segunda-feira, 5 de julho de 2010

O Encontro com Jesus Cristo



Por Deiber Nunes Martins
Texto de José Luiz Gonzaga do Prado, in “Catequese Bíblico-Missionária” no jornal Deus Conosco, Semanário Litúrgico de 20.06.2010

A Realidade
Certa vez, perguntei a uma pessoa simples do nosso interior, adulto sem a Primeira Comunhão, se já tinha ouvido falar em Jesus Cristo. Respondeu:
- Umas duas vezes por ano mais ou menos. Mas eu sou muito devoto de Nossa Senhora Aparecida.
Muitas vezes o ex-católico que se tornou crente costuma dizer que “encontrou Jesus Cristo”. Que significa isso? Na Igreja Católica certamente nada sabia dele. Ou não?
Mas, mesmo em nossos meios mais “esclarecidos”, o que é que se costuma dizer ou pensar de Jesus Cristo? É um poderoso curandeiro? É um poderoso total, capaz de resolver todos os meus problemas? Ele nos salva com seu poder, sua força? Ou com sua fraqueza e humilhação, assumidas com coerência?

O Mistério
Às crianças que iam fazer sua Primeira Comunhão eu explicava o significado do gesto de Jesus na última ceia: entregou um pedaço do pão para cada, dizendo que aquele pão era seu corpo, era ele. Perguntava, em seguida: “Vocês têm coragem de deixar-lhes tirar pedaços?” Seus rostinhos todos diziam que não. Eu questionava: “Por que, então, vocês querem comungar?” Ficava no ar certo impasse. Um dia um menino respondeu-me: “Por isso mesmo!”
Estava totalmente certo. Anunciamos a morte do Senhor e proclamamos a sua ressurreição não por outro motivo que não seja buscar nele a força de fazermos o mesmo que ele fez naquela ceia derradeira: entregar a vida para que todos tenham vida.

O texto acima nos remete ao desconhecimento que temos de Jesus. É no mínimo ousado aquele(a) que diz: “eu conheço o Senhor” ou “eu encontrei o Senhor”. Tais frases me soam mais como um brado pessoal dizendo ao mundo: “eu mudei de vida” ou “eu adquiri novos hábitos e novas crenças” do que o que de fato, quer dizer. Encontrar a Cristo para mim, é o que o ocorrido com Pedro e Paulo. O primeiro, quando avistou o olhar de Jesus, logo após negá-lo pela terceira vez. E o segundo, após cair do cavalo, no caminho para Damasco. O primeiro, arrependeu amargamente do erro cometido e buscou no Cristo o perdão por todas as suas falhas, não só de forma retórica mas em atitudes concretas, que o fizeram ser a pedra da Igreja. O segundo, após deparar-se com Jesus, a quem perseguia de modo implacável, ficou cego, recuperando a visão por intermédio de Ananias que também o batizou, para que pudesse, então, seguir uma nova missão: evangelizar.
Quem encontra de fato com o Cristo, o transmite em gestos e palavras. Por isso, não ouso dizer que já tive meu encontro com o Mestre. Em minha vida, em minhas virtudes e também em meus pecados, busco por este encontro. Anseio pelo olhar de Jesus, não por merecimento, mas por sua infinita bondade.

Hoje, é a Missa de Sétimo Dia do Padre Uyara. Confesso que o conheci pouco, mas sempre o admirei por sua simpatia e pelo carinho que tinha com nossa Comunidade da Paróquia Santo Antônio, em Venda Nova. Recordo-me com nostalgia das missas de sábado à noite, quando ele nos dava a Bênção do Santíssimo. Era um momento de muita emoção para todos ali. Momento este, transferido para as noites de terça, quando na Missa dos Enfermos, ele passeava com Jesus Sacramentado pelos corredores da Igreja. Depois, como a saúde já não o permitia, ele ficava sentado a frente do altar, com o Santíssimo exposto, adorando ao Nosso Deus e apertando a mão de cada um que se aproximava.
Padre Uyara, que o mesmo Senhor que tu sempre adoraste, te receba na Glória Celeste de braços abertos. E que Deus o receba como nosso intercessor, para que rezes por nós. Tenho certeza de tiveste teu encontro com o Senhor ainda em vida e por isso, peço a Ele que o receba com todo carinho.
Padre Uyara, meu abraço saudoso!

Belo Horizonte, 05 de Julho de 2010.