Por Deiber Nunes Martins
O período pascal tem servido ao propósito de infindáveis reflexões. Dissensões pessoais que não couberam na quaresma e vieram parar no tempo da alegria. Por algumas razões. Impressionou-me o fato da aprovação do aborto pela Suprema Corte, ter acontecido justamente nas oitavas da Páscoa. Terrível. Estranheza também me causou o apelo midiático a aprovação do primeiro passo a cultura da morte em nosso país. E o que veio a seguir, discussões bioéticas, teológicas, omissão dos legisladores... náusea.
Tenho percebido com sincera tristeza a degradação humana e moral no Brasil. País abençoado por Deus, onde a Graça habita, um país santo e de muita fé. Mas que vem sendo vilipendiado por verdadeiras aves de rapina, travestidas de autoridades e posses. Discute-se o aborto no país onde o adulto já não tem direito à vida garantido pela lei. E pouca gente pensa nisso. Mas aventure-se sair num fim de semana a noite pelas ruas das cidades, de carro. Um bêbado ao volante pode te achar como alvo. Cadê o seu direito à vida?
O argumento dos abortistas é a infame retórica do direito de escolha da mulher. Mas mulher, que escolhas você tem? Você escolhe o salário que vai ganhar, a aposentadoria que vai ter? Você escolhe, para os filhos que escolher ter, o futuro que terão? Você pode escolher o melhor para os seus? Mesmo se você, for "abençoada" pelo sistema, você pode escolher seu amanhã? Mulher, você mulher que pensa em ter o direito de decidir pelo aborto ou não, você pode escolher viver sem o remorso? Você pode escolher não ter sangue correndo em suas veias, nem coração, somente razão? Você pode escolher viver sem alma? Abortistas, fora com a falácia de vocês!
A quem interessa a cultura de morte no Brasil?
Aos mesmos que se locupletam no sistema. Aqueles que vivem às custas das benesses dos poderosos, puxa-sacos e bajuladores. Covardes que não têm receio em esconder debaixo do tapete os pecados dos seus protegidos. Idiotas que defendem a morte sem ao menos pensar que a morte um dia atravessa a vida. E custa caro, muito caro! Um preço maior que as posses de vocês! Fora com vocês covardes!
Tento imaginar a perplexidade do Bom Senhor em sempre dar o melhor para esse povo e em troca sempre receber o pior. Como é triste perceber que não aprendemos nada! Como é triste saber que mesmo na Igreja, não aprendemos nada! Somos tolos a ponto de aceitar que os falsos pastores nos conduzam. E aqui cabe um fato: o homem que se diz mais poderoso deste Estado, prepara-se para apoiar um católico da Renovação Carismática de um lado e um neopentecostal de outro, na luta pela prefeitura de Belo Horizonte. E tudo por que? Porque é mais conveniente a seus projetos rumo ao Palácio do Planalto... Como é triste ver que os caras que decidem nossas vidas, as decidem mediante suas próprias conveniências.
Outro fato: casal processa padre por recusar-se a batizar o filho. A notícia correu Belo Horizonte neste final de semana. A Igreja considera inadequada a postura do padre. Mas antes de dizê-lo, porque a Igreja não acolhe esta família, que desconhece o real sentido do Batismo, desejando-o somente por conta da tradição de ter seus familiares sempre batizados naquela Paróquia? Porque ninguém aparece para orientar o casal a respeito da fé e da necessidade de se viver o matrimônio cristão, de se viver conforme Deus nos ensinou, conforme nos ensina o catecismo, a doutrina de nossa fé? Por maior que possa ser o erro do padre em recusar-se a batizar (e em minha ignorante posição seu erro é mínimo), o mesmo deveria, juntamente com a família ser acolhido pela Igreja.
E pra terminar só mais um fato: reconhecida personalidade do meio católico, um sacerdote, admirado por milhões de brasileiros, cobra mais de cem reais em um show. Será esta a evangelização que este povo precisa? Será que o povo de Deus pode pagar por ela?
Pensar nestes fatos e situações, me faz refletir no quanto a humanidade está distante de Deus. Pensar na cultura da morte, nos efeitos do aborto e da eutanásia para a sociedade brasileira é ver apenas a ponta do iceberg na qual nossa embarcação está para colidir. Vejo com tristeza que a falta do diálogo, da informação, da evangelização, está fazendo com que o jovem consuma cada vez mais o álcool e deste às drogas se faz um pulo. A falta desse diálogo cristão, faz com que os casais cogitem não aceitar o(a) filho(a) que o Senhor lhes deu. Uma vida é uma vida. A partir da concepção. Mas a falta deste diálogo é algo que assombra, entristece. O que estamos fazendo em favor da vida? É o mesmo que estamos fazendo em favor do diálogo cristão, da evangelização. É o mesmo que estamos fazendo em relação ao papel de aproximarmos nosso próximo de Deus.
Pensemos nisso.
Belo Horizonte, 08 de maio de 2012.
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