quarta-feira, 15 de junho de 2011

As dez mais de minha playlist nacional

Por Deiber Nunes Martins

10. Ira! – Envelheço na Cidade (Álbum “Vivendo e não Aprendendo” – 1986)

Envelheço na Cidade

Mais um ano que se passa

Mais um ano sem você

Já não tenho a mesma idade

Envelheço na cidade

Essa vida é jogo rápido

Para mim ou pra você

Mais um ano que se passa

Eu não sei o que fazer

Juventude se abraça

Se une pra esquecer

Um feliz aniversário

Para mim ou pra você

Feliz aniversário

Envelheço na cidade

Feliz aniversário

Envelheço na cidade

Meus amigos, minha rua

As garotas da minha rua

Não sinto, não os tenho

Mais um ano sem você

As garotas desfilando

Os rapazes a beber

Já não tenho a mesma idade

Não pertenço a ninguém

Juventude se abraça

Se une pra esquecer

Um feliz aniversário

Para mim ou pra você

Feliz aniversário

Envelheço na cidade

Feliz aniversário

Envelheço na cidade

“Envelheço na Cidade” é meu “Happy Birthday”, minha música predileta de aniversário. Impressionante como uma banda quase punk como o “Ira!” conseguiu esta música com letra tão real e marcante. Improvável pensar que Edgar Scandurra pudesse dar vida a esta música e ele deu.

Muitas vezes, as pessoas comemoram o aniversário não como a dádiva de se ficar mais velho, mas justamente pela esperança de esquecer este fato. Muitos comemoram orgulhosos, por ter um dia do ano, reservado para si.

Mas há quem “comemore” com esta música, o amor perdido. E na verdade a sua essência está aí, em se contar o tempo passado sem o amor que ficou para trás. É uma música de pessoas apaixonadas, vítimas de amores que não deram certo e que precisam dizer pro mundo que estão bem, que superaram, que estão felizes. E então reservam a data “mais um ano sem você”, como se o amor se resumisse na pessoa perdida, não amor não realizado.

Gosto muito de ouvir “Envelheço na Cidade” como uma música-protesto à hipocrisia das relações, às falsidade, os “tapinhas nas costas”, aquela coisa descompromissada que muitos insistem em chamar de amizade.

9. Lulu Santos – Eu sou Outro Você (Álbum “Liga Lá” – 1997)

Eu Sou Outro Você

Tempo é arte, foi o que eu aprendi

Não é dinheiro ou outra coisa que se conte

É uma outra dimensão

Toda vida vive da luz do sol

Que se faltasse tudo então pereceria

Foi o que eu aprendi de tanto ver se repetir

Que anestesia, e eu já nem sentia, ia me destruir

Mas não aconteceu, estou aqui...

Toda vida, eu quis tanto querer

Como se não bastasse o que já me cabia

Na esfera emocional

Na verdade eu sou o outro você

Tanto que enxergo em ti o que em mim não veria

Foi o que eu aprendi de tanto ver se repetir

Que anestesia, e eu já nem sentia, ia me destruir

Mas não aconteceu, estou aqui...


Esta música é de uma profundidade ímpar. Soa em nossos ouvidos como uma reflexão de vida e na verdade ela mostra como nos cercamos de pessoas que se assemelham a nós. Talvez seja por isso que as pessoas diferentes são mais solitárias que as medíocres, pois têm dificuldade em encontrar seus semelhantes.

Esta canção fala sobre a mesmice do nosso tempo, as ambições, o consumismo e coisas que nos sufocam e até nos consomem se damos espaço. Os versos “Na verdade eu sou outro você/ Tanto que enxergo em ti o que em mim não veria” me impressionam porque o outro é muitas vezes como o nosso reflexo no espelho, de tão anestesiado que está pela nossa convivência.

8. Legião Urbana – Quase sem Querer (Álbum “Dois” – 1986)

Quase Sem Querer

Tenho andado distraído, impaciente e indeciso

E ainda estou confuso só que agora é diferente:

Estou tão tranquilo e tão contente.

Quantas chances desperdicei quando o que eu mais queria

Era provar pra todo o mundo

Que eu não precisava provar nada pra ninguém.

