Por Deiber Nunes Martins
Grande Guma, peça rara.
Gumercindo Rodrigues, o Guma, é daquelas pessoas que na simplicidade genuína de
ser nos ensinam mais que os “dotores da vida” arranjados por aí. É a prova viva de que o saber não se resume a
academia, ao conhecimento teórico, mas a experiência de vida que muitos não possuem.
Mas se julgam no direito de prestar atestado moral a qualquer um.
Certa vez dizia o Guma entre uma
e outra cerveja gelada, num boteco copo sujo qualquer, que os amigos lhe
chamavam direto e reto pra farrear. A toda hora lhe aparecia um, com o convite
pronto, de bate - pronto. Às vezes, Guma se escusava, não com freqüência, mas
tinha hora que se cansava da vida.
Normal pra qualquer um.
E num desses arroubos de vontade,
Guma respondeu aos amigos que lhe convidavam pra gandaiar:
“O mundo está se acabando, as pessoas sofrendo por todos os cantos do
planeta e vocês me chamam pra festejar, festejar o quê?”
Mais do que o discurso daquele
momento valia o jeito de Guma falar. E ficou claro para os amigos tudo aquilo
que ele quis dizer no desabafo. Tanto que não insistiram.
Às vezes é preciso parar de
curtir tudo e pensar um pouco. Refletir sobre os rumos que estamos dando às
nossas vidas. Será que há algum sentido. Será preciso eu me molhar sempre na
chuva? Será preciso eu compartilhar sempre o sorriso com os outros? Tem horas
que o recolhimento é a melhor das diversões, o melhor dos prazeres. Nem sempre
a vida deve ser oba-oba. Só de vem em quando...
A palavra de ordem hoje é
correria. Tudo é corrido e superficial. Pra não ficarmos no vazio é preciso
calma. Diversão é bom e eu gosto! Mas tem horas que o momento requer um passo
mais lento, cadenciado, um planejamento, uma reflexão. Se não estamos em allegro nossos amigos não precisam sair
deste estado pra nos agradar. É preciso entender. E a recíproca é verdadeira.
Grande Guma! Qualquer hora conto
mais sobre ele e sobre sua mulher. Outra peça rara...
Belo Horizonte, 13 de Julho de
2012
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