede Globo e por isso acaba sendo favorecido. Ninguém acha interessante o Cruzeiro ser o campeão deste ano a não ser os próprios cruzeirenses. Como é ano do centenário corinthiano, o time de maior torcida no país, e por isso, mais rentável ao grupo CBF-Globo, nada mais justo que o Timão leve mais esta. Mesmo que seja favorecido pela arbitragem, comandada pela CBF e pela mídia, comandada pela Rede Globo, detentora dos direitos de trasmissão. Assim como foi em 2005, onde inventaram um juiz corrupto, para anular alguns jogos e favorecer o Timão em detrimento do Colorado Gaúcho. Como este ano, Cruzeiro e Fluminense não exercem supremacia sobre o time paulista, não é preciso mexer nos bastidores, basta o juiz ajudar dentro do campo...
Foi mais do que justo a vitória do Vettel sobre o Alonso. A Ferrari na base da desonestidade, fez jogo de equipe o tempo todo, em detrimento a Felipe Massa. Foi vergonhoso ver aquela corrida maravilhosa, ser definida com uma ordem de box dada a Massa para deixar passar o espanhol. Mas a vendetta não tardaria e viria da melhor forma: o espanhol egocêntrico e pirracento sendo barrado pelo russo Petrov que não tinha passado seu telefone para o comando da Ferrari. Talvez o título ficasse em melhores mãos se ficasse com o Mark Webber, o piloto mais regular da temporada. Mas não ficou ruim nas mãos do alemão Vettel. Afinal, a Ferrari foi punida dentro da pista do seu jogo de equipe.
Que o futebol brasileiro siga o exemplo do beisebol americano. Só pra constar, este ano os Yankees foram eliminados nas semi-finais pela equipe de menor folha salarial da MLB, o Texas Rangers. Lá, o Davi pode vencer o Golias. Ontem, o Goiás deu uma lição na arrogância palmeirense de achar que a partida estava ganha. Um bom sinal. Que cada vez mais, o público veja a necessidade do Davi vencer o Golias na bola, dentro de campo. Sem ajuda de juiz, de bandeirinha famoso e coisa e tal. Que o trio maléfico CBF-Rede Globo-Clube dos 13 seja desfeito e que o poderio futebolístico seja no talento, na bola, nas boas práticas esportivas e não definido pelo fator geográfico. Caso contrário, que os times preteridos abandonem o trio maléfico, criem uma liga própria e discutam com o público o valor do futebol brasileiro. Deixa Rio-SP com os times deles, pois o que dá liga ao futebol são os times de fora.
Que a ética prevaleça no esporte e que possamos ver cada vez mais como normalidade a vitória do Davi sobre o Golias.
Belo Horizonte, 25 de novembro de 2010.
Estava com este texto preso na garganta desde a vitória do Vettel sobre o Alonso, na Fórmula 1. Há muito tenho visto o esporte ser acometido por esta onda de imoralidade e falsidade, onde o vencedor não é mais o competente, o talentoso e sim, o de maior poderio financeiro e mercadológico. Não se vence uma partida mais por mérito e sim por poder de mídia, o que os incautos insistem em confundir com "peso da camisa".
Tudo bem, no automobilismo, a tecnologia é preponderante para o êxito. Assim, o poderio das equipes se fez. "Peso da camisa" na principal categoria do automobilismo resume-se com justiça a Ferrari, McLaren, Renault e Williams, sendo gratas surpresas a Red Bull e a Mercedes GP. No entanto, foi-se o tempo em que a tradição das marcas prevalecia sobre o capital. A partir do momento em que os motor-homes se tornaram palacetes reais sobre rodas, o automobilismo deixou de ser definido na pista. Michael Schumacher tornou-se o maior piloto de todos os tempos numa época em que a tecnologia faz quase tudo para o piloto. O público jovem passa a admirar um mero apertador de botões, sem levar em conta os verdadeiros heróis deste esporte tão encantador: Juan Fangio, Alain Prost, Nelson Piquet, Nigel Mansell, o inigualável Ayrton Senna...
Saindo das corridas de carro e passando pelo beisebol. Um esporte desconhecido do público brasileiro mas famoso no restante do mundo e paixão nacional no Japão, Venezuela e EUA, só pra citar os três. A maior liga deste esporte, a Major League Baseball ou MLB tem como principal vencedor o New York Yankees, com o maior número de títulos conquistados. Para os rivais, os Yankees não vencem títulos, os Yankees compram títulos. Entendendo melhor, o maior vencedor do beisebol americano é a equipe mais rica. Assim sendo, é de se esperar que a mesma consiga reunir os melhores jogadores em seu lineup (lainape ou plantel pra falarmos no bom português).
