sexta-feira, 13 de julho de 2012

A Escusa do Guma


Por Deiber Nunes Martins

Grande Guma, peça rara. Gumercindo Rodrigues, o Guma, é daquelas pessoas que na simplicidade genuína de ser nos ensinam mais que os “dotores da vida” arranjados por aí.  É a prova viva de que o saber não se resume a academia, ao conhecimento teórico, mas a experiência de vida que muitos não possuem. Mas se julgam no direito de prestar atestado moral a qualquer um.
Certa vez dizia o Guma entre uma e outra cerveja gelada, num boteco copo sujo qualquer, que os amigos lhe chamavam direto e reto pra farrear. A toda hora lhe aparecia um, com o convite pronto, de bate - pronto. Às vezes, Guma se escusava, não com freqüência, mas tinha hora que se cansava da vida.
Normal pra qualquer um.
E num desses arroubos de vontade, Guma respondeu aos amigos que lhe convidavam pra gandaiar:
“O mundo está se acabando, as pessoas sofrendo por todos os cantos do planeta e vocês me chamam pra festejar, festejar o quê?”
Mais do que o discurso daquele momento valia o jeito de Guma falar. E ficou claro para os amigos tudo aquilo que ele quis dizer no desabafo. Tanto que não insistiram.


Às vezes é preciso parar de curtir tudo e pensar um pouco. Refletir sobre os rumos que estamos dando às nossas vidas. Será que há algum sentido. Será preciso eu me molhar sempre na chuva? Será preciso eu compartilhar sempre o sorriso com os outros? Tem horas que o recolhimento é a melhor das diversões, o melhor dos prazeres. Nem sempre a vida deve ser oba-oba. Só de vem em quando...
A palavra de ordem hoje é correria. Tudo é corrido e superficial. Pra não ficarmos no vazio é preciso calma. Diversão é bom e eu gosto! Mas tem horas que o momento requer um passo mais lento, cadenciado, um planejamento, uma reflexão. Se não estamos em allegro nossos amigos não precisam sair deste estado pra nos agradar. É preciso entender. E a recíproca é verdadeira.
Grande Guma! Qualquer hora conto mais sobre ele e sobre sua mulher. Outra peça rara...

Belo Horizonte, 13 de Julho de 2012

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