10. Ira! – Envelheço na Cidade (Álbum “Vivendo e não Aprendendo” – 1986)
Envelheço na Cidade
Mais um ano que se passa
Mais um ano sem você
Já não tenho a mesma idade
Envelheço na cidade
Essa vida é jogo rápido
Para mim ou pra você
Mais um ano que se passa
Eu não sei o que fazer
Juventude se abraça
Se une pra esquecer
Um feliz aniversário
Para mim ou pra você
Feliz aniversário
Envelheço na cidade
Feliz aniversário
Envelheço na cidade
Meus amigos, minha rua
As garotas da minha rua
Não sinto, não os tenho
Mais um ano sem você
As garotas desfilando
Os rapazes a beber
Já não tenho a mesma idade
Não pertenço a ninguém
Juventude se abraça
Se une pra esquecer
Um feliz aniversário
Para mim ou pra você
Feliz aniversário
Envelheço na cidade
Feliz aniversário
Envelheço na cidade
“Envelheço na Cidade” é meu “Happy Birthday”, minha música predileta de aniversário. Impressionante como uma banda quase punk como o “Ira!” conseguiu esta música com letra tão real e marcante. Improvável pensar que Edgar Scandurra pudesse dar vida a esta música e ele deu.
Muitas vezes, as pessoas comemoram o aniversário não como a dádiva de se ficar mais velho, mas justamente pela esperança de esquecer este fato. Muitos comemoram orgulhosos, por ter um dia do ano, reservado para si.
Mas há quem “comemore” com esta música, o amor perdido. E na verdade a sua essência está aí, em se contar o tempo passado sem o amor que ficou para trás. É uma música de pessoas apaixonadas, vítimas de amores que não deram certo e que precisam dizer pro mundo que estão bem, que superaram, que estão felizes. E então reservam a data “mais um ano sem você”, como se o amor se resumisse na pessoa perdida, não amor não realizado.
Gosto muito de ouvir “Envelheço na Cidade” como uma música-protesto à hipocrisia das relações, às falsidade, os “tapinhas nas costas”, aquela coisa descompromissada que muitos insistem em chamar de amizade.
9. Lulu Santos – Eu sou Outro Você (Álbum “Liga Lá” – 1997)
Eu Sou Outro Você
Tempo é arte, foi o que eu aprendi
Não é dinheiro ou outra coisa que se conte
É uma outra dimensão
Toda vida vive da luz do sol
Que se faltasse tudo então pereceria
Foi o que eu aprendi de tanto ver se repetir
Que anestesia, e eu já nem sentia, ia me destruir
Mas não aconteceu, estou aqui...
Toda vida, eu quis tanto querer
Como se não bastasse o que já me cabia
Na esfera emocional
Na verdade eu sou o outro você
Tanto que enxergo em ti o que em mim não veria
Foi o que eu aprendi de tanto ver se repetir
Que anestesia, e eu já nem sentia, ia me destruir
Mas não aconteceu, estou aqui...
Esta música é de uma profundidade ímpar. Soa em nossos ouvidos como uma reflexão de vida e na verdade ela mostra como nos cercamos de pessoas que se assemelham a nós. Talvez seja por isso que as pessoas diferentes são mais solitárias que as medíocres, pois têm dificuldade em encontrar seus semelhantes.
Esta canção fala sobre a mesmice do nosso tempo, as ambições, o consumismo e coisas que nos sufocam e até nos consomem se damos espaço. Os versos “Na verdade eu sou outro você/ Tanto que enxergo em ti o que em mim não veria” me impressionam porque o outro é muitas vezes como o nosso reflexo no espelho, de tão anestesiado que está pela nossa convivência.
8. Legião Urbana – Quase sem Querer (Álbum “Dois” – 1986)
Quase Sem Querer
Tenho andado distraído, impaciente e indeciso
E ainda estou confuso só que agora é diferente:
Estou tão tranquilo e tão contente.
Quantas chances desperdicei quando o que eu mais queria
Era provar pra todo o mundo
Que eu não precisava provar nada pra ninguém.
