quarta-feira, 19 de outubro de 2011

ENEM, a próxima estação


Por Deiber Nunes Martins

G'day mate!

Caríssimo(a), que Deus abençoe sua jornada e te mantenha perseverante rumo ao teu sonho de passar no ENEM e ter sua vaga garantida em uma boa universidade. Dica de quem já viveu tudo isso: mantenha a calma e não deixe nada te abalar, nem mesmo a dificuldade da prova.

Eu tentei a UFMG no tempo do Vestibular (ENEM ainda não tinha sido inventado) por 3 vezes. Nas duas primeiras estava despreparado, mas na 3ª coloquei como estação de minha vida, a matrícula na UFMG. E quando você define sua próxima estação de parada, você toma o fôlego da locomotiva, nada te pára. Obviamente, uma locomotiva não chega sozinha, precisa de um condutor e este só pode ser Jesus. Mantive meu foco em Deus e deixei Ele me guiar pelas trilhas tortuosas rumo a Universidade.

No caminho, muitas pedras. Um assalto, onde reagi e quase fui morto pelos assaltantes, me tirou os livros do cursinho e meu caderno com todas as anotações preciosas para as provas. O foco em Jesus, me fez perceber que não conseguiria sozinho, que precisava jogar fora todos os meus orgulhos e vaidades tolas e recorrer aos colegas que ali no cursinho eram também meus concorrentes. Quando você está em Cristo você está aberto a amizade, a acolhida. Seus gestos não são falsos e as pessoas reconhecem autenticidade em suas ações. É nessa hora que a cada pessoa que passa por seu caminho, avista o farol de Jesus, a estrela de Belém em sua testa. Então, mesmo aqueles que concorriam a mesma vaga de Administração Noturno comigo, me ajudaram emprestando livros e cadernos.

Mas ainda assim, as pedras no caminho sempre aparecem. Lembro que na semana do vestibular, a namorada que tinha, resolveu romper comigo. Então no dia da prova de primeira etapa, fui de coração partido fazê-la. Mas o foco firme no meu Guia: o Bom Jesus.

Na segunda etapa, meu inimigo mortal parecia ser a matemática. E era uma terrível prova aberta, putz que loucura! Parecia que eu não sabia nada. Mas meu foco estava ali, firme. Sabia que tinha feito as outras provas de modo perfeito e sabia que nada podia deter a minha locomotiva. Segui em frente, mesmo sendo um dos últimos a entregar uma prova com 3 (três) questões em branco. Detalhe: a prova tinha 8 (oito) questões. Quando entreguei ao monitor minha prova de matemática, parecia que estava sem cor, sem pulso e sem qualquer sinal vital aparente. Eu parecia estar fora de mim.

Minha cor voltou quando ao sair do prédio do ICB onde fazia a prova, vi uma multidão saindo junto comigo, parecendo um batalhão ao final de uma terrível batalha: cansaço, choro, desolação, decepção, frustração. Deus do Céu! Eu estava bem, todos estavam no mesmo barco que eu.

A partir dali, a certeza da aprovação, me fez caminhar em paz. A certeza da aprovação naquele funil me fez bater o olho na lista dos aprovados e ver o meu nome antes de qualquer outra coisa. E a sensação de ver o seu nome na lista dos aprovados em vestibular é uma das coisas mais lindas que podemos ter na vida. Enfim, saí dali sem rumo, vitorioso, feliz. Prudente como sempre procuro ser e já fugindo dos amigos que me caçavam com a máquina de raspar cabeça nas mãos, fui ao salão e declarei decidido ao meu barbeiro: rapa tudo, pode passar a zero. Ele, acreditando estar diante de alguém que perdeu o juízo disse:

"Tudo bem, o freguês sempre tem razão."

No que respondi de bate-pronto:

"Fica tranquilo, rapaz! Passei no vestibular!"

Eu queria estar de cabeça raspada e de alma lavada. Fui até a Igreja onde sempre rezava e agradeci copiosamente aquele presente do Senhor em minha vida. E nessas horas, mais que em todas as outras, Deus é a melhor companhia que alguém pode ter. Procuramos a Deus na hora do infortúnio, do medo, da angústia e seu Amor, seu carinho para conosco é inquestionável. Mas só conhecemos de fato a imensidão deste Amor, quando na hora da alegria, buscamos a Ele em primeiro lugar para agradecer. E em seguida vamos em cada santo ou santa com o qual pedimos intercessão, agradecendo. Foi o que fiz.

Deus foi tão bom, que colocou meu pai, minha mãe e meus irmãos no meio do quintal de casa à minha espera. Para que ao se depararem com o filho chegando com a cabeça raspada, pudessem pular de alegria e soltarmos juntos aquele grito de vitória guardadinho na garganta por todo aquele tempo...

Nesta hora, na hora da vitória, da comemoração, na hora em que o trem chega a sua estação, os pedregulhos, as dores, as fadigas e todas as dificuldades do caminho se tornam tão pequenas que nos vemos fortalecidos o suficiente pra reviver tudo aquilo de novo.

E é esta força que nos faz seguir, estação a estação, destino a destino. É uma força espiritual, não vem da gente, mas vem Daquele que muito nos ama e que grita conosco a nossa alegria, a nossa felicidade: Jesus!

É meus caros amigos, a cada vitória nossa, a cada conquista, Deus faz uma festança no Céu.

Belo Horizonte, 19 de outubro de 2011.

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