TODO TEU
(Eros Biondini)
Quero colocar
Em tuas
mãos a minha vida
Me deixar
remodelar
Como um
vaso no oleiro.
O meu
coração ponho hoje em teu altar
Minha vida
está pronta pra recomeçar
Ao lado
teu
Ser todo
teu, inteiro teu
Quero
ajudar cada passo do meu ser
Ser todo
teu, inteiro teu
Quero te
dar os meus pedaços para que
Um vaso
novo eu possa ser.
Por Deiber Nunes Martins
Estamos nos aproximando do Tempo do Advento. Tempo de espera
pelo nascimento do Menino Jesus. Tempo de olhar pra nós mesmos, rever nossas
atitudes e tudo o que vivemos durante o ano que aproxima-se do fim.
Tempo de conversão.
Vejo o Advento, assim como a Quaresma. Tempo de voltarmos
para Deus. Refazer a nossa história. Tempo de recomeçar. E esta música do Eros
me veio à mente nesse intuito. Como diz o Pe. André Luna, somos “terra do mesmo
chão”. Somos barro que o Senhor transformou em vaso.
Com o pecado, o tempo que passa e as agruras da vida, este
vaso vai se desgastando. Trincando, partindo. E assim vai perdendo a sua função
de levar água viva aos confins deste mundo sedento. Chegamos a nosso destino
muitas vezes quase que vazios, tendo perdido da água que carregávamos pelo
caminho. É hora de se deixar remodelar.
Jesus é o nosso oleiro. A Cruz lhe deu a expertise
necessária para o ofício de remodelar vidas, retirando delas as trincas do
pecado.
Damos o nosso sim. Mas para isso, é necessário a tortuosa
caminhada de conversão, de arrependimento. Digo tortuosa porque se o pecado fosse
ruim ninguém pecava. E por isso, muitas vezes é difícil sair da vida velha,
largar o homem velho. É como numa despedida onde a vida velha insiste em querer
nossa presença.
“Fica mais um
pouquinho, fica para o café.”
E talvez vamos ficando. Mesmo sabendo que o nosso vaso está
quebrado e vazio. O homem velho não se importa se a água que lhe vem é pouca.
Não se importa com nossas rachaduras. Importa nosso barro seco. Mas é preciso um
repensar de atitudes. É preciso sair de si e ir em busca de uma vida nova, do
homem novo. É preciso se deixar remodelar nas mãos do oleiro Jesus.
Mas este é um processo que dói. Como dói. Porque o oleiro
precisa nos quebrar em pedacinhos. Quebrar nossa autossuficiência, nossa
prepotência, nossa vaidade e nosso orgulho. Até que voltemos ao pó, com o nosso
arrependimento sincero.
O oleiro trabalha o pó transformando-o em barro. Remodela-o
a seu modo e leva—o forno para ganhar consistência. Pronto! Um vaso novo surge.
Pronto para sua finalidade.
O processo de conversão por mais doloroso que seja é
necessário. E não há outro caminho. Se queremos permanecer em Deus, precisamos
de conversão dia após dia.
Senhor, dá-me a graça da conversão. Que eu perceba a minha
história e queira reconstruí-la contigo, sempre. Quebra em mim o velho homem,
cheio de trincas, danificado. E faça de mim um vaso novo, homem novo. Amém.
Belo Horizonte, 13 de Novembro de 2013.
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