Me fiz em mil pedaços pra você juntar

E queria sempre achar explicação pro que eu sentia.

Como um anjo caído fiz questão de esquecer

Que mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira.

Mas não sou mais

Tão criança a ponto de saber tudo.

Já não me preocupo se eu não sei porquê

Às vezes o que eu vejo quase ninguém vê

E eu sei que você sabe quase sem querer

Que eu vejo o mesmo que você.

Tão correto e tão bonito

O infinito é realmente um dos deuses mais lindos.

Sei que às vezes uso palavras repetidas

Mas quais são as palavras que nunca são ditas?

Me disseram que você estava chorando

E foi então que percebi como lhe quero tanto.

Já não me preocupo se eu não sei porquê

Às vezes o que eu vejo quase ninguém vê

E eu sei que você sabe quase sem querer

Que eu quero o mesmo que você

Quem viveu os anos 80, 90 de verdade, tem Legião Urbana em sua playlist. Conhecida como a banda que marcou a geração da qual faço parte. “Quase sem Querer”mostra um pouco da dificuldade em ser incompreendido. Sempre me vejo nesta música, justamente dificuldades que meu temperamento me oferece. Quase ninguém vê o que vejo e isto é uma constante. É angustiante estar no olho do furacão muitas vezes e ter de tomar decisões que nem sempre me julgo capaz de tomar. Mas a vida é feita de erros e acertos e precisamos seguir em frente. Sem dúvida alguma, esta música é um dos meus hinos.

7. Lulu Santos – Tempos Modernos (Álbum “Tempos Modernos” -1982)

Tempos Modernos

Eu vejo a vida melhor no futuro

Eu vejo isso por cima de um muro de hipocrisia

Que insiste em nos rodear

Eu vejo a vida mais clara e farta

Repleta de toda satisfação

Que se tem direito

Do firmamento ao chão

Eu quero crer no amor numa boa

Que isto valha pra qualquer pessoa

Que realizar

A força que tem uma paixão

Eu vejo um novo começo de era

De gente fina, elegante e sincera

Com habilidade

Pra dizer mais sim do que não, não não

Hoje o tempo voa, amor

Escorre pelas mãos

Mesmo sem se sentir

Que não há tempo que volte, amor

Vamos viver tudo o que há pra viver

Vamos nos permitir

Outra pérola do Lulu é esta música. “Tempos Modernos” fala da esperança na juventude, nas nossas reais chances de mudar o mundo. É um convite a aproveitar a vida, se permitir. Quantos jovens hoje andam por aí, deprimidos, trancados no quarto enquanto a vida pede passagem, indulgente com nossos erros e benfazeja aos acertos. Sem dúvida, Lulu Santos fez desta música, um hino à juventude.

6. Almir Sater – Ando Devagar

Ando Devagar

Ando devagar porque já tive pressa,

E levo esse sorriso, porque já chorei demais,

Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe,

Só levo a certeza de que muito pouco eu sei, ou

Nada sei, conhecer as manhas e as manhãs,

O sabor das massas e das maçãs.

É preciso amor pra puder pulsar, é preciso paz

Pra poder sorrir, é preciso a chuva para florir.