Me fiz em mil pedaços pra você juntar
E queria sempre achar explicação pro que eu sentia.
Como um anjo caído fiz questão de esquecer
Que mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira.
Mas não sou mais
Tão criança a ponto de saber tudo.
Já não me preocupo se eu não sei porquê
Às vezes o que eu vejo quase ninguém vê
E eu sei que você sabe quase sem querer
Que eu vejo o mesmo que você.
Tão correto e tão bonito
O infinito é realmente um dos deuses mais lindos.
Sei que às vezes uso palavras repetidas
Mas quais são as palavras que nunca são ditas?
Me disseram que você estava chorando
E foi então que percebi como lhe quero tanto.
Já não me preocupo se eu não sei porquê
Às vezes o que eu vejo quase ninguém vê
E eu sei que você sabe quase sem querer
Que eu quero o mesmo que você
Quem viveu os anos 80, 90 de verdade, tem Legião Urbana em sua playlist. Conhecida como a banda que marcou a geração da qual faço parte. “Quase sem Querer”mostra um pouco da dificuldade em ser incompreendido. Sempre me vejo nesta música, justamente dificuldades que meu temperamento me oferece. Quase ninguém vê o que vejo e isto é uma constante. É angustiante estar no olho do furacão muitas vezes e ter de tomar decisões que nem sempre me julgo capaz de tomar. Mas a vida é feita de erros e acertos e precisamos seguir em frente. Sem dúvida alguma, esta música é um dos meus hinos.
7. Lulu Santos – Tempos Modernos (Álbum “Tempos Modernos” -1982)
Tempos Modernos
Eu vejo a vida melhor no futuro
Eu vejo isso por cima de um muro de hipocrisia
Que insiste em nos rodear
Eu vejo a vida mais clara e farta
Repleta de toda satisfação
Que se tem direito
Do firmamento ao chão
Eu quero crer no amor numa boa
Que isto valha pra qualquer pessoa
Que realizar
A força que tem uma paixão
Eu vejo um novo começo de era
De gente fina, elegante e sincera
Com habilidade
Pra dizer mais sim do que não, não não
Hoje o tempo voa, amor
Escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir
Que não há tempo que volte, amor
Vamos viver tudo o que há pra viver
Vamos nos permitir
Outra pérola do Lulu é esta música. “Tempos Modernos” fala da esperança na juventude, nas nossas reais chances de mudar o mundo. É um convite a aproveitar a vida, se permitir. Quantos jovens hoje andam por aí, deprimidos, trancados no quarto enquanto a vida pede passagem, indulgente com nossos erros e benfazeja aos acertos. Sem dúvida, Lulu Santos fez desta música, um hino à juventude.
6. Almir Sater – Ando Devagar
Ando Devagar
Ando devagar porque já tive pressa,
E levo esse sorriso, porque já chorei demais,
Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe,
Só levo a certeza de que muito pouco eu sei, ou
Nada sei, conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maçãs.
É preciso amor pra puder pulsar, é preciso paz
Pra poder sorrir, é preciso a chuva para florir.
Penso que cumprir a vida, seja simplesmente
Compreender a marcha, ir tocando em frente,
Como um velho boiadeiro, levando a boiada
Eu vou tocando os dias pela longa estrada, eu vou,
Estrada eu sou, conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maças,
É preciso amor pra puder pussar, é preciso paz
Pra poder sorrir, é preciso a chuva para florir
Todo mundo ama um dia, todo mundo chora,
Um dia a gente chega, no outro vai embora,
Cada um de nos compõe a sua história, cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz, e ser feliz,
conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maças,
É preciso amor pra puder pussar, é preciso paz
Pra poder sorrir, é preciso a chuva para florir
Ando devagar porque já tive pressa,
E levo esse sorriso, porque já chorei de mais,
Cada um de nos compõe a sua história, cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz, e ser feliz
Talvez seja esta a letra mais bonita de toda a música brasileira. E mais significativa também. A vida é um aprendizado. Se no começo andamos aos atropelos, o sofrimento, as marcas da vida vão nos ensinando a parar, a recomeçar e a seguir num ritmo mais moderado. A experiência é a nossa história de vida, tudo o que levamos conosco ao longo do caminho. É ao longo da jornada também que vemos nossa soberba ser vencida pela humildade de se reconhecer sabedor de nada. Pois assim, de fato, experimentamos todos os sabores da vida, vivenciamos todas as emoções, sem o orgulho próprio da nossa imaturidade. Esta música, como toda sua cadência, todo o seu ritmo, mostra como a vida deve ser levada sem atropelos, aproveitando cada dia como se fosse o último e aprendendo dia a dia a ser feliz hoje.