E por fim, só para citar três esportes, o futebol. E aqui a confusão é generalizada. No mundial interclubes, o que se vê todo ano é a batalha Davi-Golias, com os primeiros sempre do continente americano e o gigante sempre do futebol europeu. Dá-se uma importância desmedida a Uefa Champions League, por ela reunir as equipes de futebol mais ricas do planeta. Mas o que qualquer bom entendedor do futebol vê, sem a maquiagem dos comentários esportivos é um futebol artificial, sem garra, sem paixão. Um futebol onde os craques são burocratas e fazem do seu ofício uma obrigação enfadonha. Já se foi o tempo da Copa dos Campeões de Van Basten, Rudd Gullit, Zinedine Zidane. Hoje, sou obrigado a aceitar que Ibrahimovic e Cristiano Ronaldo são craques e pronto!
Mas o futebol dá pano pra manga... Viram o que aprontaram com o Cruzeiro, há algumas semanas? Sou atleticano mas preciso reconhecer que foi um golaço da arbitragem aquele pênalti marcado no Ronaldo, a favor do time Corinthiano. Me perdoem os favoráveis e os corinthianos mas aquilo nunca foi penal! E se o foi, o que o atacante cruzeireiro sofreu no primeiro tempo, do goleiro, foi muito mais. Ora, se um penal muito menos foi marcado, o muito mais teria de ser também. Abro espaço aqui para falar de Futebol Americano a NFL e também do tênis. Esportes onde o recurso tecnológico é aceito. No caso de Cruzeiro e Corínthians era necessário que ao final do jogo, as câmeras de TV fossem acionadas e que o penalti não dado a favor do time azul fosse cobrado. Era o mínimo que a moralidade esportiva merecia. E olha que sou atleticano hein! Mas infelizmente o futebol brasileiro é um caso à parte...
O meu Galo por exemplo, já foi prejudicado pela arbitragem brasileira inúmeras vezes. A maioria delas contra os times do eixo Rio-SP. É duro aceitar que Carlos Eugênio Simon seja ao mesmo tempo juiz de copa do mundo e carrasco do Atlético naquela partida de semi-final de Copa do Brasil contra o Botafogo. Em Minas, ninguém esquece José Roberto Wright. Afinal, foi ele quem tirou do Galo o título da Libertadores lá em Goiânia, a favor de quem? Do Flamengo...
No Brasil, sempre o mais forte na mídia levanta mais investimentos, proporciona mais dividendos à CBF e à Rede Globo e por isso acaba sendo favorecido. Ninguém acha interessante o Cruzeiro ser o campeão deste ano a não ser os próprios cruzeirenses. Como é ano do centenário corinthiano, o time de maior torcida no país, e por isso, mais rentável ao grupo CBF-Globo, nada mais justo que o Timão leve mais esta. Mesmo que seja favorecido pela arbitragem, comandada pela CBF e pela mídia, comandada pela Rede Globo, detentora dos direitos de trasmissão. Assim como foi em 2005, onde inventaram um juiz corrupto, para anular alguns jogos e favorecer o Timão em detrimento do Colorado Gaúcho. Como este ano, Cruzeiro e Fluminense não exercem supremacia sobre o time paulista, não é preciso mexer nos bastidores, basta o juiz ajudar dentro do campo...
Foi mais do que justo a vitória do Vettel sobre o Alonso. A Ferrari na base da desonestidade, fez jogo de equipe o tempo todo, em detrimento a Felipe Massa. Foi vergonhoso ver aquela corrida maravilhosa, ser definida com uma ordem de box dada a Massa para deixar passar o espanhol. Mas a vendetta não tardaria e viria da melhor forma: o espanhol egocêntrico e pirracento sendo barrado pelo russo Petrov que não tinha passado seu telefone para o comando da Ferrari. Talvez o título ficasse em melhores mãos se ficasse com o Mark Webber, o piloto mais regular da temporada. Mas não ficou ruim nas mãos do alemão Vettel. Afinal, a Ferrari foi punida dentro da pista do seu jogo de equipe.