Penso que cumprir a vida, seja simplesmente

Compreender a marcha, ir tocando em frente,

Como um velho boiadeiro, levando a boiada

Eu vou tocando os dias pela longa estrada, eu vou,

Estrada eu sou, conhecer as manhas e as manhãs,

O sabor das massas e das maças,

É preciso amor pra puder pussar, é preciso paz

Pra poder sorrir, é preciso a chuva para florir

Todo mundo ama um dia, todo mundo chora,

Um dia a gente chega, no outro vai embora,

Cada um de nos compõe a sua história, cada ser em si

Carrega o dom de ser capaz, e ser feliz,

conhecer as manhas e as manhãs,

O sabor das massas e das maças,

É preciso amor pra puder pussar, é preciso paz

Pra poder sorrir, é preciso a chuva para florir

Ando devagar porque já tive pressa,

E levo esse sorriso, porque já chorei de mais,

Cada um de nos compõe a sua história, cada ser em si

Carrega o dom de ser capaz, e ser feliz

Talvez seja esta a letra mais bonita de toda a música brasileira. E mais significativa também. A vida é um aprendizado. Se no começo andamos aos atropelos, o sofrimento, as marcas da vida vão nos ensinando a parar, a recomeçar e a seguir num ritmo mais moderado. A experiência é a nossa história de vida, tudo o que levamos conosco ao longo do caminho. É ao longo da jornada também que vemos nossa soberba ser vencida pela humildade de se reconhecer sabedor de nada. Pois assim, de fato, experimentamos todos os sabores da vida, vivenciamos todas as emoções, sem o orgulho próprio da nossa imaturidade. Esta música, como toda sua cadência, todo o seu ritmo, mostra como a vida deve ser levada sem atropelos, aproveitando cada dia como se fosse o último e aprendendo dia a dia a ser feliz hoje.

5. Barão Vermelho - Meus Bons Amigos (Álbum “Carne Crua” – 1994)

Meus Bons Amigos

Meus bons amigos, onde estão

Notícias de todos quero saber

Cada um fez sua vida de forma diferente

Às vezes me pergunto: Malditos ou inocentes?

Nossos sonhos, realidades

Todas as vertigens, crueldades

Sobre nossos ombros aprendemos a carregar

Toda a vontade que faz vingar

No bem que fez pra mim

Assim, assim, me fez feliz, assim

O amor sem fim

Não esconde o medo

De ser completo e imperfeito

Meus bons amigos, onde estão

Notícias de todos quero saber

Sobre nossos ombros aprendemos a carregar

Toda a vontade que faz vingar

No bem que fez pra mim

Assim, assim, me fez feliz, assim

O amor sem fim

Não esconde o medo

De ser completo e imperfeito.

Um dos expoentes do rock nacional brasileiro, o Barão Vermelho tem algumas músicas que me fazem pensar muito. “Meus Bons Amigos” é uma delas. Retrata como nos distanciamos dos amigos, das pessoas que gostamos, com o passar do tempo. E é assustador perceber que muitas vezes nós somos culpados por isso.

Seja por medo, timidez ou mesmo por nos faltar confiança, deixamos de fazer a coisa certa, fazer a diferença na vida dos outros. Talvez o momento em que eu viva, de estar perdendo a fé nas pessoas, na capacidade de mudança, talvez este momento um tanto quanto sombrio, esteja me fazendo refletir sobre os valores básicos da vida. Amizade é um deles. Mas é muito difícil ser amigo hoje em dia. Infelizmente estamos perdendo a capacidade de compreender que amigo não é só aquele que pode nos fazer um favor. Estamos deixando a falta de tempo e as seduções do mundo moderno nos dominar a ponto de não curtirmos mais a companhia das pessoas queridas, sem alguma coisa estar por trás disso. De positivo, fica a esperança em nossa capacidade de virar o jogo. Só depende da gente. Mas é preciso dar o primeiro passo...

4. O Rappa - Rodo Cotidiano (Álbum “O Silêncio que Precede o Esporro” – 2003)

Rodo Cotidiano

Ô Ô Ô Ô Ô My Brother (4x)

A ideia lá comia solta

Subia a manga amarrotada social

No calor alumínio

Não tinha caneta nem papel e uma ideia fugia

Era o rodo cotidiano

Era o Rodo cotidiano.

O espaço é curto quase um curral

Na mochila amassada uma quentinha abafada

Meu troco é pouco É quase nada (2x)

Ô Ô Ô Ô Ô My Brother (4x)

Não se anda por onde gosta

Mas por aqui nao tem jeito todo mundo se encosta

Ela some ela no ralo de gente

Ela é linda mas não tem nome

É comum e é normal

Sou mais um no Brasil da Central

Da minhoca de metal que corta as ruas

Da minhoca de metal

Como um Concorde apressado cheio de força

Voa, voa pesado que o ar

E o avião, o avião, avião do trabalhador

Ô Ô Ô Ô Ô My Brother (4x)

Ô Ô Ô Ô Ô My Brother (4x)

Um diário no front da batalha de classes no Brasil. “Rodo Cotidiano” tem um pouco disso. A discrepância entre os mais ricos e os mais pobres mostra vários países num só Brasil. E é no relato sobre o transporte coletivo que conhecemos este Brasil marginalizado, feio e pobre, onde o trem urbano é o avião do trabalhador.

