Por Deiber Nunes Martins
Fazendo um vôo panorâmico por alguns sites na internet, percebemos com facilidade a chuva de críticas feitas ao Prêmio Multishow 2010, que premia os “melhores” da música no Brasil. E não se trata de criticar por criticar. O famigerado prêmio é um absurdo dantesco. Recheados por bandas e músicos fabricados pela mídia, o prêmio é uma iniciativa de levantar a bola dos novos heróis nacionais, totalmente artificiais e que não acrescentam nada.
Chega a ser engraçado ver o pessoal reclamando sobre a derrota do “?” NX Zero para uma pseudo-banda chamada Cine. Se juntar tudo em um balaio não sai uma nota musical que preste. Infelizmente, é o que querem nos fazer engolir, goela abaixo, ou melhor ouvido abaixo. Há muito tempo as rádios têm sido em sua grande maioria disseminadoras de porcaria. A começar lá atrás, nos anos 90 com os grupinhos de pagode de sorriso amarelo e nada na cabeça. Geralmente eram grupinhos de cinco carinhas, onde ninguém tocava nada nem um cavaquinho e apenas simulavam cantar e dançar músicas bem sofríveis. Junto com eles, apareceram duplas e mais duplas sertanejas que de sertanejo, não tinham nada. Naquele tempo também, começou a onda do “Axé Music”, que um dia uma rádio aqui de Belo Horizonte, tentou inserir em seu festival anual, voltado para rock, sob o rótulo “Pop Rock”. Foi de doer os ouvidos... Quem achava que “É o Tchan” e “Cia do Pagode” eram o fim do mundo, não tiveram paciência de esperar o que estava por vir...
Já faz algum tempo que procuro evitar contaminar meus ouvidos com a música brasileira atual. O som brasileiro mais atual que escuto é o CD Acústico do O Rappa e já faz algum tempinho que foi lançado. Coisa de anos. Bandas de verdade como Titãs, Skank, Paralamas, Jota Quest e Ira! parecem estar na entressafra e tentam competir no mercado nacional com porcarias contemporâneas como Fresno e Restart. E muitos não entendem o que estas bandas têm que as de verdade não têm. O que acontece é que o gênero “Porcaria Music” cresce no mercado nacional por conta dos modismos, das redes sociais, dos fãs-clubes (que em muitos casos se resumem a meras empresas de marketing, dispostas a difundir aquele lixo nos reality shows, rádios, TV’s e em Premiações anuais como o Prêmio Multishow.
Saudade do tempo do Rock dos anos 80, que representou o comportamento de uma juventude que mesmo massacrada pela censura, pensava. Assistir a esta lavagem cerebral cultural que fazem com os jovens de hoje, apenas nos faz lamentar que gosto não se discute e que o rock brasileiro, este comercial, que dá lucro, representa o politicamente correto, tudo aquilo que o gênero nunca foi.
Os poucos que ainda resistem ao sistema, se refugiam em bolhas onde podem compartilhar um pouco do gosto musical que possuem, armazenados em seus Mp3 e consoles. Estes guetos de gente dotada de bom gosto estão cada vez mais escassos... o que nos assusta, visto que o tempo da censura ficou lá atrás. E olha que naquele tempo, a juventude tinha cérebro, pensava e fazia a diferença...
Belo Horizonte, 31 de Agosto de 2010.
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