Por Deiber Nunes Martins
Nossa
alma tem sede de Deus mas o nosso corpo, sede do alívio. Corpo e alma muitas
vezes possuem interesses conflitantes porque um quer o menor esforço e o outro,
precisa da porta estreita. Um homem ou uma mulher que comete o adultério,
talvez o faça porque nutre de forma inadequada a alma em seu matrimônio e assim
desequilibra sua alma do corpo. Vive-se dentro de casa às agruras da vida a
dois, sem que possam de fato compreender que tais agruras são necessárias ao
crescimento espiritual também. Afinal, ninguém diz que vai ser tudo fácil, um
mar de rosas. Então esta pessoa encontra dentro de casa sofrimentos e provações
e fora dela, uma maneira de se livrar de tudo isso, o alívio.
Nem
tudo o que posso, me convém. É preciso ter em mente que o mundo abre todas as
portas mas nem todas elas nos convém adentrar. Nossas vontades e desejos são norteadores
das nossas ações mas é à luz do Espírito Santo que nossas escolhas devem se
pautar, para que possamos nutrir nossas almas. Alma e corpo não convivem
separados, alheios, como o mundo nos quer ensinar. É preciso saber que nossas
atitudes têm de estar coerentes no corpo e na alma. Daí a batalha entre nossas
virtudes e vícios. Muito do que fere nosso corpo está enraizado em nossa alma, por
meio de traumas e sentimentos ruins. Enquanto os vícios aliviam o corpo, as
virtudes alimentam a alma.
Uma
forma de alívio do corpo é o imediatismo. Pessoas se perdem no consumismo
desenfreado, como forma de aliviar o corpo. Compulsões e outros vícios nos
levam ao pecado ferindo a nossa alma, mas são mecanismos de alívio do corpo. O
imediatismo nos faz querer passar por cima do tempo celestial e nos leva ao
erro em nossas atitudes. Muitas pessoas mudam de religião por conta do
imediatismo. Queremos as pessoas prontas ao nosso modo em nossos
relacionamentos. E quando não encontramos, as enchemos de defeitos. Elas
tornam-se imaturas e incapacitadas para o nosso crivo. Como não possuem o que
precisamos naquele momento, às descartamos. Assim são construídas nossas
amizades estragadas: no imediatismo. E assim também se constrói a inconstância
de nossas ações.
Da
mesma forma vemos a vaidade, as compulsões em geral, os vícios nas drogas, álcool,
fumo e todos mais como formas estragadas de proporcionar alívio para o corpo,
fruto de um desequilíbrio arraigado em nós mesmos. São os traumas. Muitos deles
oriundos a partir da nossa concepção, adquiridos no ventre materno. Desequilíbrios
que necessitam de um processo de cura interior.
O
importante desta história é que corpo e alma precisam conviver de maneira harmônica.
O que sacia o corpo precisa nutrir também a alma. Uma alma equilibrada se
reflete em um corpo sadio e vice-versa. É preciso saber que a alma vai padecer
para remodelar o corpo e este vai sofrer, no processo de construção da alma. Muitas
vezes, um perde para o outro ganhar e tudo se compensa, logo a seguir. Corpo não
precisa de alívio, precisa de alimento. A si mesmo e para a alma.
Belo
Horizonte, 21 de Agosto de 2012.
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