Nós muitas vezes ignoramos a essência do país em que vivemos. Este país de dimensões e culturas continentais tem como essência, aqueles que de fato o sustentam, que é a massa trabalhadora. O Brasil é daquele que leva sua quentinha abafada e é menosprezado em seu próprio país.

Enquanto a mídia quer nos empurrar o Brasil dos estrangeirismos, de uma pseudo-classe média, o Brasil de verdade passa a nossa porta, conduzido pela minhoca de metal que entorta as ruas...

3. Lulu Santos – Casa (Álbum “Lulu” – 1986)

Casa

Primeiro era vertigem omo em qualquer paixão

Era só fechar os olhos

E deixar o corpo ir

No ritmo...

Depois era um vício

Uma intoxicação

Me corroendo as veias

Me arrasando pelo chão

Mas sempre tinha a cama pronta

E rango no fogão

Luz acesa, me espera no portão

Pra você ver

Que eu tô voltando pra casa

me ver

Que eu tô voltando pra casa

Outra vez

Às vezes a tormenta

Fosse uma navegação

Pode ser que o barco vire

Também pode ser que não

Já dei meia volta ao mundo

Levitando de tesão

Tanto gozo e sussuro

Já impressos no colchão

Pois sempre tem a cama pronta

E rango no fogão

Luz acesa, me espera no portão

Pra você ver

Que eu tô voltando pra casa

me ver

Que eu tô voltando pra casa

Outra vez

Primeiro era vertigem

Como em qualquer paixão

logo mais era um vicio

me arrasando pelo chão

pode ser que o barco vire

também pode ser que não

já dei meia volta ao mundo

levitando de tesão

pois sempre tem a cama pronta

E rango no fogão

Luz acesa, me espera no portão

Pra você ver

Que eu tô voltando pra casa me ver

Que eu tô voltando pra casa

Outra vez

Lulu Santos é daqueles músicos que flertam com a diversidade de sons. Este, sem dúvida foi o seu melhor momento, com o álbum “Lulu” de 1986, sendo considerado uma referência para os anos 80. “Casa” é uma de suas melhores composições e retrata a realidade de muita gente. Por inúmeras vezes me vejo nesta música.

Sempre precisamos de um retorno, de uma volta, que seja pra casa, ou pra dentro de nós mesmos. Um recomeço ou simplesmente, um retorno. Retorno ao conforto, ao nosso lugar, onde encontramos alguém à nossa espera, a comida quente no fogão. A minha geração tem esta sede por aventura, e sempre estamos arriscando, indo além. É como sabemos viver. Todavia, toda aventura tem seu preço, que nem sempre estamos dispostos a pagar...

O bacana disso tudo é a certeza de poder voltar. Mesmo que o custo seja alto, nos é permitido voltar. Feliz aquele que não faz de sua jornada um caminho sem volta. Feliz aquele que segue, que arrisca, que vive entre acertos e erros, mas que sempre almeja o retorno pra casa, seu lugar de descanso, de repouso. Seu aconchego.

2. O Rappa – Minha Alma (Álbum “Lado B Lado A” – 2000)

Minha Alma

A minha alma tá armada

E apontada para a cara

Do sossego

Pois paz sem voz

Paz sem voz

Não é paz é medo

Às vezes eu falo com a vida

Às vezes é ela quem diz

Qual a paz que eu não quero

Conservar pra tentar ser feliz (x4)

As grades do condomínio

São para trazer proteção

Mas também trazem a dúvida

Se é você que está nessa prisão

Me abrace e me dê um beijo

Faça um filho comigo

Mas não me deixe sentar

Na poltrona no dia de domingo, domingo

Procurando novas drogas

De aluguel nesse vídeo coagido

É pela paz que eu não quero

Seguir admitindo

É pela paz que eu não quero, seguir

É pela paz que eu não quero, seguir

É pela paz que eu não quero, seguir

Admitindo

Já disse Tony Stark, o Homem de Ferro: “Paz é quando nossa arma é maior que a do outro”. Na verdade, cada um tem seu conceito formado sobre a paz. Mas a como a música diz, “Qual a paz que eu não quero conservar pra tentar ser feliz”. A paz vem do interior de cada um, é algo intrínseco ao homem. Não se pode dar aquilo que não se tem.