Que o futebol brasileiro siga o exemplo do beisebol americano. Só pra constar, este ano os Yankees foram eliminados nas semi-finais pela equipe de menor folha salarial da MLB, o Texas Rangers. Lá, o Davi pode vencer o Golias. Ontem, o Goiás deu uma lição na arrogância palmeirense de achar que a partida estava ganha. Um bom sinal. Que cada vez mais, o público veja a necessidade do Davi vencer o Golias na bola, dentro de campo. Sem ajuda de juiz, de bandeirinha famoso e coisa e tal. Que o trio maléfico CBF-Rede Globo-Clube dos 13 seja desfeito e que o poderio futebolístico seja no talento, na bola, nas boas práticas esportivas e não definido pelo fator geográfico. Caso contrário, que os times preteridos abandonem o trio maléfico, criem uma liga própria e discutam com o público o valor do futebol brasileiro. Deixa Rio-SP com os times deles, pois o que dá liga ao futebol são os times de fora.
Que a ética prevaleça no esporte e que possamos ver cada vez mais como normalidade a vitória do Davi sobre o Golias.
Belo Horizonte, 25 de novembro de 2010.
Depoimento de moradora do bairro Suzana em Belo Horizonte - MG
Não eram nem 5 da manhã quando abrimos os olhos e nos deparamos com a água já sobre nossas casas. Sim, choveu muito, mas aquela quantidade toda de água não nos parecia vir exclusivamente da chuva. As compotas da Lagoa da Pampulha foram abertas, pois, o nível da Lagoa subiu e isto, segundo a Prefeitura, tornou-se uma ameaça fatal para algumas regiões de BH, sobretudo, para nobre região da pampulha. Então ok: abriram as compotas e a água foi escorrendo para todos os possíveis cantos, mas tudo isso dá em um único lugar: Córrego do Onça: Favelas e periferias que ficam ao redor do mesmo.
Hoje, 23 de Novembro de 2010, aconteceu uma enchente como nunca antes. Pessoas que moram no bairro há mais de 50 anos diziam nunca ter visto algo igual. Pois bem, nos reunimos e fomos à luta mais uma vez e mostramos a BH e ao país (ainda que pela mídia sensacionalista) a nossa existência; já que somos um bairro que a Prefeitura quer, a cada dia, extinguir do mapa. Isso eu digo pelo fato de nunca conseguirmos o falso “Orçamento Participativo”; pelo fato de o ônibus servir apenas aos demais bairros vizinhos (pasmem: depois da construção da Linha Verde, feita pelo Sr. Aécio, a linha 5101 - SUZANA/CRUZEIRO - passa em apenas 1 rua do bairro suzana e o ponto final encontra-se no bairro de classe média Dona Clara); pelo fato de retirarem várias famílias para a construção da Linha Verde; pelo fato de não existirmos no mapa de BH, e olha que geograficamente pertencemos a tão nobre regional Pampulha.
De dia ficamos sem água e agora a noite estamos sem luz, muitas casas ainda com barro. Sofrimentos, revoltas, ações e reações das mais diversas formas foram feitas: muitos rezavam o tempo todo; alguns se reuniram e chamaram o poder público (discutiam, negociavam, reivindicavam seus direitos); outros se uniam e botavam fogo nas coisas perdidas pela avenida cristiano machado. Cada um reagindo da forma que foi possível.
O bairro Suzana é dividido em duas partes: a parte alta e a parte baixa (que fica mais próxima da Cristiano Machado, de frente para o córrego do Onça). À tarde a região recebeu a visita do Prefeito e...... qual foi a única medida que Márcio Lacerda disse que tomará??? Será colocado um radar para medir o nível da água no córrego. Ponto final, nada mais que isto. E a linha verde permanece acabando com parte de nossas famílias e a cidade administrativa permanece lá, intacta.
De tudo que experimentei hoje o que mais me marcou, felizmente, não foram as cenas de tristezas, mas sim o companheirismo entre as pessoas. Gente da parte de cima (casas que a água passou longe) e até mesmo gente que veio de outros lugares, desceram até nós e foram de casa em casa oferecendo ajuda: levaram comidas, pães, café quentinho na hora, palavras e conversas afetuosas para nos encorajar a encarar a situação. Situação esta que sabemos que não será solucionada de imediato, mas sabemos também que nem Márcio Lacerda irá nos desarticular, nem os policiais que nos vigiaram hoje durante todo o dia.
Nossa força vem não sei de onde, permaneceremos brigando com esse governo para que medidas dignas sejam tomadas. Aliás, eu sei de onde vem sim essa força: vem da nossa ancestralidade, pois, como dizia minha vó: “suzana é onde cresci, suzana é o que construí. Suzana só morre para quem se esquece das origens.”