5. Barão Vermelho - Meus Bons Amigos (Álbum “Carne Crua” – 1994)
Meus Bons Amigos
Meus bons amigos, onde estão
Notícias de todos quero saber
Cada um fez sua vida de forma diferente
Às vezes me pergunto: Malditos ou inocentes?
Nossos sonhos, realidades
Todas as vertigens, crueldades
Sobre nossos ombros aprendemos a carregar
Toda a vontade que faz vingar
No bem que fez pra mim
Assim, assim, me fez feliz, assim
O amor sem fim
Não esconde o medo
De ser completo e imperfeito
Meus bons amigos, onde estão
Notícias de todos quero saber
Sobre nossos ombros aprendemos a carregar
Toda a vontade que faz vingar
No bem que fez pra mim
Assim, assim, me fez feliz, assim
O amor sem fim
Não esconde o medo
De ser completo e imperfeito.
Um dos expoentes do rock nacional brasileiro, o Barão Vermelho tem algumas músicas que me fazem pensar muito. “Meus Bons Amigos” é uma delas. Retrata como nos distanciamos dos amigos, das pessoas que gostamos, com o passar do tempo. E é assustador perceber que muitas vezes nós somos culpados por isso.
Seja por medo, timidez ou mesmo por nos faltar confiança, deixamos de fazer a coisa certa, fazer a diferença na vida dos outros. Talvez o momento em que eu viva, de estar perdendo a fé nas pessoas, na capacidade de mudança, talvez este momento um tanto quanto sombrio, esteja me fazendo refletir sobre os valores básicos da vida. Amizade é um deles. Mas é muito difícil ser amigo hoje em dia. Infelizmente estamos perdendo a capacidade de compreender que amigo não é só aquele que pode nos fazer um favor. Estamos deixando a falta de tempo e as seduções do mundo moderno nos dominar a ponto de não curtirmos mais a companhia das pessoas queridas, sem alguma coisa estar por trás disso. De positivo, fica a esperança em nossa capacidade de virar o jogo. Só depende da gente. Mas é preciso dar o primeiro passo...
4. O Rappa - Rodo Cotidiano (Álbum “O Silêncio que Precede o Esporro” – 2003)
Rodo Cotidiano
Ô Ô Ô Ô Ô My Brother (4x)
A ideia lá comia solta
Subia a manga amarrotada social
No calor alumínio
Não tinha caneta nem papel e uma ideia fugia
Era o rodo cotidiano
Era o Rodo cotidiano.
O espaço é curto quase um curral
Na mochila amassada uma quentinha abafada
Meu troco é pouco É quase nada (2x)
Ô Ô Ô Ô Ô My Brother (4x)
Não se anda por onde gosta
Mas por aqui nao tem jeito todo mundo se encosta
Ela some ela no ralo de gente
Ela é linda mas não tem nome
É comum e é normal
Sou mais um no Brasil da Central
Da minhoca de metal que corta as ruas
Da minhoca de metal
Como um Concorde apressado cheio de força
Voa, voa pesado que o ar
E o avião, o avião, avião do trabalhador
Ô Ô Ô Ô Ô My Brother (4x)
Ô Ô Ô Ô Ô My Brother (4x)
Um diário no front da batalha de classes no Brasil. “Rodo Cotidiano” tem um pouco disso. A discrepância entre os mais ricos e os mais pobres mostra vários países num só Brasil. E é no relato sobre o transporte coletivo que conhecemos este Brasil marginalizado, feio e pobre, onde o trem urbano é o avião do trabalhador.