O Rappa mostra nesta música toda a hipocrisia da sociedade brasileira, escondida atrás dos muros dos condomínios de luxo, procurando drogas de todos os tipos na TV sempre manipuladora, enquanto a vida corre lá fora, com seus medos, seus riscos e desafios. Não é possível privar-se da vida, privar-se do mundo lá fora, mesmo que traga consigo toda espécie de riscos e malefícios.

A “minha alma” é um reflexo de como nos armamos interiormente em gestos egoístas e nos desarmamos exteriormente, deixando que o mundo, os governos, o politicamente correto, as tendências tomem as rédeas da situação. Assim somos manipulados, manietados e dependentes de um sistema opressor e excludente. Isto é a realidade só não ver quem não quer.

1. Legião Urbana – Há Tempos (Álbum “As Quatro Estações” – 1989)

Há Tempos

Parece cocaína mas é só tristeza, talvez tua cidade.

Muitos temores nascem do cansaço e da solidão

E o descompasso e o desperdício herdeiros são

Agora da virtude que perdemos.

Há tempos tive um sonho, não me lembro

não me lembro...

Tua tristeza é tão exata

E hoje o dia é tão bonito

Já estamos acostumados

A não termos mais nem isso.

Os sonhos vêm e os sonhos vão

O resto é imperfeito.

Disseste que se tua voz tivesse força igual

À imensa dor que sentes

Teu grito acordaria

Não só a tua casa

Mas a vizinhança inteira.

E há tempos nem os santos têm ao certo

A medida da maldade

Há tempos são os jovens que adoecem

Há tempos o encanto está ausente

E há ferrugem nos sorrisos

E só o acaso estende os braços

A quem procura abrigo e proteção.

Meu amor, disciplina é liberdade

Compaixão é fortaleza

Ter bondade é ter coragem

Lá em casa tem um poço

mas a água é muito limpa.

De uns tempos pra cá, vejo “Há Tempos” como minha trilha sonora. Ao mesmo tempo que esta música traz consigo uma verve depressiva, ela revela a realidade do nosso meio. Percebo esta música como a realidade de muita gente. E Renato Russo imprimiu nela toda a insatisfação com o modo como levamos nossa vida. Em cada verso uma verdade que funciona como um soco no estômago no falso moralismo e toca fundo na alma. Há cada vez que escuto esta canção, percebo uma mensagem nova, atual e sincera. O mundo é mal e as pessoas cada vez mais estão se vendendo a ele, cercadas de egoísmo e vaidade.

“Há Tempos” fala da perda da fé no homem contemporâneo, cada vez mais escravo dos vícios e do mundo. Um homem carregado de frases prontas sobre tudo e sobre todos, sobre seus sonhos. Um homem de cerviz dura e pragmática, cada vez mais intolerante e inflexível. Hedonismo e positivismo completos.

Até mesmo dentro da fé, dentro dos grupos religiosos, vemos este homem, vemos esta descrença na vida, nas atitudes e no amor. Cada vez mais estamos vivendo na indiferença em relação a quem sofre. Por isso, ter bondade, de fato, é um gesto corajoso frente a este mundo cruel e implacável que nos consome.

A escolha, graças ao Bom Deus, depende hoje e sempre de nós. E se baseia no que buscamos. Enquanto muitos aqui no mundo buscam ser trigo, agradando a todos, fazendo concessões em suas crenças e caráter e com isso sendo consumidos por este mesmo mundo, ainda há quem busque ser joio, sendo excluído e colocado à margem, sem no entanto perder a fé e a autenticidade.

Esta aí a minha playlist nacional. Em breve, as internacionais. Até lá!

Belo Horizonte, 15 de Junho de 2011.

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