Gente este e-mail é para compartihar com todos/as vocês minha agonia pelo dia de hoje, mas também para agradecer a todos/as que se fizeram presentes. Os que me ligaram, os que saíram de sua rotina e vieram nos ajudar, os que rezaram por nós.
Peço aos que puderem que nos doem o que estiver ao alcance (roupas, sapatos, colchões, eletrodomésticos, roupas de senhoras, roupas de bebê, enfim, o que tiverem) e para encaminhar este e-mail a demais pessoas. Assim é só me ligar ou me retornar por e-mail que eu ou qualquer outra pessoa do bairro daremos um jeito de buscar.
Te agradeço!
Enfim, esta é apenas um das muitas lutas que rola por aí...
AKOMA sempre, para todos/as nós!!!
Danielle Anatólio
(Moradora do Bairro Suzana)
Hoje, 23 de Novembro de 2010, aconteceu uma enchente como nunca antes. Pessoas que moram no bairro há mais de 50 anos diziam nunca ter visto algo igual. Pois bem, nos reunimos e fomos à luta mais uma vez e mostramos a BH e ao país (ainda que pela mídia sensacionalista) a nossa existência; já que somos um bairro que a Prefeitura quer, a cada dia, extinguir do mapa. Isso eu digo pelo fato de nunca conseguirmos o falso “Orçamento Participativo”; pelo fato de o ônibus servir apenas aos demais bairros vizinhos (pasmem: depois da construção da Linha Verde, feita pelo Sr. Aécio, a linha 5101 - SUZANA/CRUZEIRO - passa em apenas 1 rua do bairro suzana e o ponto final encontra-se no bairro de classe média Dona Clara); pelo fato de retirarem várias famílias para a construção da Linha Verde; pelo fato de não existirmos no mapa de BH, e olha que geograficamente pertencemos a tão nobre regional Pampulha.
De dia ficamos sem água e agora a noite estamos sem luz, muitas casas ainda com barro. Sofrimentos, revoltas, ações e reações das mais diversas formas foram feitas: muitos rezavam o tempo todo; alguns se reuniram e chamaram o poder público (discutiam, negociavam, reivindicavam seus direitos); outros se uniam e botavam fogo nas coisas perdidas pela avenida cristiano machado. Cada um reagindo da forma que foi possível.
O bairro Suzana é dividido em duas partes: a parte alta e a parte baixa (que fica mais próxima da Cristiano Machado, de frente para o córrego do Onça). À tarde a região recebeu a visita do Prefeito e...... qual foi a única medida que Márcio Lacerda disse que tomará??? Será colocado um radar para medir o nível da água no córrego. Ponto final, nada mais que isto. E a linha verde permanece acabando com parte de nossas famílias e a cidade administrativa permanece lá, intacta.
De tudo que experimentei hoje o que mais me marcou, felizmente, não foram as cenas de tristezas, mas sim o companheirismo entre as pessoas. Gente da parte de cima (casas que a água passou longe) e até mesmo gente que veio de outros lugares, desceram até nós e foram de casa em casa oferecendo ajuda: levaram comidas, pães, café quentinho na hora, palavras e conversas afetuosas para nos encorajar a encarar a situação. Situação esta que sabemos que não será solucionada de imediato, mas sabemos também que nem Márcio Lacerda irá nos desarticular, nem os policiais que nos vigiaram hoje durante todo o dia.
Nossa força vem não sei de onde, permaneceremos brigando com esse governo para que medidas dignas sejam tomadas. Aliás, eu sei de onde vem sim essa força: vem da nossa ancestralidade, pois, como dizia minha vó: “suzana é onde cresci, suzana é o que construí. Suzana só morre para quem se esquece das origens.”
Gente este e-mail é para compartihar com todos/as vocês minha agonia pelo dia de hoje, mas também para agradecer a todos/as que se fizeram presentes. Os que me ligaram, os que saíram de sua rotina e vieram nos ajudar, os que rezaram por nós.
Peço aos que puderem que nos doem o que estiver ao alcance (roupas, sapatos, colchões, eletrodomésticos, roupas de senhoras, roupas de bebê, enfim, o que tiverem) e para encaminhar este e-mail a demais pessoas. Assim é só me ligar ou me retornar por e-mail que eu ou qualquer outra pessoa do bairro daremos um jeito de buscar.
Te agradeço!
Enfim, esta é apenas um das muitas lutas que rola por aí...