Nós muitas vezes ignoramos a essência do país em que vivemos. Este país de dimensões e culturas continentais tem como essência, aqueles que de fato o sustentam, que é a massa trabalhadora. O Brasil é daquele que leva sua quentinha abafada e é menosprezado em seu próprio país.
Enquanto a mídia quer nos empurrar o Brasil dos estrangeirismos, de uma pseudo-classe média, o Brasil de verdade passa a nossa porta, conduzido pela minhoca de metal que entorta as ruas...
3. Lulu Santos – Casa (Álbum “Lulu” – 1986)
Casa
Primeiro era vertigem omo em qualquer paixão
Era só fechar os olhos
E deixar o corpo ir
No ritmo...
Depois era um vício
Uma intoxicação
Me corroendo as veias
Me arrasando pelo chão
Mas sempre tinha a cama pronta
E rango no fogão
Luz acesa, me espera no portão
Pra você ver
Que eu tô voltando pra casa
me ver
Que eu tô voltando pra casa
Outra vez
Às vezes a tormenta
Fosse uma navegação
Pode ser que o barco vire
Também pode ser que não
Já dei meia volta ao mundo
Levitando de tesão
Tanto gozo e sussuro
Já impressos no colchão
Pois sempre tem a cama pronta
E rango no fogão
Luz acesa, me espera no portão
Pra você ver
Que eu tô voltando pra casa
me ver
Que eu tô voltando pra casa
Outra vez
Primeiro era vertigem
Como em qualquer paixão
logo mais era um vicio
me arrasando pelo chão
pode ser que o barco vire
também pode ser que não
já dei meia volta ao mundo
levitando de tesão
pois sempre tem a cama pronta
E rango no fogão
Luz acesa, me espera no portão
Pra você ver
Que eu tô voltando pra casa me ver
Que eu tô voltando pra casa
Outra vez
Lulu Santos é daqueles músicos que flertam com a diversidade de sons. Este, sem dúvida foi o seu melhor momento, com o álbum “Lulu” de 1986, sendo considerado uma referência para os anos 80. “Casa” é uma de suas melhores composições e retrata a realidade de muita gente. Por inúmeras vezes me vejo nesta música.
Sempre precisamos de um retorno, de uma volta, que seja pra casa, ou pra dentro de nós mesmos. Um recomeço ou simplesmente, um retorno. Retorno ao conforto, ao nosso lugar, onde encontramos alguém à nossa espera, a comida quente no fogão. A minha geração tem esta sede por aventura, e sempre estamos arriscando, indo além. É como sabemos viver. Todavia, toda aventura tem seu preço, que nem sempre estamos dispostos a pagar...
O bacana disso tudo é a certeza de poder voltar. Mesmo que o custo seja alto, nos é permitido voltar. Feliz aquele que não faz de sua jornada um caminho sem volta. Feliz aquele que segue, que arrisca, que vive entre acertos e erros, mas que sempre almeja o retorno pra casa, seu lugar de descanso, de repouso. Seu aconchego.
2. O Rappa – Minha Alma (Álbum “Lado B Lado A” – 2000)
Minha Alma
A minha alma tá armada
E apontada para a cara
Do sossego
Pois paz sem voz
Paz sem voz
Não é paz é medo
Às vezes eu falo com a vida
Às vezes é ela quem diz
Qual a paz que eu não quero
Conservar pra tentar ser feliz (x4)
As grades do condomínio
São para trazer proteção
Mas também trazem a dúvida
Se é você que está nessa prisão
Me abrace e me dê um beijo
Faça um filho comigo
Mas não me deixe sentar
Na poltrona no dia de domingo, domingo
Procurando novas drogas
De aluguel nesse vídeo coagido
É pela paz que eu não quero
Seguir admitindo
É pela paz que eu não quero, seguir
É pela paz que eu não quero, seguir
É pela paz que eu não quero, seguir
Admitindo
Já disse Tony Stark, o Homem de Ferro: “Paz é quando nossa arma é maior que a do outro”. Na verdade, cada um tem seu conceito formado sobre a paz. Mas a como a música diz, “Qual a paz que eu não quero conservar pra tentar ser feliz”. A paz vem do interior de cada um, é algo intrínseco ao homem. Não se pode dar aquilo que não se tem.