AKOMA sempre, para todos/as nós!!!
Danielle Anatólio
(Moradora do Bairro Suzana)
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Maria Vitória
Por Deiber Nunes Martins
"Outros Outubros tu verás... e Outubros guardam histórias..." Quantas histórias lindas o mês de Outubro não guarda... Maria Vitória é uma delas. Nascida no dia 09 deste lindo mês, minha primeira filha traz consigo todas as bençãos deste mês da Virgem de Aparecida, de São Judas Tadeu e de tantos outros santos e santas.
Ela é linda. E a cada dia que passa encanta mais as pessoas a sua volta. Como é bom ver o quanto ela é amada e querida. Uma promessa de Deus em minha vida e à vida da mãe dela.
Maria Vitória foi aquela notícia inesperada, aquele risco mal calculado ou melhor, não calculado dos momentos de impulso, onde se faz o que faz e não procura nenhuma lógica ou consciência. Tinha tudo para gerar sofrimento, fazer tanta gente infeliz, um erro. E gerou todas as conseqüências de um erro. Mas não parou no sofrimento, porque Deus não quis assim. E deste modo, no momento onde os mundos desabavam sobre minha cabeça, veio o Senhor em sua sabedoria, dizer: "Esta criança será fonte de muita alegria e bênçãos para toda a sua família e para todos os seus."
Tomei posse desta Graça e passei a proclamá-la em minha vida, como uma ejaculatória, como uma prece infinita capaz de derrubar toda e qualquer sanha maldosa, todo e qualquer sentimento fugaz de culpa. Eu tinha errado, traído minha noiva, minha família. Mas Deus havia me dito por meio de uma palavra de ciência de um sacerdote, numa tarde de Adoração: "Até do seu erro, eu faço bênçãos."
E veio Maria Vitória.
Bem quista por muitos. Nem tanto por outros. Quem esperava um Deiber santo, imaculado, incólume diante dos erros da vida, não conseguiu e talvez ainda não consiga sentir nada por minha filha. Não consiga ver a Graça, a Beleza da obra de Deus. Não consiga sequer perguntar como ela está, lembrando-se apenas da irmã mais nova. No entanto, Maria Vitória veio para nos dar tantas alegrias que é possível ver a mudança estampada nos olhos de quem outrora não via graça nenhuma. Felizmente, minha família, meus pais, meus irmãos e sobretudo minha esposa me acolheram e acolheram minha filha, como tamanho amor que é bonito de ver os olhinhos brilhantes dela, quando encontram os dos meus familiares. Meu pai, de início reticente, hoje sente falta de sua primeira netinha, falando "vovô" pela casa. Ela é o xodó de minha irmã. E torna a casa de minha mãe bem mais feliz.
Infelizmente, não posso conviver com ela todo o tempo que desejo. E é difícil segurar o coração no momento da despedida, de dar-lhe bênçãos e a entregar no colo de Patrícia, sua mãe. A vontade é de não sentir saudades, de ficar junto. Mas isto não pode ser. No fundo, Maria Vitória veio pra me mostrar que não sou completo, que não sou perfeito. Que me faltam pedaços, que me faltam virtudes. Que me falta algo. E nela também se completa. Um presente de Deus é como vejo minha filha mais velha. E meu desejo maior nesta vida, é que as duas Marias cresçam juntas e sejam amigas. Em minhas orações, peço saúde, peço paz, peço alegrias, e também peço isso. Que sejam bem amigas, bem unidas, por toda a vida.
Neste final de semana, de casamento do meu irmão Davidson com a Poliana, Maria Vitória me levou às lágrimas nas poucas horas que esteve com Maria Isabel, sua irmã. Enquanto esta chorava com fome, a primeira comia um biscoitinho que eu lhe havia dado. E ouvindo o choro da irmã, veio a lhe socorrer primeiro ofertando-lhe o biscoito, colocando-o na boca da irmã. E depois, sem ver que não era possível a irmãzinha comer aquele biscoito, o partiu e entregou o pedaço em minhas mãos, para que eu pudesse dar o pedacinho a Maria Isabel. Como foi bom ver Deus ali presente no convívio de minhas filhas...
Maria Vitória, com seu um aninho, és tão pequenina que talvez não possa entender o quanto te amamos. Talvez ainda não seja possível entender a presença muitas vezes distante de seu pai. Talvez não lhe seja possível entender o quanto te amo. Mas você sente. Eu sei que você sente. Coisas de pai...
Belo Horizonte, 10 de Novembro de 2010.
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