O Rappa mostra nesta música toda a hipocrisia da sociedade brasileira, escondida atrás dos muros dos condomínios de luxo, procurando drogas de todos os tipos na TV sempre manipuladora, enquanto a vida corre lá fora, com seus medos, seus riscos e desafios. Não é possível privar-se da vida, privar-se do mundo lá fora, mesmo que traga consigo toda espécie de riscos e malefícios.
A “minha alma” é um reflexo de como nos armamos interiormente em gestos egoístas e nos desarmamos exteriormente, deixando que o mundo, os governos, o politicamente correto, as tendências tomem as rédeas da situação. Assim somos manipulados, manietados e dependentes de um sistema opressor e excludente. Isto é a realidade só não ver quem não quer.
1. Legião Urbana – Há Tempos (Álbum “As Quatro Estações” – 1989)
Há Tempos
Parece cocaína mas é só tristeza, talvez tua cidade.
Muitos temores nascem do cansaço e da solidão
E o descompasso e o desperdício herdeiros são
Agora da virtude que perdemos.
Há tempos tive um sonho, não me lembro
não me lembro...
Tua tristeza é tão exata
E hoje o dia é tão bonito
Já estamos acostumados
A não termos mais nem isso.
Os sonhos vêm e os sonhos vão
O resto é imperfeito.
Disseste que se tua voz tivesse força igual
À imensa dor que sentes
Teu grito acordaria
Não só a tua casa
Mas a vizinhança inteira.
E há tempos nem os santos têm ao certo
A medida da maldade
Há tempos são os jovens que adoecem
Há tempos o encanto está ausente
E há ferrugem nos sorrisos
E só o acaso estende os braços
A quem procura abrigo e proteção.
Meu amor, disciplina é liberdade
Compaixão é fortaleza
Ter bondade é ter coragem
Lá em casa tem um poço
mas a água é muito limpa.
De uns tempos pra cá, vejo “Há Tempos” como minha trilha sonora. Ao mesmo tempo que esta música traz consigo uma verve depressiva, ela revela a realidade do nosso meio. Percebo esta música como a realidade de muita gente. E Renato Russo imprimiu nela toda a insatisfação com o modo como levamos nossa vida. Em cada verso uma verdade que funciona como um soco no estômago no falso moralismo e toca fundo na alma. Há cada vez que escuto esta canção, percebo uma mensagem nova, atual e sincera. O mundo é mal e as pessoas cada vez mais estão se vendendo a ele, cercadas de egoísmo e vaidade.
“Há Tempos” fala da perda da fé no homem contemporâneo, cada vez mais escravo dos vícios e do mundo. Um homem carregado de frases prontas sobre tudo e sobre todos, sobre seus sonhos. Um homem de cerviz dura e pragmática, cada vez mais intolerante e inflexível. Hedonismo e positivismo completos.
Até mesmo dentro da fé, dentro dos grupos religiosos, vemos este homem, vemos esta descrença na vida, nas atitudes e no amor. Cada vez mais estamos vivendo na indiferença em relação a quem sofre. Por isso, ter bondade, de fato, é um gesto corajoso frente a este mundo cruel e implacável que nos consome.
A escolha, graças ao Bom Deus, depende hoje e sempre de nós. E se baseia no que buscamos. Enquanto muitos aqui no mundo buscam ser trigo, agradando a todos, fazendo concessões em suas crenças e caráter e com isso sendo consumidos por este mesmo mundo, ainda há quem busque ser joio, sendo excluído e colocado à margem, sem no entanto perder a fé e a autenticidade.
Esta aí a minha playlist nacional. Em breve, as internacionais. Até lá!
Belo Horizonte, 15 de Junho de 2011.